Coleção pessoal de isasx_2

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Às vezes, simplesmente não é a gente. Parece difícil de entender, quase como se um
bloqueio emocional nos cegasse os olhos para a realidade e colocasse todas as
nossas expectativas em um universo realmente paralelo. O timing não é o mesmo, a
vontade de dividir uma coxinha com catupiry ou os lençóis recém-comprados não é a
mesma, ou apenas o sentimento não fixou morada nos dois corações da mesma
forma. Não é inconcebível compreender a situação quando é com a sua amiga, sua
prima, ou sua colega de trabalho. Então porque é tão complicado assumir que a
pessoa que a gente gosta não consegue retribuir o sentimento?
Nenhuma negação é ao acaso, assim de surpresa. As pessoas transmitem indícios
(bem claros inclusive) de que querem fazer parte da nossa vida ou não. E ao contrário
do que muita gente pensa, muitas vezes a situação acaba com o nosso coração
partido, mas não é por maldade do outro, é porque a gente insiste em permanecer
numa relação sabendo que não existe reciprocidade. Como quando você começa a
sair com um cara ou uma garota e da sua parte foi paixão à primeira vista, enquanto
da outra é apenas uma oportunidade de te conhecer mais profundamente e sim dar
uma chance para que um sentimento bacana floresça. Pode virar um amor desses
arrebatadores, como pode não passar de alguns beijos divertidos na noite. O ponto é,
a gente sente a troca de energias e de vontades, então porque cismar com um
relacionamento que está fadado ao fracasso?
É exatamente como a Summer e o Tom, do filme 500 dias com ela. Você pode ser a
melhor companhia do mundo, a pessoa mais divertida para se sentar num boteco,
com zero frescuras, extremamente carinhosa(o), totalmente curiosa(o) entre quatro
paredes, a nora ou o genro que qualquer sogra pediu a Deus, mas simplesmente não é
você. Não é você que faz o outro revirar os olhos quando suspira a palavra amor. Não
é você que o impulsiona a pegar aquele ônibus lotado, naquele trânsito infernal, só
para te dar um beijo de boa noite. Não é você que o faz vestir de papai Noel na festa
de natal da família, só para ganhar um sorriso de bônus. Não é você que faz o mundo
dele girar do avesso, dar cambalhotas, e saltos ornamentais, todas as vezes que o
cheiro do amor no travesseiro o relembra de que existe alguém no mundo com uma
essência tão compatível com a dele. Apenas, não é você.
Duro, frio, e talvez racional demais, mas é assim que precisa ser. Quanto mais a gente
se engana, se esconde da verdade, investe em uma parceria que é completamente
unilateral, maior o nosso desgaste, maiores as nossas expectativas, e maior o tombo
semanas depois quando dermos de cara com a pessoa que a gente escolheu gostar a
todo custo, desfilando na rua com os olhos brilhando ao lado de outro alguém. Na
hora não adianta se martirizar, bancar a traída, a iludida, e se questionar o porquê de
ser ela e não você segurando aquele abraço. Estava evidente depois de uns bons
meses de encontros casuais que ele não assumiria um compromisso mais sério.
Também estava óbvio quando ela se esquivava da festa de aniversário do seu amigo
de infância ou de qualquer outro evento que significasse uma proximidade sufocante.
Você sabia, só não queria aceitar e nesse caso o sofrimento infelizmente, foi opcional.
A beleza do amor, dos encontros de alma, da reciprocidade, é justamente o fato de
serem presentes gratuitos, pequenos acasos afortunados do destino. Quando se
precisa mendigar, comprar, barganhar de qualquer forma que seja esse livre-arbítrio
de ser, estar e permanecer, toda a relação perde o propósito. Amor é muito “bate ou
não bate”. Se os sentidos se abraçaram, que sorte a de vocês! Caso contrário, uma vodca, um chocolate, e uma mesa rodeada de amigos, por favor. Por mais pessoas
que se sintam em casa no nosso ninho, e menos devaneios loucos que nos impeçam
de ver além da curva da estrada. Que as permanências sejam sempre sinceras e que
nunca nos falte sabedoria para acolher o inevitável.
“Tom: Você nunca quis ser a namorada de ninguém e agora é a esposa de alguém…
Summer: Me surpreendeu também.
Tom: Acho que nunca vou entender. Quer dizer, não faz sentido.
Summer: Só aconteceu.
Tom: É, mas é isso que não entendo. O que só aconteceu?
Summer: Só acordei um dia e soube.
Tom: Soube o quê?
Summer: O que eu nunca tive certeza com você.”*
Por menos diálogos dolorosos como este, e mais coragem de sair pela porta quando
os sinos da partida soarem. Que assim seja.
*Diálogo entre Summer e Tom no filme 500 dias com ela.

⁠Lua de sangue
Hoje, dia 15 aguardo mais um, de raros momentos cuja química e física palpável se encontram
Queridos Sol e Lua,
a sanidade do eclipse me despertou horas antes do amanhecer.
Perguntas rodeiam minha mente pelo não saber.
Por onde começa??
Por onde termina?
E são essas dissonâncias cognitivas, conhecidas como a arte de mentir para mim mesma, que mantém-me despertada.
Me encontro pendurada na janela aguardando você, lua, se avermelhar.
Estará tempestuosa? Ou apenas inibida por tantos flashs a sua volta?
Estará ansiando por algo ou apenas
sentindo-se a vontade com seu trajeto?
Sabe Sol, sei que a tal esfera de queijo não é sempre fácil de lidar
Mas você sabe, que sem tua presença, ela seria apenas mais um fenômeno apático do universo
Talvez seja por isso que você se gaba pelo seu radiante brilho e a cobre numa madrugada de eclipse
Os dois se completam e sabem disso.
Por isso quando se juntam, se confundem
e trazem uma enorme plateia e lágrimas de emoção.
Mas por favor, não se deixem levar pelo choro e transformar essas lágrimas tão belas num incomodo de saudade
Você, lua, vermelha e flamejante
Me transmite uma alegria gritante e um sentimento de paz.
Faz com toda certeza o espetáculo mais belo da natureza,
O maior espetáculo que faz sorrir até o mais amargo dos mortais
Não deixe o Sol diminuir teu brilho
Por achar que brilha melhor contigo
Lembre-se que almas gêmeas podem sim ficar juntas, mas não deixe de perder o seu valor.
Verdadeiras almas gêmeas não machucam umas às outras,
Verdadeiras almas gêmeas não diminuem umas às outras
Elas colocam o amor a frente de tudo, mesmo que a decisão seja manter distancia.
Como nenhuma apresentação dura pra sempre, a noite chega ao fim.
Ao desligar os olofotes e prosseguir a formação da astronomia, leva consigo o prazer esmagador da solidão
E o peso enorme de passar mais anos com sua identidade separada na união
Queridos Sol e Lua,
Quem sabe daqui anos, vocês resolvem tomar uma decisão
Quem sabe daqui anos, vocês deixem de lado toda essa incerteza e confusão
Quem sabe em anos nos veremos novamente,
Eu, e mais amantes de seus amores, agradecemos por esta noite iluminar nossa mente