Coleção pessoal de carlolagos

Encontrados 8 pensamentos na coleção de carlolagos

anjos terríveis com as asas quebradas caíram em meu jardim
comeram todas as frutas
riram de você e de mim
cato as rugas em meu gélido rosto
minha solidão deitada na cama
como se fosse minha nova dama
sem honra
me deparo com cinzeiro quebrado, pia suja, meu espelho torto
face dissolvido pelo esgoto de tua ausência
decoro teu nome em todas as línguas
tecendo feridas de dezoito quilates
lembrando teu canto esquerdo do riso, meu iminente perigo;
o que mais é preciso?
é urgente o meu caso, chama o médico, o sanatório, o pai de Santo
desce todos os anjos sem cessar
são tão pungentes e insensíveis, meu bem
ficam tão risonhos do meu ilusório sonhar
que você ainda vem fazer do amor o nosso altar.

Carlo Lagos

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mamãe disse que você não conseguiu o emprego
sem desespero, por favor
hoje é sábado e o sol tá querendo sair
vista-se de bailarina, dance na primeira avenida;
chego a estar com a cor dos olhos mel de tanta poesia escrita
envolve dor e agonia
tem um pouco da distância entre nós, maldito dia a dia
despachei o armário velho da varanda, na cabia mais minhas esperanças
nem conseguia mais conversar com ele até querer dormir
ai de mim, ai de ti, se Teresópolis não fosse logo ali
a serra, em breve, vou subir
Dezembro tá logo aí, né? gente aguçada pelas festa de fim de ano
eu somente pensando em como vou presentear minha melhor sagitariana
por amor ao teu companheirismo, sempre suspeito
teu nome, de qualquer jeito
meu melhor esconderijo.

Carlo Lagos

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te olho por de trás da janela
de frente para você
não me vê;
tem medo?
minha mente ainda é muito perigosa
tem sido impossível não pensar em tua voz, venenosa como chuva no fim da tarde
se eu seguisse teus passos, você ficaria?
me perdi tanto em teus sentidos incertos que hoje abrigo meu pior deserto
com quem você tem se deitado, menina?
quero você mais perto.
você é minha memória intocável
tenho treinado um discurso para os aviões sobre a minha cabeça
inconsolável
como pedra sem sombra
mergulho em teu mar, sem onda
sentindo tua casa sem porta, com sala estreita
tua vida é fétida e morta
habitando um corpo doente
vivo figurando em teu passado indecente!

Carlo Lagos

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Deus é uma piada e o Diabo a gargalhada.

a mãe de santo disse que para o ano que vem tudo se ajeita. me recomendou banhos e desejos.
ah, minha menina, ela viu o quanto preciso de um grande amor, um que me faça sentir frio na barriga, que me faça ir dormir sorrindo, minha amiga.
como está na nova Cidade? eu ainda pego aquele ônibus verde e branco, mas não tenho mais possíveis encontros inesperados contigo.
tenho mostrado ao mundo uma face bonita, ando tão alegre, por fora. lembra que sempre soubemos disfarçar bem nossas dores? por hora faço assim, amanhã vejo o que é melhor pra mim.
ontem, de forma bem livre e solta, abracei o meu eu, senti um cheiro tão agradável de alecrim. sorri como se tu fosses vir.
dezembro logo está chegando, vou me animando, fazendo novos planos. não entendo ainda o sentido de viver para alguns, já que dispensam o direito de serem, de fato, humanos.
pretendo ir embora quando tudo for alegria, sabe, deixar na memória das pessoas somente o que ilumina, aconchega, sem pedir nada em troca. não quero ver ninguém olhando as gotas de chuva e sentir sede.
tenho um silêncio de pedra em meu teto.
escrevo teu nome na areia do deserto do meu quarto
cada dia longe é um parto natural, daqueles que rasga qualquer mulher,
quando penso em um nome meu coração grita dizendo que te quer!

Carlo Lagos

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explica esse teu sorriso sem glória
acredite: dentes afiados nunca mordem quando o destino trava um nó no peito
ficamos num deserto
com a carne fraca e as mordidas fazendo cócegas
salmoura do cotidiano me desdobrando
as cicatrizes são indeléveis
leves são as atrizes, né? encenam o beijo e não se apaixonam
nunca conseguiria!
naquele dia, o destino me deixou só
desejando teu calor em mim
fazendo viagem sem fim
sem olhar pra trás
trazendo os versos mais bonitos
transformando tudo que digo
em teu perigoso infinito
por um instante, jogar as sombras no rio
secar o corpo somente com o arrepio
vivo do silêncio do teu olhar sombrio.


Carlo Lagos

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eu não consigo mais ver a luz completa
minha mangueira tão cheia de fruta
pergunto aqui quem será o caroço mordido.
tua face já foi tão sonhada;
hora na esquina
perdendo tempo na madrugada da vida
teu destino apagado sem sorriso
o vazio cala o que preciso.
vozes sem cabeça encostam em meu penar, sorrio, elas não sabem como é viver sem sonhar.
sigo marcando as horas que ninguém vivera.
tuas idéias líquidas transbordam em meu ralo.
você é germe morto expulso do esgoto dos sentimentos
só sabe sentir o tormento.
me calo!



Carlo Lagos

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vozes de criança no quintal
minha família são fantasmas em minhas palavras
Deus vai operar em mim um milagre, disse ela
o maldito começou e não usou anestesia
dói o corpo, a alma, todos os dias
poesias baratas em tua cama
espalho meu corpo sem fazer drama
falso dilema expressando minha dubiedade
ato corajoso tentar minha piedade
aqui pergunto: é produto inteiro ou é fruto de falsas caridades?
19:42
dois em dois
passando, um por um.
lave as mãos e saia do meu poema
escrevo com carvão teu nome em minhas pernas
para depois apagar sem pena.


Carlo Lagos

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