Coleção pessoal de brunocidadao

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⁠A imprescindibilidade das escolhas é um resumo da vida humana.

⁠Quem não investe em manutenção perde a segurança.

⁠A abundância da oferta nos faz confortáveis. É na escassez que se conhece todo o potencial ou a ausência dele.

⁠Todo conhecimento adquirido serve apenas a três tipos de uso: a prática (aplicação), o aperfeiçoamento (pesquisa) e o ensino (compartilhamento). Fora disso, o conhecimento é inútil.

⁠A bagagem intelectual não tem a ver com a quantidade de conhecimento que adentra ao intelecto, mas o quanto dele sai processado e útil, seja para o hoje ou para o amanhã.

⁠A razão de tanto excursões quanto incursões precisarem ser planejadas é que se não forem, faltará mantimento ao longo do caminho.

⁠Apenas as relações de confiança baseadas na transparência perduram após o ápice da convivência.

⁠A coerção pelo medo leva ao declínio da saúde emocional.

⁠Apenas "ser" diz respeito a si próprio. "Ter" e "fazer" diz respeito ao outro.

⁠O medo da perda nos conduz à perda.

⁠O reconhecimento da derrota não implica o fim da batalha.

⁠A mordomia das coisas terrenas outorgadas pelo Eterno nos estimula a reproduzir o mesmo comportamento em todas as nossas relações.

⁠Quem dorme com uma questão dolorida a ser resolvida não dorme.

PRA SER

⁠Olho pra janela
Paira o silêncio
A calma, as nuvens
Meu coração pulsa
Meus olhos se acalmam
Minha mente descansa
É onde quero estar
Pra ser
E voltar a ser
O melhor que posso
Dentro da imensidão
Da desgraça que sou
E das desgraças do mundo
Um abraço hoje solitário,
Amanhã seu.

⁠PREPOTÊNCIA

Ela foge de mim
tal como a lua
corre do sol.
Ela foge de meus
convites e se esquiva
como a escuridão corre da luz.
Ela foge mesmo se projetando,
foge mesmo se abrindo,
foge como se fosse louca,
mas mal sabe ela
que eu venero loucura.
Quanto mais ela foge,
mais me apego e...
me pego pensando
em nós dois.
No fundo mora um medo
em mim, deixo-o em segredo.
Nela, não sei, acho que ela
gosta de mim, talvez.
Ela é nova e talvez não viu
que comigo é mais fácil
embora bem pueril.

⁠TERAPIA

Ela me mandou
voltar à terapia
só porque um dia
se assustou com toda
a conversa que tinha.

O que ela não sabia
era o quão terapêutico
é, justamente, ter ela ali,
sempre, todo dia.

Ela me estressa às vezes
e isso é um bom sinal.
Ela me tira sorrisos
e me faz perder o juízo,
eis outro bom sinal.

Nessa coisa de tantos bons sinais
surge um não tão bom assim:
é hora de voltar à terapia
para tratar de mais uma paixão
que aqui dentro encontrou espaço,
mas nem folheada a outro
terá resposta positiva pra mim.

⁠CURRÍCULO

Num dos dias de nosso cursinho
- esse foi o nome carinhoso que ela deu -
passamos pelo meu currículo
e ela, então, se impressionou.

Ah, quão doce seria
se por currículos, meros currículos,
tivéssemos chances no amor.
Eu continuaria a estudar
e de tudo participaria
para me qualificar àquele bom amor.

Mas fico pensando:
se não vale para o amor,
é muito idiota, é tosco.
Mas no final desse exercício,
esqueço-me dessa incompreensão.
Sei, sim, que encontrarei
a rainha do meu coração.
Espero do currículo dela,
disponibilidade para amar
e para uma carreira crescente
de cogestão do nosso amor.

⁠ÁLCOOL

Ela bebia, tinha vida social,
muitas ligações, convites e opções.
Ela era progressista,
antirracista e feminista.
Por um segundo quase eterno
pairou um silêncio de espanto
assim que ela me perguntou
se eu havia bebido ou bebia.

Pra ela foi choque, talvez a sentença:
eu não tinha essa compatibilidade
e talvez pra ela fosse muito importante.
Não sei, mas sinto que as coisas mudaram
e eu gostaria de saber
em que parte eu tenho dificuldades
de aceitar que ela não me quer.

Talvez encontrando motivos
que nem sequer existem
ou encontrando valores que
nem ela declarou ter.
Será que o álcool nos separa?
Foi a pergunta que comecei a fazer.
É estranho, mas não deveria ser.

⁠SOBRE PAGAR

"Aqui se faz, aqui se paga"
dizem alguns e, nos últimos tempos,
também venho crendo nisso.
Não muito, pois sou existencialista,
mas o suficiente para achar
que todos os pisões que estou levando
na vida em geral e no amor
são resultados da dívida do passado,
de um comportamento nefasto,
negligente e abusador.
Quisera eu que isso cesse.
Sempre me pergunto:
quando vou me dar bem no amor?
Só quero paz, um abraço quente
e alguém pra sentir o calor.
Mas nessa imensidão da minha dívida
acho que há justiça no cobrar.
Pois em Cristo, meu Redentor,
eu todo posso suportar
e, melhor ainda,
ver o Amor me transformar.

⁠NOITE DE NATAL

Quando o barulho cessa,
o vazio existencial ecoa.
É no cerne do calabouço,
que é nossa mente,
que se processam as angústias,
mágoas, dores e dissabores.

Na noite de Natal,
geralmente abastecida
e com muitas cores,
sorrimos, abraçamos e comemos.
Mas depois de tudo,
o vazio se aprofunda.
Não há intrépida
adoração ou exaltação
que consiga parar
essa madrugada de reflexão.

É com quem você escolhe se deitar
que vai definir suas razões
para, então, continuar.