Coleção pessoal de HapuqueFreitas

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Observador

Sombrio que admira
Pensante que ilumina
Amante que vigia
Contente que desvia
Navegante que vacila
Atraente que inebria
Ausente que sorria
Expectante que anuncia
Desvirtuado que jura inocência
Culpado que se põe a revelia
Passivo que aceita desventura
Sonhador que vislumbra amargura
Conciso que busca verdade
Atento que traz amizade
Atormentador que desencadeia tempestade
Amento que cria complexidade
Orgulhoso que procura piedade
Instintivo que amaria dissipar-se.

[Maceió-AL, 16 de dezembro de 2012]

Vislumbres

No balanço das ondas
No frio das águas
Na poeira da areia
A luz da lua
O brilho das estrelas
O sussurro do vento
O cheiro das algas
O esconderijo dos corais
O vaivém dos passantes
O esconde-esconde dos caranguejos
O amor dos amantes
A risada dos viajantes

E lá de longe, o navio mais brilhante.

[Maceió-AL, 15 dezembro de 2012]

Sussurro

No silêncio da noite
No calor da manhã
No trovejar de uma tempestade
Na nevasca de uma montanha

No soluço de um choro
Na risada de uma gargalhada
Um flash de dentes
Um abrir de lábios
Um piscar de olhos

O brilho do luar
O balanço de uma árvore
A brisa do mar
O grito de uma ave
A felicidade de um golfinho
A lágrima de uma nuvem
Um raiar do sol

A alegria de uma criança
A seriedade de um adulto
A birra de um adolescente
A vontade de viver de um idoso
A esperança de uma mãe
O luto de um coração despedaçado
O nascimento de uma vida

Tudo se ergue com um sussurro.

[13 de dezembro de 2012] [QHFR]

No certo eu não me encaixo, no errado não me acostumo. E a solução pro meu cansaço é cansar mais um pouco. Porque se às vezes dá preguiça de seguir em frente, eu não me esqueço que é impossível voltar pra trás.

Não se preocupe com o futuro.
Ou então preocupe-se, se quiser, mas saiba que pré-ocupação é tão eficaz quanto mascar chiclete para tentar resolver uma equação de álgebra.

Faça o que fizer, não se auto-congratule demais, nem seja severo demais com você.
As suas escolhas têm sempre metade das chances de dar certo.
É assim para todo mundo.

Reconhecer os próprios erros não é humildade, não. Reconhecer e aprender com os próprios erros, é ambição.

Assisti a algumas imagens do velório do Bussunda, quando os colegas do Casseta & Planeta deram seus depoimentos.

Parecia que a qualquer instante iria estourar uma piada. Estava tudo sério demais, faltava a esculhambação, a zombaria, a desestruturação da cena.

Mas nada acontecia ali de risível, era só dor e perplexidade, que é mesmo o que a morte causa em todos os que ficam.

A verdade é que não havia nada a acrescentar no roteiro: a morte, por si só, é uma piada pronta. Morrer é ridículo.

Você combinou de jantar com a namorada, está em pleno tratamento dentário, tem planos pra semana que vem, precisa autenticar um documento em cartório, colocar gasolina no carro e no meio da tarde morre. Como assim? E os e-mails que você ainda não abriu, o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente?

Não sei de onde tiraram esta ideia: morrer.
A troco? Você passou mais de 10 anos da sua vida dentro de um colégio estudando fórmulas químicas que não serviriam pra nada, mas se manteve lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física, quase perdeu o fôlego, mas não desistiu.
Passou madrugadas sem dormir para estudar pro vestibular mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer da vida, cheio de dúvidas quanto à profissão escolhida, mas era hora de decidir, então decidiu, e mais uma vez foi em frente.

De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão na freeway, numa artéria entupida, num disparo feito por um delinquente que gostou do seu tênis.

Qual é? Morrer é um clichê.

Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida. Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e penduradas também algumas contas. Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira.

Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas cuido eu.

Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce, caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina, começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer. Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte costelas gordas e mulheres magras e
morre num sábado de manhã. Se faz check-up regulares e não tem vícios, morre do mesmo jeito.
Isso é para ser levado a sério?

Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, o sono eterno pode ser bem-vindo.
Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não acompanha a mente, e a mente também já rateia, sem falar que há quase nada guardado nas gavetas. Ok, hora de descansar em paz. Mas antes de viver tudo, antes de viver até a rapa? Não se faz.

Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas. Morrer é um exagero. E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas.

Só que esta não tem graça.

Ler é sonhar pela mão de outrem. Ler mal e por alto é libertarmo-nos da mão que nos conduz. A superficialidade na erudição é o melhor modo de ler bem e ser profundo.

Porque é tamanha bem-aventurança
O dar-vos quanto tenho e quanto posso,
Que, quanto mais vos pago, mais vos devo.

Eu cantarei de amor tão docemente,
Por uns termos em si tão concertados,
Que dois mil acidentes namorados
Faça sentir ao peito que não sente.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Ah o amor... que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói não sei porquê.

Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.

Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens.

A maioria pensa com a sensibilidade, e eu sinto com o pensamento. Para o homem vulgar, sentir é viver e pensar é saber viver. Para mim, pensar é viver e sentir não é mais que o alimento de pensar.

Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?

É muito mais fácil demonstrar um "cristianismo" quando estamos reunidos em uma igreja, difícil é praticá-lo fora dela.

Garota complicada e imprevisível, irritante ou pacífica, observadora e sincera;

Adoro a praticidade e a objetividade;

À vezes sou antipática e bastante mal humorada, mas tento ser simpática e feliz ao máximo;

Sou controladora e boa em esconder emoções, alguns até chamam sem coração ou sentimento;

Não aceito infidelidade ou mentira, assim como detesto ciúme;

Aprecio a lealdade, por isso procuro retribuir da melhor forma possível;

Gosto de desafios, mas não fico feliz quando sou desafiada;

Detesto receber ordens, mas adoro ser a que ordena!

Amo livros, filmes, músicas e, principalmente, viajar;

Às vezes sou careta e outras vezes nada convencional;

Gosto de estar no controle de tudo, por isso o constante conflito;

Sempre quis medicina, mas acabei no direito;

Amo minha família, mas necessito distância e espaço;

Quero independência e liberdade para dizer o que penso e fazer o que der vontade;

Tenho pensado em namoro, mas abomino a idéia de casamento;

Quero um carro, mas 1º tenho que terminar a auto-escola;

Quero conhecer o mundo, mas ainda não tenho o dinheiro;

Às vezes quero dormir pra sempre, outras só quero olhar o sol;

Amo a chuva, à noite, o frio e, logo, a neve também;

Amo a solidão, mas é bom estar com os amigos;

Às vezes sou cruel e não me arrependo, outras sou bastante legal;

Gosto do que é bom, mas também sei apreciar o que é ruim;

Sou curiosa, mas nem tanto;

Gosto de fazer amigos e às vezes inimigos também;

Tenho fé e acredito em Deus, mas sei da existência do outro;

Às vezes prefiro doce, mas gosto de salgado;

Sou desconfiada, mas sei quando é hora de relevar;

Às vezes sou apática, outras nem tanto;

Amo o silêncio, mas também sou fã do caos;

Sou única, por isso a fôrma que me fez foi quebrada e jogada fora.

A vida não passa de uma oportunidade de encontro; só depois da morte se dá a junção; os corpos apenas têm o abraço, as almas têm o enlace.