Coleção pessoal de kanandacosta

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Talvez amanhã já tenha acabado, quem dirá daqui à um ano. Se for breve e passageiro, talvez eu nem lembre mais pra quem escrevi isso. Mas e se for você mesmo quem será o amor da minha vida, a pessoa que sempre esperei; mais do que saber pra quem compus esse texto, saberei que não me imagino sendo feliz com outra pessoa que não você.
Escrevendo sem fé, visto que até agora só vivi engano e ilusão, desacreditada vendo os amores atuais sendo tão líquidos, perdendo-se por não ter um recipiente que os possa acolher.
Mas no fundo desejando que dessa vez seja sólido, e mais do que isso, que seja recíproco, que seja lindo, que seja eu e você, que seja pra sempre.

QUERIDO DIÁRIO

Querido diário, resolvi te escrever pela primeira vez em vinte anos. Desculpa, mas foi agora em que me vi sem ter com quem contar.
Senti que o dia foi curto, apesar de acordar cedo e não parar um minuto sequer. Vi que tenho pouco tempo. Notei-me aperreada, descompassada, perdida, indiscutivelmente desnorteada.
Eu sempre quis isso. Ser independente, sozinha, dona do meu nariz... Mas e agora? Não entendi ainda o que é pra fazer.
Grana pouca, tempo curto, incertezas me assolam. Olhei para o céu, todas as estrelas sumiram. Certeza que amanhã voltarão como se nada tivesse acontecido, perguntando se tudo hoje deu certo.
Caneta e papel para anotar o "algoritmo" de amanhã, como diria alguém que não está aqui comigo, mas que com certeza ficará muito honrado por ver que agora já sou adulta e que saberei me cuidar, ele acha.
Longe de quem sempre ouviu meus gritos de socorro, mesmo quando eu achava que não precisava de ajuda. Que me apoiaria, sem dúvida... Mas que a vida manteve distante para me forçar a ser autêntica, a lembrar que a barra da sua saia já descosturou há tempos, ou se não, eu já deveria ter visto assim.
-Vai ter um dia inteiro pra mudar muita coisa, pra resolver outras, pra deixar algo para depois. Agora vai ser no seu ritmo, você vai fazer as coisas no seu tempo, como você sempre quis.
Ouvi.
Nesse momento você vai ficar sozinha. Mas de longe tem muita gente torcendo por você. "Vai dar tudo certo", lembra?

Antes de dizer que te amo
Me deixe correr descalça pela chuva
Me deixe sair de madrugada pelas ruas da cidade como andarilho que anda sem rumo, desnorteado sem destino, como quem não espera nada, nem mesmo a tragédia,
nem mesmo a sorte grande.

Antes de dizer que te amo
Me permita aproveitar um pouco mais dessa minha solidão, só pra ver se ela já é solitude, pra ver se ela já é canção.

Antes de dizer "eu te amo"
Preciso me sentir completa,
Ou mesmo vazia (como sempre fui)

Mas antes de dizer "eu te amo" eu quero provar mais uma dose de loucura, de quem nunca atreveu-se a ser lúcido, a ser são

Porque antes de dizer que te amo
Quero ter certeza de que é isso mesmo...
De que eu nunca quis tanto outra coisa assim,
De que agora é pra valer
E que finalmente nossas mãos vão se entrelaçar
E que pela primeira vez saberei que encontrei um encaixe perfeito
E que é você quem eu quero até meu último suspiro.

Lê meus olhos, eles não mentem. A curva nos lábios que insistem em chamar de sorriso, que inventaram que é sinônimo de alegria, é pura farsa, por mais linda que pareça ser. Mas meus olhos... ah, esses sim não se encurvam, não emitem som, porém falam mais do que qualquer palavra. Eles não sabem disfarçar nenhum sentimento.

Segunda-feira, manhã chuvosa
Levanto da cama, pés ao chão frio
Coração batendo devagar,
Como quem nada espera,
Sereno e repetível.
Abro as janelas do quarto,
Olho lá fora
Calmaria de uma manhã nublada,
Pavor de uma dia sombrio,
Mas aqui dentro,
Aah, aqui dentro...
O desejo de desabrochar
Como aquele flor que de longe fica ainda mais bela com o orvalho.

Segue, não desanima, olha pra cima, sobe assim como faz na íngreme ladeira da tua rua.

RIMA

Detesto quando rima.
Parece superficial, parece irreal, parece imã.
Me puxa, me agarra, atrai, me fascina.
Deslumbra, contesta, me alucina.
Me desconcerta, me desmonta, se encaixa, que combina.
E como poderei explicar o que nem imaginas
Pra te justificares do que pra mim parece ruína, mas que outrora me destina a querer-te mais quando termina?
Me tens, me abraça, não me solta, me domina.
E eu juro não negar que o meu amor por ti é sina.

DESCOBRI QUE JÁ ERA EU.

Descobri que já era eu! Os erros, as escolhas, o remorso, as angústias, a solidão, o medo.
Percebi que já era meu! O abalo, as decepções, a incoerência, a incerteza, o vazio, o desespero.
Porque eu sempre vivi justificando a desordem e o porquê das coisas não darem certo.
Notei que o que sempre detestei agora fazia parte de mim; quando por um instante me enfrentei no espelho e mergulhei nesse olhar tão profundo e sombrio.
Me questionei sobre que sobre quem eu era.
Será que sou eu mesma? Quando eu me tornei quem sou? Quando eu não era assim, era eu? Qual a melhor e a pior versão de mim?
Me odiei nesse confronto de mim mesma quando a máscara caiu, e pude perceber que eu já nem era mais o que procurava, que ademais talvez eu não quisera ser diferente. Que eu amava o passado e a utopia, fingia procurar ser e ter algo melhor, mas na verdade eu não queria.
Porque talvez a felicidade estivesse na busca, e só de pensar em encontrar já me apavorava... assim eu me vi.

NÃO, EU NÃO VEJO

Você pensa que eu não vejo, mas eu vejo. Não, eu não vejo...
que seus cabelos já denotam fios brancos; que você tem olhar caído e frio, talvez traços do seu próprio caráter transfigurado; que você não é o tipo de pessoa que se adequa às minhas normas de homem ideal; que tu mentes com a mesma facilidade que respira e a mesma frequência que fumas teu cigarro (que por sinal é muito desagradável ao meu olfato); que você não cumpre com prazos e muito menos com as suas promessas; e você pensa que não vejo e não sei que seus defeitos são tão vastos que daria para eu escrever um capítulo inteiro dum livro qualquer, que sem dúvida ficaria empoeirado, esquecido e que por mim poderia ser devorado por traças. E eu não vejo porque tudo o que os meus olhos embaraçados conseguem perceber está no jeito com que você fala comigo; a maneira como esses seus braços macios e saturados de veias envolvem meu corpo, unindo ao teu; esse seu olhar que mesmo cínico e desalentado é meu porto seguro; esse modo com que você diz "adeus" soando como um simples "volto já"; ah, e se por acaso eu poderia escrever um capítulo com os teus defeitos, conseguiria fazer um acervo com suas virtudes que certamente apenas meus olhos, cegos por esse amor tão fanático, seriam capazes de ler.

NA CORDA BAMBA DA VIDA

Seu olhar já não é mais o mesmo. Hoje ofuscado pelas mazelas da vida, perdeu aquele brilho que resplandecia a inocência; aquela alegria que antes não era reconhecida, mas que agora, depois de estar diante da infelicidade e da insignificância de tudo, aparece como uma nostalgia magnífica desperdiçada.
O pior de tudo é saber que mudou tanto de uns tempos pra cá, e não foi para melhor. Já não vive, simplesmente existe. Quase que está apenas cumprindo tabela. Mas como seria bom se fosse mesmo uma tabela. Daria para avaliar melhor os riscos, riscar do roteiro dos erros as coisas que te tornavam piores do que já era, mas que já fazia, sem perceber, parte de si, do seu caráter, daquilo que se tornou... ou quem sabe sempre foi.
Parou de culpar seu passado; a falta de oportunidade; o tempo perdido; as pessoas; os amores não correspondidos; as decepções, que não foram poucas... e reconheceu que o problema estava onde menos imaginava: Dentro de si. Nos seus pensamentos maliciosos, na sua perspicácia em fazer o que é proibido, de desejar o que não é lícito.
E existia, numa busca incessante de descobrir-se; ser; encontrar, já não sabe o que; mas tudo que consegue é perder-se mais... Procurando o que não mais existe, ou quem sabe nunca existiu; tentando achar uma razão, uma explicação, ou talvez mais uma ilusão. Até porque é de ilusão que sempre viveu; isso sempre o alimentava, o fortalecia, mantinha suas chamas acesas. Mas agora, tudo se apaga, tudo inexiste, tudo perdeu sentido. Provavelmente porque aprendeu a enxergar a malícia da vida, a malícia que vem das bocas, dos olhares, dos toques, e já não mais se deixa confundir.
E assim vai caminhando, seguindo, em direção à algum lugar, talvez ao início, ou ao fim, talvez à vida, mas quem sabe à morte. Mas se nessa insistência não conseguir andar na corda bamba da vida, quem sabe um dia aprenda a voar.

O VERDADEIRO AMOR SEMPRE VENCE

Incrível como o tempo muda tanta coisa. Muda nossa forma de olhar o mundo, muda nossa maneira de pensar, nossos sentimentos, os interesses, enfim como o tempo nos muda.
O que eu acreditava há um ano, hoje já não acredito mais. Muita coisa que eu julgava como errado, já fiz. O que era segredo, hoje falo sem pudor. Quem eu dizia amar há 9 meses, hoje não me provoca um arrepio sequer.
Mudam-se as prioridades, amplia-se a visão, desenvolve-se a maturidade e crescemos em sabedoria. Claro, nunca tão amadurecidos a ponto de não praticar mais atitudes impensadas, ou de não sentir saudades do que hoje nos ridicularizaríamos se fizéssemos (mas ainda sentimos vontade).
Já me disseram que a vida é uma roda gigante, não discordo. Só esqueceram que nesse movimento rotatório, tudo se transforma. Quem agora está lá em cima não é mais ou mesmo de quando estava embaixo, e vice-versa. Já ouvi: " 'Vai... Lá na frente a gente se encontra', 'acredito que o verdadeiro amor no fim, sempre vence' "... Sim, a gente pode se encontrar um dia, quem sabe ao "acaso", ou na encruzilhada do destino... Lamentarei não mais voltar como parti. Lamentarei não sentir mais o mesmo que eu sentia quando nos despedimos, finalmente. Lamentarei ou estarei feliz por ter seguido minha vida, ter alcançado meus sonhos (sem você), talvez por estar amando outra pessoa... E sendo amada. Mas certamente lamentarei mais o tempo que perdi insistindo para que você me segurasse, não me deixasse partir... Ao invés de ter partido logo, por conta própria, sem me despedir.
Porque amor, é reciprocidade, quando se ama não aceita-se a partida, assim, com indiferença. Ou melhor... Quando se ama, nunca dizemos VAI. Pelo medo de que a outra pessoa não mais volte, ou pelo receio de que quando volte não seja a mesma. "O verdadeiro amor"... Vence mesmo. Assim no sentido ambíguo da palavra. Vence triunfando, ou chegando ao fim. Se não resistir não significa que não foi verdadeiro, significa que foi verdadeiro demais para ser desperdiçado.