Coleção pessoal de hidely_fratini

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⁠Tarde suspensa - choros e céus abertos


Olho o horizonte com céu aberto.
Parece um espaço mágico sobre a Terra.
Enxergo pedacinhos encantados de vários céus:
__ Azul, azul com traços de água a vapor.

Nuvens voam pelo espaço entre o meu eu e o ser ao lado,
Um choro forte emana de profundezas ancestrais,
Mas não serve de consolo.
Vejo nuvens ora pesadas, ora leves como o nada,
Ora como poeiras cósmicas ou de estradas.

Escuro total, breu emana sem limite demarcando meus vazios.
Ouço o Sol nascente, a pino ou poente,
Agora a indicar limites consistentes.

Água...
Água voadora entre hemisférios a umedecer e fecundar a vida.

Água:
...Vaporizada
...Líquida
...Gelada
...Pesada ou leve como pétalas
...Ou em flocos levados pelo vento
...Sadia
...Contaminada
...Rebelde, como tempestades e tormentas.

Pedacinhos encantados por vários céus...

Meu céu interno aproveita o tempo e se manifesta:
...Vibra
...Chora lágrimas em vapor, profundas ou em cascatas!

Digo adeus e bato a porta.
Sono profundo, por hoje, basta!

junho/ 2021

⁠Ondas e pessoas

Uma a uma as ondas chegam,
quebram na praia.
Uma a uma as pessoas chegam ao mar
E eu a contemplá-lo como se não existisse.
Mas é real.
Pode-se tocá-lo, mergulhar
Em profundas ondas...

O pescador com a família sonda as águas.
Choveu e tudo toma cor de cinza.
Céu e mar, um corpo só.
Céu no mar.

As águas sondam o pescador com a família.
Ao longe, mãos, braços, corpos que trabalham
Já não sondam mais.
Sol ou chuva?Não importa...

Gente e rede, um corpo só!
Gente na rede!
Os frutos pulando, murmurando sons de morte.
Um a um, fruto e gente, deixam a rede.
Sol – chuva – mar.

Novamente frutos na rede...
Vida que não se quebra.
Outra vez gente na rede.
Mar.
Gente.
Rede.
Frutos.
Assim, sucessivamente, até que
os braços deslizem pelo corpo e encontrem
a terra para repousarem eternamente.

Out/1978

Casa de meu pai e cinzas
*
⁠Adentro a casa habitada por meu pai desde menina
- agora espírito!
Estranho a sua ausência...
Onde está o ser vivo
de matéria carbonada de infinitos?
*
Dos céus, estrelas caem, cadentes,
sobre minha existência.
Deixam-me a pensar na vida:
__ Como pode, aquele ser,matéria viva,
ser hoje, espalhadas cinzas?
*
Enfim, a madrugada finda...
*
2024

⁠Despertar

Um dia, deixei hibernando o amor que me servia
De guia, encantamentos e prazeres.
Hoje, desperta pelas águas mansas do futuro,
Compadeço-me por ter dormido tanto
Sem abrir meus olhos à verdade!

Entorpecida pelo dia a dia que me sugava e consumia,
Inativa, busquei viver por meio
De mil afazeres e enganos violentos.
Hoje, desperta pelas águas mansas do futuro,
Agradeço a oportunidade do reencontro e do resgate!

2024

⁠ACORDA!
(Assim, não. Continua até quando der!)

Desabafo?
Não!

Insônia?
Não!

Sonhos?
Sim!

Acorde.
Durma.
Fale!

Movimentos ________^^^^^^^^^________********_______~~~~~~~~

Ande & desande!

(dez/ 2017)

⁠DESFILIAÇÃO & ENTREGA
(Entregar ao universo. Abrir mão... Desapegar)

Processo do entregar...
Começou!
Não serve, descarte!
entregue!
Deixe que outro assuma.

Melhor:
__ Assuma-se!

Esse outro que não é seu,
Que é dele mesmo:
__ Vá a seu próprio encontro! Então,
• Desligue-se,
• Desprenda-se,
• Desfilie-se!

Amém.
Assim seja!

(2017)

⁠Pequeno caminhante...
(Inspiração adolescente)

Caminhante, seresteiro, sempre a esperar
Uma gota angelical a lhe acalmar
Uma aflição desesperada, onipotente,
Que nem deus dos deuses compreenderá.

Pergunta-te Oh, Senhorzinho, ao ver
Um giro de anjo no ar, se podes mais uma vez amar.
Amor que figura em ti é gostar,
Amar o ser de mulher a correr...

E, então, quando consegues o amor alcançar
Nada há mais a fazer...
Tu, seresteiro, estás a sofrer,
Estás quase a morrer...

E quando encontrares a morte em morrer
Irás querer amar mais a vida, viver!
Então, não deixes que uma musa em ti se infiltre
E te faças sofrer sem querer.

Ame-a e também a ti e, sabiamente, amarás!
Não necessitando que a morte se apresse
Para, então, tua vida desmanchar...
Tua vida levar!

(1968)

⁠ONTEM

Na razão inconsciente
Da minha mente insatisfeita,
Vi quebrarem-se as barras de ferro.
Senti um desejo
De residir em nós.

Na loucura da minha consciência
Quase satisfeita,
Vi unirem-se as barras do sentimento.
Sumiu, então, a moradia que nos unia.

A morada se vestiu
De um brando amor humano.
A mente tomou o seu lugar...
O coração repousou,
Bateu leve.
E as mãos uniram-se fortes e ternas.

Abril/ 1971