Coleção pessoal de danielmmoreira

Encontrados 7 pensamentos na coleção de danielmmoreira

A um passo

Era um abismo, um precipício
Na escuridão de uma falsa certeza
Eu andava contra o vento
Devagar, a vagar e vagar...

Sem nada pra falar e ninguém pra ouvir
Aquele silêncio estridente ecoava
E se propagava numa noite sem a lua
E sem estrelas pra contar

Eu quase não era, já não tinha
O que sabia não era de grande valia
Então parei, respirei fundo, me concentrei...

E depois de alguns instantes
Resolvi ficar!

Reticências

É tão belo esse instante entre parênteses
Os segundos que voam calados
Nenhuma vírgula ou senão

É tão único esse momento
Que descreve tão bem esse sentimento
Com dois pontos, nova linha e travessão

É tão raro esse delírio mútuo
Essa loucura contida que escapa
Esse demorado ponto de exclamação!!!

Mesmo que venham as interrogações no futuro
Que os adjetivos mudem, o verbo, enfim
Haverá sempre reticências em nossa história...

Jamais um fim.

Caia

Um verso nu
Sem roupa ou juízo
Tatuado na beleza
Como a própria natureza
Estampado no improviso

Um verso simples
Despido, inacabado
Estado bruto no papel
A um centímetro do céu
Esperando ser lapidado

Um verso leve
Que voa como o teu vestido
Tomara que caia
Tomara que saia
Tomara que perca o sentido.

No bar

Não temo o futuro
Nem lembro ao menos
O que passou a fazer parte de mim
Depois de ti

[ilusão

O passado ficou preso no tempo
Consumido pelas agulhas
Que tratam das feridas esquecidas
Sem curar

[consequência

Um gole no presente
Da embriaguês ao sofrimento
É possível que eu jamais te esqueça
É possível que eu jamais consiga
Deixar de morrer neste bar

Tudo o que quero agora
Vendo esse relógio empilhado de horas
É encontrar um pouco de tempo
Pra nós dois.

Tua boca

Quem sabe andamos de mãos dadas
Pela casa
Dançamos na sala
Trocamos olhares de perto
Tão perto

Tão louco

Quem me dera
O teu fogo em labaredas
Queimando a ponta dos dedos
Enquanto arde um desejo
Que logo vira poema

Incandescente

Quem sabe tu me lês alguns versos
Enquanto ouço apenas
Submerso ao encanto
A que me condenas
De ficar calado vendo o movimento suave

Da tua boca
Quem me dera...

Ausência

Um vôo noturno
Teus olhos de saturno
Circulam meu espaço

Boca de lua crescente
Sorrindo um pouco da gente
Sem pedir licença

Inocência
Meu inferno é o céu
O frio do inverno num pedaço de papel

Um poema...

Tua ausência.