Coleção pessoal de gtrevisol

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Simbolicamente apenas? Mas não será tudo simbólico? Não o são as nossas realizações, ainda que nos batamos num mundo feito de milhões de relações humanas e com milhões de destinos entre os nossos dedos? As nossas realizações não serão, mesmo nos melhores momentos, tão lamentáveis que o combate que travámos por elas perderia todo o valor se lhes não déssemos uma importância simbólica, uma importância de combate enquanto combate? Que escassos resultados práticos! Seríamos capazes de fazer fosse o que fosse, a menor acção, se tratássemos os símbolos como realidades práticas?

Para que serve o desejo de revolta se te recusas a revoltar-te quando estás saciado?

Viver era como correr em círculo num grande labirinto (...) Cheios de uma fé inabalável na honestidade do labirinto e começam a correr com a certeza de alcançarem dentro de pouco tempo o seu alvo. Corremos, corremos, e a vida passa, mas continuaremos a correr na convicção de que o mundo acabará por se mostrar generoso (...) Descobrimos que gastámos todas as nossas forças a realizar um trabalho perfeitamente inútil, mas é muito tarde já para recuarmos. Por isso não é de espantar que os mais lúcidos saiam da pista e suprimam algumas voltas inúteis para atingirem o centro cortando caminho.

Uma vez que estamos sós no mundo, ou pelo menos não tão sós como gostaríamos de estar, temos o dever de dominar as nossas explosões, de fazer com que as explosões inevitáveis da nossa maldade ou da nossa bondade paradoxais vão aproximativamente no sentido do fim aproximativo. (...) porque o medo lembra-nos infatigavelmente a direcção justa, e se sufocarmos o nosso medo, perderemos a possibilidade de nos orientarmos numa direcção determinada e daremos aqui e ali lugar a uma série de estúpidas explosões privadas, causando os piores estragos para um mínimo de resultados. É por isso que devemos conservar dentro de nós o nosso medo como um porto sempre livre de gelos que nos ajude a passar o Inverno, e também como uma corrente submarina vibrando por baixo da superfície gelada dos rios.

O homem é um animal encerrado no exterior da sua jaula. Agita-se fora de si.

Pois se o eu é odioso, amar ao próximo como a si mesmo torna-se uma atroz ironia.

Como fazer para não fazer nada? Não conheço no mundo nada mais difícil. É um trabalho de Hércules, um aborrecimento de todos os instantes.

O estado de espírito de negação precede frequentemente a ocasião de negar. Antes que tenhas falado, se me és antipático, a minha negação está pronta, digas o que disseres – pois é a ti que eu nego.

Quantas coisas é preciso ignorar para agir!

Dizem-nos por vezes - é um fato - inclinai-vos perante os fatos. Ou seja, «acreditai». Acreditai porque aqui o homem não interveio.

Quem não pode atacar o argumento ataca o argumentador.

Há uma espécie de reciprocidade entre a necessidade e o objecto que a satisfará. Não penso em beber; mas este copo ao meu alcance dá-me sede. Tenho sede e imagino o copo de água delicioso.

O homem feliz é aquele que ao despertar se reencontra com prazer e se reconhece como aquele que gosta de ser.

É preciso sempre desculpar-se por ter agido bem - nada fere mais do que isso.

Deus criou o homem e, não o achando bastante solitário, deu-lhe uma companheira para o fazer sentir melhor a sua solidão.

Um pintor não devia pintar o que vê, mas o que será visto.

Os maus pensamentos vêm do coração.

Sei que há um prazer violento que se chama gozar. Adivinhei-o noutros tempos, num momento de embriaguez...é quando a alma se conhece a si própria.

O mar, o mar, sempre recomeçado!

É por vezes um espinho oculto e insuportável, que temos cravado na carne, que nos torna difíceis e duros com os outros.