Coleção pessoal de ITOPEDRAGRANDE

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⁠EM AGOSTO

Um pé de jacarandá para o outro:

-- Não aguento esse povo me chamando de ipê!

-- Não liga! Faz pose para a foto. O importante é aparecer.

⁠De pernas pra cima, o besouro espera que um terremoto avassalador o vire.

⁠Síntese nada otimista de hoje: quem sabe a direção não sabe aonde chegar; e quem sabe aonde chegar não sabe a direção. E pior ainda: este não conversa com a aquele.

⁠Como a polarização atual, monstros, por anos adormecidos, se despertam e levantam. Na verdade, dormiam com os olhos abertos.

⁠LIBERDADE

Após anos, a porta da gaiola, enfim, abria-se.

-- Liberdade para todos! -- disse, de fora, uma voz imponente.

Pularam com decisão. Caíram no abismo.

As asas estavam atrofiadas.

(Ito pedragrande)

⁠Somos cães vira-latas correndo atrás da roda do caminhão. Se conseguirmos morder, ela nos esmaga.

⁠Peixe saciado não morde isca.

⁠Juram que arrotos são melodias. Ai de quem disser o contrário.

⁠2020: O ano em que a bestialização no conteúdo supera a forma.

⁠Do abismo o céu é mais bonito.

⁠⁠Breve manifesto acerca da pretensa objetivação da propagação efusiva oncológica dos meandros sociais e demais segmentos estratificados propensos a necessários reparos com vistas a se perpetuarem pelas linhas transversais de tomos ideológicos inerentes de conceitos gradativos prontamente postos pelas nuances dogmáticas concernentes ao presente aspecto enviesado e pluridirecional da condição velada e também exposta adstringente ao cotidiano atemporal divido em camadas grossas de ignorâncias e certezas insanas no qual sempre habitam e habitarão riscos de toda natureza:

1. Acreditemos na ciência.

Após alimentar o ego, o presunçoso regurgitou.

Toda experiência que a gente adquire é um mero empréstimo, cuja serventia devia ser mais coletiva que individual. Talvez isso explique o porquê de estarmos tão desengonçados.

"O silêncio dos bons não assusta mais quanto suas palavras de desesperança."

Uns Cortes

Começou primeiro a cortar mesa e cadeiras, sofá, televisão, depois raque, filtro de água, fogão, carros, em seguida árvores, e por fim animais e gentes. As lâminas vazavam tudo, sem dó nem piedade, a mando de uma mulherona mandona que observava de certa distância com fúria nos olhos.
— Corto também essa carne podre pendurada nas suas costas? — perguntou-lhe o sujeito com a máquina na mão.
— Não, isso não. De jeito nenhum. Está louco?
E caminhando em direção a ele:
— Dá aqui essa máquina, você também já não me serve mais.
— Ziu!

Cinco pras Seis

Soa o despertador. Deu vontade de quebrá-lo ou atirá-lo contra a parede ou retirar a bateria ou engoli-lo. Programou para voltar a tocar em cinco minutos, voltou a dormir e sonhou. Falta de ar. Sangue escorrendo. Corpo esfriando. A morte chegando. Nem um minuto mais lhe restaria. Ao tocar pela segunda vez, de sobressalto pôs-se sentado, beijou o aparelho e jurou, ainda ofegante, amor eterno.

Os pezinhos pisam as areias frescas, brincando numa distância mais segura, longe da podridão da maldade humana.

Olhar pela janela achando que é espelho. Todo mundo tem um pouco de Narciso.

Às ideias, muitas vezes é preferível o mofo e a poeira do que é intrínseco, do que o verniz e o polimento do que é superficial.

— Ei, amor, o gás acabou.
— Bem que suspeitei que a crise dos sete anos existia...
— Aff...