Coleção pessoal de grbianca

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Parece que permaneci ali, imóvel.

Via os traços, que vez ou outra a gente confunde.

A mente é essa coisa estranha que nos leva pra onde ela quer.

Enquanto os olhos do mundo estão voltados para o Brasil, e muitos deles apenas para o Rio de Janeiro, espalham por aí que somos a sexta economia do mundo, que somos o país (há anos) do futuro, que somos uma nação de verdade. Por outro lado, só conheço uma nação mentirosa, que não tem memória, nem estudo. E sente fome!

Nosso grande chocalho é mais uma das obras pela cidade. Mais uma delas que desviam milhões. Mais uns milhões que vão para os ternos, junto com os milhões das Unidades de Pronto Atendimento, e que de pronto atendimento não tem nada, e com as Unidades de Polícia Pacificadora. Se não houvesse reforma, daria, talvez, para a construção de dois estádios. Se não fossem aluguéis de conteiners, daria, talvez, para a construção de hospitais, descentes, públicos. E se não fosse a mentira da pacificação, as fronteiras estariam todas reforçadas. Mas parece que as máscaras não vão sair daqui. Estão nas favelas, nas obras... Estão em todo o governo!

Hoje, a cidade cheira a poeira. Mas ao invés do caos, as praias lotadas conquistam a cena.

Aí vem mais um ano de recomeços – mas, por favor, sem àquelas promessas impagáveis.

Cansei de algumas pessoas. Tenho medo que eu me canse de todas.

Loucos por papéis. Por pequenos papéis coloridos, que só isso enxergam.

E quem disse que não sou a loucura neste mundo imprudente? Não sei!

Ninguém olha pro lado... Do lado tem um amigo. Do lado não tem nada. Do lado tem tanta gente. Mas ninguém percebe... Não vêem o amigo. Não vêem o nada. E não vêem a gente. São cegos. Nem vêem escuros, nem vêem claro. Não é nenhuma cegueira de escuridão ou claridade. São cegos de tudo. São cegos em tudo. Não vêem a vida.

Aqui, não se tem muitos porteiros
Nem babá com mãe do lado
Aqui, no subúrbio, não tem governo circulando

A verdade cada um tem a sua.

Precisei não ver mais essas crianças, que vivem em uma realidade distante do asfalto. No morro, com nove anos, as crianças já sabem se virar, no mundo, sozinhas.

Logo ela que conhecia muito do mundo e da vida. Logo ela que me ensinara sobre sorrir pra vida. Logo ela!

Se não fosse o engarrafamento, o lixo, a violência e a desigualdade, o Rio seria a melhor cidade do mundo.

As mentiras são mais desreipeitosas que a ausência de respostas.

O céu tem dessas coisas misteriosas.

Séria não pode ser essa polícia. Sério não pode ser o estado dessa polícia. Sério não pode ser o Estado com essa Polícia.

Em meio ao movimento desse bairro burguês, uma classe sem nome preenche as calçadas sob claros olhos que não os querem enxergar.