Coleção pessoal de GabrielRegis

Encontrados 6 pensamentos na coleção de GabrielRegis

A cura

eu busquei à Morte
desde os banhos gélidos tarde da noite
aos passeios solitários pelas ruas de Salvador durante a madrugada

à procurei,
como um enfermo busca a cura
eu busquei a minha
mas só a encontrarei quando a primeira pá de terra cair sobre meu caixão

eu busquei à Morte
isolei-me
troquei o calor humano por páginas frias de livros
abracei as sombras
como um órfão abraça seu único irmão mais velho

eu busquei à Morte
pois viver me pareceu mais doloroso
e triste

Hominibus

Eu sou o pior dos males,
Vocês bem sabem,
não finjam que não me reconhecem.

Satanás?
Esqueçam esse pobre coitado!

Eu sou o causador, não culpem outro
além de mim.

Meus gritos não serão silenciados,
Meus pecados não serão impunes.

Apedrejem-me.
Enforquem-me.
Queimem-me.

Pois,
Fui eu quem matou Abel.
Eu cuspi e chutei Cristo,
e o torturei até a sua morte na cruz.

Eu estuprei 2 milhões de mulheres e crianças,
Incendiei fábricas e queimei mulheres.

Persegui e torturei judeus,
Decapitei cristãos.

Matei homossexuais e negros.
Criei bombas, fiz guerras.

Explodi Hiroshima e Nagasaki
Atualmente, Israel.

Quem é esse ser chamado Diabo?
Quem é ele diante de mim?

Agora vocês se mostram cegos,
surdos e mudos,
Desesperados perante a minha face
e do reflexo de suas almas podres.

Suas pernas tremem,
Pois minha boca profere o que seus ouvidos temem.

Não adianta esconder-se nas asas dos anjos,
seus pecados são vistos diante dos mortos.

Os seus terços não limparam o sangue
em suas vestes.
Não orem, suas palavras imundas irritam os deuses


Nós somos o pior dos males,
Vocês bem sabem,
Não finjam que não se reconhecem.

Tenho o universo em meus olhos,
Onde habita mistérios e medos.
Sou a desordem procurando à sincronia
Uma escuridão em busca de luz

A minha vida é uma estrela que queima de forma intensa
E do céu noturno essas são às que colapsam primeiro.
E o que resta são só fantasmas, a luz que viaja durante anos,
iluminando, ou assombrando outras estrelas perdidas.

Minha existência de nada vale, mas à Tudo pertence.
Meus pensamentos são uma sinfonia triste
em uma tarde chuvosa de domingo

Sou uma eterna dança, em meu próprio ritmo.
E mesmo que meu corpo definhe-se durante a juventude,
estarei reunido por todo infinito no amontoado cósmico.

Deleitarei-me da fragilidade
Dessa insignificante existência.
Gozarei dos prazeres mundanos,
Que trazem à epiderme a sensação de estar vivo.

Sigo errante,
Oscilando entre uma intensa vontade de viver,
E a desistência que me convida diante as dores das cicatrizes
Que ardem sempre que me deito a noite.

Nada me restou,
Além de algumas memórias de épocas distantes.
Retratos de faces que rasgam meu peito
e me submetem ao gosto amargo da saudade.

Tudo faz parte de um grande ciclo
Que incliná-se para a destruição.
E o brilho de uma supernova me faz crer
que o fim têm lá suas magias.

Penumbra

Eu vejo flores morrendo enquanto gritam;
E mares de sangue fervente decompondo corpos.
Meu bosque exala veneno nocivo,
levado pelo vento do norte que retalha a alma.


Meu campo de visão está manípulado
E as minhas palavras embaralhadas.
A água se tornou fogo
e o Éden virou Niflheim.


O meu Gênio Maligno concentra em destroços,
mesmo ao redor tendo bosque e fonte nascente.
Alheio ao acaso,vago pela penumbra;
Feito um barco de papel no oceano hostil.

Corvos

Corvos pairam sobre a minha cabeça
Eles crocitam, crocitam e crocitam
Uns altos, outros baixos
Mas eu escuto, todos
Os mais nutridos pousam sobre a minha cabeça
Repousando das suas longas jornadas
Das suas constantes disputas
Uns não são nada amigáveis
Até chegam a me beliscarem
Outros são mais ousados tentando fazerem seus ninhos
E eu, é claro, os espanto
Mas nenhum deles vão embora
Exceto um
E eu o vejo, como nenhum outro
Ele é distinguível mesmo distante
E eu também vejo que [...]
Eu sou aquele corvo voando para longe