Coleção pessoal de Gustxvo
Não é necessário mostrar a beleza aos cegos; nem dizer verdade aos surdos. Mas não minta para quem te escuta e nem decepcione os olhos de quem te admira.
em uma irreal e imaginaria fantasia, quem sabe um dia, eu te daria uma flor-boreal. ou talvez, em uma viagem cordial, te levaria pra conhecer todas as auroras que, por hora, te fazendo moradia, ali começaria uma história sem final.
a gente fica nesse vai e vem,
cê sabe né amor isso machuca a gente,
mas vai que de repente numa dessas vindas,
você deita do meu lado e fica aqui pra sempre.
maldita saudade,
daquela maldita beldade.
aquele sorriso é maldade,
aquele beijo atrocidade.
falam muito sobre equidade, mas eu mataria, sem piedade, só pra vê-la pela cidade...
a gente se foi. nos permitimos ir porque nos amávamos a ponto disso. a gente deu tão certo que acabou dando errado, mas, quem sabe, dar errado foi a coisa mais certa que poderia ter acontecido.
Ai de quem ama
Quanta tristeza
Há nesta vida
Só incerteza
Só despedida
Amar é triste
O que é que existe?
O amor
Ama, canta
Sofre tanta
Tanta saudade
Do seu carinho
Quanta saudade
Amar sozinho
Ai de quem ama
Vive dizendo
Adeus, adeus
nunca falei sobre ter algo sério mas sempre deixei claro que queria algo profundo. não teria sentido eu te querer só pra mim se nem pra mim eu te tinha. sem toque não há calor, sem abertura não há conexão de almas e eu felizmente ainda não aprendi a amar por telepatia. moça, eu te amava tanto com tão pouco de você pra mim, imagina se eu tivesse tanto de você o quão pouco seria o tanto que eu te amaria. (nunca pude usar o tempo verbal no presente pra falar de nós, pois, ou eu estava submerso na imensidão da sua presença, ou, em um mundo cheio de morfemas, eu tinha ar de sobra pra escrever esse poema)
Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.
Escritor: não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira.
O mundo é grande e cabe nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.
Não se mate
Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.
Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
Reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.
O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê, praquê.
Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá.
Não se mate
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...