Coleção pessoal de Fabio02

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Ainda agora vi na TV a noticia de um avião que tinha caído, matando vários passageiros. Disse que foi por falta de gasolina, enfim, tudo é motivo quando chega a hora, se e que tem hora, como os outros projetos humanos, hora pra isso, aquilo, a vida não se submete, obedece. Muitos deveriam estar com sua saúde perfeita, taxas dentro do desejado, colesterol, triglicerídeos, glicose.. mas, ai.. E nessas horas me dá uma vontade danada de viver, de não perder tempo, cada vez mais e intensamente, de extravasar toda energia possível, até acabar a bateria totalmente por excesso de uso feito celular na mão de adolescente e recarregar pro outro dia. A vida não se programa, não obedece os nossos projetos, não se sujeita. Viver é agora, ela tá passando lá fora, se arrastando feito uma lesma preguiçosa nesse final de tarde chuvosa, tá passando, não se iluda, feito tartaruga, lesma com seu arrastar gosmento quase não parecendo sair do canto.

Se não arriscarmos podemos viver logos dias, apesar de uma vida medíocre, decerto, ou não, dependendo do nível de satisfação pessoal, se estar satisfeito... Arriscando poderá dar errado, falam de riscos calculados, até certo ponto, tem isso, diminuindo a margem, de acercando de todos os cuidados, ainda resta alguma possibilidade de dar errado, como o prego esperando o pneu do carro.

Ter uma liderança é uma coisa natural. Os animais tem seus lideres. O lobo por exemplo, quando eles caçam o líder come primeiro, mas, o resto da matilha depois, mas, não há desacordo, revolta. Assim também funciona um formigueiro, uma colmeia, onde tem a abelha rainha, as operarias, os soldados, umas até que ficam soprando as asas só pra ventilar o ambiente, e ninguém reclama, ambiciona mais que os outros, e são animais irracionais, tem instintos apenas. O homem, diferentemente deles tem livre arbitrio, pensa, raciocina, e por causa disso mesmo, responsáveis pelo seus atos, passiveis de serem penalizados quando do seu mau uso ou abuso.

Tem gente que tira o final dos tempos por aqui, "Tá vendo isso, aquilo, é o final, (sinal, sei lá como se diz) dos tempos", "Corrupção". Lá fora tem terremotos, enchentes, tsunamis... E eles reconstroem rapidinho e que foi destruído, pais serio e organizado é outra coisa, fosse aqui... A gente nem conserta um simples buraco, recapeia, rapidinho, um asfalto. E se depender da natureza aqui a gente tem de tudo. Tem lugar que é um verdadeiro paraíso na TV, Suíça, Canadá, Alemanha... Não se houve falar mal, ficam lá sem incomodar o resto do mundo, dar vexame.. O povo tem bons hospitais, inflação sob controle, gente mais honesta, educada, é outro nível, o povo sem importunar Deus, inclusive, com tantas lamentações, pedidos de ajuda.

Gosto de conversar contigo, sabe, me completa, fala minha língua, me entende como ninguém. Oh, suavidade do teu jeito, que acalma minha ansiedade. Tranquilidade dos eleitos que só uma perfeita afinidade permite. Conversar sobre coisas amenas, perguntar, "como foi seu dia?", "como é que está?", "tá bem?". Sobre coisas grandes, atualidades, assuntos sérios de todo mundo, coisas corriqueiras ditas no noticiário das 8. Vale a intenção, a consideração, a disponibilidade. O mundo é tão hostil, tudo tão brutal, um soco na boca do estômago da realidade, só tédio, tristeza, monotonia, cada um por si, na sua redoma de vidro, armadura de cavaleiro medieval, frieza glacial. Tua presença é qualquer coisa de luz, um farol no mar bravio ao marinheiro desesperado, a chama de uma vela na escuridão brutal, uma estrela na noite fria dos meus dias, uma musica não sei de onde, um som de flauta, tu não chega como qualquer um, surpreende, chega chegando, entende? Um dia sem você faz muita falta, fica um vazio, um oco nas horas, incompleto. A velha historia do bater o ponto, marcar presença, ser o diferencial, fazer a diferença.

Dizem que "a beleza é um acidente", no caso, se referindo a beleza física. Acho mais um dom, algo equivalente a um sacerdócio, podia até dizer, a enfeitar o mundo. A dar uma certa vantagem, fazer diferença na hora da conquista amorosa, ser o diferencial, o chamado "o amor a primeira vista". Dizem que um dia passa. Alias tudo. Mas, por enquanto, não, o usuário, detentor, e, sobremaneira, é beneficiado, invejado, com seus rostos, corpos bonitos, taí ai as academias que não deixam mentir, os produtos de beleza, as cirurgias plásticas, todos em busca de um ideal de beleza, de segurar o tempo, consequentemente melhorando a autoestima

A vida é essencialmente trágica, não se pode ter tudo, a morte nos avizinha feito uma intrusa que entra sem ser convidada, um calo no sapato da existência. Pra nos defender inventamos as festas, os carnavais fantasiosos, enganosos, de como a vida deveria ser, como queríamos que fosse, as festas de aniversario, a festejamos, inventamos motivos, alívios, válvulas de escapes, os jogos, passatempos para esquecermos, os fogos de artifícios contra o céu negro, o medo, a inventarmos risos, motivos. No final tudo cansa, o tédio é uma constância, salvo aqui, ali, o frágil lume de algum vaga-lume a contrariar a noite

O temor é a falta de fé.

Não é o falar muito que quer dizer tudo.

O que é a vida, senão uma concepção pessoal. Vive o operador da bolsa de valores, o jovem no vigor da juventude nas baladas, nos esportes radicais, e o manje tibetano que passa o dia inteiro meditando num mosteiro inacessível na cordilheira dos andes. Vive quem já se sentindo pleno, bastando a si mesmo, gostando da vida que tá levando.

Aprecio gente a flor da pele, tem uns que não fedem, nem cheiram, que vão tirar um dia pra fazer algo (tire não, que vai fazer falta no calendário, principalmente esse mês que é tão curtinho) - Vai quando? Um dia? - Que dia? Dia 23 desse mês? 30 do outro? Esse ano ainda? Nem conte que esse dia não chegará nunca, espere sentado. Gosto de gente saltitante, que faz gosto ver, dinâmica. Que tem susto, melindres, que ri alto, que vive rindo, que chora por qualquer motivo, uma manteiga derretida, impulsiva. Que se emociona e emociona a gente, passional, não um tronco plantado, um cofre hermeticamente fechado, extremamente comedido, metido a infalível, medido e embalado, previsível. Gente que surpreende, quando a gente pensou que foi embora, volta, feito naquele lance que acontece no final dos shows do cantor que a gente gosta, fechando com chave de ouro, nos surpreendendo com a nossa canção preferida. “15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! 16 Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.”, Apocalipse 3. (Fábio).

O ciúme supõe você bastar pro outro em tudo. Ter ciúme até de sua própria sombra, do sol que lhe "alumia". Outro dia vi aqui na TV o padrasto que matou o enteado com ciúme da companheira, mãe do outro, de caso pensado, um crime premeditado, numa emboscada. Mas, que tinha uma coisa a ver com a outra, cada um no seu quadrado, recebendo amor, atenções especificas, um era companheiro, o outro era filho, vá entender? Não é pra entender mesmo, não. Tem também ciúme de um irmão com o outro, do bicho de estimação, etc. Mas, ai, dirão, ciúme doentio, se bem dosado... Como se tivesse vários tipos de ciúmes, como se emoção fosse fácil de controlar, tivesse uma torneirinha pra fechar e abrir, viesse feito colírio em conta-gotas, cachorro amarrado que só pode ir até aonde a corrente alcança. Ciúme reclama exclusividade, toda atenção do outro, ser os outros, o suficiente em tudo, antes de tudo, único, dominar todos os assuntos, não ter par nesse mundo como o ar na hora de respirar, a água na hora da sede. Supor que você não precisa de mais ninguém, ser seu tudo, em tudo lhe bastar, ser pleno, onipresente, encaixar perfeitamente como na bandeja o ovo. Há quem reclame de excesso de ciúmes, sinta-se sufocado e, noutra ocasião, cobrar mais atenção, resmungar de indiferença, sentir-se carente. Complicado.

Nos países árabes sabe-se de casamentos arranjados, a mulher manipulada, controlada, valendo tanto quanto um jarro, um utensílio, diz-se se não gosta, ama, depois aprende, como se pudesse. Não concebo o amor sem a fase da paixão inicial, do encanto, descoberta do outro, sedutora. Todo esse processo natural, a empatia, sintonia, reciprocidade com o outro, afinidade, como ao outro destinados, correspondidos, coisas tão difícil como acertar na loteria.

Como eu te admiro, você não diz nada, você faz. - Vou aqui, fala, pera um pouco. Quando volta, pergunto: - Foi aonde? – Fui vencer mais uma batalha. Você não quis, foi jogada as feras, as farpas, a caminhar nas brasas, a vida te deu um limão, como se diz, e fez uma limonada, uma jarra. Você é produto do meio, de um meio muitas vezes hostil por demais, como são às vezes pra todos, indistintamente, servidos do cálice de fel e fogo. Mas, você tem jogo de cintura, você atura, verga mais não quebra e uma hora flori feito os cactos do deserto, mesmo sem platéia a aplaudir, sem ninguém por perto, acredita que pra tudo tem jeito. Você chora, você ora, você sofre como tanta gente, indistintamente, você sente, mas, não reclama. Não é fácil ser como você, como as pedras que se moldam ao choque das águas, mas, parecendo debochadas, mais lindas se tornam, nem ai, como acariciadas, se preocupar faz mal pra pele, diz. Você é um fenômeno, é autêntica, como são os heróis, os personagens idealizados da TV, filmes, novelas, você parece ter saído da tela.

Se passarmos o tempo todo buscando só rostos, corpos bonitos, passaremos a vida toda participando de um interminável concurso de miss, avaliando uma beleza mais bonita que outra. Mas existe também quem conquiste pelo jeito, modo de pensar, expor sua visão toda própria de mundo, e com sua maneira nos encanta, conquista, dispara o gatilho da sedução. Beleza física é importantíssima sim, sem essa que não se põe na mesa, que gaiola de ouro não alimenta passarinho, tolo é quem tenta ludibriar o olho, tão forte apelo. Seduz num primeiro momento, abre portas, é um cartão postal, enfeita. Mas e depois? Se não tiver enchimento, algo além que a embalagem, será miragem, chuva de verão, fogo de palha que logo arde, troféu para exibir, planta artificial, sem graça, sem brilho próprio, que não precisa de água, adubo, que não preocupa, mas, não nos instiga, desafia, provoca mais nada, pedra travestida de planta, anta, definitiva, toda pronta, fabricada, enjoativa, que logo cansa.

Quando perguntam alguém na TV o que faz, respondem logo: - Sou Funcionário Publico, agricultor, carteiro, microempresário, tenho um banco na feira, etc... Só isso, só trabalham na vida, o tempo todo. Não respondem jogo bola no final de semana, ouço musica com frequência, passeios, praia e trabalho na empresa tal, inclusive. Ficando assim mais do que caracterizado que a gente vale mais pelo que tem do que pelo que é. E ironicamente como festejam quando chega a sexta-feira, vai entender.

De um casal apaixonado se enxerga a vida nos olhos, cada gesto é uma festa, uma celebração. É a vida a pulsar, entrar em combustão. É o mutuo afeto, são rios que se encontram e se misturam naturalmente, como se o tempo todo fosse o mesmo rio. É uma pausa na existência, hora do recreio, é um desafio a transitoriedade, é a vida parecer perfeita para aqueles dois que estão em pause, que estão e não estão, que são eles e mais ninguém por perto. E que esse mundo torto se revolva em suas crises, que os infelizes os observe, critique, se escandalize, esse mundo essencialmente triste, perigoso, trágico, sujo, cinza, vibram em outra frequência, tão nem ai, alcançaram a rara condição do comum acordo, do só ir se o outro for, e se ficar tanto faz, seja como for, desde que o outro esteja perto. Tudo é graça, é riso, estão felizes.

Minha pequena lady, só tu mesma. Onde tua elegância de pássaro, teu movimento ágil, leveza, sutileza que pairava feito pluma, envolvia feito bruma, onde? Teu deslizar de agua na pedra acostumada, criando limo, tua certeza de hora marcada, agendada. Tua doçura de fruta colhida sem pressa, no devido tempo. Tua brandura, candura, a seda na voz, nos modos, nos gestos, nos cuidados, atenções. A musica do riso, delicadeza de flor, muito tato, contato de brisa, que quase não toca, alisa. Tão diferente de agora, desse vagar no deserto, só a ver ruínas como um sobrevivente de Hiroshima. - (Fabio Murilo)

Soube aqui na TV, no noticiando, que a modelo Renata Banhara adquiriu uma bactéria num procedimento corriqueiro de canal feito a nove anos, assistida por ótimos profissionais de saúde, planos renomados , que ainda assim, não a impediu de contrair esse microrganismo nefasto, ainda desconhecido. Que lição que tiro disso, que a vida é frágil, é um sopro, um acidente, uma oportunidade, um privilegio, uma vela na tempestade. Que é patético ter orgulho, andar com o nariz empinado, ridículo se sentir melhor que os outros. Quanto tempo desperdiçado com vis arrogâncias, presunções, preconceitos de toda espécie. Gente que zomba dos outros, guarda rancor por qualquer motivo, coleciona inimigos, tem ódio no coração. Acho que devemos ser mais leves, dizer palavras qua afagam com mais frequência, a palavra que abraça, que agrada, que suaviza a vida, que clama em ser dita, o gesto a ser feito embora os julgamentos alheios, uma cortesia, um sorriso, um agrado, afago, sermos mais expansivos, simples, acessíveis. Viver da melhor maneira possível. A vida é agora, é nesse instante, é a nossa única garantia o presente dia, o amanhã é uma icognita, é muito incerto, é uma aposta, mas não é garantido, embora façamos projetos tidos como certos.

Ser autêntico nesse mundo de copias mal feitas, de caçadores de defeitos, de pessoas cansadas, apagadas, iguais, é uma tarefa árdua e diária, somente levada a frente por pessoas fortes e decididas. Ser autentico é uma conquista, é enfrentamento, é pagar pra ver, é ser apesar de tudo, dos que odeiam a originalidade, dos guardiões da futilidade, das marias-vai-com-as-outras. Quem tem sua opinião própria tem contra si o mundo, os que não suportam as diferenças. Os que têm atitude, seu próprio jeito, não se intimidam, convictos do que querem, enfrentam a vida, acreditam, acima de tudo, verdadeiros heróis da resistência, salvam o cotidiano, fazem a diferença.