Coleção pessoal de ERIVALDA

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SABE QUAL É A IRONIA DA VIDA?

É ter pressa para crescer e, depois, suspirar pela infância perdida! É perder a saúde, para ter dinheiro e, depois, perder dinheiro para ter saúde!É pensar ansiosamente no futuro e esquecer o presente e, mesmo assim, não viver nem o presente e nem o futuro! É viver, como se nunca fôssemos morrer e morrer, sem nunca ter vivido! A vida é feita destas contradições. A palavra "vida" tem uma letra "V", o resto é "ida"... Desfrute do presente e das companhias de quem te faz feliz!

"O amanhecer é a parte mais bonita do dia, porque é quando Deus te diz: Levanta-te! Te presenteio com outra oportunidade de viver e de começar, novamente. Os dias bons te dão felicidade, os dias ruins te dão experiência, as tentativas te mantêm forte, as provas te mantêm humano, as quedas te mantêm humilde, mas, somente DEUS te mantém de pé!"

Tudo passa...

Todas as coisas na Terra passam.
Os dias de dificuldade passarão...
Passarão, também, os dias de amargura e solidão.

As dores e as lágrimas passarão.
As frustrações que nos fazem chorar... Um dia passarão.

A saudade do ser querido que está longe, passará.

Os dias de tristeza...
Dias de felicidade...
São lições necessárias que, na Terra, passam, deixando no espírito imortal
as experiências acumuladas.

Se, hoje, para nós, é um desses dias,
repleto de amargura, paremos um instante.
Elevemos o pensamento ao Alto
e busquemos a voz suave da Mãe amorosa,
a nos dizer carinhosamente: 'isto também passará'

E guardemos a certeza pelas próprias dificuldades já superadas que não há mal que dure para sempre,
semelhante a enorme embarcação que, às vezes, parece que vai soçobrar diante das turbulências de gigantescas ondas.

Mas isso também passará porque Jesus está no leme dessa Nau
e segue com o olhar sereno de quem guarda a certeza de que a
agitação faz parte do roteiro evolutivo da Humanidade
e que um dia também passará.

Ele sabe que a Terra chegará a porto seguro
porque essa é a sua destinação.

Assim, façamos a nossa parte o melhor que pudermos,
sem esmorecimento e confiemos em Deus,
aproveitando cada segundo, cada minuto que, por certo, também passará.

Tudo passa...
exceto Deus.

Deus é o suficiente!

FELIZ PÁSCOA ...DESEJO DOS MÉDICOS.

Nas horas "mortas" da madrugada, enquanto a imensa maioria dos cidadãos usufrui de seu merecido repouso, alguns velam a madrugada, num combate feroz contra a dor, a morte e o sofrimento.

Em meio a gemidos, reclamos, desespero e agonia, exercitamos o duro ofício de oferecer remédio, alívio, resgate e, quando necessário, consolo.

Pagamos um preço elevado: envelhecemos mais cedo, nosso sono é desregulado, a alimentação desregrada, o estresse elevado. Nossas familias se privam de nossas presenças, nossas camas ficam vazias. Ostentamos elevados índices de distúrbios orgânicos e emocionais pelo rigor de nossas batalhas.

Mas escolhemos este caminho por amor à vida. Sabíamos que seria difícil e desgastante. E, embora alguns destoem de nossos ideais e nos envergonhem com suas posturas e condutas, a esmagadora maioria luta suas pelejas com devoção e dignidade.

Embora soubéssemos que seria um árduo caminho, não tínhamos consciência plena de que também sofreríamos com a incompreensão e ingratidão de muitos, e tampouco poderíamos, nem em nossos piores pesadelos de jovens idealistas, imaginar que seríamos alvos preferenciais de uma terrível campanha ideologicamente concebida e orquestrada, com o único objetivo de nos desmoralizar e demonizar frente àqueles que precisam de nosso trabalho.

Mas continuamos, apesar de tudo, acreditando na importância e beleza de nosso ofício, e vencendo a maioria das batalhas contra as doenças e as mortes evitaveis. E continuaremos a nos emocionar com uma vida salva, uma dor aplacada ou mesmo com a dor da perda por parte de um completo estranho.

Continuaremos, todos os dias e o dia todo, em prontidão para combates que nunca são simulados, e faremos o melhor que pudermos.

Não, não somos nem deuses e nem semi-deuses. Somos pais, mães, filhos e filhas, cidadãos, gente, seres humanos. Precisamos de descanso, de compreensão, de apoio. Precisamos de dignidade para trabalhar com a plenitude de nossas capacidades. Podemos errar, mas nunca por ser esta nossa intenção, mas porque nosso trabalho nos dá, às vezes, uma janela de poucos minutos ou mesmo segundos para tomar decisões gravíssimas.

E, quando ouvimos um agradecimento ou um gesto de reconhecimento, cada vez mais raros nestes dias de valores corrompidos e distorcidos, sentimos que tudo valeu a pena.


FELIZ PÁSCOA!!!!
Assinado : Médicos

LIMITES...PAIS E FILHOS

LIMITES

Somos as primeiras gerações de pais decididos a não repetir com os filhos os erros de nossos progenitores. E com o esforço de abolir os abusos do passado, somos os pais mais dedicados e compreensivos mas, por outro lado, os mais bobos e inseguros que já houve na história.

O grave é que estamos lidando com crianças mais "espertas", ousadas, agressivas e poderosas do que nunca.

Parece que, em nossa tentativa de sermos os pais que queríamos ser, passamos de um extremo ao outro.

Assim, somos a última geração de filhos que obedeceram a seus pais e a primeira geração de pais que obedecem a seus filhos...

Os últimos que tivemos medo dos pais e os primeiros que tememos os filhos.

Os últimos que cresceram sob o mando dos pais e os primeiros que vivem sob o jugo dos filhos.

E, o que é pior, os últimos que respeitamos nossos pais e os primeiros que aceitamos (às vezes sem escolha...) que nossos filhos nos faltem com o respeito.

À medida em que o permissível substituiu o autoritarismo, os termos das relações familiares mudou de forma radical, para o bem e para o mal.

Com efeito, antes se consideravam bons pais aqueles cujos filhos se comportavam bem, obedeciam suas ordens e os tratavam com o devido respeito.

E bons filhos, as crianças que eram formais e veneravam seus pais. Mas, à medida em que as fronteiras hierárquicas entre nós e nossos filhos foram-se desvanecendo, hoje, os bons pais são aqueles que conseguem que seus filhos os amem, ainda que pouco os respeitem.

E são os filhos quem, agora, esperam respeito de seus pais, pretendendo de tal maneira que respeitem as suas idéias, seus gostos, suas preferências e sua forma de agir e viver.

E, além disso, que os patrocinem no que necessitarem para tal fim.

Quer dizer; os papéis se inverteram, e agora são os pais quem têm que agradar a seus filhos para ganhá-los e não o inverso, como no passado.

Isto explica o esforço que fazem hoje tantos pais e mães para ser os melhores amigos e "dar tudo" a seus filhos.

Dizem que os extremos se atraem.

Se o autoritarismo do passado encheu os filhos de medo de seus pais, a debilidade do presente os preenche de medo e menosprezo ao nos ver tão débeis e perdidos como eles.

Os filhos precisam perceber que, durante a infância, estamos à frente de suas vidas, como líderes capazes de sujeitá-los quando não os podemos conter, e de guiá-los enquanto não sabem para onde vão.

Se o autoritarismo suplanta, o permissível sufoca.

Apenas uma atitude firme, respeitosa, lhes permitirá confiar em nossa idoneidade para governar suas vidas enquanto forem menores, porque vamos à frente liderando-os e não atrás, os carregando e rendidos à sua vontade.

É assim que evitaremos que as novas gerações se afoguem no descontrole e tédio no qual está afundando uma sociedade que parece ir à deriva, sem parâmetros nem destino.

Os limites abrigam o indivíduo.

Com amor ilimitado e profundo respeito.

(Monica Monasterio (Madrid-España)

OS FILHOS ESQUECERÃO

O tempo é um animal estranho. Se parece com um gato, faz o que lhe dá vontade, te mira com olhar astuto e indiferente, vai embora quando você suplica, para que ele fique e fica imóvel quando você pede por favor, para que se vá. As vezes te morde enquanto recebe carinho ou te arranha enquanto te lambe (beija).

O tempo, pouco a pouco, me liberará da extenuante fadiga de ter filhos pequenos, das noites sem dormir e dos dias sem repouso.
Das mãos gordinhas que não param de me agarrar, que me escalam pelas costas, que me pegam, que me buscam sem cuidados, nem vacilos.
Do peso que enche meus braços e curva minhas costas.
Das vezes que me chamam e não permitem atrasos, esperas, nem vacilos.

O tempo me devolverá a folga aos domingos e as chamadas sem interrupções, o privilégio e o medo da solidão.
Acelerará, talvez, o peso da responsabilidade que ás vezes me aperta o diafragma.
O tempo, certamente e inexoravelmente esfriará outra vez a minha cama, que agora está aquecida de corpos pequenos e respirações rápidas.
Esvaziará os olhos de meus filhos, que agora transbordam de um amor poderoso e incontrolável.
Tirará de seus lábios meu nome gritado e cantado, chorado e pronunciado cem mil vezes ao dia. Cancelará, pouco a pouco ou de repente, a familiaridade de sua pele com a minha, a confiança absoluta que nos faz um corpo único, com o mesmo cheiro, acostumados a mesclar nossos estados de ânimo, o espaço, o ar que respiramos.

Chegarão a nos separar para sempre o pudor, a vergonha e o preconceito, a consciência adulta de nossas diferenças.
Como um rio que escava seu leito, o tempo perigará a confiança que seus olhos têm em mim, como ser onipotente, capaz de parar o vento e acalmar o mar, concertar o inconcertável e curar o incurável.
Deixarão de me pedir ajuda, porque já não acreditam mais que em algum caso eu possa salvá-los.
Pararão de me imitar, porque não desejarão parecer-se muito a mim.
Deixarão de preferir minha companhia em comparação com aos demais (e vejo, isto tem que acontecer!)

Se esfumaçarão as paixões, as birras e os ciúmes, o amor e o medo.
Se apagarão os ecos das risadas e das canções, as sonecas e os "era uma vez... acabarão de repercutir na escuridão.
Com o passar do tempo, meus filhos descobrirão que tenho muitos defeitos e se eu tiver sorte, me perdoarão por alguns deles.

Sábio e cínico, o tempo trará consigo o obvio.

Eles esquecerão, mas ainda assim eu não esquecerei. As cosquinhas e os "corre-corre", os beijos nos olhos e os choros que de repente param com um abraço, as viagens e as brincadeiras, as caminhadas e a febre alta, as festas, as papinhas, as carícias enquanto adormecíamos lentamente.

Meus filhos esquecerão que os amamentei, que os balancei durante horas, que os levei nos braços e ás vezes pelas mãos.
Que dei de comer e consolei, que os levantei depois de cem caídas.
Esquecerão que dormiram sobre meu peito de dia e de noite, que houve um dia que me necessitaram tanto, como o ar que respiram.
Esquecerão, porque é isso que fazem os filhos, porque isto é o que o tempo escolhe.
E eu, eu terei que aprender a lembrar de tudo para eles, com ternura e sem arrependimentos, incondicionalmente.
E que o tempo, astuto e indiferente, seja amável com esta mãe que não quer esquecer.

Olha que texto maravilhoso...


"UMA XICARA DE CAFÉ"

Um grupo de profissionais, todos vencedores em suas respectivas carreiras, reuniu-se para visitar seu antigo professor.

Logo a conversa parou nas queixas intermináveis sobre “stress" no trabalho, e na vida em geral.

O professor ofereceu café. Foi para a cozinha e voltou com um grande bule e uma variedade das melhores xícaras: de porcelana, plástico, vidro, cristal...

Algumas simples e baratas, outras decoradas, outras caras, outras muito exóticas...

Ele disse:
- Pessoal, escolham suas xícaras e sirvam-se de um pouco de café fresco.
Quando todos o fizeram, o velho mestre limpou a garganta e calma e pacientemente conversou com o grupo:

- Como puderam notar, imediatamente as mais belas xícaras foram escolhidas, e as mais simples e baratas ficaram por último. Isso é natural, porque todo mundo prefere o melhor para si mesmo. Mas essa é a causa de muitos problemas relacionados com o que vocês chamam "stress".

Ele continuou:
- Eu asseguro que nenhuma dessas xícaras acrescentou qualidade ao café. Na verdade, o recipiente apenas disfarça ou mostra a bebida.

O que vocês queriam era café, não as xícaras, mas instintivamente quiseram pegar as melhores.

Eles começaram a olhar para as xícaras, uns dos outros.
Agora pense nisso:

A vida é o café.
Trabalho, dinheiro, status, popularidade, beleza, relacionamentos, entre outros, são apenas recipientes que dão forma e suporte à vida. O tipo de xícara que temos não pode definir nem alterar a qualidade da vida que recebemos. Muitas vezes nos concentramos apenas em escolher a melhor xícara, esquecendo de apreciar o café!

As pessoas mais felizes não são as que têm o melhor, mas as que fazem o melhor com tudo o que têm!

Então se lembrem:
Vivam simplesmente. Sejam generosos. Sejam solidários e atenciosos. Falem com bondade.

O resto deixem nas mãos do Senhor, porque a pessoa mais rica não é a que mais tem, mas a que menos precisa.

Agora desfrutem o seu café! "

Autor desconhecido.
☕☕☕☕☕☕

A dor da saudade daqueles que nos deixaram é inimaginável. Pequenos detalhes do dia-a-dia, ou algum objeto de uso pessoal desencadeiam lembranças doloridas. Nos fazem lembrar dessas afeições queridas, e aquela ferida no coração recomeça a sangrar lentamente.

Queríamos pedir perdão, mas o tempo não nos permitiu. E achamos que agora é tarde demais! Como gostaríamos de dizer as palavras de amor que ficaram retidas em nossa alma! Que felicidade sentiríamos se pudéssemos reviver o mesmo abraço que tantas vezes nos ofereceram. Peça perdão assim mesmo, ame assim mesmo, porque eles nos veem e nos ouvem!

A fé nos dá a consciência de que jamais perdemos as pessoas que a morte levou, mas não sabemos direito como continuar vivendo com suas ausências. Somos demasiadamente materializados e não conseguimos lidar com a ausência da matéria. Lembramos de costumes e rotinas que sempre fizeram parte da nossa vida e estão impregnados de sorrisos e lágrimas daqueles que compartilharam conosco esse trecho do caminho.

A separação pela morte é a lição mais difícil de se aprender, mas é exatamente essa dor imensa que gera em nossas almas as reservas inesgotáveis de amor. Chegará o dia em que nos desvestiremos da matéria também, e seremos envolvidos pelos abraços impregnados desse amor que a saudade manteve retido em nossas almas.

Como escreveu o genial Fernando Pessoa: “A morte é a curva da estrada. Morrer é deixar de ser visto”. A sensibilidade do Poeta nos mostra que aqueles que se afastaram dos nossos afetos apenas deixaram de ser vistos. Mas vivem! Nos amam como sempre nos amaram! Recebem nossa saudade com os olhos marejados de lágrimas assim como os nossos!

Caminhemos confiantes, porque esse caminho foi traçado por Deus e não pelos homens. Não sabemos quando chegará para nós a curva na estrada, mas ela está adiante. Ao nos depararmos com ela, deixaremos de ser vistos, mas tornaremos a ver quem há muito não víamos!

Elcio de Lima Rodrigues

Amar é ter um pássaro pousado no dedo.
Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que,
a qualquer momento, ele pode voar.

PEDAÇOS DE MIM

Eu sou feito de
Sonhos interrompidos
detalhes despercebidos
amores mal resolvidos

Sou feito de
Choros sem ter razão
pessoas no coração
atos por impulsão

Sinto falta de
Lugares que não conheci
experiências que não vivi
momentos que já esqueci

Eu sou
Amor e carinho constante
distraída até o bastante
não paro por instante


Tive noites maldormidas
perdi pessoas muito queridas
cumpri coisas não prometidas

Muitas vezes eu
Desisti sem mesmo tentar
pensei em fugir, para não enfrentar
sorri para não chorar

Eu sinto pelas
Coisas que não mudei
amizades que não cultivei
aqueles que eu julguei
coisas que eu falei

Tenho saudade
De pessoas que fui conhecendo
lembranças que fui esquecendo
amigos que acabei perdendo
Mas continuo vivendo e aprendendo.

agosto 21, 2015
Pedaço da lua

Hoje o texto não é meu. É uma poesia da minha mãe, Lenir Mota:

Todos os dias, assisto, da varanda, sempre atento,
ela passando…sozinha…seguindo com passos lentos,
olhos vividos, perdidos, carregando suas crenças,
corpo cedendo, tombado ao peso de seu cansaço.
Passa trôpega…e os pés, que pouco a pouco se movem,
arrastados, me comovem…
com a lentidão de seus passos.
Quantas vezes já passou por esses mesmos caminhos!
Quantos passos caminhou, pra chegar devagarinho,
virando na mesma esquina…
Mas chega cedo demais !!
e ali, cansada, espera, encostada nas paredes,
que se abra o portão verde, pra entrar em seu refúgio.
Caminha mais e espia…a porta, ainda fechada !
Para, senta,e,conformada, aguarda a hora de entrar.
Vem de longe, vem andando…
sob chuva, sol ou vento,
vem a procura de alento em sua fé costumeira.
Oito décadas e tanto…
denuncia, sem piedade, seu ralo cabelo branco…
Mas ela passa, vaidosa, retocando-se no espelho
apoiado em sua bolsa, em cima de seu joelho.
E eu fico olhando, com espanto, a força, a garra, a coragem,
de fazer essa viagem parecer tão prazerosa…
Quanto tempo inda lhe resta?
Não sei…mas sinto que a vida
lhe abastece de sonhos, que ativam a esperança
dessa mulher corajosa, que na fé encontra forças
pra esse caminhar diário…
E quando as portas se abrem…
ela entra… resoluta… e abrindo então seu hinário,
senta…descansa…e…canta…!!
No final, revigorada, retorna pra sua luta.
E na varanda, espero, a volta com hora certa
dessa mulher cabisbaixa, que olhares sempre desperta,
quando passa em minha rua.
Quando chega, ainda de dia, com o sol brilhando em seu rosto,
vejo clara a imagem sua…
Quando volta, me enternece…esse rosto renovado,
cintilando toda a rua
e aos meus olhos parece, que seu cabelo de prata
é um pedaço da lua…

MÃE EU TENHO QUE IR

Talvez você demore a compreender, talvez você chore incontáveis noites por ver o ninho vazio, talvez você me ligue com aquela voz embargada, sofrida, de quem está guardando um mundo de saudade em um nó na garganta, mas mãe, eu tenho que ir.
Tenho que aprender a separar a roupa por cores na hora de lavar, tenho que descobrir que a louça continua na pia no dia seguinte, que cheiro de banheiro limpo é bom, principalmente quando fui eu que limpei.
Tenho que aprender a cozinhar mais coisas além de macarrão com salsicha, conto com a internet para me ajudar com isso. Tenho que aprender que o meu salário precisa durar 30 dias e que balada e cerveja não são lá as necessidades mais básicas.
Tenho que me sentir só, tenho que falar para as outras pessoas “minha mãe sempre diz que..” e sentir orgulho dos inúmeros conselhos que você me deu na vida e nem sempre eu dei muito valor. Tenho que identificar as amizades ruins, coisa que você fazia por mim antes, tenho que ser forte e segurar aquele palavrão que o meu chefe merecia mas você me ensinou que um profissional sério não sai de si tão facilmente.
Tenho que criar meus próprios ritos de sábado à tarde, que antes eram fazer bolo e dançar loucamente na cozinha com você. Tenho que tirar o pijama aos domingos, fazer almoço, fazer o jantar e não simplesmente ler um livro enquanto espero que você faça tudo por mim.
Tenho que assistir aquele filme incrível sem companhia e não ter ninguém pra chorar timidamente comigo, tenho que sentir falta do abraço que era a fortaleza que eu precisava em um dia ruim e da sinceridade que me ensinava a ser um ser humano melhor todos os dias.
Mas não pense que é fácil para mim, vai doer todos os dias da minha vida, não voltar para casa e ver seu sorriso tranquilo, poder contar cada detalhe do dia e não sentir um mínimo sinal de tédio no seu rosto.
Vou sentir saudade mesmo quando eu tiver dois filhos, mesmo quando eu tiver oitenta anos, mesmo quando eu tiver escrito o melhor livro da história.
Preciso ir mãe mas te levo sempre comigo.

PERDÃO

Perdão não é um aval para que o outro me fira, nem sinônimo de bondade, de "dar a outra face". Perdão tem a ver com livrar-se do sentimento corrosivo de que foi injustiçado, de que alguém te fez mal.
Pode ser que realmente tenha feito, mas considere que tudo o que pensa está relacionado a perspectiva de onde você está hoje e não necessariamente reflete as complexidades da vida e das relações.
Lembre-se, todo santo é ou já foi diabo para alguém, inclusive você. Perdoar não significa ser amigo, conviver, dar beijinho no rosto, mas seguir adiante em liberdade, sem cultivar em sua consciência a sensação de que tem o "direito" de condenar quem quer que seja. Você não tem. Você quase não enxerga além das próprias causas, como pensa que sabe as intenções do outro?
E depois que perdoar, como lidar com a pessoa? O que fazer? É você quem decidirá, pode ser que retomem, pode ser que não se falem novamente, creio que isso não seja tão importante. O que vale é que, decida por qual caminho decidir, o fará em liberdade, com a leveza de quem simplesmente largou a âncora do rancor e resolveu seguir adiante. Trata-se de uma escolha. Uma escolha sua. - flaviosiqueira.com

" Estamos envelhecendo. Não nos preocupemos!
De que adianta, é assim mesmo.
Isso é um processo natural. ...
É uma lei do Universo conhecida como a 2ª Lei da Termodinâmica ou Lei da Entropia.
Essa lei diz que: A energia de um corpo tende a se degenerar
e com isso a desordem do sistema aumenta.
Portanto, tudo que foi composto será decomposto,
tudo que foi construído será destruído, tudo foi feito para acabar.
Como fazemos parte do universo, essa lei também opera em nós.
Com o tempo os membros se enfraquecem, os sentidos se embotam.
Sendo assim, relaxe e aproveite.
Parafraseando Freud: “A morte é o alvo de tudo que vive”.
Se você deixar o seu carro no alto de uma montanha,
daqui a 10 anos ele estará todo carcomido.
O mesmo acontece a nós.
O conselho é: Viva. Faça apenas isso. Preocupe-se com um dia de cada vez.
Como disse um dos meus amigos à sua esposa: “me use, estou acabando!”.
Hilário, porém realista.
Ficar velho e cheio de rugas é natural.
Não queira ser jovem novamente, você já foi.
Pare de evocar lembranças de romances mortos, vai se ferir com a dor que a si próprio inflige.
Já viveu essa fase, reconcilie com a sua situação e permita que o passado se torne passado.
Esse é o pré-requisito da felicidade. “O passado é lenha calcinada.
O futuro é o tempo que nos resta: finito, porém incerto” como já dizia Cícero.
Abra a mão daquela beleza exuberante, da memória infalível, da ausência da barriguinha,
da vasta cabeleira e do alto desempenho pra não se tornar caricatura de si mesmo.
Fazendo isso ganhará qualidade de vida.
Querer reconquistar esse passado seria um retrocesso e o preço a ser pago será muito elevado.
Serão muitas plásticas, muitos riscos e mesmo assim você verá que não ficou como outrora.
A flor da idade ficou no pó da estrada.
Então, para que se preocupar?
Guarde os bisturis e toca a vida.
Para que se preocupar com as rugas, você demorou tanto para tê-las!
Suas memórias estão salvas nelas.
Não seja obcecado pelas aparências, livre-se das coisas superficiais.
O negócio é zombar do corpo disforme e dos membros enfraquecidos.
Essa resistência em aceitar as leis da natureza
acaba espalhando sofrimento por todos os cantos.
Advêm consequências desastrosas quando se busca a mocidade eterna,
as infinitas paixões, os prazeres sutis e secretos,
as loucas alegrias e os desenfreados prazeres.
Isso se transforma numa dor que você não tem como aliviar e
condena a ruína sua própria alma.
Discreto, sem barulho ou alarde, aceite as imposições da natureza e viva a sua fase.
Sofrer é tentar resgatar algo que deveria ter vivido e não viveu.
Se não viveu na fase devida o melhor a fazer é esquecer.
A causa do sofrimento está no apego,
está em querer que dure o que não foi feito para durar.
É viver uma fase que não é mais sua.
Tente controlar essas emoções destrutivas e os impulsos mais sombrios.
Isso pode sufocar a vida e esvaziá-la de sentido.
Não dê ouvidos a isso, temos a tentação de enfrentar crises sem o menor fundamento.
Sua mente estará sempre em conflito se ela se sentir insegura.
A vida é o que importa. Concentre-se nisso.
A sabedoria consiste em aceitar nossos limites.
Você não tem de experimentar todas as coisas, passar por todas as estradas
e conhecer todas as cidades. Isso é loucura, é exagero.
Faça o que pode ser feito com o que está disponível.
Quer um conselho? Esqueça.
Para o seu bem, esqueça o que passou.
Tem tantas coisas interessantes para se viver na fase em que está.
Coisas do passado não te pertencem mais.
Se você tem esposa e filhos, experimente vivenciar algo que ainda não viveram juntos,
faça a festa, celebre a vida, agora você tem mais tempo,
aproveite essa disponibilidade e desfrute.
Aceitando ou não o processo vai continuar.
Assuma viver com dignidade e nobreza a partir de agora.
Nada nos pertence.
O que importa é o que está dentro de nós; a velha máxima continua atual como nunca:
“quem tem muito dentro precisa ter pouco fora”.
Esse é o segredo de uma boa vida.. . "

A Carta a um Filho Ingrato

Pensar que um dia tive uma família completa, dinheiro e felicidade, só contribui para aumentar o buraco que hoje carrego no peito. A dor chega a ser tão insuportável que por não ter mais forças, estou contando com a ajuda de um assistente para redigir essas palavras melancólicas.Carta a um Filho IngratoQualquer expressão, por mais tocante que seja, será inútil para tentar descrever o estrago que tu causaste na minha humilde vida. Por que me abandonaste aqui? Por que não me dá a chance de desfrutar dos últimos suspiros da velhice ao teu lado?

Tudo isso machuca muito. Meus fios de cabelo branco já não aguentam mais. Faça valer a educação dada por mim e pela sua mãe. Falando nela, minha alma chora de tanta saudade. Foi quando ela se despediu desse mundo que o meu pesadelo começou.

Lembra de como éramos felizes? Não passávamos nenhum aniversário longe um do outro, almoçávamos todos juntos, celebrávamos a Páscoa, o Natal… Se ela não tivesse nos deixado, talvez você não tivesse desistido de mim. A morte é uma inimiga perversa e eu não venci a batalha contra ela. Depois vieram os meus problemas de saúde, de coordenação motora, de memória, me tornei agressivo, chato, amargurado. Reconheço que a convivência comigo se tornou difícil, mas me abandonar foi uma atitude radical.

No início, enfrentei muitos desafios aqui. Eu me sentia frustrado por não ser capaz de tomar uma sopa sem sujar minha roupa, por não conseguir gravar os nomes dos assistentes, por não ter forças para tomar um banho sozinho e o pior de tudo, por voltar a usar fraldas como um bebê.

O tempo passou, meu filho. E como passou… Agora, dê-me a oportunidade de ser livre outra vez. Eu te imploro que venha me buscar e saiba que apesar de tudo que aconteceu você tem o meu perdão. Emocionantes né ?

Carta aos meus filhos...

Quando eu for velha, não serei uma velha comum, daquelas que tricotam sapatinhos para os netos, não porque eu não ache isso bacana, é porque nunca tive paciência para o artesanato, aliás, sou um desastre nessa arte, rsrs.

Quando eu for velha, não quero que se preocupem em me visitar todos os domingos, somente para cumprir uma obrigação. Façam isso quando sintam realmente vontade de me ver, quando sintam saudades daquele cheirinho que só a "sua" mãe tem, quando sintam saudades do meu tempero, ou da forma que meus olhos olham para vocês, com orgulho, com amor e ternura.

Quando eu for velha, não quero que me levem feito um pacotinho de uma casa pra outra. Quero ficar no meu canto, "quero ficar na minha", vocês sabem o quanto eu valorizo a liberdade, não só a minha, mas sobretudo dos outros.

Quando eu ficar velha, quero que vocês me olhem e sintam orgulho de todas as minhas tentativas de viver a vida conforme os meus princípios, conforme a minha vontade. Não quero que pensem que fui egoísta, que alguma vez falhei com vocês, ou que eu amei de menos ou amei de mais. Eu simplesmente optei: eu quero ser mãe, eu quero gerar esse filho, essa filha, porque sei que eles serão pessoas especiais e que poderão fazer a diferença em suas vidas e nas dos demais e eu os amo muito!!!

Quando eu for velha, permitam-me ficar com meus netos e mimá-los do meu jeito, não critiquem se eu exagerar nos carinhos, nos presentes e se eu discordar com algum castigo mais pesado pra eles.

Quando eu for velha, não sintam pena de mim quando estiver debilitada, olhem para mim e digam: minha mãe é forte, ela vai vencer mais essa!! E não duvidem, eu vou vencer!!

E por fim:

Meus queridos filhos, não se sintam responsáveis por mim, eu lhes tiro essa obrigação. Eu os solto, os libero. Vivam suas vidas, trilhem seus caminhos, amem seus amores, formem-se, trabalhem, tenham êxito, criem seus filhos (se quiserem tê-los). Sejam corajosos, sonhem muito, sonhem alto! Sejam gentis, retribuam sorrisos, compartilhem bons momentos, cuidem de seus corpos, mas especialmente de suas almas. Jamais duvidem da existência de um Ser Superior. Não se prendam a dogmas, não julguem nada, não condenem ninguém, não acreditem em tudo o que lhes disserem, procurem vocês as respostas. Usem o poder que há dentro de vocês. Lembrem-se sempre disso: Vocês podem tudo! O impossível não existe, mas é preciso crer piamente nisso!

PS. Acreditem em vocês! Sempre!! Sejam muitooo felizes!!

De: Sua sempre mãe

Quando eu for bem velhinha, espero receber a graça de, num dia de domingo, me sentar na poltrona da biblioteca e, bebendo um cálice de vinho do Porto, dizer a minha neta:
- Querida, venha cá. Feche a porta com cuidado, sente-se aqui do meu lado. Tenho umas coisas para te contar.
E assim, dizer apontando o indicador para o alto:
- O nome disso não é conselho, isso se chama colaboração! Eu vivi, ensinei, aprendi, caí, levantei e cheguei a algumas conclusões. E agora, do alto dos meus anos, quero dividir com você.
Por isso, vou colocar mais ou menos assim:
- É preciso coragem para ser feliz.
Seja valente.
Siga sempre o seu coração.
Para onde ele for, seu sangue, suas veias e seus olhos também irão.
E satisfaça seus desejos. Esse é seu direito e obrigação.
Entenda que o tempo é um paciente professor que irá te fazer crescer, mas a escolha entre ser uma grande menina ou uma menina grande, vai depender só de você.
Tenha poucos e bons amigos.
Tenha filhos.
Tenha um jardim.
Aproveite sua casa, mas viaje… Vá a Fernando de Noronha, ao Pantanal…
Cuide bem dos seus dentes.
Experimente, mude, corte os cabelos.
Não corra o risco de envelhecer dizendo “ah, se eu tivesse feito…”.
Tenha uma vida rica de vida.
E de verdade, acima de tudo!
Viva romances de cinema, contos de fada e casos de
novela.
E tome sempre conta da sua reputação, ela é um bem
inestimável. Porque, sim, as pessoas comentam, reparam e, se
você der chance, elas inventam também detalhes desnecessários.
Se for se casar, faça por amor. Não faça por segurança, carinho ou status.
A sabedoria convencional recomenda que você se
case com alguém parecido com você, mas isso pode ser um saco!
Prefira a recomendação da natureza, que com a justificativa
de otimizar os genes da reprodução, sugere que procure alguém diferente…
Mas para ter sucesso nessa questão, acredite no olfato e desconfie da visão.
É o seu nariz quem diz a verdade quando o assunto é paixão.
Se o casamento não der certo opte pela vida.
Faça do fogão, do pente, da caneta e do papel seus instrumentos de criação.
Leia, pinte, desenhe, escreva.
E, por favor, dance, dance, dance até o fim, senão por você, o faça por mim.
Compreenda seus pais. Eles te amam para além da sua imaginação, sempre fizeram o melhor que puderam e sempre o farão.
Cultive os bons amigos.
Eles são a natureza ao nosso favor e uma das formas mais raras de amor.
Não cultive as mágoas – porque se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida é que um único pontinho preto num oceano branco deixa tudo cinxa.
Era isso minha querida. Agora é a sua vez.
Por favor, encha mais uma vez minha taça e me conte:
- Como vai você?

Mãe é mãe
"Ser pai é um pouco mais fácil. Pai não carrega 9 meses dentro de si. Não vomita, não vê sua pressão ir pras cucuias, não tem sua bexiga comprimida. Pai não tem seu corpo invadido por um bisturi, não faz cesárea, não faz parto normal, não sangra 200 dias depois do parto, não fica louco com os hormônios, não fica com insegurança do mundo e medo de não segurar a bronca.

Pai não vê seus seios sangrando pra alimentar o bebê, não vela o sono do bebê na madrugada, não passa a mão no narizinho dele 569 vzs por noite pra ver se está respirando. Pai não tira dúvidas no grupo de mães, não sofre com o corpo modificado no espelho, pai pode devolver pra mãe quando o bebê perde o fôlego de chorar. Pai pode continuar bebendo cerveja, pai pode voltar pro trabalho 5 dias depois do parto, pai não se retira da sociedade. Pai tem uma retaguarda que se chama mãe.

É claro que pai é importante: muito importante. Pai é tudo de bom. Pai brinca, conversa, carrega, embala, dá banho, provê necessidades físicas e mentais, participa ativamente, mata um se preciso for. Pai é bom, é gostoso, transmite segurança, ajuda pra caramba. Mata dois, se preciso for.

Mas mãe é diferente. Mãe que é mãe tá acima do bem e do mal. Mãe tem um quê de "autoridade espiritual" sobre seu bebê, mãe renuncia, mãe pede todo dia pra Deus interceder pelos seus filhos. Mãe deixa os amigos, mãe fica em casa qd todos estão se divertindo. Quantas vezes não toma banho, que luxo lavar o cabelo!

Mãe vive pra cria.

Pessoa boa é quem gosta do seu filho, lugar bom é o que você pode ir com seu bebê. Comida boa é a que não dá cólica, promoção boa é a de fralda.

Mãe não tem um interesse maior que não seja pelo bem estar do seu filho. Mãe sabe a data de cada vacina, mãe sofre com a febre, mãe se despedaça em mil com o choro. Mãe "lambe sua cria", sobe no lustre pra ganhar uma risadinha, não assiste um jornal sem imaginar "meu Deus, e se fosse MEU filho!?"

Mãe enfrenta um exército....de salto alto e de peito aberto! Se todo o mais faltar,a mãe estará junto ao seu filho.

Mãe é MÃE...."simples" assim..."

By: Ana Claudia Lima

Não sou uma mãe politicamente correta
Tem dias que eu me esqueço de dar o Adtil
E quando eles resolvem ficar doentes juntos, às vezes eu confundo os remédios, as dosagens, os horários. È verdade, já dei remédio trocado. Pior! Teve vezes que nem trocado foi, não dei mesmo, esqueci.
Tem dias que os deixo dormir sem escovar os dentes e sem tomar banho. Quando me dou conta, já foi.
Tem outros que o almoço é o pastel da feira com caldo de cana e o jantar é a pizza. Tudo isso no mesmo dia.
Tem dias que eu cedo ao miojo.
E tem outros que eu escondo o final da barra de chocolate para comer escondida, sozinha.
Tem dias também que eu chantageio, barganho, negocio o feijão do prato com um doce de sobremesa.
E é à frente da TV que às vezes eles comem
Tem dias que eu faço suco de pozinho só para não ter o trabalho de descascar a fruta e AINDA ter que lavar o liquidificador, tudo por preguiça.
Quase todas as noites eles dormem na minha cama e não, eu não os devolvo para as devidas camas. Ou porque estou muito cansada pra fazer isso, ou porque eu quero dormir abraçada com eles.
Tem dias que eu peço para eles pararem de gritar, gritando.
E, desculpa Xuxa, tem dias que eu dou umas palmadas no bumbum deles, só para os chamarem a razão e deixar claro que ultrapassaram os limites.
Mas se quer saber Xuxa, tem dias que eu coloco o seu DVD para garantir o mínimo da manutenção da minha dignidade. Você se ocupa em hipnotiza-los com aquelas baboseiras e assim, eu consigo , pelo menos, escovar os dentes.
Tem dias que eu não sou justa. Faço mais pra um do que pra outro. Dou mais atenção pra um do que pra outro. Exijo mais de um do que do outro. Cedo as birras e choros de um do que do outro.
Tem dias que o que eu mais queria era ser repórter correspondente do Japão e só falar com eles pelo Skype. Ou que eles fizessem um passeio de volta ao mundo no balão e voltar daqui uns 10 anos.
Teve dias que eu me esqueci de ler a agenda da escola, de fazer a lição de casa, de mandar o lanche, a lancheira e até errar o dia de volta as aulas eu já errei.
Já assisti à novela das oito na companhia deles.
Já soltei uns belos palavrões no trânsito com eles no carro.
E quando termina esses dias, as vezes eu me angustio, me frustro e me entristeço, afinal, que tipo de mãe eu sou?
E isso acontece porque ninguém me ensinou, não li em lugar nenhum, não vi em nenhum documentário que mãe também pode ter um deslize de preguiça, de descuido, de praticidade.
Ninguém me disse que às vezes isso tudo pesa, que a gente enche o saco de tudo, que a gente se enche deles, só as vezes.
Não me preparei pra isso. Pensei que fosse pecado.
Em todos os sites que me cadastrei quando engravidei, em todas as edições da Crescer, da Pais & Filhos que li , em todos os blogs e grupos de maternidade que naveguei, vi que não bastava ter parto normal, o que vale mesmo é o natural e humanizado e olha que eu tive 3 partos normais, mas mesmo assim não foi bastante. Me disseram que tinha que amamentar EXCLUSIVAMENTE até o 6 º mês, que só podia oferecer os produtos orgânicos, que não podia colocar açúcar na comida doce e nem sal na comida salgada deles, que eles só podiam escutar o Palavra Cantada e que tinham que aprender a dormir sozinho aos 6 meses.
Ninguém me disse que ás vezes, só por alguns instantes, que nada disso faz sentido, ou até pode continuar fazendo, mas tem dias que simplesmente a gente tem o direito de não querer faze-lo.
Temos esse direito da transgressão, isso ninguém nos avisou.
Eu aviso: nós podemos.
E com isso eu devo admitir que sou Reú Confesso e por isso eu peço, não Tim Maia eu não peço pra voltar, eu só peço para me absolverem.
‪#‎eumeabsolvo‬
“Da perfeição da Vida: Por que prender a vida em conceitos e normas? O Belo e o Feio…O Bom e o Mau…Dor e Prazer. Tudo, afinal, são formas e não degraus do Ser!

QUANDO ME TORNEI INVSÍVEL

Já não sei em que data estamos.
Lá em casa não há calendários e na minha memória
as datas estão todas misturadas.
Me recordo daquelas folhinhas grandes, uns primores,
ilustradas com imagens dos santos
que colocávamos no lado da penteadeira.
Já não há nada disso.
Todas as coisas antigas foram desaparecendo.
E sem que ninguém desse conta,eu me fui apagando também...


Primeiro me trocaram de quarto,pois a família cresceu.
Depois me passaram para outro menor ainda
com a companhia de minhas bisnetas.
Agora ocupo um desvão,que está no pátio de trás.
Prometeram trocaro vidro quebrado da janela,
porém se esqueceram,e todas as noites
por ali circula um ar gelado
que aumenta minhas dores reumáticas.
Mas tudo bem...


Desde há muito tempo tinha intenção de escrever,
porém passava semanas procurando um lápis.
E quando o encontrava,eu mesma voltava a esquecer
onde o tinha posto.
Na minha idade as coisas se perdem facilmente:
claro, não é uma enfermidade delas,
das coisas, porque estou segura de tê-las,
porém sempre desaparecem.

Noutra tarde dei-me conta que minha voz
também tinha desaparecido.
Quando eu falo com meus netos
ou com meus filhos não me respondem.
Todos falam sem me olhar,
como se eu não estivesse com eles,
escutando atenta o que dizem.
As vezes intervenho na conversação, segura de que o que vou lhes dizer
não ocorrera a nenhum deles,e de que lhes vai ser de grande utilidade.

Porém não me ouvem,não me olham,não me respondem.
Então cheia de tristezame retiro para meu quarto
e vou beber minha xícara de café.
E faço assim, de propósito,
para que compreendam que estou aborrecida,
para que se dêem conta que me entristecem e venham buscar-me
e me peçam perdão …Porém ninguém vem....

Quando meu genro ficou doente,
pensei ter a oportunidade de ser-lhe útil, lhe levei
um chá especial que eu mesma preparei.
Coloquei-o na mesinha e me sentei a esperar que o tomasse,
só que ele estava vendo televisão e nem um só movimento
me indicou que se dera conta da minha presença.
O chá pouco a pouco foi esfriando…e junto com ele, meu coração...


Então noutro dia lhes disse que quando eu morresse
todos iriam se arrepender.
Meu neto menor disse:“Ainda estás viva vovó? “.
Eles acharam tanta graça,que não pararam de rir.
Três díasestive chorando no meu quarto,
até que numa manhã entrou um dos rapazes
para retirar umas rodas velhas e nem o bom dia me deu.



Foi então quando me convencí de que sou invisível...
Parei no meio da sala para ver,
se me tornando um estorvo me olhavam.
Porém minha filha seguiu varrendo sem me tocar,
os meninos correram em minha volta,
de um lado para o outro,sem tropeçar em mim.


Um dia se agitaram os meninos,e me vieram dizer
que no dia seguinte nós iríamos todos passar um dia no campo.
Fiquei muito contente. Fazia tanto tempo que não saía
e mais ainda ia ao campo!


No sábado fui a primeira a levantar-me.
Quis arrumar as coisas com calma.
Nós os velhos tardamos muito em fazer qualquer coisa,
assim que adiantei meu tempo para não atrazá-los.
Rápido entravam e saíam da casa correndo
e levavam as bolsas e brinquedos para o carro.


Eu já estava pronta e muito alegre,
permaneci no saguão a esperá-los.
Quando me dei conta eles já tinham partido e o auto desapareceu
envolto em algazarra,compreendí que eu não estava convidada,
talvez porque não coubesse no carro...


...Ou porque meus passos tão lentos impediriam que todos os demais
caminhassem a seu gosto pelo bosque.
Senti claro como meu coração se encolheue a minha face ficou tremendo
como quando a gente tem que engolir a vontade de chorar.


Eu os entendo,eles vivem o mundo deles.
Ríem, gritam,sonham, choram,se abraçam, se beijam.
E eu,já nem sinto mais o gosto de um beijo.
Antes beijava os pequeninos,era um prazer enorme
tê-los em meus braços,como se fossem meus.


Sentía sua pele tenrinha e sua respiração doce bem perto de mim.
A vida nova me produzia um alento e até me dava vontade
de cantar canções que nunca acreditara me lembrar.

Porém um dia minha neta Laura, que acabava de ter um bebê
disse que não era bom que os anciãos beijassem aos bebês,
por questões de saúde...

Desde então já não me aproximo deles,
não quero lhes passar algo mal por minhas imprudências.
Tenho tanto medo de contagiá-los !
Eu os bendigo a todos e lhes perdôo, porque...

“Que culpa tem os pobres de que eu me tenha tornado
i n v i s í v e l ?”





Texto contido em PPS adaptado e produzido pela Helsan Produções

Texto Original- "El dia que me volvi invisible"
autora-Silvia Castillejon Peral
Cidade do México-2002

Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia, mas posso ser solidão. Tranquilidade e inconstância, pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono. Música alta e silêncio. Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser. Não me limito, não sou cruel comigo! Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer… Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato. Ou toca, ou não toca.