Coleção pessoal de Davi-Roballo
A solidão é o único deserto capaz de restaurar, aquele que, longe de ser uma condenação, se apresenta como um espaço sagrado de reinvenção.
O tempo não passa: somos nós que nos esvaímos por entre os dedos do instante, como areia que nunca consentiu ser castelo.
A solidão não é ausência de companhia: é a superabundância de um eu que já não cabe no próprio peito.
Ser livre é arcar com a culpa de cada escolha, mesmo quando o universo inteiro se cala diante da nossa queda.
A fé é a loucura mais íntima: uma aposta silenciosa de que o abismo guarda, no fundo, um berço e não apenas a queda.
O verdadeiro silêncio não é a ausência de som, mas a presença devastadora de tudo aquilo que jamais ousamos dizer.
Eu jamais critico ou sou duro com um fanático; apenas escuto, pois o fanatismo, muitas vezes, é a única coisa capaz de se fixar na mente de algumas pessoas — e isso é tudo o que elas possuem.
A história não é uma linha reta, nem sequer uma espiral — é uma doença que se alastra pelas frestas da consciência.
A alma desce ao corpo como um viajante a um porto estranho, sem mapa nem idioma. Viver é decifrar esse enigma com os olhos fechados.
Nascer é ser lançado ao deserto da vida. Viver é aprender a ouvir o vento que embala a dança do viver. Morrer é tornar-se o próprio vento.
Morrer não é o fim: é apenas o regresso ao silêncio, com as pegadas do mundo ainda gravadas na alma.
A vida não é uma linha entre dois pontos, mas um círculo que se fecha quando o espírito compreende o porquê do primeiro passo.