Coleção pessoal de dohrds

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Envelhecem as estações e as pessoas,
mas as lembranças conservam
as mesmas faces do que se foi.

Uma criança, um adolescente,
uma amizade inconsequente,
uma outra vida que já não é minha,
um outro tempo, com outros dias,
com outros rostos
e que já passou...

O humor é o que há de melhor,
pois estando a sós
a vida não tem a mesma graça...

Tudo vale a pena
se a dor não for pequena,
se o vício que envenena
e a alma aliena,
o corpo e a mente alimenta.

Tem dias na vida da gente
que a gente nem sente que viveu...

Os segundos,
contados minuto a minuto,
com o tempo,
revelam as horas.

Uma porção de palavras,
mal lavradas
e sem métrica
formam uma festa
de significados no papel,
pois rimar céu com mel
é muito fácil,
mas fazer um desabafo
dispensa até mesmo
a lua sem véu!!!

Guerra e paz

As vozes da guerra sufocam
as súplicas de amor
dum coração tão machucado
em plena mocidade.

De nada adiantam as preces
pois os canhões rugem nervosos
nos campos e nas batalhas.

A ponte que levava a uma nova esperança
se incendeia com a morte
da compaixão e, as feridas,
tão expostas,
esvaem as emoções
nas poças de sangue.

Ideais são capazes
de movimentar exércitos
inteiros,
sedentos pela perspectiva
da vitória.

Numa guerra ninguém é gente,
nem sente pena dos outros.

Só peço, meu Deus,
uma gota de chuva que seja,
que lave as trincheiras,
esvazie os campos
e nos traga paz.

O despertar dos cantos das aves
anuncia o nascer do sol,
que irradia luzes e vozes,
que acorda todas as frases ocultas
em oração.

Tudo esse sol ilumina e,
por mais que seja tardia
sua presença,
a ausência não permitiria
admirar a beleza dos seus traços
e seu canto de rouxinol.

A paz surge em dias como esses.
Mas, a mente acostumada ao dissabor
a beleza do amor logo esquece...

Rostos e passos
sem rotas.
Portas sem trancas.
Pessoas
tantas,
que vejo andar.
Contínuo caminhar
pela vida.
Mas saiba
que tudo se
reduz a pó.

Uma gargalhada zombeteira
ecoa no silêncio da escuridão
dos pensamentos.
Tormente incessante
na distração
dos próprios preconceitos.
Dos preceitos da cordialidade
e da mutualidade do respeito,
alguns colheram a galhardia
e a arrogância trapaceira.
Mas que não se enganem.
Ninguém pode ser maior
que a pequenez
do seu próprio egoísmo...

Liberdade... Se fosse só utopia não traria tanta inspiração e opinião, para todo mundo e de todo mundo, todo dia.
Seu brilho incessante, denuncia sua existência.
Mas, a corrente da arrogância e o fino véu da hipocrisia não deixa a humanidade descobrir o doce aroma que reveste sua sombra, essa sua essência, que lamentavelmente, já chega tardia...

Tudo que é bom
acaba fenecendo
um dia.
A felicidade,
a alegria da mocidade.
O encanto adolescente
com a vida...
As rugas,
surgidas com
o passar das décadas,
bem sabem...
O tempo é tão efêmero
que nem dos meus risos
de pequeno me lembro.
E tudo passa.
E nada fica.
Só a certeza constante
de que um dia
tudo que é bom
acaba.

Tempo,
peço um pouco de calma,
pois mesmo que você acabe
a vida está aí a me chamar.
E ainda que tudo feneça
jamais se esqueça
que mesmo a areia
da praia
precisa da água do mar.

Miséria social,
não são os
pés descalços
que carregam...

Valores corruptos
e corruptíveis...

Degradação moral.

Cada geração
comporta
a própria
elegância
que a essência
da vida
não previa...

E cada pessoa
traz em si
a semente
que germina
e culmina
nos frutos
do mal...

A cada verso
envelheço um pouco
e mais.
A sabedoria da adolescência
não tem a mesma essência
que a idade
e os cabelos brancos,
o conhecimento
e o encanto
que a velhice
e sua experiência
sempre traz...

Um pouco de liberdade até que cairia bem

Um pouco de liberdade
pra pensar,
a mente quer sair por ai
e colonizar os textos
das paisagens
que os olhos
banalizam.
Um pouco de liberdade
pra rezar,
Deus do céu
sei que peço muito,
mas conceda- me esse pedido
e mais.
Um pouco de liberdade
para ser feliz,
já que a rotina
angustiante
"enforma"
todos
na fila
da gorjeta laboral.
Pois os grilhões
das convenções
que a sociedade
nos diz,
não tem a chave
que liberta
para uma nova
utopia social...

Vida no campo.
Acalma os prantos
pois o mato verde
é um conforto para os pés.
Seu céu azul,
imaculado pela urbe,
me traz tanta paz...
O cheiro de terra
e de gado
não trazem
o mesmo fardo
e o suor
das filas das fábricas.
Mas andam te destruindo.
A natureza civilizada
nada pode,
ante a força e o
barbarismo do homem.
Para que destruir
o último recanto
do paraíso terrestre?
Para que desmatar
o verde desse nosso
agreste?
Nesse chão cinzento
me engano de humanidade,
mas lá
eu sou,
de verdade,
gente.

Faça frio ou faça sol

Paixão,
como uma dose de loucura,
destemida e sem razão,
corrompe a sanidade.
A vaidade,
sua serva mais fiel,
assevera
e aconselha
o que fazer
quando aperta
o coração
um pouco,
que seja,
de saudade.

Nada conforta.
O desejo
alucinante,
que beira
a ternura,
se veste
de ilusão.
Ou,
o berço da luxúria
faz frio ou faz pinturas
num quadro
de verão.

Os versos
não faltam.
nem falham
ante a intensidade
dessa dor.
Mas peço
que não confunda
que no fundo
de toda essa tortura,
pode nascer
de um instante
a súplica
do amor.

Crianças vendem bala no farol.
O garoto engomadinho
passa dentro do seu carro
e nem enxerga o sinal.
Seu pai na direção,
está atrasado
para mais uma reunião
da presidência.
Sua empresa,
fatura milhões.
Mas uns poucos trocados
para aquelas crianças carentes,
ele não pode dar.
E pensar
que esses poucos trocados
seria o próximo jantar
de uma família...

No sertão urbano
mais uma criança chora
de fome,
que já perdura
por uma semana.

A sociedade
segue indiferente.
Silêncio das
horas mais
agudas da noite.
A desigualdade
faz vítimas inocentes.

A periferia
alimenta
rostos sem formas,
gentes sem nome.
Mas outras crianças,
gulosas e
inconscientes
se empanturram
descontraidamente.

A alegria
burguesa
contrasta
com a tristeza
dos olhos cinzentos
e das bocas sem vozes
da vizinhança.

O choro desperta
o condomínio.
Nasceu mais um João
que ninguém esperava.
Mais um no meio
dessa multidão,
que calada,
ordinariamente
vive.
Mais um
sem esperança.