Coleção pessoal de Davi-Roballo
O exílio mais árduo não é o da terra natal, mas o de si mesmo — quando a alma se esquece do caminho de volta ao coração.
A paz verdadeira não é a ausência de conflito, mas o repouso do espírito no meio do caos — como a flor que floresce sobre a pedra.
Os deuses que não caminham conosco, nos desertos e nas noites sem resposta, são apenas ídolos do conforto.
Odiamos no outro a parte de nós que, por vergonha ou fraqueza, negamos; como se, ao reconhecê-la fora de nós, nos víssemos espoliados daquilo que um dia foi nossa substância mais verdadeira.
A solidão é o único deserto capaz de restaurar, aquele que, longe de ser uma condenação, se apresenta como um espaço sagrado de reinvenção.
O tempo não passa: somos nós que nos esvaímos por entre os dedos do instante, como areia que nunca consentiu ser castelo.
A solidão não é ausência de companhia: é a superabundância de um eu que já não cabe no próprio peito.
Ser livre é arcar com a culpa de cada escolha, mesmo quando o universo inteiro se cala diante da nossa queda.
A fé é a loucura mais íntima: uma aposta silenciosa de que o abismo guarda, no fundo, um berço e não apenas a queda.
O verdadeiro silêncio não é a ausência de som, mas a presença devastadora de tudo aquilo que jamais ousamos dizer.
Eu jamais critico ou sou duro com um fanático; apenas escuto, pois o fanatismo, muitas vezes, é a única coisa capaz de se fixar na mente de algumas pessoas — e isso é tudo o que elas possuem.
A história não é uma linha reta, nem sequer uma espiral — é uma doença que se alastra pelas frestas da consciência.