Coleção pessoal de JoelFerreira

ESTOU SÓBRIO FINALMENTE

Sóbrio, como folha limpa
Palavra não dita
Bar sem bebida
Melodia ausente de nota
Conversa sem volta
Mulher sem paixão.

O casebre do João

Sou feito o João de barro
Tenho asas para voar
Aonde a vontade me dar
O céu inteiro à disposição,
Mas prefiro construir minha casinha
Nesta árvore sozinha
Enchê-la com tudo que me agrada
Aconchegar-me em seu interior
Vê o sol se pôr
De lá só sair
Para a saudade vir
E retornar logo depois.

Poema sobre mim

Rasguei-me por inteiro em um poema.
Quando me vi, permanecia intacto.

Amor não correspondido
É como viver só,
e sentir-se acompanhado.

Finitude

A morte é o ponto final.
Escondido em reticências...

O fim é só o começo, que desconheço antes de começar.

O catador de lixo leu o livro poesia que encontrou:
Mãos sujas
Poema limpo.

Me destruo,
Reconstruo,
E mesmo assim
Ainda sou
Uma obra inacabada.

O para sempre é um fim demorado.