Coleção pessoal de DanielAvancini
Não digo o que penso
Digo o que sinto
E além disso, digo mais
Tudo bem não sentir
Tudo bem e só
No fim, tudo é só o começo
No fim, temos as respostas ou não
Respostas de perguntas que nem fizemos
Não fizemos por medo ou não
Medo do novo?
Do inevitável?
Ou do simples fato de estar vivo
Sem controle
Numa falsa liberdade que nos mantem vivos
Alimentando na nossa alma
Um mito da caverna
Cada um com o seu
Criando expectativas de um futuro que nem existe
Aliás, o que seria existir?
O que é viver?
É ser um repetidor de sinais?
Na verdade, nada é real
Nada é bom e nem ruim
Basta olhar de um novo angulo
Sobreviver é mais facil do que imagina-se
Aquela cadeira de balanço
Pra frente e para trás
Esse é seu destino
Sua finalidade
E sempre fará seu papel
Dar conforto aqueles que já se cansaram
Cansaram talvez do que nada fazem
Cansados de nada serem
Buscando o que não existe
Vivendo o inevitável
Uma vida de balanço
Balanço este que não enjoa
E nem para
E nem deve
Pois é sua função
Dar movimento aqueles que mesmo parados
Querem se mover
Movem-se no vazio
Na ilusão do simples ser
Contentam-se nisso
Numa vida de balanço
O mundo gira
E nada muda
A indiferença preenche
Lacunas que nem existem
As vezes lembro
O que era pra ser
E nada cooperou
Até que se torna claro
Que nada precisaria acontecer
Para que algo mudasse
Pois não ia
Por falta ou excesso de forças
Nao dá pra saber, sempre assim
A certeza da incerteza
O grito da criança muda
E olhar do cego
Resplandece
Sou a alma que emana a chama
Sou o corpo que ecoa o grito
De um ser que não suporta
O sentimento absorvido
Rasgo a alma, corto o laço
Pouco a pouco, me refaço
Extravaso de repente
O que de mim já não faz parte
Plantei uma flor que não pode florescer
Construí na minha mente
Terra fértil pra plantio
Impossível suportar a tempestade dentro do meu peito
A água e os ventos
Tudo destroem
Já está difícil segurar as raízes
Absorver o que é bom
Eu estou com medo
No jardim já tudo se desfez
O dia escurece a cada segundo
E com mais força
Tudo se repete
Vamos conseguir superar?
Essa catástrofe é natural
O sol tímido logo vai aparecer
Queimando as memórias remanescentes
E tudo
Quando você disse seu último adeus
Logo o sol parou de brilhar
Você pegou minha alma e a desprezou
Cansado de seus falsos alarmes
O meu mundo parou de girar
Você não é mais a mesma
Eu também não sou
Porque você me deixou?
E disse seu ultimo adeus
Você pode dizer o que quiser
Mas não é tão fácil assim
Quando tudo chega ao fim
Vemos o que realmente era
E tudo é muito frio
O sol parou de esquentar
E eu pensava
Que eu nunca ia te deixar
Te deixar escapar
Mas não somos mais os mesmos
Eu lembro de você e eu
Mas você tomou seu caminho
E meu caminho não é mais o seu
E então, você disse seu ultimo adeus
No calendário vejo
O dia está próximo
Eu digo aos céus
Obrigado
O cafune do destino
Me acalenta
Me encanta
Canta a alma
O desejo grita
Ínfimo raciocínio
Recupero a sensatez
E só
Aberto como um livro
Despido por completo
Andando no vazio
Vulnerável
Procurando em cada esquina
O pedaço que faltava
Falta?
A quem, o quê?
A mim?
O pôr do sol que traz lembrança
Renova então, a esperança
De um dia enxergar
A vida que não sei viver
Olhando a lua
Numa madrugada fria
Você diz nada sentir
Oh! Quanto desamor
Deixei de lado a razão
Deixo cair no esquecimento
Lavo meu corpo com águas límpidas
Fica nítido as cicatrizes
Dor já não existe
Tempo amigo, não me deixe
O sol já vai raiar
O céu deságua nos seus olhos
As estrelas descem até seu sorriso
Arrasto minhas mãos ao seu pescoço
E junto a ti, crio todo o universo
Dias bons, dias ruins
Passam todos
Estrela-cadente
Que passe logo
Os pedidos já foram feitos
Em vidro, guardo tudo
Transparente são os limites
Quebro e corto-me sem receio
Deixando por onde passo
Com viscoso sangue carmim
Manchas do que eu sou
Este é novo
O mais completo
Vem de dentro
Pensamento
Rasga a carne
Em versos
Deixando claro
O dizer da alma.
Num vil pensamento
O olhar é perdido
Descartando explicações
Construindo muralhas
Passos são desnecessários
E os caminhos são incertos
O tempo foi pouco,
Me encontrar nunca foi problema,
Eu quem vendava os olhos.
Sobre o agora? Tanto faz.
Tento ficar acordado.
Este é o último dos muitos pensamentos,
Mantive-os comigo e não me arrependo.
Deixo migalhas do meu eu.
Vou, porém volto!
Sou mais um brinquedo do destino,
Manual não há, nem nada.
A vida passa sem demora,
O vento leva sem dó a esperança,
De um futuro já esquecido.
Oh doce adeus,
Abrace aqueles que não pude.
Dê forças aos que a perderam.
Oh tempo frio, venha e faça morada.
O sol já não brilha e os brinquedos quebraram-se.
Destino Incerto
No dia em que meus olhos perderem o brilho,
Você poderá estar ao meu lado,
Porém, não estará comigo.
É assim que você quer?
Oh! Não era como imaginei.
Não era assim que acontecia nos meus sonhos.
Você ainda se lembra de tudo que eu disse?
Já nada mais importa, não é?
Quero forças pra seguir em frente.
Não vejo a luz.
Perdido nessa imensidão.
Grito para que me ouçam,
E percebo que mesmo calado, assim o faço.
Se essa é a sua vontade, um dia te verei feliz.
E nesse dia quero estar bem,
Te abraçar e me alegrar contigo,
Vendo o que seria meu futuro nas mãos de outro.
Meus sonhos não eram esses.
O que está acontecendo?
Sinto você aqui, mas não comigo.
Estou perdido no escuro.
Apareça, oh estrelas...
Guiem-me até o sol.
Oh! Tudo perdeu o brilho.
Não sei quem sou
Fraude de mim mesmo
Espaço vazio.
Tudo que eu quero
É não querer.
Não há escolha
Sacrifiquem-me!
Não sou imaculado
Mas de algo deva valer.
Não há culpados.
Conflitos internos.
Só tenho um pedido
Não tenham pena.
Estou aqui há muito tempo
Este é só mais um dia.
De volta a margem.
Degrau por degrau.
Cuidado com as quinas.
Você não é o culpado.
Pequeno Pássaro
Voe, Oh pássaro
Não há gaiolas
Liberte-se de si
Meu pequeno pássaro
Não existe volta
Talvez você nunca saiba
Mas veja por si próprio
E não voe sozinho
E se voar, voe alto
Bata as suas asas
Força, meu pequeno
Não perca-as no ar
Pule do ninho
Só depende de você
Sinta o vento em seu peito
Não há gaiolas
Cante, explore e viva
Talvez você nunca saiba
Apenas voe
Quieto
Em leito, sinto
Oh quão frio
Lobo só, sem matilha
Não tema
Está só!
Não reclame, diziam eles
Engula o choro!
Em leito, sentia
Já não mais
Mas, nada!
Frio sou
Não!
Tornei-me
Em leito, sentiria
Na pele
Seleção natural
Quantos lobos
Não entendo
Algo errado
Em leito, sinto
Coração, não mais
Odor pérfido
Não eram lobos
Abutres
Liberdade, enfim?
Imagine-me desnudo
De alma, de corpo
Vulnerável
A você entrego-me!
O cálice derramou
Manchou-me de vermelho vinho
Não há mais volta
Penetrou meus poros
Sinto correndo em minhas veias
Salva-me!
Corra até aqui
Oh meu amor
Encoste sua cabeça em meu peito
Sinta as batidas do meu coração
Meu hálito quente no seu ouvido
Ah, como eu te amo!
Meus dedos passeando pelos seus cabelos
Acaricio seu rosto admirado
Oh que anjo
Oh que anjo
Me enlaçou, criou raízes
Estão por todo lado
Deixe-me te regar