Coleção pessoal de Fabrizzio
O Que Não Te Contaram
William Contraponto
O que não te contaram
É exatamente o que explica tudo,
O que não te contaram
É exatamente o que os complica muito.
No silêncio e no bréu da noite
Existem verdades que estão ocultas,
Sigilosas questões do ontem
Que respondem a maioria das perguntas.
O interesse é esconder a realidade
Por medo do que ela apresenta,
Eles pintam uma tela de integridade
Que diante dos fatos não se sustenta.
O que não te contaram
É exatamente o que explica tudo,
O que não te contaram
É exatamente o que os complica muito.
No agito e na plena luz do dia
Existem verdades que passam despercebidas,
Mas cuja influência grande seria
E mudaria erradas percepções estabelecidas.
O interesse é esconder a realidade
Por medo do que tanto representa,
Ela exporia a teia de falsidade
Que os traz conforto e sustenta.
O que não te contaram
É exatamente o que explica tudo,
O que não te contaram
É exatamente o que os complica muito.
Com Todas as Letras
William Contraponto
Com todas as letras
A verdade seja dita,
Crenças e suas regras
Valem só para quem acredita.
No jogo da ambição
Onde certas cartas são valiosas,
Quem tem a da religião
Tem a das mais poderosas.
Mas não se engane com as aparências
Nem viva na ilusão,
Essa carta trás experiências
Que geram caos e divisão.
Com todas as letras
A verdade seja dita,
Crenças e suas regras
Valem só para quem acredita.
Muitos vão se retirar da mesa
E outros ainda sair na mão,
Nessa disputa sem gentileza
Não é raro vinho tinto pelo chão.
É quando a luz acaba
Que a intenção fica clara ,
A jogada sempre foi antropófoba
Oposta a toda prédica que vendera.
Com todas as letras
A verdade seja dita,
Crenças e suas regras
Valem só para quem acredita.
O Preço
O tempo tem um lado
Desde o início,
Tudo por ele é revelado
Mentir é um desperdício.
O preço de ser você mesmo
É o de ser atacado,
Por quem finge ser honesto
E todo resto que não é.
Siga o caminho da verdade
E da coerência,
Onde há tanta falsidade
Deixe transbordar a sua essência.
O preço de ser você mesmo
É o de ser atacado,
Por quem finge ser honesto
E todo resto que não é.
Se a realidade deles é de faixada
Não entre na mesma encenação,
Melhor colocar o pé na estrada
E seguir só em outra direção.
O preço de ser você mesmo
É o de ser atacado,
Por quem finge ser honesto
E todo resto que não é.
Aquele que não usa desfarce
No final é recompensado,
Mesmo que nisso não pensasse
O universo deixa nú o disfarçado.
O preço de ser você mesmo
É o de ser atacado
Por quem finge ser honesto
E todo resto que não é.
A PONTE
William Contraponto
O que há no horizonte
É só uma miragem?
Onde está a ponte
Que deveria ser passagem?'
Trilhar o caminho e achar a travessia
Parece um teste de sabedoria.
Essa paz sentida na imensidão
Ela também nos apavora,
Traz à tona toda motivação
Que a fuga é da margem opressora.
Aquele lugar onde a crescente afonia
Tem como causa a hipocrisia.
Qualquer pessoa que ousa questionar
Povoa a sua própria vastidão ,
Até a tal ponte encontrar
E atingir o abrigo para a expressão.
Muito além daqueles antigos rabiscos
Que ensaiavam sobre sermos nós sem riscos.
Se faltar a coragem de atravessar
Que seja a esperança,
Existe uma música no ar
Nos inspirando segurança.
Após o passo em seguida
O recomeço, uma nova vida.
O que há no horizonte
Não é uma miragem,
Ela é a ponte
Que nos dá a passagem.
Trilhar o caminho e fazer a travessia
É a continuação mais necessária.
O ÚLTIMO ATO DO GUERREIRO
Se tombares o guerreiro errado
Cuja força vem do ideal
Saiba que mesmo derrubado
Ele será resistência até o final.
Pra aquele que não tem
O que mais possa perder,
Já não teme nada e ninguém
E revela a verdade doa a quem doer.
Jogou o jogo atrapalhado
Crendo que o calaria,
Ferindo o melhor soldado
Você não pensou no que viria.
A palavra lançada certeira
É arma justa que não falha,
No último ato muda a história inteira
Deixando nú seu algoz canalha.
Pra aquele que não tem
O que mais possa perder,
Já não teme nada e ninguém
E revela a verdade doa a quem doer.
O Desafio
O desafio é diário
Para ser um sobrevivente
E não aparecer no noticiário
Vítima duma intolerante corrente.
São discursos, pregações
Pegando mentes desavisadas;
São estórias, discriminações
Estimulando as piores ações imaginadas.
Quem tem a sala estreita
Não vê nada além dela
Mesmo que janela esteja aberta
Prefere a luz da vela,
Até parece alguém acostumado
A nunca enxergar o outro lado.
Mas quando todo preconceito
Ficar apenas no passado
Ninguém será considerado suspeito
Devido a sua cor
Ou por viver o seu amor.
E o desafio se tornará
Caminho sem crueldade
Com garantia que chegará
Em favor da nossa diversidade.
Ressentidos Boçais
Em suas grandes edificações
Os ricos buscam destaque,
Numa sanha por competições
Que não há o que aplaque.
Um comportamento cuja pequenez
Revela a sua perturbação da vez.
Ao som de notas artificiais
Que ecoam em mentes vazias,
Acreditam que suas limitações intelectuais
Serão compensadas erguendo paredes frias.
Esse vazio é bem mais profundo
E não se preenche com luxos superficiais,
Esse vazio é bem mais profundo
E suas posses não os tornam menos boçais.
Viajam para lugares distantes
Num esforço tolo de parecerem sensacionais,
Tantas idas inúteis se suas mentes
Seguem obtusas e unidirecionais.
Ostentam carros imponentes
Para se sentirem poderosos,
São eternos descontentes
Guiados por instintos ambiciosos.
Na frustração e no ressentimento
Caminham para o próprio tormento.
Esse vazio é bem mais profundo
E não se preenche com luxos superficiais,
Esse vazio é bem mais profundo
E suas posses não os tornam menos boçais.
Cuidado Onde Pisa
Tudo o que te paralisa
Na verdade te controla,
Cuidado onde pisa
Passe reto, sem demora.
Você procura uma boa fé
Mas não consegue encontrar
Ilusão e terror é o que vê
E fica difícil de acreditar.
Não deixe que te imponham
Uma doutrina que não é sua
Não deixe que te condenem
Por uma culpa que não é sua.
Tudo o que te paralisa
Na verdade te controla,
Cuidado onde pisa
Passe reto, sem demora.
Você descobre a luz na razão
Que te ilumina a caminhada,
Sem terror ou ilusão
E a carga fica menos pesada.
Não deixe que te manipulem
Com dogmas e rituais
Não deixe que te excluam
Pelas suas características essências.
Tudo o que te paralisa
Na verdade te controla,
Cuidado onde pisa
Passe reto, sem demora.
Fora da Sombra
Viveu na sombra por muito tempo
Sem questionar o que via ou ouvia
Mas um dia sentiu uma vontade
De explorar o mundo que existia.
Você saiu da sua zona de conforto
E descobriu que havia muito mais
Do que apenas sombra e zunido
Muito mais do que havia aprendido.
Sair da caverna traz consequências
A luz fora de lá é intensa
Ela liberta mas faz exigências,
Já que agora você pensa.
Diante de uma nova realidade
Viu que nem tudo era como imaginava
Se encantou com a beleza e a diversidade
Mas também se deparou com a maldade.
Você aprendeu tudo o que podia
Para enfrentar os desafios apresentados
Ganhou novos inimigos e aliados
E percebeu que as coisas mudavam todo dia.
Sair da caverna traz consequências
A luz fora de lá é intensa
Ela liberta mas faz exigências,
Já que agora você pensa
Às vezes até sente saudade
Da época em que vivia na ignorância
Mas sabe que não pode voltar
Pois agora você tem consciência.
Sair da caverna traz consequências
A luz fora de lá é intensa
Ela liberta, mas faz exigências
Já que agora você pensa.
Agora você tem consciência
E isso faz toda a diferença.
A CARAVANA DOS DESALENTADOS
Pelas estradas sem destino eles andam
Buscando um lugar pra chamar de lar
Mas só encontram nada além de espinhos
E o silêncio que os faz chorar.
É a caravana dos desalentados
Dos que perderam a esperança,
É a caravana dos desalentados
Dos que o sistema trata com indiferença.
Muitas portas fechadas eles já bateram
Muitos nãos e desculpas já ouviram
Como inúteis já se sentiram
De tanta luta já se cansaram.
É a caravana dos desalentados
Dos que enfrentam a tempestade e nada encontram,
É a caravana dos desalentados
Dos que no peito a dor carregam.
As primeiras vítimas da crise
Desse possesso mercado,
Do privilégio da elite
E do seu atraso escancarado.
É a caravana dos desalentados
Dos que buscam apenas um sustento e direção,
É a caravana dos desalentados
Dos que precisam de menos julgamento e mais atenção.
William Contraponto
Praça da Paz
Nunca pensei estar
Um dia naquele lugar
Entre os prédios centrais
Fervendo em loucuras
E flutuando nas alturas
Certo de como voar
Cheguei ouvindo promessas
Para quem tem pressa
No aliviar da pressão
Desses dogmas, frases feitas
Que insistem indicar
Qual deve ser minha direção
O mundo alternativo
Na praça se cria
Num instante contemplativo
Restaurando o equilíbrio
Da mente ao coração
A paz de viajar
Sem sair daquele chão
A paz que me faz
Aceitar a realidade
Muito além dos jardins
Pelo menos um pouco mais
... me deixe na paz
O ritmo do outro ou das coisas nem sempre é o nosso. E tudo que não está no nosso ritmo não é pra ser nosso. Então, deixe que passe.
Viver em Sistema Clandestino não representa necessariamente viver num ideal contra as leis, mas provavelmente desamparado pelas mesmas.