Coleção pessoal de BrunaBergamo

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O "projetor da ignorância"

Um dia falaram que eu não tinha criatividade. Confesso que fiquei deprimida e um tanto que magoada com que acabará de ouvir.
O tempo passou, e as coisas de fato, pioraram. Passei a me detestar de tal forma, que nem mesmo minha própria mente conseguia suportar tantos desabafos. Não sonhava, não amava e não vivia. Isolei todos meus sonhos em um canto escuro e passei a andar de mãos dadas com a solidão.
Ser feliz para mim era tão difícil. Sorria forçadamente para não ter de falar. Escrevia o que pensava e lia o que eu era. Meu mundo baseava-se em folhas de papel pregadas na parede do quarto. Não eram poemas relevantes e muito menos de grande importância, mas eram a prova, não só de que eu não era um entulho para o mundo, mas também de que minha mente não era vazia.
E hoje estou aqui para agradecer aquela pessoa que um dia falou que eu era apenas mais um ser, pois graças a ela aprendi que todos nós somos seres criativos, e duvidar do potencial de uma pessoa apenas reflete sua própria ignorância

Seria hipócrita ao afirmar que sou uma pessoa feliz. Pois ao longo dos meus dias descobri que a felicidade não existe, digo o mesmo de todos esses sentimentos que todos dizem sentir. Durante anos nos pregamos à idéia de sentimentos populares, mas a verdade é que não existe um significado, e muito menos uma palavra, que designe algum sentimento. Não sei o que é amar, e muito menos o que é encontrar-se feliz. A única coisa de que tenho certeza, é dos momentos que sinto a incrível vontade de sorrir o tempo todo, ou talvez o contrario, derramar lágrimas por dias ou semanas desnecessariamente. Se existe uma palavra que traduza isso, me encontro um tanto que desinformada. Mas mesmo assim, prefiro ser uma pessoa sem sentimentos, de que seguir padrões populares da sociedade, que cá entre nós, já se tornaram algo cansativo, como todos esses “eu te amo” que eu venho ouvindo por aí.

As lágrimas possuem o mesmo gosto de um sorriso o que as difere é a razão de sua existência.

Não quero paz, necessito apenas ser livre de mim mesma,
de todos esses pesadelos que me perseguem,
dessas vozes que me manipulam,
desse sentimento que me suicida.

E diante do tão aconchegante e tranquilo silêncio, volto a ouvir, novamente, aqueles sussurros, que de leve, invadem o meu intimo. Transformando assim, aquilo que nem eu mesma pude identificar a sua real serventia, em pequenas ruínas de existência.
Com os olhos fechados tento ver o que eu apenas posso sentir através das escuras e sombrias pálpebras. Que me transportam para algum lugar entre a multidão. E através do nada em meu interior, por descuido, encontro o tudo.
Ao abrir os olhos, percebo que aquele sussurro era, de fato, o seu sussurro. Aclamando o meu nome em meio à tão tumultuada e confusa, multidão de vozes gritantes.
Tento mais vezes lhe encontrar, porém, os meus olhos não veem nada além da escuridão e do silencio. Me movo de lugar, saio para fora, cheiro o seu perfume em meu travesseiro. Mas nada. Ele sumiu, foi embora e eu nem pude responder o seu aclamo.
Me sinto uma fracassada, procurando a morte a cada segundo, a cada passo...
Dias se passam e horas também, e então, como se fosse a última vez que pudera sentir meus cílios se movendo, fecho meus olhos. Deixando para trás tudo que me fazia feliz e levando apenas memórias incrustadas em minha mente, com uma leve brisa de tristeza envolvendo meu corpo.
Saio perambulando em caminhos distantes, como se eu não existisse. O tempo não passa. Não encontro nada, além da duvida. A tão cruel e dolorosa dúvida.
Sento-me no chão, pouso meus braços sobre minhas pernas, tento dar vida às lágrimas. Mas elas não surgem, trazendo de volta apenas o pânico do silêncio. Do tão aconchegante e tranquilo silêncio.
Sem sentir nada, além da tristeza, fecho novamente meus olhos, como se eles fossem uma passagem para o infinito. E outra vez do nada em meu interior, no mais profundo descuido, encontro o tudo.
A sua voz doce e macia sussurrando em minha mente. Levitando-me no azul do céu, tão claro como a cor de seus olhos... Tudo estava perfeito, mas era necessário voltar a mim mesma.
Ao abrir novamente meus olhos, fecho-os no mesmo instante.
O suor invisível percorre meu corpo...
Será que ele realmente voltou para me buscar?
Não. Ele não voltou. Eu que fui até ele. Deixando tudo e todos para trás, até mesmo minha vida. A tão longa e passageira vida.

Vou pegar as minhas coisas, sairei pela porta da frente, e seguirei para o norte com destino incerto. Quero encontrar um lugar que eu possa apenas escutar o som da minha voz, sem ouvir risos e reclamações das minhas toscas e idiotas idéias.
Quero ver o por do sol lá do alto do morro onde as borboletas dançam aquela musica silenciosa que nem eu mesma pude entender a melodia.
Eu vou sorrir sozinha, chorar apenas quando os risos não derem conta de tanta emoção. Quero renascer no tempo, viver novos horizontes e deixar de lado aquela vida privada a quatro paredes.
Quero sair correndo no imenso jardim da vida, sem me preocupar com o que eu deixei para trás, pois de hoje em diante sou só eu e mais ninguém.
As pessoas desapareceram e o ultimo sobrevivente certamente será você.