Coleção pessoal de camilaarchuleta

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Tem coração meu por aí, por todo canto, em lágrimas, em sorrisos, em abraços pós-brigas. Tem coração meu por aí, em orações, em palavras amigas, em coisas minhas que eu perdi. Tem coração meu quebrado, tem intacto, tem da forma que você quiser. Tem coração meu ferido, calado, cheio de grito, você só precisa me achar.

Você não me perdeu. Você me jogou fora. O que é infinitamente pior.

Você é a ferida que há anos me custa á fechar. É quem eu vejo em todos os rostos, quem espero em todos os encontros, é a inspiração de todos os textos, todos os meus suspiros apaixonados. Pra você ver como a vida é engraçada, passaram-se anos, mas uma simples foto me fez sentir o mesmo frio na barriga que eu sentia quanto tinha meus nove anos e dizia que iria casar com você quando crescesse. Talvez eu tivesse levado á sério. Você que sempre foi pra mim, a pessoa mais linda desse mundo, que me fazia acordar todos os domingos ás oito e cinquenta e cinco pra te ver passar ás nove, com a cara inchada de sono, os olhinhos fechados, olhinhos que sorriam quando me viam escondida, e me davam bom-dia. Você que era a pessoa mais inteligente do mundo pra mim, que me falava coisas da vida enquanto eu ainda me deslumbrava com uma tatuagem bonitinha que vinha na embalagem do salgadinho, me ensinou que o primeiro amor da gente talvez seja o único amor, e embora ás vezes doído, é o mais bonito, o mais profundo. É amor, na mais verdadeira versão da palavra. Eu conheci tantas pessoas, nesses anos, fui feita de amores. Amores não correspondidos, amores sub-desenvolvidos, amores sem sentido. Mas amor, amor mesmo, daquele que não acaba, só o seu.

Você é nó que não desata, é pedra no caminho, é comida salgada, é falta de vento em dia quente. Você é quem eu prometo desistir, é quem eu quero abandonar, é o número salvo na agenda como “nunca ligar”. Você é pedaço de gente, é sem rumo, é falta de afeto, é falta de toque, é sem sensibilidade. Você é, além de tudo, o que eu não consigo deixar simplesmente ir, porque você também é o último abraço, é o último beijo, é a última flor do outono. É meu, é de quem te vê passar.

[…]
_ O quê ? Fala mais alto.
_ Perguntei se você não sente falta !
_ Falta do que ?
_ Do meu cheiro, você sempre disse que meu cabelo tinha cheiro de banho tomado, lembra ?
_ ( silêncio dele )
_ Quem cala consente ?
_ … Era cheiro de dove, né ?
_ Era e ainda é, vem cá cheirar. Aproveita e sente o cheiro do meu novo creme hidratante, é aquele do comercial.
_ Impressão minha ou você quer que eu chegue mais perto ?
_ Eu quero que você sinta o gosto do meu novo batom, tem gosto de danone.
_ Você quer que eu te beije ?
_ Eu quero que você fique. Por hoje já tá de bom tamanho.
_ Mas se você quiser que eu te beije, eu beijo.
_ (silêncio dela )
_ Quem cala consente ?
_ … Vai beijar agora ou espero sentada ?
( Se beijaram )

Vezenquando eu baixo a guarda, fingindo que não queria viver sempre á sua disposição. Mas olha, vezenquando, eu acordo com vontade de ser sincera, outras vezes, acordo com vontade de ser forte. E aí, quando sou forte, não sou sua. Só sua sua nas noites de frio, quando ouço nossa música, quando vejo suas fotos. Nos dias restantes, não penso nem na possibilidade de pensar em você. Por todo o mal que me fez, por todo o mal que me faz, por todo o prejuízo, por cada uma dessas cicatrizes. Eu convivo com a tristeza de saber que embora o mais impossível, o mais improvável o mais sem sentindo amor, foi o maior amor que eu já senti nessa vida. E senti por você, só por você. Irônico, né ? Eu que vivo dando conselhos dizendo que devemos nos valorizar, vivo chorando baixinho, deixando escorregar uma lágrima aqui e outra ali, me olhando no espelho e tentando ver você. Eu fico repetindo até decorar ( como eu fiz com a tabuada ) que eu vezes você é igual á zero. Não tem como. A gente se divide ou se subtrai, a gente se trai em outras bocas, em outros corpos. A gente nunca é ” nós”. A gente é, não somos. Entende ? Eu queria que as coisas fossem diferentes, mas tem coisa que não é pra ser, então não é. Mas é, é uma pena, pena ter que partir, pena te ver indo embora e não poder dizer “até mais”. É adeus, aquele bem frio, aquele bem mal dado, igual bom dia em uma segunda-feira ás seis da manhã. Mas eu vou continuar igual boba escrevendo seu nome na última folha do caderno, com corações, e uma vontade imensa de te mandar todas as cartas que te escrevi. Mas só vou ficar na vontade, porque não pode amar quem não ama a gente, entendeu coração ?