Coleção pessoal de fernanda_victorino

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Depois de tantas perdas, eles se fecharam. Se fecharam emocionalmente, fisicamente e de todas as maneiras possíveis pensando que isso lhe pouparia a vida... Pobres garotos, eles se esqueceram que viver é se emocionar e amar, sentir e ter, ter nem que seja decepções. Eles se esqueceram que a vida não se resume a um coração bombeando sangue. Ele fingia não sentir, mas sentia. Um dia todo sentimento aprisionado dentro deles se tornou erva daninha que os evenenou e os sufocou. E é assim que morre uma pessoa e nasce uma máquina, uma máquina em um corpo humano. Sem sentimentos e sem essência.

Sentada em uma cadeira na cozinha, ela olhava fixamente para a pia onde a torneira pingava algumas gotas de água, em seguida, olhou para a janela. Estava amanhecendo. Eloisa estava sentada ali desde as 3h da manhã, sofria de insônia. Os olhos de Eloisa assustados e pálidos como os dias de inverno, chocavam-se exaustos com o sol que estava a surgir, eles ardiam e imploravam por uma noite de descanço mas a mente de Eloisa não, sua mente era um oceano de pensamentos aleatórios. Eloisa nunca soube nadar.

Ela se deixava permitir, se deixava ir... Ela adorava pessoas mal resolvidas pois pessoas mal resolvidas são confusas, e confusão era o segundo nome dela. Adorava se deixar levar, era levada. Levada pelo vento, pelo amor, por tudo que pudesse a entreter, que a tirasse do tédio e da vida monótona que ela levava. Era levada por aquela alma barulhenta, danada e inquieta que ela tinha. Não se deixava chatear por qualquer coisa, era forte, ela era...

Era sexta-feira e ele descansou. Descansou do seu trabalho, não de suas dores. Suas dores eram como agulhas que esperavam o momento certo para espetá-lo afim de mostrá-lo que ainda estavam ali, que suas amarguras não iriam passar e que ele estava só. Se encontrava em desespero, mas a cima disso, se encontrava em estado de conformidade. Confirmou-se em guardar para si todos sentimentos ruins, toda desordem de sua mente. Conformou-se com tudo pois pensava que um dia passaria e que podia conviver com coisas ruins, afinal, há dias bons e ruins, não é mesmo? Pensou ele. Em uma outra sexta de um dia qualquer, ele acidentalmente caiu de um prédio do 9° andar. Acidentalmente.