Coleção pessoal de felipepena

1 - 20 do total de 37 pensamentos na coleção de felipepena

A natureza do jornalismo está no medo. O medo do desconhecido, que leva o homem a querer exatamente o contrário, ou seja, conhecer.

No jornalismo, não há fibrose. O tecido atingido pela calúnia não se regenera. As feridas abertas pela difamação não cicatrizam. A retratação nunca tem o mesmo espaço das acusações.

Liberdade é um princípio não absoluto, submetido a um outro, muito maior, que é a dignidade humana, e os seus limites são os da alteridade, ou seja, o respeito pelo outro.

Será que os jornalistas estão acima dos conflitos humanos e podem prescindir da mediação de um contrato social avalizado pelo estado de direito, ao contrário de todas as outras atividades em sociedade?

Gostamos do direito à liberdade, mas desconfiamos das responsabilidades inerentes a ela. Quando nos colocam regras de conduta, dizemos logo que é censura. A menos, é claro que sejam as regras do patrão. Aí, damos outro nome: política editorial.

A novidade nem sempre é atual e a atualidade nem sempre é nova. Tenho a certeza de que podemos melhorar muito o nosso trabalho e os próprios veículos de informação se tivermos consciência desta premissa. E aí sim nos livrarmos do museu de grandes novidades que visitamos nas páginas de nossos diários.

A objetividade é definida em oposição à subjetividade, o que é um grande erro, pois ela surge não para negá-la, mas sim por reconhecer a sua inevitabilidade. Seu verdadeiro significado está ligado à idéia de que os fatos são construídos de forma tão complexa que não se pode cultuá-los como a expressão absoluta da realidade.

A objetividade, então, surge porque há uma percepção de que os fatos são subjetivos, ou seja, construídos a partir da mediação de um indivíduo, que tem preconceitos, ideologias, carências, interesses pessoais ou organizacionais e outras idiossincrasias. E como elas não deixarão de existir, vamos tratar de amenizar sua influência no relato dos acontecimentos. Vamos criar uma metodologia de trabalho.

O método é que deve ser objetivo, não o jornalista. Até porque não existe ser humano objetivo.

Tirar conclusões com base em números é uma das formas mais simplistas de aplicar o conceito de objetividade. Números carregam palavras.

A redundância é essencial para a comunicação. Está diretamente ligada à sua eficácia. É seu fio condutor, seu norte, a garantia da chegada.

A mídia produz celebridades para poder realimentar-se delas a cada instante em um movimento cíclico e ininterrupto.

A consciência dos estereótipos não me livra deles. E o pior é que esta é uma engrenagem multiplicadora, auto-reprodutiva. Estereótipos produzem estereótipos, em um ciclo interminável.

A identidade da comunidade jornalística é formada por uma estrutura gnóstica. Não no sentido religioso, mas sim no caráter fáustico e restritivo de seus costumes, vocabulário e ritos de iniciação.

Sempre faça uma autocrítica antes e depois da reportagem. Questione sua interpretação dos fatos, seus conceitos preconcebidos, seus estereótipos, suas limitações.

O grande desafio do jornalismo digital é encontrar sua linguagem e democratizar suas interfaces.

Jornalismo investigativo não se baseia em denúncias, apenas começa com elas. A base mesmo é uma sólida pesquisa por parte do repórter.

Se você estivesse aqui, eu me sentaria na beirada da cama por duas horas, com o paletó fechado, enquanto você escolhe o vestido da festa.

Se você estivesse aqui, passaria o creme nos teus pés depois de lixar tuas unhas para te livrar da solidão.

As frases não ditas são eternas