Coleção pessoal de gabrielascheid

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Curiosa por instinto
procuro saber sobre tudo
- sobretudo minto.
Me indigno
Comigo toda vez que abro uma página
Na internet ou algum livro
Não consigo! Minha cabeça não permite
Tamanho pulo no infinito.
Concentro-me por horas
Por fora fico
Da realidade ignorante.
Porém a mente ansiosa
Cheia de ideia inovadora
Perturba os olhos e os ouvidos.
Preciso de uma caneta,
Preciso cuspir no papel
Ou na tela
Antes que me comam viva
Os vermes que correm em minhas veias.
Socorro! Maldição!
Paro na metade da leitura – novamente
Pra começar a escrever minha história.
Pra pintar a tela. Tenho dó, tão sem cor.
É tanto ego que mal consigo ler outros autores
Admirar outros artistas
Viver outras vidas
Me perdoem!
Eu vivo, crio e recrio a minha
Dia após dia.

CAIU
- Ele brincou, me usou
E não me liga.
Não consigo entender.
Falou a garota
Que se deixou vender
Por uma carona
Até o abismo

Esquento o café. Acendo o fogo.
Noto a extravagância das chamas
E a sensualidade da sua dança
Dança melhor que eu
- embora não precise muito.
Sempre me pediram
Ajuda ou conselhos. E eu dei
Fiz o melhor que pude.
Talvez eles se sentem mais seguros
Em se expor pra alguém
Que não teme a tristeza
Eu não temo ela. A exponho no olhar,
Quando a sinto.
Choro em público, sem pudor.
E vomito ela no papel sempre que preciso.
Esses sorrisos
Escancarados em perfis
De estranhos conhecidos
Não me convencem.
A alegria exagerada
Exposta não vale meus minutos de atenção.
Tenho admiração
Por aqueles que brilham ao natural.
Que sorriem ao acordar
E agradecem ao ir deitar
Por mais um dia.
Mas desconfio.
O choro é motivo de riso
E o riso é aplaudido,
Mesmo quando não verdadeiro.
Dou graças aos meus amigos
Sobram dedos quando os conto,
Mas falta tempo em nosso encontros
Pra tanta conversa
E tanta risada gostosa.
Da alma pra fora.
A noite se estende
O fogo cresce -
O meu e o da lareira.
Me sinto bem ajudando os outros
e frustrada por não me ajudar.
Quando faltar-lhe lenha
Venha me procurar.
Meu estoque dura mais
Oitenta invernos.
Só não tema em tirar a máscara
Aqui somos eu, você e as chamas
Que queimarão qualquer dor
E qualquer mentira.
Não posso prever seu caso,
Mas as almas que amparei
Hoje estão aquecidas.

Com destino certo, esperando o ônibus na parada
Me flagro sem rumo.
Não sei o que quero
Não sei se fiz o certo
Não sei se almejo
Seguir no ritmo desenfreado
Da sociedade insana.
Tão perdida quanto a mulher
Que caminha atrapalhada no asfalto gelado,
Beirando a morte.
- E quem não beira?
Caminha como pode. Bêbada.
Vestindo seu pijama e chinelos
Em pleno inverno.
Eu mal respiro, devido a gripe
A mulher ri, sem aparentes motivos.
A persigo com o olhar
Até onde a neblina permite.
Ela sobe o morro
Eu subo no ônibus.
...
Peço um café
Temendo o frio e a chuva.
Um senhor sentado na mesa ao lado
Escreve em um bloco velho.
Me olha e sorri.
Escrevo atrás de um currículo
Que deveria ter entregado.
Mas lembro apenas de estar perdida,
Como de costume.
Caminhos existem vários.
Ainda que não almejo ter tudo,
Sonho muito alto.
O senhor da mesa ao lado soa sabedoria
Arrisco uma conversa tímida,
Peço um conselho sobre a vida.
Volto desapontada e sorrindo.
Lhe perguntei se havia alcançado
O tão aclamado sucesso.
Ele fixou o olhar no chapéu na cadeira
E me respondeu, como pôde:
- Sucesso é relativo, jovem garota.
Sinto minhas mãos, escrevo no meu bloco
Estou vivo! E é claro, paguei pelo meu café.
Considero-me bem sucedido, por hoje.
Amanhã, se acordar, farei isso outra vez
Embora sei que estou beirando a morte
- lembro da mulher no asfalto
Não que isso importe. O meu sucesso eu alcancei.

CIÚMES "CLICHÊ"
Ciúmes, meu bem
É o que sinto pela gaita de Dylan,
Pelo microfone de Cash
Pelos óculos de John.
É o que sinto pela caneta de Stephen King,
Pelo copo do velho Buk.
Pelo cabelo branco de Einstein
Pelos pincéis de Shakespeare.
Ciúmes sinto ainda
Dos cigarros de Audrey
E do vestido esvoaçante de Monroe,
Que tocou seu belíssimo corpo.
Sempre que vejo ou ouço
O ciúmes bate.
De leve, sem força, mas bate.
Ciúmes
De gente que viveu
Pra conhecer todos eles.
Na época em que amar era moda
Mandar carta era elegante
E sentir ciúmes era brinde,
Lamento por sentir apenas ele hoje.
Mas não por você querido,
Por todos eles.

Incenso aceso
Rabiscos nas paredes
Arrisco também no papel.
Violão pendurado
Sem lugar pra tanto quadro
Os deixo no chão pegando pó
Livros e mais livros
De realidades distintas
Transbordam da estante
Derrubando as tintas
Que derrubam os pincéis
E apagam o incenso.
Roupas poucas no armário
Tudo com fácil acesso
Devido a falta de memória
E a falta de paciência.
Tênis, cortina, cobertas, rotina
Escuros
As cores que alegram o meu quarto
A luz que ilumina os dias,
Além do meu cabelo claro
Vem do peito.
Irradia.

poupa o peito
gasta a ironia
o teu sujeito
é pre dedicado
ao meu
(finjo que creio
logo, poupo linha)

Durmo pouco
Quase nada
Descabelo o sono
Coloco-lhe pijama
Faço até cafuné
Pago a janta
De graça
Desgraça
Aparece agora
Quando os olhos
Devem ficar abertos
E a boca fechada
Sem bocejo
Lhe agradeço.
- De nada.
E dá risada

Moça do riso fácil
Coração difícil
Arrisco
Contar piada
De nós juntos
Ela ri,
Pra variar
Desisto

Menina do interior
Cheio de flor
E do externo
Cheio de espinho
Teme o abuso
Inventa pedras no caminho
Na estreita estrada de chão.
Teme ser uso
E desuso
De frágeis
Que acreditam ser fortes
Tudo primeira impressão.
A casa é simples
E muito aconchegante
Praqueles que entram
Sem derrubar as xícaras
Sem levar os pratos junto.
Raramente os que adentram
Vão embora logo
Caso queira entrar
Deixe o sapato lá fora
O interior dela é puro
E limpo, o da casa.
Provavelmente escreverá
Outra história
Breve e positiva pro teu futuro
O passado fica no barro
No teu sapato
Atrás da porta.
Só não repara a bagunça

Asas me foram
forjadas
nas costas do peito
voa - sem jeito
a procura de outro
voador.
já achou alguns
sem asas
Tentou carregá-los,
mas falhou.
Despencou.
Esses não valem
a queda
nem o voo
quem dirá a decolagem

bordava vestidos para as bonecas
com retalhos e pedaços de roupa
outrora escrevia, enrolada nas cobertas
confusas palavras e não eram poucas
hoje bordo a pele com que escrevo
tecendo cada centímetro
sem saber o que vai ser
um casaco de lã, talvez um vestido
eu decido quando por fim me cansar
há quem duvide, há quem se encante
apesar do fio ser frágil
e eu costureira iniciante,
espero tocar
não somente na pele,
no que tens de artificial
aqui tem dor e alívio
verdades que não calo
mentiras que não falo,
escrevo
bordo

me perco fácil
as vozes da rua
me exaustam.
de longe segui a canção
como um leão faminto
segue a caça
a moça tocava,
quanta graça
a gaita enorme
em seus braços pequeninos
não estava lá por obrigação
ria. sorria pra todos
sorri pra ela
ganhei o dia
ecoa a melodia
da alegria
da risada no olhar dela
as vozes sessaram
encontrei o caminho
pra casa fácil
o que quero da vida?
não suporto rotina
quero ter os olhos
emocionados
eufóricos
daquela artista

dá-me flor
da caminhada matinal
arrancada do mato
dispenso a janta
naquele restaurante caro
dá-me beijo
na mão
no meu aniversário
dispenso as chaves
do hotel ou do carro
faz-me uma trança
lhe devo uma dança
lhe pago com gosto
no luau em agosto
ao redor da extravagante fogueira
qualquer noite é festa
todo lugar é lindo
se simples for
dá-me teu sorriso ao acordar
dou o meu sempre que possível
ao ir deitar.
não tenho limites
não me importo com o preço
preocupo-me mesmo com o real valor
Aqui todo pouco vale muito

Quero uma casa na árvore
De madeira maciça
De maneira fictícia
Já a criei na mente
Corro pra dentro muitas vezes
Pinto as paredes
Quebro os vidros
Derramo vinho nos panos de prato
To querendo essa casa
Morar eu, os livros, o gato
Dias metal
Dia danço
Dia o som dos pássaros
Um dia canso
Aí mudo pro chalé na praia
Com a rede e a vara de pescar
Combinar algumas visitas
Me tragam bebida e boas notícias
E uma carga leve
Que ao pesar dos poucos anos de vida
Pesei muito
Sustento o peso do mundo
Quando deveria desfrutar a paisagem
Quero uma casa na árvore

árvore no cinza do concreto
me trás paz
observo as folhas, raízes, pessoas
as leves, as secas, as novas
e as experientes
há lixo, há arte
há riso, há verde
essa cor é a melhor parte
venta as folhas
a pressa os levam
Eu fico.
pressa sempre foi minha amiga
aquela que combina
e nunca aparece
até insisto as vezes
mas certamente ela tem planos melhores
e mais divertidos,
pra minha tranquilidade

mais um psicólogo
e um dia cinza
entro na sala, me acomodo na poltrona macia
me incomodo com a curiosidade do moço
eu que gosto de conhecer pessoas
não me agrado com questões pessoais
e me questiono, logo
se nem bem me conheço
de que vale o começo
da conversa abstrata
olho pra dentro
do estranho eu...
me perco
desisto
vou pra casa.

As mulheres existem para que as amemos, e não para que as compreendamos.

A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre.

Indigestão
O bloco de notas sujo de café nas pontas
por conta das noites mal dormidas.
Algumas páginas em branco dos dias mais vazios com sol
Aquelas pontas nos cantos das folhas marcando os dias importantes.
Como se ela soubesse o que realmente importa.
Como se já não tivesse marcado sua vida...
Dias chuvosos cheios de rabiscos atraem palavras viradas, papéis remendados, colados, troca de tinta de caneta, mais rabiscos...
Algumas marcas de batom e poucas cores. Pouca vida naquilo tudo.
O que não tem são orelhas no canto inferior das páginas
Ela nunca relê o que vomita e ninguém nunca se atreveu.