Coleção pessoal de Davi-Roballo

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⁠A depressão é o luto por um tempo que já não nos pertence mais.

⁠A solidão é o único deserto capaz de restaurar, aquele que, longe de ser uma condenação, se apresenta como um espaço sagrado de reinvenção.

⁠O tempo não passa: somos nós que nos esvaímos por entre os dedos do instante, como areia que nunca consentiu ser castelo.

⁠Morrer não é deixar de ser: é ser para sempre o que já se começou a perder em vida.

A memória é a casa em ruínas onde voltamos para habitar dores que já não nos reconhecem.

⁠A solidão não é ausência de companhia: é a superabundância de um eu que já não cabe no próprio peito.

Ser livre é arcar com a culpa de cada escolha, mesmo quando o universo inteiro se cala diante da nossa queda.

⁠A angústia é a voz do futuro morrendo em nossas veias antes mesmo de ser sonhado.

A fé é a loucura mais íntima: uma aposta silenciosa de que o abismo guarda, no fundo, um berço e não apenas a queda.

⁠O verdadeiro silêncio não é a ausência de som, mas a presença devastadora de tudo aquilo que jamais ousamos dizer.

⁠Toda queda é um regresso ao princípio: antes de sonharmos voar, já éramos pó.

⁠Iludimo-nos chamando de paz a guerra que apenas repousa em sono profundo.


Eu jamais critico ou sou duro com um fanático; apenas escuto, pois o fanatismo, muitas vezes, é a única coisa capaz de se fixar na mente de algumas pessoas — e isso é tudo o que elas possuem.

⁠A história não é uma linha reta, nem sequer uma espiral — é uma doença que se alastra pelas frestas da consciência.

A morte não vem buscar o corpo — vem libertar o que o corpo escondeu.

⁠A alma desce ao corpo como um viajante a um porto estranho, sem mapa nem idioma. Viver é decifrar esse enigma com os olhos fechados.

⁠Entre nascer e morrer, há a travessia — e cada travessia é um templo feito de escolhas e perdas.

⁠Nascer é ser lançado ao deserto da vida. Viver é aprender a ouvir o vento que embala a dança do viver. Morrer é tornar-se o próprio vento.


Morrer não é o fim: é apenas o regresso ao silêncio, com as pegadas do mundo ainda gravadas na alma.

⁠A vida não é uma linha entre dois pontos, mas um círculo que se fecha quando o espírito compreende o porquê do primeiro passo.