Coleção pessoal de JaakBosmans

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Desagravo de mim

Hoje mergulhei no mar dos meus sonhos inacabados
Subi as montanhas dos meus sucessos inacessíveis
Corri ao tempo passado que levou as mais puras esperanças
Lutei sem armas contra as barreiras de toda as intolerâncias.

Hoje me matei com saudades
Contorcendo sem do e sem dor,
De toda amargura, de todo abandono.
Derramei em gritos todas as agonias, tristezas e mágoas.

Teci novos horizontes com fios novos e fortes
Apertei os lábios num último desagravo ao que vivi
E no pequeno jardim da minha antiga prisão
Cantei a primeira canção, desacorrentado e livre!

Jaak Bosmans 11-1-09

Nossos caminhos

Passei a guardar meus passos
A negar conhecer teus caminhos
Onde as pedras que nele existem
Se desmancham no prazer da minha dor.

Olho sempre em teu rosto sereno
Que espera sempre pelo meu primeiro passo.
Dado em perfeito desequilíbrio
Para que me ampares no teu abraço

Num frescor ardente e gélido é tudo passageiro.

Voltei a caminhar em compassos novos,
Te abraçando com todo o equilíbrio.
Em medidas sem medidas que agora te desejo,
Em perfeito estado de loucura.

Perdido entre caminhos que não os teus,
São meus os lugares reservados para te abraçar.
E ali, em pleno flutuar de prazeres,
Podemos nos sentir inteiros, loucos e verdadeiros.

Num frescor ardente e gélido é tudo passageiro.

Jaak Bosmans

A você!

Não te conheço.
Apenas te sei.

Nunca te toquei,
Mas te sinto.

Jamais ouvi tua voz,
Sempre te escuto.

Tenho sempre dúvidas,
Da certeza que existes.

Somente esta dúvida
É toda a minha certeza.

Gosto de te ver assim.
Espelhada na nudez dos sentimentos.

É ali que ternuras amores e desejos
Refletem apenas o que interessa.

Jaak Bosmans

Pedido
(poemeu a Millôr)


Não me abandones no início dos teus versos.
Termina o poema... Vai!

Jaak Bosmans 3-1-09

Por onde me procuras?

Por onde me procuras?
Entre as flores e as nuvens?
Não! Muito longe delas estou
Em paisagens campestres e silêncios?
Porque me procuras?
Acaso me queres?
Guardar-me?
Aprisionar-me em tão pequeno espaço?
Só posso existir na liberdade de ser.
Por onde me procuras?

Jaak bosmans 21-12-08

Cupido errante

Vou por melodias e ritmos me perder
Em teus encantos, que não percebem
Cada compasso, circundando toda a sinfonia.
São flautas, violinos, harpas e percussão,
Que se encontram na ponta de uma batuta.

Seu olhar disfarça a dissonância
Que existe entre o meu acorde e sua voz
Ali no lugar do nosso encontro
A cortina sempre se fecha mais cedo.
Pelas mãos inocentes do cupido errante.

E o último acorde fica sempre no ar,
Onde lembra a despedida nos ecos do coração
E em moto contínuo, te espero no próximo compasso.
O compasso da espera, sem notas, só pausa.
Silêncio perdido entre as notas que se foram!


Jaak Bosmans 2-1-09

Desaparecer do dia

Foi no primeiro desaparecer do dia
Que com ternura e sonhos de aventura
Te abracei nas matizes que se fizeram em cores.

Olhei sereno o tempo e o espaço que se fundiram,
Num silêncio perfeito para a criação de um Éden.
Te criei em tanta beleza, que somente ali me permiti sorrir.

Correste ao encontro do mais perfeito jardim.
Colorindo as flores, fazendo cantar os pássaros, atrasando o tempo.
E no suave tocar de tuas mãos me fizeste sentir os teus desejos.

A todos satisfiz, porque a todos te pertenci.
E, em retorno pelo tempo e no espaço,
Ficaste ainda, no último desaparecer do dia.

Jaak Bosmans 1-1-09

Perpétuo

Caminho por lugares vastos
Onde ouço apenas o arfar dos rochedos
Ali, onde a liberdade se fixa
Porque qualquer movimento é prisão.

As cadeias fortes das cordilheiras.
Algemam no seu ventre qualquer neblina.
Apenas a presença forte de qualquer sol,
Derrete e a liberta antes da condenação.

E do sêmen deste calor e liberdade
Rompe-se em nova aurora
Do fecundo e perpétuo grito
Um movimento, ainda que foragido.

Quietude da escravidão dos ventos.
Retorna aos mares a porção líquida e menor
Que se fez liberto de toda essa corrente:
A criatura, o criador e muita dor!

Jaak Bosmans 31-12-08

Capas

Mais que os presentes
A mim encanta seus embrulhos.
Caixas e papéis me divertem muito mais.
Seus brilhos, cordinhas e fitas têm sempre seus encantos.
Nem se importam se é festa.
Os adultos ali nem mexem.
Com eles sempre podemos brincar!
Rasgar, amassar, depois jogar fora.
Faz parte da brincadeira.
São apenas capas.
Como nós.

Jaak Bosmans 26-12-08

Estações
(ler ouvindo as “quatro estações” de Vivaldi)

Minha realidade sempre se transforma em sonhos.
Em tuas mãos suaves carregas minhas alegrias.
No brilho dos teus olhos sobrevoam gaivotas.
No sentir de teus dançares me retorço em chamas,
Me persigo em bandos e te abraço em solidão.

Minha realidade sempre se esconde em mim.
Ainda assim me esperas nas estações.
Dos invernos às primaveras percorres meu corpo.
Estendes teus braços sem nunca me alcançar!
Me repito em prantos, risos e pratos rasos.

Finais de outonos, ensaios de verão, vulcão em erupção.
Deixa que tudo não aconteça e espera pela realidade.
É quando nossos beijos se repartem em brilhos e se multiplicam.
Permanecendo imóvel o vai e vem das ondas do mar!
Minha realidade se parece muito com você!

Obs. Se for disco vinil, recite mais uma vez!

Jaak bosmans 19-12-2008

Só posso existir na liberdade de ser.

Pássaro ferido!

Faz bem calar frente às dúvidas
Sofrer todas as vezes que se tornam constantes.
Perdido em desencantos, ilusões e majestades.

Não me encanto com palavras escolhidas,
Prefiro os versos perdidos do silêncio.
Que me sangram em total prazer.

Que culpa tenho?

Percorro com vigor e qualquer coragem
Os campos onde posso correr em desalinhos
Em busca dos encontros reais

Raridades que em cantos solenes
Não se entregam à perversidade das almas.
Apenas ao sorriso leve, que sobrevoa sinceridades.

Que plumas tens?

E em direção ao arco-iris
Num único e derradeiro vôo
Atravesso por todas as suas cores.

Ali me tinjo apenas do branco.
Podendo ser paz, podendo ser nada.
Mas na certeza que contenho todas as cores.

Que liberdade!

Jaak Bosmans 16 -12-08

Sou

Sou aquela pequena explosão estrelar
Multicolorida aos teus olhos ingênuos
Multi dolorido pelos sonhos desfeitos.

Sou a estrela cadente que alegra os teus desejos
Decadente em cada lágrima que te fiz derramar
Deslizando sem rumo na infinita escuridão.

Sou feito de brinquedos verdadeiros
Perfeito nos gestos desastrosos
De todos os dias que ainda me restam.

Sou todas as cores vivas já desbotadas.
Revelando apenas o branco de meus desejos
E o negro dos teus nobres despejos.

Sou ainda um pouco de esperança
De poder te encontrar numa dança
De novos acordes, ritmos perdidos

E a melodia que sou!

Jaak Bosmans 14-12-08

Cinecittà e os quadros por segundo.

Dentro dos meus olhos existem muitos espelhos.
Cada um deles reflete uma história.
Aquelas da infância ensolarada em dias de chuva.
Outras dos medos reais e irreais.
Muitas sem começo e sem final – arrancaram as páginas –
Assombrosas e alegres, sonhos e pesadelos.
Só como histórias que me fizeram,
Balanço entre inícios e finais de histórias inacabadas.
Tendo sempre um você que apenas fecha os livros.
Recomeço.
Porque meus olhos apenas piscam e os espelhos se refazem.
Novos reflexos
Novas histórias

Jaak Bosmans 8-12-08

Alma que ama

Você se torna parte de mim
quando sinto que meu coração bate diferente com suas palavras,
mesmo no silêncio.
Busco não acreditar que em amanheceres chuvosos ou ensolarados,
você ainda pode me estender a mão.
Não como anjo etéreo e suave,
mas como alma que ama!
E que me surpreende a cada instante
com sua maneira de ser e de não ser.

Jaak Bosmans

Caminho certo.

Amor incontido é
Como bala perdida.
Expressa um caminho
De somente encontrar
Amor escondido e
Silêncios de dor.

A bala partiu.
Quebrando o encanto.
Sem volta, sem cores.
Apenas revolta.
Do amor incontido,
Que a bala matou.

Encanto quebrado, no
Retorno das dores.
Em perdidos recantos.
De vivos encontros.
Bala perdida é
Amor repetido.

Jaak Bosmans 8-12-08

Te esperando

Giro no sentido contrário de quem passa o tempo.
porque só assim, posso permanecer fiel ao tempo que volta.
Nas fotografias ainda em negativos, que se revelam na química do que sei de amor.
Em ternuras, e no brando e suave tocar-te, me aconchego.
Vens de longe em púrpura carruagem, que te traz.
Corro pelos campos em pureza de alegrias.
Abro os braços, como surpresa para de te receber.

Passaste.

Jaak Bosmans 24 – 11 -2008

LUGARES

Lugares são perfeitos.
Ali nos encontramos.
Lugares áridos, campinas, mares e montanhas.
Lugares recebem sempre os encontros.
E deles fazem novos encantos.
Se movem em danças, marcadas pelo ritmo dos encontros.
Corações acelerados, almas silenciosas e ternuras em chamas.
Lugares nunca se desfazem.
São eternos, são lembranças.
E nenhum desencontro jamais consegue destruir lugares!
Porque lugares só existem em corações apaixonados.

Deslizando céus

Esperei pela nuvem maior
Num bater forte do coração
Entre águias, céus e azuis,
Surfei equilibrado na prancha da saudade.
Do outro lado, em redemoinhos de nimbos
Te via sorrindo e de braços abertos.
Gritavas em puro e suave silêncio.
-vem, vem, meu grande amor.
E deslizei respingado de gotas dos céus
Até ou teus braços, teus lábios, nossa aventura.

Jaak Bosmans 30-11-2008

Alegra-te

Alegra-te.
Muito perto já se encontram lugares.
Mágicos e estrelares.
Banhados de luares.
Sortes que se presenteiam com beijos
Carinhos e ternura.
Sempre na corredeira de um manso rio.
Onde pesco apenas esperanças.

Jaak Bosmans