Coleção pessoal de Gazineu

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"Eu sinto o ponto central em falta em todos nós: o sentimento de compaixão. Ouvi uma vez uma frase que dizia que é possível ouvir com o coração."
"Por que ficou tão impressionado com aquela história dos vaga-lumes poderem desaparecer e surgir tantas e tantas vezes na escuridão?"
"O que isso implica em ouvir com o coração?"
Aqui, sabemos que há uma desconexão, não incoerência.
"O que eu disse foi que o pensamento é uma espécie de material em processo e qualquer pensamento construído seja por razões tecnológicas, crenças psicológicas, deuses vingativos, toda a estrutura do grande primata com base no pensamento, é um processo material. Pensei que, nesse sentido, é importante. O pensamento é experiência, conhecimento armazenado nas células e funcionando em um cruzo especial estabelecido pelo ser. Tudo o que me é um processo, está em processo, é fluxo material. O que importa é o que eu não sei. Eu não vou nem discutir isso, porque eu não sei."
"Não sabe?"
"Não. E nunca fui capaz de compreender o significado do tempo. Eu não acredito que ele exista de forma alguma. Eu senti isso de novo e de novo enquanto os vaga-lumes acendiam. Não parecem fagulhas de brasa nas trevas? Como pode o tempo existir enquanto há escuridão? Nem o futuro pode existir. Nem para nós, nem para eles."

Quíchua me seguiu por quilômetros e quilômetros a leste da Baía de Bengala
para o mercado onde
homens foram comercializados como escravos.
Vacas como reis, cabras como cabras.
E no instante em que você se torna um pouco mais seco. Quando para de adicionar açúcar no café, sua alma torna-se desnutrida e inicia o processo de suspeitar de algo. Então você começa a se tornar mais sábio, porque toda a futilidade consiste em ser inconsciente dos seus atos.

Um homem não tem tempo para ter tempo
Ele não tem estações suficientes para ter um bom outono
e ouvir a queda das folhas
Sobrevivente da era do gelo,
um homem precisa amar e odiar ao mesmo tempo,
para rir e chorar com os mesmos olhos,
com as mesmas presas para desabar a caça e nutrir a prole
e odiar, perdoar e lembrar e esquecer,
para esclarecer e confundir, para rasgar a carne e digerir fibras
o que a história
leva anos e anos para fazer
o peso do caminho não deve esquecer.

Mas a estrela honra juras pela presença deste século e ainda está fora de todo o caos da escuridão com sua luz azulada
ardósia clara,
areada, inesperada, celeste,
celeste brilhante,
furtiva, viva
azul cobalto,
por entre o asfalto,
a flor de milho;
hirta em brilho.

A consciência é sua.
A enganosa consciência moral é transmitida por astrólogos ruins, marxistas leitores do The New York Post, terapeutas alienados que insistem em reforçar o caráter perfeitamente não natural das manifestações de certos pacientes, na medida que sua a incapacidade de avaliá-los reforça a crença na legitimidade absoluta da sua concepção de realidade e renega todos os atos que dela possam decorrer. A deturpada enganosa consciência moral é uma imposição sobre a sua pura consciência. Cada ditadura moral impõe um tipo de delírio sobre você. Dez mil anos. Algumas pirâmides pesadas e todos continuam a impor alguma coisa.

Só há uma razão possível para atacar o lobo: ele nega domesticar a sociedade em forma de cão. Os lobos não nascem podres de corpo e alma. São puros como neve. Os cães suprimiram todo o ódio da humanidade. Suprimiram a necessidade do crime, a leve inclinação para à loucura insana, o desespero, o cretinismo congênito, os olhos amendoados derivando instintos.
Se o cão pratica uma virtude, virtude nenhuma será. A virtude como prática é de um tempo morto, tão morto como coisa que pouco importa. Virtude só é virtude quando é impensada, irrefletida, maquinal: instintiva. O lobo é virtuoso pela seu modo de ver as coisas. É espontâneo. É natural. É um espasmo súbito, involuntário. Lobos se sentem mal em formaturas e reuniões semanais nas quais as pessoas narram como a incapacidade de controlar sua raiva lhes causou problemas de sociabilidade.

Céu límpido em julho
O que lavra a terra remove o entulho
conforme descrevo,
tudo o que vejo
o lugar mais formidável do mundo
hortado em solo profundo
que tinha um misto perfeito de argila, calcário e areia para o plantio de flores,
em setembro, verdadeiro paraíso de cores
flores desabrochavam em uma abundância incomparável
na beira das estradas, nas pedras lavradas, em parques e jardins,
em balcões, em rincões, em vasos, em lis
varandas ordinárias, em jardineiras matreiras
nas janelas, pelas águas ligeiras
Céu límpido em julho
O que lavra a terra remove o orgulho
sob a sombra das árvores
a permanente umidade no ar parecia pintar
O que derivava dos córregos só sabe trilhar
em todas as manhãs, tons mais frescos
Vemos os galhos de uma árvore, e seus arabescos
como escreveu um visitante deslumbrando com a vastidão da vida
em um momento incontrolável de crise vivida.

O mar se agitou muitas vezes corroendo os destinos da nossa terra,
e por toda a parte, eflúvios e vendavais se desdobram
e nada mais haverá entre meus olhos e teus olhos

Percorri sociedades inteiras e o que vi?
O desespero em olhos vazios que me olhavam vazios e desesperados
atravessando os limites das fronteiras em morte, uivos em leitos
juntando forças em ansiolíticos e drama

Lobos afogavam-se em lágrima; banhados em sangue e febre
Meus olhos te olham e não há mais tempo para diluir minha dor em teu ventre

O lobo sente em pelo por experiência própria
se estamos em o hábito de caminhar regularmente na mesma estrada,
somos capazes de pensar em outras coisas enquanto caminhamos,
sem prestar atenção aos nossos passos
escritos em cerâmica no fundo do mar