Coleção pessoal de dohrds

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Ah! Como é bom
estar inundado
de um amor tão calmo,
que na ânsia de nossos beijos,
une, aproxima, torna somente um,
esses nossos lábios.
Ah! Esse manjar dos deuses,
abre- me os olhos para a vida,
o quanto me desperdicei em dores,
em tristeza, em lágrimas sofridas.

Gota a gota
nosso amor vai se construindo.
Sei que te amo,
principalmente,
quando graciosamente
vejo seu rosto me sorrindo.
Mas, quando vai se permitir
abrir os olhos para o amor?

As páginas vão se escrevendo
com os espinhos,
que outrora adornava aquela flor,
mas que agora fere meu coração,
transformando em sangue
o que a ampulheta do tempo
poderia transformar em paixão...

Seus olhos; Doce boca

As janelas suspensas em sua face
Mais parecem duas sombras
Que me invadem.
Não sei realmente se posso confiar,
Porém seus beijos
Depõem o contrario,
Dizem que seu corpo
É um mar de sensações
No qual posso me perder
E mais ainda,
No qual posso me afogar.

Seus gestos calmos e sutis
Fazem- me querer a ressaca
Do mar que saem dos seus olhos,
Mas quem é que vai me garantir
Que de tão bela moça
As mentiras não sejam o veneno
Que sempre saem nas palavras
Proferidas por sua deliciosa boca.

Ah! Cigana oblíqua e dissimulada,
Se Bentinho te rejeitas
Venha, deixe de lado os ciúmes
E me faça também querer tê- la
Pois da infâmia que te acusam
Nem mesmo a virgem Madalena
Pode se livrar,
Tamanha é a calúnia...

" Ecce Homo. ' Eis o homem', pois. Os príncipes dos sacerdotes e os ministros gritaram ' Crucifica- o! Crucifica- o!', outros transformaram- no naquilo que ele jamais quis ser, o fundador de uma religião. Lavar as mãos diante dele, ninguém jamais lavou..."

Algemas da realidade

Ouço um grito.
Grito que urge por mudanças.
Uma venda que os olhos enegrecem
Impede de ver a realidade e,
Por isso, aceitamos o que acontece.
Por sermos apenas crianças,
Socializadas, impostas em padrões,
De sua própria ignorância.

Afinal, que cor cinzenta é essa,
Que reveste nosso caráter?
Entre pretos e brancos,
Somos cinza,
Reflexo da opinião de outrem,
Consenso que do que seduz e alucina,
Desestimula o censo crítico,
Promessa de mundo utópico,
Formatos que a sociedade impõe
E o controle ensina.

Imersos numa bolha,
Que ora embaça nossa visão,
Comodamente aceitamos
O doce alimento da alienação,
De nosso tão estúpido engano,
Por sermos assim: instintivos,
Agressivos, acomodados,
Humanos, demasiado humanos...

"Por muito andar, sem um caminho a seguir, a vida deixarei e mesmo meus dias, em seu constante fluir, fenecerão, sem amor, sem paz, sem vida, diante de muitos nãos, nãos, nãos..."

Soberana, amada, profana...
Inebriante são seus lábios,
farto- me com a volúpia
de seu corpo,
beijo dois rios inteiros
que nascem na beleza
de seu delicado rosto.

Amor tão pueril,
maior não há,
pois na inconstância
dos dias,
no frenesi
de incontáveis problemas
o mar me desperta
assim tão calmo,
nos versos deste poema.

Peço aos céus
que abençoem
esta união.
A terra, que testemunhe
o vagar de dois corpos,
dois amantes,
dois irmãos...
A morte que impeça,
que a inexistência da vida
finde o amor,
tão grande amor,
chama de nossa paixão...

As pessoas comuns enxergam somente sombras. Eu prefiro me iludir em acreditar que ainda há luz...

"No florescer da idade púbere, não há inocência aparente que disfarce a malícia. Esta, como uma cadela faminta, devora e corrompe a alma"

Aquele que lê acrescenta a si não somente mais informação, mas mundos inteiros, que silenciosamente estão no universo das páginas de um livro...

Pensamentos...
memórias póstumas de momentos
que a saudade não trará mais.

Percorro meus delírios,
afinal, o que houve?
Não sei se tudo foi
só um sonho ruim,
ou se a simples necessidade
de ter você aqui
nos distanciou ainda mais.

Amar sem medida
é a desgraça dos enamorados.
Embriagam-se com um amor,
tão incontrolável,
que é fácil dizer que estão
apaixonados.

Escravizam-se por migalhas,
resquício de um sentimento
tão profano
que dizer que é amor
é o mesmo que dizer
que foi engano.

Pois, dizer que tudo foi paixão,
já que de algo tão repentino
percebemos nossa pequenez,
o quanto somos somente
seres humanos...

O sertão e o meu corpo

Caminho, sem pressa,
Por uma, longa e tortuosa, estrada.
Meus pés já não suportam a dor,
Os cortes, os calos,
Pois a terra é firme
E meus pés, fracos,
Não resistem a tamanho impacto.

Terra seca, empoeirada,
Vegetação arbustiva,
Árvores espinhentas, sem vida,
Sem água, sem nada,
Mas que apesar da triste arquitetura,
Conserva rústica beleza,
Traz sentimento de compaixão,
Cansaço e ao mesmo tempo, ternura.

De repente as nuvens amontoam- se,
Despejando sobre a terra seca,
Gotas frias, figura grotesca,
Gélida, sombria.
Cada gota açoita minha pele,
São chicotes impiedosos
Que marcas tão profundas,
Hematomas causam à minha pele,
Já que de um ambiente tão seco,
Água tão aguda,
Relva, grama, vida, nada cresce.
Portanto, aos poucos, as escassas flores
Que a fina chuva cresceu,
Vão morrendo, desgastando, fenecendo...

Que não seja pelo tom de pele,
os bens que possui,
que não seja pela cor dos olhos,
o ar do qual usufrui,
que não seja pelo que esta extrínseco...

Um homem deve ser avaliado
por seu caráter.

Os dias vem sem demora,
vão- se os meses, os anos,
as minhas horas.
Vão- se os risos, os lamentos,
os prejuízos,
vão- se as dores, os amores,
as ilusões,
o tempo de agora.

Vai- se o sofrimento,
o tormento.
Vai- se tudo, até mesmo a vida,
pois finita, breve
e contida,
dá lugar a uma eternidade,
na qual a saudade
é a melhor sorte.

Foi- se tudo,
agora vem a morte.

Reverência aos idealizadores

A noite embala aos homens com sua essência do sono.
Fazem- nos esquecer suas angústias,
seus temores,
ou mesmo que são humanos,
fornecendo uma realidade ilimitada,
onde o que reina é a fantasia,
as mais belas composições de tão doces melodias,
na qual a realidade mais palpável é sonhar,
mais até mesmo que amar.

O dia embriaga aos sentidos,
assimila todos numa forma,
padrões desnudos de beleza,
e por mais que um ao outro se assemelha
o ego desperta do medo de não se sentir único,
individual para si mesmo,
e ruge com feroz estridência
nas mentes dos homens que se alienam
e se tornam vítimas
de sua própria demência.

Invariavelmente, um ou outro se perdem,
nos labirintos de sua mente
e se desprendem
dessa corrente chamada humanidade.
Tais indivíduos são loucos ?
mesmo irrelevantes,
grãos de areia perdidos, mesmo poucos,
estes fazem a diferença,
da notoriedade se vestem
e após a morte se divertem com tão grande afamação,
pois se durante a vida eram loucos,
no pós morte definiram os padrões
que sistematicamente movimentam nossa nação.

Face a Face

Debaixo daquela chuva,
ouvi trovões, vi relâmpagos,
que me apagaram os sentidos.
Mesmo lamentando as dores,
sorrindo da situação,
esse circo de horrores,
não pude prever os prejuízos.
Infelizmente a vida é assim,
um arranjo de trapaças,
que na inconsciência de cada ato
promove um turbilhão de desgraças,
mas que usando a casual máscara da indiferença
recusa as desavenças de cada instante ou jornada.

Em cada essência há um perfume
que despertam imensuráveis lembranças,
as alegres tardes de verão,
ensolaradas fantasias,
felicidades, minha ilusão.
Pois a chuva que cai agora
e açoita aos transeuntes
me desperta para o meu real eu,
simplesmente o breu
que enegrece o meu mundo,
mas do qual não posso me livrar
por estar só e
da candura encontrar- me desnudo.

Medo de viver

O luar prateado aos poucos vai enegrecendo,
motivado pelos tormentos,
os lamentos,
da ilusão que é amar.

As estrelas,
cintilantes testemunhos,
acrescentam a seu modo,
tão grande infortúnio
que lentamente ofusca
a intensidade desse mesmo amar.

As nuvens,
impiedosas,
testam os limites,
impõem barreiras
e testam até mesmo
as fraquezas do que é se apaixonar.

O corpo,
destinado a morte,
já não vê no fim do túnel,
nenhuma luz que lhe reserve sorte,
por isso o alvorecer
que nova vida traz,
representa a frustração
do que é para vida acordar.

Escutem fiéis,
não deixem de agir,
pois o Deus onipotente e opressor,
no qual vocês creem cegamente,
não dá vasão a um Deus humano,
terno, bondoso
e que em tudo delega seu amor.

Como ovelhas,
seguindo seu rebanho,
deixam- se nesse pasto alimentar,
perdendo o instinto humano,
sem questionar, sem sensatez,
vivendo por comodismo
nesse constante engano.

À Igreja vão
sob o pretexto da salvação,
mas não hesitam o outro em criticar,
deliberadamente agir,
pois podem simplesmente o perdão pedir
e perdoado serão.

Há um livre arbítrio disfarçado,
se crermos em tudo
estaremos condicionados
a eterna estadia no paraíso,
porém quem critica,
ao inferno visita
e lá, pagando por seus pecados,
por toda eternidade fica...

Meu tempo

Acordo, esfrego os olhos,
miro o espelho e percebo,
que aquele ser sou eu.
Como se foram os meses, os dias, os anos,
minha existência,
e aquela criança cresceu;
ontem mesmo, segundo muitos,
trocavam- me as primeiras fraudas;
hoje, inspirado pelo futuro,
me encontro inseguro,
sem saber realmente se esse tempo é meu.
O tempo passou tão depressa que mal pude acompanhar,
as tardes se foram, em festas,
e nem pude no frescor da mocidade me refrescar.
Passaram- se os bons anos.
Sou realmente um adulto, um jovem,
um adolescente, um velho, uma criança,
um ser humano.
Nem tudo esta perdido,
ainda tenho o resto da vida
para nas águas do destino mergulhar,
mas não queria ter perdido meu tempo
esse tempo tão precioso, amor tão valioso,
que é fazer dos ventos,
meu lar.
Realmente não sei,
mas a vida deu um salto,
e agora me encontro, de sobressalto
sem amigos, sem destino,
sem nada,
sem mesmo saber o que é amar.

À margem de mim

Ao longo do oceano,
azul de desencantos,
vou aos poucos, sem pressa,
velejando.
As águas turvas,
os dias claros,
a nostalgia,
tudo,
vem em torrentes impiedosas
e me lavam a alma,
lavam minha mente,
transformam meus dias.

Sei que tudo isso
aos poucos vai passando,
mas viver de afetos,
amizades sorrateiras,
nada disso importa à hora fúnebre,
pois iguala aos homens,
ao mesmo destino,
às mesmas tardes lúgubres.

Percorro esse caminho sem sentido,
não sei mais quem sou,
não tenho mais amor,
sou partícula desprendida,
que depois de viver a vida,
aguarda a despedida da dor.
Não sei de nada, realmente,
só sei que de muito procurar,
nos labirintos que compõe essa mente,
perdido fiquei,
na individualidade,
no descontente...

Recordação... Recordação...
Traz à memória boas lembranças,
Daquele nosso tempo adolescente,
Eternas crianças,
Mas que por descuido da vida
Separaram-se,
ainda que a amizade não tenha sido em vão.

Recordação... Recordação...
Que o tempo não volta mais,
Que o tempo, impiedoso,
Deixou para trás,
Que os dias suplicam,
Só por mais um até breve,
Um adeus, momentâneo,
Que talvez nunca aconteça mais.

Recordação... Recordação...
Não sei se é sinônimo de nostalgia
Ou desse sentimento que agora
E mesmo outrora
Assaltou meu coração.
Simplesmente, recordação... recordação...
Me faz perder o juízo,
O sentido,
A razão.