VEG
desmato
a floresta
do prato
sono
é a gestação
na qual eu durmo
na madrugada
nasço
de parto prematuro
SEMENTE
às vezes
o silêncio
é como regador
ajuda bocas-mudas
se tornarem
beijos-flor
SEMBLANTE
essa queda
que tenho por ti
é como um vício
não vejo saída
tua imagem
carrega consigo
minha recaída
dança
caneta
no ritmo
da letra
INDIGESTÃO
há quem
come com os olhos
e digere com o intestino
que substitui o cérebro
pela boca
libera os dejetos
ÉPICO
num certo
momento
a noite
com o dia
duela
se o sol
vem com
o último
a primeira
amarela
SIGNOS
no campo dos signos
respeito a tua ótica astrológica
mas meu interesse
é astronomicamente maior
pela questão semiótica
direito
é de lei
direita
é delay
MATURIDADE
todos os dias
caio da cama
como um fruto
me descubro
mais maduro
LEGADO
antes que
a vida
me escape
escrevo
faço meu
backup
FINDO
juras de um
amor eterno.
mais uma vez,
tão efêmero
quanto o número 0.
FRIEZA
há muito
sangue azul
sendo bombeado
por corações
gelados
a linha do horizonte
que prende o céu à terra
é algo proposital
senão ele sairia voando
pelo espaço sideral
pode subir
pode descer
sem culpa
para sua
massagem
meu corpo
é passagem
de mão dupla
DITADURA
que o nosso povo
não mais passe fome
de se expressar
pela imposição
da censura
de um regime
militar
AQUARELA
o sol
a despertar
é hora de
a cor dar
a noite
é uma
criança
que brinca
no playground
cósmico
e durante
o dia
descança
FACEBOOK
sobre a tua reação:
no poema que te escrevi
também coloquei
meu coração