Coleção pessoal de josaneph

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Fomos felizes enquanto guardamos nossas armas de flores.
Quando a verdade se fez presente, os abraços demorados
começaram a vir com choros engasgados.
E foi assim que um dia... desistimos de lutar
para que a paz se fizesse presente.

Não confundam amor com possessão
Muito menos com desejo
O amor está bem longe disso
O amor é aquele que nos aproxima de nós mesmos
nunca de outra pessoa
Aprendi amando o que só o amor é capaz de fazer por nós
É amando que nos conhecemos melhor
Amar é raro, perfeito,
pode ser um turbilhão, mas não dói
O amor não dói
Sentir saudade faz bem, faz o coração ficar mais forte
A alma mais doce, a vida mais interessante
Mesmo quando os corpos estão longe
O amor está dentro
E é assim que deve ser.

Café e abraços
Raramente tomo café da manhã. Mais raro ainda é tomar café da manhã na padaria.
Hoje me deu vontade. Acordei e resolvi que ia tomar um cappuccino e comer um pão de queijo recheado. Gorda.
Lembrei de um lugar delicia, pertinho da agência e segui pra lá.
Sentei, fiz meu pedido, peguei um jornal e escutei alguém dizer “Jô?”. Era bem cedo. Muito cedo. Quem diabos acorda tão cedo assim?
Meio sem jeito, olhei pro lado e vi um homem, bem bonito, elegante. E eu? Bom, eu não fazia a menor ideia de quem ele era. Mas, por educação, fiz a mesma cara de surpresa dele. E respondi “oooi”. Então ele me abraçou. Cheiroso, todo social. E ficamos abraçados por um tempo. Um tempo mais que o normal, já que nem imaginava quem ele era.
Ele me olhou e disse “você não tá se lembrando de mim, não é?”. Quando ele disse isso, olhando nos meus olhos, eu vi nos olhos dele aquele menino por quem um dia eu fui apaixonada. Eu não acreditei. Minha primeira paixãozinha, ali. Pra minha surpresa, ele se convidou pra tomar café comigo.
É claro que cheguei atrasada na agência. A conversa foi daquelas boas, sinceras. Conversas que a vida nos presenteia às vezes e pode ser maravilhoso. E foi.
Falamos sobre o tempo, como passa e o que fica realmente. Sobre como fazer a melhor batida de coco do mundo. Sobre o filho que já tem 10 anos, joga futebol e toca guitarra igual o pai. Sobre a “inércia” do facebook e a frieza digital. Sobre casamento, divórcio, preconceito. Sobre o amor verdadeiro.
No final, rimos muito, lembrando das onças que iríamos ter em nosso quintal.
Saímos juntos daquela padaria e nos despedimos na calçada com o mesmo abraço. Dessa vez até mais apertado. Daqueles abraços que dá pra ouvir o coração da outra pessoa. E ficou aquele sentimento bom de que a vida é mesmo incrível.

Ela brinca com garçom, canta o marinheiro
Pede tequila, sal e gomos de laranja
Fica descalça, faz piada sobre o cozinheiro
Acende mais um cigarro, ri e canta

Alguém diz
Chante une chanson d'amour...

Vem sempre aqui?
Quase nunca
Gosta de Yoni?
Gosto de sunga

Rimas horrorosas
para uma noite de chuva, não acha?

Você quer?
Mais rimas horrorosas?
Des mains sur le corps?
Só se for com g-spot.

Ma maison ou dans votre?
Sans amour?

É melhor assim.

O mundo não parou, o relógio continua rodando
Começou o outono, 20 de março de 2013
Estação das flores em folhas, pra gente acreditar
Que a felicidade está onde queremos vê-la
E pode estar em tudo, até em dias tristes
Por que o outono é assim, como a vida
Nem sempre há flores, mas olhe para o céu...
O céu de outono, nos finais de tarde, é inesquecível

Hoje é segunda
Dia de chegar do trabalho e descalçar o sapato
Dia de ouvir uma boa música, acender um cigarrinho
Desligar a TV, abrir as cortinas, preparar um suco de limão
Hoje é segunda, meus amigos
Dia de abrir aquela latinha gelada
Que sobrou do final de semana
Afinal, é segunda
Mas pode ter terceira, quarta, o que você quiser
Segunda é dia de ouvir um sambinha bom
De pensar na vida ou não pensar em nada
De colocar os pés, o pensamento e a alma pra cima
Já que amanhã é outro dia
Aliás, é terça, e depois quarta, quinta
Mas só por hoje, só hoje, meus amigos
Vale a pena viver assim, levemente
Por que é segunda
E até segunda ordem “ninguém me manda”...

Pecado impecável
A única parte boa de quando lhe tiram - a força
a chance de viver um grande amor
é que fica uma lembrança do que se desejou,
do que se poderia ter vivido, se lhe fosse permitido.
Aqueles momentos que se esperou para viver
e não aconteceram se tornam imortais.
De tão perfeitos, permanecem impecáveis.
Por que foram tão intensamente desejados,
imaginados da forma mais pura e verdadeira
que não morrem nunca, nem são esquecidos.
Como o abraço que não foi dado num aniversário,
mas foi sentido levemente, como a brisa que se sente
quando um beija flor voa por perto.
Josane H.

Como é difícil escrever um cartão de natal para um cliente quando o seu coração esta despedaçado. Ser redatora publicitária exige uma tecla para desligar dores. Sempre fiz isso muito bem. O problema é quando a tecla não quer funcionar. E você fica apertando, apertando, desejando ter um ctrl alt del interno pra resolver logo a situação. Então, você começa a escrever o cartão e fica mais ou menos assim:
“Desejo que os Maias estejam certos e que o mundo acabe dia 21 de dezembro. Mas se isso não acontecer, Feliz Natal e um Prospero Ano Novo. Passar bem!”

Deus me deu um coração que sabe amar, uma impulsividade soberana e uma criatividade irresponsável. Aos poucos, como todo adulto, vou perdendo tudo isso. Amadurecendo ao contrário. Uma chatice. Eu, logo eu, que sempre achei o máximo amar, viver intensamente cada gota e até sangrar por amor. Vou me juntando, lentamente, a todo resto desse mundo medíocre, coberto de razões intolerantes. Todos gostam de Shakespare, mas vivem com versos Clinton no seu criado mudo.
Então, alguém me aparece assim, de repente, como se fosse preciso me fazer “desamadurecer”. Faz eu ouvir Legião Urbana, beber seu vinho caro e fumar falsas doces realidades. Pulei em câmera lenta e falei das colheitas de algodão. “Jô, eu nem sabia que algodão era planta”.

Mania boba essa minha de querer escrever o que sinto. De querer escrever cartas de amor como se estivesse no século dezoito. De direcionar meus sentimentos a alguém como se houvesse uma necessidade de entendimento que ainda persiste. É como se o amor por si só fosse escasso de expressão. Que amar apenas não basta. Acredito – tamanha egocêntrica que sou – que a paixão destilada em palavras num papel ainda supera todos os outros gestos provenientes do amor. É como se as palavras trançassem fios de lãs e formassem um cachecol para esquentar um coração ligado ao meu. (escrito e setembro de 2007)

Quero tudo, menos a completa e excessiva paz
Gosto do tumulto que causo em mim
Me provoco, como um pássaro sobrevoando em cima de touros
E eu não me canso nunca, eu gosto!

Vivo meus rasantes e finjo que caio
Num vai e vem constante entre as manadas
Me desviando de toneladas e toneladas de patas e poeira
E quando menos se espera, levanto voo novamente

Os meus amores são os impossíveis
Os meus objetivos são insensatos
Minhas vontades ultrapassam os limites
Enquanto alguns dão um passo de cada vez, eu apenas sei voar...

Trecho do poema "Toneladas de Patas e Poeira" http://josaneh.blogspot.com.br/2012/09/toneladas-de-patas-e-poeiras.html

Tem vento dentro de mim
E uma faísca perto do coração que me assusta
Um caracol de vento se formando bem próximo
Tem vento dentro de mim
Vem com pressa, depressa.
Corre!

Seja você quem for, seja você.
Pois não deve existir tristeza maior
do que a de se olhar no espelho e não se ver.

E o coração da menina foi se enchendo de desilusões, aí veio alguém com alfinete e - e nada, blindado, o coração dela estava blindado. Nem com furadeira Black&Decker de última geração. Nada, intacto.
Até que, certa tarde, ninguém sabe dizer o motivo ou não é preciso dizer, o coração da menina começou a se esvaziar. Ela ouvia o barulhinho quando fechava os olhos antes de dormir. Então, numa tarde de olhos chorando, o barulhinho parou.
Foi aí que ela percebeu que seu coração estava novamente cheio, cheio de sonhos e esperança. Sentiu medo, um frio na barriga. E era a melhor sensação do mundo. Ela não trocaria um milhão de toda certeza do universo por aquilo
que estava sentindo outra vez.
Um coração só pode se encher de sonhos depois de esvaziar suas desilusões.

Eu prefiro estar entre aquelas pessoas que fracassaram a estar entre aquelas que desistiram.

Fui na padaria, comprei umas besteiras e me enfiei debaixo do edredon pra assistir. Friozinho bom, hein?! Já que não tem cobertor de orelha, botei meia no pé mesmo!

Eu quero a paz e a tranqüilidade de nada se exigir em troca. Eu quero apenas encontrar novas razões. Surpresas boas. Dias engraçados.

Neto,
Hoje acordei ouvindo a chuva e apertei o travesseiro quando me lembrei dos seus olhos. Até o dia amanheceu triste. Faz 22 anos que não te vejo. Faz 22 anos que nesta data o pai some e a mãe, como sempre, tenta chegar ao final do dia longe da cama. Faz 22 anos que eu penso que tudo poderia ser diferente se você estivesse aqui.
Essa saudade é gigante, igual seu coração. Coração de anjo… e eles diziam “anjo tem que ficar no céu” e eu, certa vez, desejei que você nem fosse tão bom assim, pra não precisar ir pro céu e ficar aqui comigo.
Neto, eu espero só um coisa… que seja você quanto for a minha hora…

Trecho do texto Carta para um anjo:
http://josane.blog.terra.com.br/2010/09/27/carta-para-um-anjo/

Comer, amar e rezar
E rezar muito para que sua mulher não te deixe depois de assistir esse filme…

Meus amigos, a não ser que queiram algumas pitadas de discussão de relacionamento em suas noites conjugais e estejam predispostos a um divórcio sem muita explicação, eu venho trazer alguns conselhos para se sair bem dessa.
Quando sua mulher disser “ah, vou assistir ao novo filme da Julia Roberts”, já fale: “amor, estive lendo a respeito… bem que poderíamos conhecer a Indonésia um dia hein?” (isso, por que quando ela estiver assistindo, ao seu lado, a cena do gostosão da bala chita com a adorável Julia no mar em Bali, você vai poder dizer “imagina nós dois nesse mar, amor”). Pronto, você já esta quase salvo! Por que isso já faz parte do conselho numero 2: quando vocês estiverem assistindo esse filme de conto de fadas bem dos feministas, fique dizendo frases tipo pedreiro sem receio: “que vontade de você, amor”, “não vejo a hora de chegar em casa”, “hum, saindo daqui quero comer…”. Eu sei que parece meio Dercy Gonçalves com Nelson Rodrigues e Marques de Sade, mas acredite, você vai precisar de muita safadeza e criatividade pra sair dessa sessão sem seqüelas.

Tirando três ou quatro mulheres no mundo todo, qual, me digam QUAL mulher não está ávida para viver um verdadeiro conto de fadas? Então, amigos, vamos entender a mulherada, ok? E se ainda assim, depois de assistir o filme com ela, deixando sua TV cheia de futebol e a geladeira cheia de cerveja, levá-la pra comer pizza (por que dá vontade, hein?!) vocês terminarem a noite com uma boa D.R. (discussão de relacionamento), melhor enviar flores no outro dia, vocês vão precisar de uma boa orquídea, por que o negócio tá feio, companheiro.

Boa sorte nessa nova empreitada. Beijo da Jô.

FORMIGUEIRO
Podia ser mesmo como eu imaginava quando criança
Que a gente é igual formiga morando ao lado da casa de um gigante
Na verdade faz tempo que ele vê o formigueiro
Mas fica na dele, só observando
Tem gente que diz que até já o viu olhando pra cá
Mas sabe como é, né? Tem louco pra tudo nesse mundo
Às vezes ele pega a mangueira e joga água
Vez ou outra alguém perde sua casinha e recomeça de novo
E ele admira essas formiguinhas
Tem noite que pra gente não ficar no escuro ele acende uma lâmpada
E quando ele viaja, o formigueiro faz a festa
Mas teve um dia que ele ouviu um barulho, que veio daqui
Atrapalhou o filme que ele assistia na TV
Desde então, ele ficou com o pé atrás com o formigueiro
Mas, como ele tem bom coração, deixou a gente ficar
O problema é que agora começou a feder
Um formigueiro fedido ninguém merece
Ainda mais um gigante solitário e bonzinho na sua casinha campestre
Já já ele cansa e pisa na gente
É, eu se fosse ele, pisava logo
Antes que o buraco que a gente anda fazendo
engula a casa dele…
(OUT/2010)