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⁠Texto por Débora Ildêncio
Publicado no livro: 50 anos Escola Estadual Assis da Chagas| 2016 pg. 78

O ano de 1994 não foi o mesmo!
Lembro de minha ansiedade quando chegou o dia de conhecer a tão sonhada escola. Uma sensação inefável que misturava a expectativa e a curiosidade de conhecer aquele famoso lugar. A blusa nova repleta de quadradinhos simétricos e equidistantes de cor azul e branca e o sol impresso no bolso do lado esquerdo escrito. “E.E. Assis das Chagas”, mostrava que para conhecer aquele local precisávamos de uma roupa especial que era completada com uma bela saia azul-marinho bem engomada! O cabelo bem penteado, meia branca, tênis novo e a pasta maleta na mão completavam o traje necessário para adentrar por aquela porta imensa que me esperava.
Lembro de chegar naquele imenso espaço e ficar extasiada ao ver tantas salas, carteiras e o quadro “negro”, um sentimento de surpresa que era compartilhado com outras crianças da mesma idade. De repente ouvimos uma voz nos chamar para o pátio e após montarmos a fila era hora de ir para sala.
Uma moça de sorriso fácil e bastante empolgada nos conduziu até uma das salas e após perguntar o nome de cada um da turma, se apresentou dizendo alegremente: - Eu sou a Lilia, mas podem me chamar de Tia Lilia!
A partir daquele primeiro encontro, sabia que os meus dias nunca mais seriam iguais!
Com sua voz doce Tia Lilia nos embalava com suas canções, músicas que nos acalmava e outras que nos faziam dançar. Tudo era divertido e aos poucos íamos descobrindo o mundo. As folhas também começavam a fazer parte do aprendizado! Lembro-me dos pontilhados tão bem desenhados que vinham acompanhados do inesquecível cheiro do mimeografo. Naquelas folhas tudo tomava forma, e a cada traço do lápis uma nova imagem surgia, formando curvas e criando um caminho de uma estrada do conhecimento que jamais teria fim! Aos poucos as letras iam surgindo e formavam palavras que a cada momento faziam ainda mais sentido.
Algumas letras bem elaboradas como o “H” eram difíceis de escrever e pacientemente ela pegava em minha mão e fazia com que tudo parecesse fácil!
A aula era tão legal que não entendia qual a necessidade do descanso nos finais de semana! Incansavelmente minha mãe tentava explicar, mas não adiantava, pois, a vontade de aprender e de estar com a Tia Lilia, fazia que o sábado e o domingo parecessem uma eternidade. A cada dia uma nova descoberta e assim vieram os teatros, as apresentações, os poemas de Cecília Meireles e a cada dia aprendíamos mais!
Ao fim do ano estávamos prontos para a nossa primeira formatura! Isso mesmo! FORMATURA! Já sabíamos ler e assinávamos com total propriedade o nosso nome! Em nosso juramento dizemos em alto e bom som: - Prometo honrar meus pais e minha professora.... E dali em diante continuamos cada um a escrever sua própria história sem ter noção do quão importante seria essa professora em nossas vidas!
Todos os outros aprendizados que vieram depois só foram possíveis porque alguém nos alfabetizou. Não haveria uma formação se não houvesse sua dedicação!
As palavras que hoje faço canção, só foram possíveis pelo seu apoio e por segurar na minha mão quando precisei. Ela permitiu que os sinais deixassem de ser apenas desenhos e passassem a ser a forma de comunicação! Em qualquer palco que eu esteja ela sempre estará comigo! Obrigada Tia Lilia!

⁠Foi na areia da praia que te vi passar
Eu estava na orla olhando o vento te levar

⁠Preto são os seus olhos a cor que eu gosto tanto assim

⁠Os remédios curam o corpo, a música cura a alma

⁠Deixa eu cantar pra Mangueira
Deixa o meu bloco passar
Eu tenho um novo amor e ele quer desfilar

⁠Vem do Recife, lá dos meios dos corais
De Madalena, de onde vem meus ancestrais
Você chegou de repente, até o Cristo abraçou
Não tem jeito eu vou ser o seu amor

⁠Desde que te conheci
Passei a gostar de você
Mesmo sem querer
Mesmo sem sentir
Comecei a viver

⁠Eu vou varar madrugada
Só pra compor pra você
Ensaiar a batucada
Pra ver o meu bloco passar
Pra ver minha escola desfilar
Só pra ver você sambar

⁠O porta-retrato, a decoração
Pedaços de uma história, emendo tudo
Então relembro o passado achando sua face
Pedindo pro futuro que tudo passe

⁠Como é doce gostar de você, como eu queria te ter
Eu olho com ciumes pro sol que abraça você

⁠Não vou esperar
Você se resolver
O tempo não vai parar
E você vai ouvir
Noticias sobre mim

⁠Me deseje sorte
Me deseje paz
Cuidado com a veracidade dos fatos
Pra não queixar o que receber
Nem lamentar o que ficou pra trás

⁠O tempo passou onde você deve estar agora
O tempo passou e fatalmente tudo mudou
Será que você ainda lembra de alguma história?
Ou tudo só ficou na minha memória?

Vem viver, uma linda história de amor
Que um dia Deus planejou
No encontro do primeiro olhar
A certeza que é você quem quero pra sempre estar

⁠Abra a janela, venha ver o sol se pôr
E a mais linda flor que eu vi

⁠Tenho em você
Tudo que um dia sonhei
Seguro me achei
Quando firme em suas mãos segurei

⁠És a minha canção
A minha melhor versão
Metade que faltava
Resposta que eu sempre quis

⁠Deixe que o tempo se encarregue do restante
E coloque tudo no lugar
Já é tarde quero descansar agora
Esquecer o que passou e dormir
Outro dia vai chegar!