Coleção pessoal de EvandoCarmo

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⁠O QUE É ARTE

O Que é arte?
A discussão é infinita
pois que a faz sempre acredita
que a arte é tudo
que pensa tudo dita.
A arte é obra operosa
é verso, é flor,
é canto em prosa.
A arte é céu de estrelado
é noite escura
manhã bendita
é sol que brilha
e aquece a alma
que vive aflita
do ser que que clama
por paz, contrita.

⁠Nenhuma defesa apaixonada
reflete a lucidez que
se faz necessária
a um argumento imparcial.

⁠Sobre as novelas, são de fato obras de arte, contudo há um exagero ideológico supra apaixonado em defesa de comportamentos. É aí que pecam, diretores e autores da
@tvglobo Tratar de temas sensíveis em horário impróprio...

⁠"O poeta é um fingidor".
Mente tão decentemente
Que parece que não mente
Quando fala de amor.

Os que escutam sua fala
Na vida passam a pensar
Que o que de fato vale
É a ilusão de amar.

Como se possível fosse
Entender falsa razão
Daquele que ama e mente
Que pensa que finge e sente
Que engana o coração

⁠Toda vida é um romance, posto que em torno de uma pessoa existem outras tantas, com histórias interligadas. Contudo devemos decidir, escrever ou não a nossa próprias história.

⁠Entrei, e logo na sala percebi o quanto estava enganado, eu não poderia me imaginar morando ali. A casa era muito bem cuidada, havia um som de última geração ligado, tocando um disco de vinil do Roberto Carlos. Havia plantas ornamentando o ambiente, samambaias verdes e viçosas, logo pude imaginar o quanto a mulher de olhos negros era elegante, não só na postura física, mas acima de tudo pelo zelo em que mantinha a sua casa, iluminada, cheirosa e aconchegante.

⁠Ela nada sabia de filosofia,
nem de poesia
de Pessoa ou Drummond
Ela pouco sabia de democracia
de Sociologia,
de Foucault ou Proudhon.

TRECHO DE UM ROMANCE


⁠Eu a conheci dentro de um ônibus, que ia do Gama, cidade satélite de Brasília para o plano piloto, cidade administrativa do Distrito Federal, Capital do Brasil. Eu vinha, não sei bem de onde, só me lembro que a vi, pela primeira vez neste dia. Eu ia descer na quadra 13 do Gama, e ela iria continuar a viagem. Ela estava acompanhada do então marido, um músico que eu havia conhecido, fazia meses, contudo nada sabia da vida desse amigo, não tinha ideia que ele vivia com aquela encantadora mulher.
Não me lembro que roupa ela usava, todavia posso fantasiar, que ela usava uma calça jeans, blusa de crochê amarela, isso era bem possível, e hoje, sabendo seu gosto e estilo, posso até apostar que era isso que ela usava. Eu era um tanto distraído, mas percebi seus olhos negros, que à primeira vista me causou espanto. Como eu ainda não conhecia o mar, nesta época, não posso assegurar que seus olhos tinha naquele tempo algo de mar, um encanto e uma beleza agreste, um mistério insondável. Mas ao descer, ao me despedir do casal, senti um fogo a queimar minha alma, num olhar fulminante, como quem me dizia, “quero te ver de novo”.
Desci do ônibus, e toquei minha vida. Neste tempo eu tocava em um bar, bem perto de onde eu morava com minha esposa e meu filho. Não sabia se voltaria a vê-la, também não fiquei pensando naquele olhar tão imprevisto. Não sabia eu que minha vida teria em breve uma reviravolta, não demorou mais que um ano, e tudo estava diferente. Eu me separei, comecei viajar para tocar longe de Brasília, eu ia e vinha de mês em mês para ver meu filho, que no início da separação ficara com a mãe.
Neste período que fiquei solteiro, recém separado voltei à vida antiga, tornei-me um conquistador, e era namorada daqui e dali, artista, solteiro, nem precisava ter dinheiro para arrumar mulheres nos bares da vida onde fiquei por um tempo, antes de encontrar meu verdadeiro amor e destino.
Em uma noite dessas, em que músicos se reuniam para conversar, depois de cumprir nosso mudando compromisso de animar as almas perdidas da noite, reencontrei meu amigo, o músico, que não sei se por vontade de Deus ou obra do acaso me levaria ao segundo encontro, com aqueles olhos negros determinados a me dominar.

⁠"Compor, criar, é se apropriar de algo invisível, materializar e tornar imutável. Eu estou falando da composição, da criação artística. É como dar luz à uma estrela que se torna eterna com brilho infinito."

⁠MIGALHAS


Deixe eu lhe dar
só as migalhas
do meu amor
do meu querer.

Pois se lhe der
tudo de mim
sereium fardo
pra você.

Diz o poeta
com razão
que amor demais
dá combustão.

Acende o fogo
da paixão
e toda chama
um dia apaga.

⁠Amar não é comum,
querer que dois
se tornem um.
quando acontece amor assim
tudo é começo,
sem meio e fim.

⁠A PROVA DO MITO

O tempo é o crisol onde se forja o mito. Se ele permanece por três gerações há possibilidade de ser infinito.

Mas como são frágeis as asas de Ícaro, a cera é matéria que protege o rito.
O sol que aquece também incendeia, a fênix mergulha no éter-conflito, por que renascer para outra jornada, se a alma cansada perdeu seu apito?

A prova exige firmeza e coragem, há um céu aberto, um raio de sol, um trabalho árduo para refazer tudo que caiu, o povo esqueceu, a lógica dormiu.

Assim renasce o mito, um “tudo que é nada”, com outra empreitada para terminar na terra-arrasada, erguer pontes que foram destruídas pela voz da mídia, tão cara e vendida, sempre repetida, e pelas mãos sujas da justiça cega, ora preterida.

Há três gerações que não esqueceu, do bem que plantou, e do mal que colheu.

Um povo oprimido pela intolerância, jovem e criança parou para ouvir, um tio que fala dos anos esquecidos, onde houve paz, respeito e bondade, hoje só saudade recorda quem viu.

O mito está vivo, será que ativo irá prosseguir?

⁠Somos feitos de contradição
De persistência e resistência
De incoerência e de confusão
E de galho em galho vamos saltando
Nos camuflando nesta multidão
Para fugir do ego, para não ser pego
Por qualquer pelego, seja branco ou negro
Que nos peça a rego com definição.

⁠Não somos nada, poeira cósmica, partícula de pó,
vivificados pelo espírito santo
da vaidade..

Tudo que fazemos é em busca de aprovação, de aplausos
de Deus ou dos homens.

Quando deveríamos ser movidos por amor, por fazer o bem, não por interesse, mas isso não acontece com ninguém..

No final tudo é uma questão de estímulo e recompensa.

⁠Os homens têm o mesmo espírito, quando o assunto é ter certeza, sobre que palavras devem ou não proferir.
Só um verdeiro sábio mede o efeito do que diz antes de falar.
Só um sábio perfeito, e na carne não há sabedoria perfeita que impeça um homem de ferir quem lhe escuta.

⁠Último estoico

Sou amante da beleza,
sem extravagância
sem pudor, sem arrogância.
Amo a beleza sem medida,
fico preso a contemplar
uma noite, um luar,
ou uma tarde em despedida.
Mas no que tange ao meu prazer
sou estoico a perecer
nesta geração desvalida.

⁠FOLHA MORTA

Se a minha boca não te surpreende
se o meu corpo não te satisfaz,
o que te falta para ir em frente,
pra seguir teu rumo, me deixar em paz?

A vida a dois não é cláusula pétrea
se for por força de obrigação
o amor definha, vira folha morta
logo um se despede, outro fecha a porta
é o fim da rota de contradição.

Mas o medo de ficar sozinho
fecha o caminho da libertação
se não há coragem pra pular no abismo
prefere-se o cinismo, vida de ilusão.

Logo tudo cala, quando ninguém fala
a porta se fecha e a luz se apaga
e os dois se encaixam na mesma prisão.

⁠Ela amava o mar,
assim como eu amava o rio
mas a estrada do destino
não cruzou nossos caminhos,
assim o mar ainda a espera,
o rio que era meu sonho,
virou um deserto de quimera.

⁠FOLHA MORTA

Se a minha boca não te surpreende
se o meu corpo não te satisfaz,
o que te falta, para ir embora,
seguir teu rumo, me deixar em paz?

A vida a dois não é cláusula pétrea
se for por força de obrigação
o amor definha, vira folha morta
logo um se despede, outro fecha a porta
finda toda rota de contradição.

⁠MUSA DO MAR

Sempre que você me olha
o meu corpo treme desejo
desejo de lhe abraçar
desejo de lhe dar um beijo.

Lembro aquele dia
nós dois e do pôr do sol,
seu corpo bronzeado
eterna poesia..

Você, musa do mar
divino pão dourado
e eu pobre mortal
escravo do pecado
Pierrot sem fantasia.