Coleção pessoal de 1bibliasagrada

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2 Samuel 15

A conspiração de Absalão

1 Algum tempo depois, Absalão adquiriu uma carruagem, cavalos e uma escolta de cinquenta homens.
2 Ele se levantava cedo e ficava junto ao caminho que levava à porta da cidade. Sem­pre que alguém trazia uma causa para ser decidida pelo rei, Absalão o chamava e perguntava de que cidade vinha. A pessoa respondia que era de uma das tribos de Israel,
3 e Absalão dizia: "A sua causa é válida e legítima, mas não há nenhum representante do rei para ouvi-lo".
4 E Absalão acrescentava: "Quem me dera ser designado juiz desta terra! Todos os que tivessem uma causa ou uma ques­tão legal viriam a mim, e eu lhes faria justiça".
5 E sempre que alguém se aproximava dele para prostrar-se em sinal de respeito, Absalão estendia a mão, abraçava-o e beijava-o.
6 Absalão agia assim com todos os israelitas que vinham pedir que o rei lhes fizesse justiça. Assim ele foi conquistando a lealdade dos homens de Israel.
7 Ao final de quatro anos, Absalão disse ao rei: "Deixa-me ir a Hebrom para cumprir um voto que fiz ao Senhor.
8 Quando o teu servo estava em Gesur, na Síria, fez este voto: Se o Senhor me permitir voltar a Jerusalém, prestarei culto a ele em Hebrom".
9 "Vá em paz!", disse o rei. E ele foi para Hebrom.
10 Absalão enviou secretamente mensageiros a todas as tribos de Israel, dizendo: "Assim que vocês ouvirem o som das trom­betas, digam: Absalão é rei em Hebrom".
11 Ab­salão levou duzentos homens de Jerusalém. Eles tinham sido convidados e nada sabiam nem suspeitavam do que estava acontecendo.
12 De­pois de oferecer sacrifícios, Absalão mandou chamar Aitofel, da cidade de Gilo, conselheiro de Davi. A conspiração ganhou força, e cresceu o número dos que seguiam Absalão.

A fuga de David

13 Então um mensageiro chegou e disse a Davi: "Os israelitas estão com Absalão!"
14 Em vista disso, Davi disse aos conselheiros que estavam com ele em Jerusalém: "Vamos fugir; caso contrário não escaparemos de Absalão. Se não partirmos imediatamente ele nos alcançará, causará a nossa ruína e matará o povo à espada".
15 Os conselheiros do rei lhe responderam: "Teus servos estão dispostos a fazer tudo o que o rei, nosso senhor, decidir".
16 O rei partiu, seguido por todos os de sua família; deixou, porém, dez concubinas para tomarem conta do palácio.
17 Assim, o rei partiu com todo o povo. Pararam na última casa da cidade,
18 e todos os seus soldados mar­charam, passando por ele: todos os queretitas e peletitas, e os seiscentos giteus que o acom­panhavam desde Gate.
19 O rei disse então a Itai, de Gate: "Por que você está indo conosco? Volte e fique com o novo rei, pois você é estrangeiro, um exilado de sua terra.
20 Faz pouco tempo que você chegou. Como eu poderia fazê-lo acompanhar-me? Volte e leve consigo os seus irmãos. Que o Senhor o trate com bondade e fidelidade!"
21 Itai, contudo, respondeu ao rei: "Juro pelo nome do Senhor e por tua vida que, onde quer que o rei, meu senhor, esteja, ali estará o teu servo, para viver ou para morrer!"
22 Então Davi disse a Itai: "Está bem, pode ir adiante". E Itai, o giteu, marchou, com todos os seus soldados e com as famílias que estavam com ele.
23 Todo o povo do lugar chorava em alta voz enquanto o exército passava. O rei atravessou o vale do Cedrom e todo o povo foi com ele em direção ao deserto.
24 Zadoque também estava lá e com ele todos os levitas que carregavam a arca da aliança de Deus; Abiatar também estava lá. Puseram no chão a arca de Deus até que todo o povo saísse da cidade.
25 Então o rei disse a Zadoque: "Leve a arca de Deus de volta para a cidade. Se o Senhor mostrar benevolência a mim, ele me trará de volta e me deixará ver a arca e o lugar onde ela deve permanecer.
26 Ma­s, se ele disser que já não sou do seu agrado, aqui estou! Faça ele comigo a sua vontade".
27 Disse ainda o rei ao sacerdote Zadoque: "Fique alerta! Volte em paz para a cidade, você, Aimaás, seu filho, e Jônatas, filho de Abiatar.
28 Pelos desfiladeiros do deserto ficarei esperando notícias de vocês".
29 Então Zadoque e Abiatar levaram a arca de Deus de volta para Jerusalém e lá permaneceram.
30 Davi, porém, continuou subindo o monte das Oliveiras, caminhando e chorando, com a cabeça coberta e os pés descalços. E todos os que iam com ele também tinham a cabeça coberta e subiam chorando.
31 Quando informaram a Davi que Aitofel era um dos conspiradores que apoiavam Absalão, Davi orou: "Ó Senhor, transforma em loucura os conselhos de Aitofel".
32 Quando Davi chegou ao alto do monte, ao lugar onde o povo costumava adorar a Deus, veio ao seu encontro o arquita Husai, com a roupa rasgada e com terra sobre a cabeça.
33 E Da­vi lhe disse: "Não adianta você vir comigo.
34 Mas, se voltar à cidade, poderá dizer a Absalão: Estarei a teu serviço, ó rei. No passado estive a serviço de teu pai, mas agora estarei a teu serviço. Assim você me ajudará, frustrando o conselho de Aitofel.
35 Os sacerdotes Zadoque e Abiatar estarão lá com você. Informe-os do que você souber no palácio.
36 Também estão lá os dois filhos deles: Aimaás e Jônatas. Por meio deles me informe de tudo o que você ouvir".
37 Husai, amigo de Davi, chegou a Jerusalém quando Absalão estava entrando na cidade.

2 Samuel 14

Absalão volta a Jerusalém

1 Joabe, filho de Zeruia, percebendo que o rei estava com saudade de Absalão,
2 man­dou buscar uma mulher astuta em Tecoa, e lhe disse: "Fin­ja que está de luto: vista-se de preto e não se perfume. Aja como uma mulher que há algum tempo está de luto.
3 Vá dizer ao rei estas palavras", e a instruiu sobre o que ela deveria dizer.
4 Quando a mulher apresentou-se ao rei, prostrou-se com o rosto em terra, em sinal de respeito, e lhe disse: "Ajuda-me, ó rei!"
5 "Qual é o seu problema?", perguntou-lhe o rei, e ela respondeu: "Sou viúva, meu marido morreu,
6 deixando-me com dois filhos. Eles brigaram no campo e, não havendo ninguém para separá-los, um acabou matando o outro.
7 Agora, todo o clã levantou-se contra a tua serva, exigindo: 'Entregue o assassino, para que o matemos pela vida do irmão, e nos livremos também do herdeiro'. Eles querem apagar a última centelha que me restou, deixando meu marido sem nome nem descendência na face da terra".
8 O rei disse à mulher: "Vá para casa. Eu mandarei que cuidem do seu caso".
9 Mas a mulher de Tecoa lhe disse: "Ó rei, meu senhor, é sobre mim e sobre a família de meu pai que pesará a iniquidade; não pesa culpa sobre o rei e sobre o seu trono".
10 O rei respondeu: "Se alguém ameaçá-la, traga-o a mim, e ele não mais a incomodará".
11 Ela acrescentou: "Peço então ao rei que, em nome do Senhor, o seu Deus, não permita que o vingador da vítima cause maior destruição, matando meu outro filho". E disse ele: "Eu juro pelo nome do Senhor: Nem um só fio de cabelo da cabeça de seu filho cairá".
12 Disse-lhe ainda a mulher: "Permite que a tua serva fale mais uma coisa ao rei, meu se­nhor". "Fale", respondeu ele.
13 Disse então a mulher: "Por que terá o rei agido contra o povo de Deus? O rei está se condenando com o que acaba de dizer, pois não permitiu a volta do que foi banido.
14 Que teremos que morrer um dia, é tão certo como não se pode recolher a água que se espalhou pela terra. Mas Deus não tira a vida; ao contrário, cria meios para que o banido não permaneça afastado dele.
15 "E eu vim falar sobre isso ao rei, meu senhor, porque o povo me ameaçou. Tua serva pensou que, se falasse com o rei, talvez ele atendesse ao seu pedido
16 e concordasse em livrar a sua serva das mãos do homem que está tentando eliminar tanto a mim como a meu filho da herança que Deus nos deu.
17 "E agora a tua serva diz: Traga-me descanso a decisão do rei, o meu senhor; pois o rei, meu senhor, é como um anjo de Deus, capaz de discernir entre o bem e o mal. Que o Senhor, o teu Deus, esteja contigo!"
18 Então o rei disse à mulher: "Não me esconda nada do que vou perguntar".
"Fale o rei, meu senhor", disse a mulher.
19 O rei perguntou: "Não é Joabe que está por trás de tudo isso?"
A mulher respondeu: "Juro por tua vida, ó rei, ninguém é capaz de desviar-se para a direita ou para a esquerda do que ­tu dizes. Sim, foi o teu servo Joabe que me mandou aqui para dizer tudo isso.
20 O teu servo Joabe agiu assim para mudar essa situação. Mas o meu senhor é sábio como um anjo de Deus, e nada lhe escapa de tudo o que acontece no país".
21 Depois o rei disse a Joabe: "Muito bem, atenderei a esse pedido. Vá e traga de volta o jovem Absalão".
22 Joabe prostrou-se com o rosto em terra, aben­çoou o rei e disse: "Hoje o teu servo ficou sabendo que o vês com bons olhos, pois o rei aten­deu ao pedido de teu servo".
23 Então Joabe foi a Gesur e trouxe Absalão de volta para Jerusalém.
24 Mas o rei disse: "Ele irá para a casa dele; não virá à minha presença". Assim, Absalão foi para a sua casa e não compareceu mais à presença do rei.
25 Em todo o Israel não havia homem tão elogiado por sua beleza como Absalão. Da cabeça aos pés não havia nele nenhum defeito.
26 Sem­pre que o cabelo lhe ficava pesado demais, ele o cortava e o pesava: eram dois quilos e quatrocentos gramas, segundo o padrão do rei.
27 Ele teve três filhos e uma filha, chamada Tamar, que se tornou uma linda mulher.
28 Absalão morou dois anos em Jerusalém sem ser recebido pelo rei.
29 Então mandou chamar Joabe para enviá-lo ao rei, mas Joabe não quis ir. Mandou chamá-lo pela segunda vez, mas ele, novamente, não quis ir.
30 En­tão Absalão disse a seus servos: "Vejam, a propriedade de Joabe é vizinha da minha, e ele tem uma plantação de cevada. Tratem de incendiá-la". E os servos de Absalão puseram fogo na plantação.
31 Então Joabe foi à casa de Absalão e lhe perguntou: "Por que os seus servos puseram fogo na minha propriedade?"
32 Absalão respondeu: "Mandei chamá-lo para enviá-lo ao rei com a seguinte mensagem: Por que voltei de Gesur? Melhor seria que eu lá permanecesse! Quero ser recebido pelo rei; e, se eu for culpado de alguma coisa, que ele mande me matar".
33 Então Joabe foi contar tudo ao rei, que mandou chamar Absalão. Ele entrou e prostrou-se com o rosto em terra, perante o rei. E o rei saudou-o com um beijo.

2 Samuel 13

Amnom e Tamar

1 Depois de algum tempo, Amnom, filho de Davi, apaixonou-se por Tamar; ela era muito bonita e era irmã de Absalão, outro filho de Davi.
2 Amnom ficou angustiado a ponto de adoecer por causa de sua meia-irmã Tamar, pois ela era virgem, e parecia-lhe impossível aproximar-se dela.
3 Amnom tinha um amigo muito astuto chamado Jonadabe, filho de Simeia, irmão de Davi.
4 Ele perguntou a Amnom: "Filho do rei, por que todo dia você está abatido? Quer me contar o que se passa?"
Amnom lhe disse: "Estou apaixonado por Tamar, irmã de meu irmão Absalão".
5 "Vá para a cama e finja estar doente", disse Jonadabe. "Quando seu pai vier visitá-lo, diga-lhe: Permite que minha irmã Tamar venha dar-me de comer. Gostaria que ela preparasse a comida aqui mesmo e me servisse. Assim poderei vê-la."
6 Amnom aceitou a ideia e deitou-se, fingindo-se doente. Quando o rei foi visitá-lo, Amnom lhe disse: "Eu gostaria que minha irmã Tamar viesse e preparasse dois bolos aqui mesmo e me servisse".
7 Davi mandou dizer a Tamar no palácio: "Vá à casa de seu irmão Amnom e prepare algo para ele comer". Então Amnom deu ordem para que todos saíssem e, depois que todos saíram,
8 Tamar foi à casa de seu irmão, que estava deitado. Ela amassou a farinha, preparou os bolos na presença dele e os assou.
9 Depois pegou a assadeira e lhe serviu os bolos, mas ele não quis comer.
10 disse a Tamar: "Traga os bolos e sirva-me aqui no meu quar­to". Tamar levou os bolos que havia preparado ao quarto de seu irmão.
11 Mas, quando ela se aproximou para servi-lo, ele a agarrou e disse: "Deite-se comigo, minha irmã".
12 Mas ela lhe disse: "Não, meu ir­mão! Não me faça essa violência. Não se faz uma coisa dessas em Israel! Não cometa essa loucura.
13 O que seria de mim? Como eu poderia livrar-me da minha desonra? E o que seria de você? Você cairia em desgraça em Israel. Fale com o rei; ele deixará que eu me case com você".
14 Mas Amnom não quis ouvi-la e, sendo mais forte que ela, violentou-a.
15 Logo depois Amnom sentiu uma forte aver­são por ela, mais forte que a paixão que sentira. E lhe disse: "Levante-se e saia!"
16 Mas ela lhe disse: "Não, meu irmão, mandar-me embora seria pior do que o mal que você já me fez". Ele, porém, não quis ouvi-la
17 e, chamando seu servo, disse-lhe: "Ponha esta mulher para fora daqui e tranque a porta".
18 Então o servo a pôs para fora e trancou a porta. Ela estava vestindo uma túnica longa, pois esse era o tipo de roupa que as filhas virgens do rei usavam desde a puberdade.
19 Tamar pôs cinza na cabeça, rasgou a túnica longa que estava usando e se pôs a caminho, com as mãos sobre a cabeça e chorando em alta voz.
20 Absalão, seu irmão, lhe perguntou: "Seu irmão, Amnom, fez algum mal a você? Acalme-se, minha irmã; ele é seu irmão! Não se deixe dominar pela angústia". E Tamar, muito triste, ficou na casa de seu irmão Absalão.
21 Ao saber de tudo isso, o rei Davi ficou indignado.
22 E Absalão não falou nada com Amnom, nem bem, nem mal, embora o odiasse por ter violentado sua irmã Tamar.

Absalão mata Amnom

23 Dois anos depois, quando os tosquiadores de ovelhas de Absalão estavam em Baal-Hazor, perto da fronteira de Efraim, Absalão convidou todos os filhos do rei para se reunirem com ele.
24 Absalão foi ao rei e lhe disse: "Eu, teu servo, estou tosquiando as ovelhas e gostaria que o rei e os seus conselheiros estivessem comigo".
25 Respondeu o rei: "Não, meu filho. Não iremos todos, pois isso seria um peso para você". Embora Absalão insistisse, ele se recusou a ir, mas o abençoou.
26 Então Absalão lhe disse: "Se não queres ir, permite, por favor, que o meu irmão Amnom vá conosco". O rei perguntou: "Por que ele iria com você?"
27 Mas Absalão insistiu tanto que o rei acabou deixando que Amnom e os seus outros filhos fossem com ele.
28 Absalão ordenou aos seus homens: "Ouçam! Quando Amnom estiver embriagado de vinho e eu disser: 'Matem Amnom!', vocês o matarão. Não tenham medo; eu assumo a responsabilidade. Sejam fortes e corajosos!"
29 Assim os homens de Absalão mataram Amnom, obedecendo às suas ordens. Então todos os filhos do rei montaram em suas mulas e fugiram.
30 Estando eles ainda a caminho, chegou a seguinte notícia ao rei: "Absalão matou todos os teus filhos; nenhum deles escapou".
31 O rei levantou-se, rasgou as suas vestes, prostrou-se com o rosto em terra, e todos os conselheiros que estavam com ele também rasgaram as vestes.
32 Mas Jonadabe, filho de Simeia, irmão de Davi, disse: "Não pense o meu senhor que mataram todos os seus filhos. Somente Amnom foi morto. Essa era a intenção de Absalão desde o dia em que Amnom violentou Tamar, irmã dele.
33 O rei, meu senhor, não deve acreditar que todos os seus filhos estão mortos. Apenas Amnom mor­reu".
34 Enquanto isso, Absalão fugiu.
Nesse meio-tempo a sentinela viu muita gente que vinha pela estrada de Horonaim, descendo pela encosta da colina, e disse ao rei: "Vejo homens vindo pela estrada de Horonaim, na encosta da colina".
35 E Jonadabe disse ao rei: "São os filhos do rei! Aconteceu como o teu servo disse".
36 Acabando de falar, os filhos do rei chegaram, chorando em alta voz. Também o rei e todos os seus conselheiros choraram muito.
37 Absalão fugiu para o território de Talmai, filho de Ami­úde, rei de Gesur. E o rei Davi pranteava por seu filho todos os dias.
38 Depois que Absalão fugiu para Gesur e lá permaneceu três anos,
39 a ira do rei contra Absalão cessou, pois ele se sentia consolado da morte de Amnom.

2 Samuel 12

Natã repreende David

1 E o Senhor enviou a Davi o profeta Natã. Ao ­chegar, ele disse a Davi: "­Dois homens viviam numa cidade, um era rico e o outro pobre.
2 O rico possuía muitas ovelhas e bois,
3 mas o pobre nada tinha, senão uma cordeirinha que havia comprado. Ele a criou, e ela cresceu com ele e com seus filhos. Ela comia junto dele, bebia do seu copo e até dormia em seus braços. Era como uma filha para ele.
4 "Certo dia, um viajante chegou à casa do rico, e este não quis pegar uma de suas próprias ovelhas ou de seus bois para preparar-lhe uma refeição. Em vez disso, preparou para o visitante a cordeira que pertencia ao pobre".
5 Então Davi encheu-se de ira contra o homem e disse a Natã: "Juro pelo nome do Senhor que o homem que fez isso merece a morte!
6 Deverá pagar quatro vezes o preço da cordeira, por­quanto agiu sem misericórdia".
7 "Você é esse homem!", disse Natã a Davi. E continuou: "Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: 'Eu o ungi rei de Israel e o livrei das mãos de Saul.
8 Dei a você a casa e as mulheres do seu senhor. Dei a você a nação de Israel e Judá. E, se tudo isso não fosse suficiente, eu teria dado mais ainda.
9 Por que você desprezou a palavra do Senhor, fazendo o que ele reprova? Você matou Urias, o hitita, com a espada dos amo­nitas e ficou com a mulher dele.
10 Por isso, a espada nunca se afastará de sua família, pois você me desprezou e tomou a mulher de Urias, o hitita, para ser sua mu­lher'.
11 "Assim diz o Senhor: 'De sua própria família trarei desgraça sobre você. Tomarei as suas mulheres diante dos seus próprios olhos e as darei a outro; e ele se deitará com elas em plena luz do dia.
12 Você fez isso às escondidas, mas eu o farei diante de todo o Israel, em plena luz do dia' ".
13 Então Davi disse a Natã: "Pequei contra o Senhor!" E Natã respondeu: "O Senhor perdoou o seu pecado. Você não morrerá.
14 Entre­tanto, uma vez que você insultou o Senhor, o menino morrerá".
15 Depois que Natã foi para casa, o Senhor fez adoecer o filho que a mulher de Urias dera a Davi.
16 E Davi implorou a Deus em favor da criança. Ele jejuou e, entrando em casa, passou a noite deitado no chão.
17 Os oficiais do palácio tentaram fazê-lo levantar-se do chão, mas ele não quis e recusou comer.
18 Sete dias depois a criança morreu. Os conselheiros de Davi ficaram com medo de dizer-lhe que a criança estava morta e comentaram: "En­quanto a criança ainda estava viva, falamos com ele, e ele não quis escutar-nos. Como vamos dizer-lhe que a criança mor­reu? Ele poderá cometer alguma loucura!"
19 Davi, percebendo que seus conselheiros cochichavam entre si, compreendeu que a criança estava morta e perguntou: "A criança mor­reu?" "Sim, morreu", responderam eles.
20 Então Davi levantou-se do chão, lavou-se, perfumou-se e trocou de roupa. Depois entrou no santuário do Senhor e o adorou. E, voltando ao palácio, pediu que lhe preparassem uma refeição e comeu.
21 Seus conselheiros lhe perguntaram: "Por que ages assim? Enquanto a criança estava viva, jejuaste e choraste; mas, agora que a criança está morta, te levantas e comes!"
22 Ele respondeu: "Enquanto a criança ainda estava viva, jejuei e chorei. Eu pensava: Quem sabe? Talvez o Senhor tenha misericórdia de mim e deixe a criança viver.
23 Mas agora que ela morreu, por que deveria jejuar? Poderia eu trazê-la de volta à vida? Eu irei até ela, mas ela não voltará para mim".
24 Depois Davi consolou sua mulher Bate-Seba e deitou-se com ela, e ela teve um menino, a quem Davi deu o nome de Salomão. O Senhor o amou
25 e enviou o profeta Natã com uma mensagem a Davi. E Natã deu ao menino o nome de Jedidias.
26 Enquanto isso, Joabe atacou Rabá dos amo­nitas e conquistou a fortaleza real.
27 Feito isso,­ mandou mensageiros a Davi, dizendo: "Lutei contra Rabá e apoderei-me dos seus reservatórios de água.
28 Agora, convoca o restante do exército, cerca a cidade e conquista-a. Se não, eu terei a fama de havê-la conquistado".
29 Então Davi convocou todo o exército, foi a Rabá, atacou a cidade e a conquistou.
30 A seguir tirou a coroa da cabeça de Moloque, uma coroa de ouro de trinta e cinco quilos; ornamentada com pedras preciosas. E ela foi colocada na cabeça de Davi. Ele trouxe ­uma grande quan­tidade de bens da cidade
31 e trouxe também os seus habitantes, designando-lhes trabalhos com serras, picaretas e machados, além da fabricação de tijolos. Davi fez assim com todas as cidades amo­nitas. Depois voltou com todo o seu exército para Jerusalém.

2 Samuel 11

David e Bate-Seba

1 Na primavera, época em que os reis saíam para a guerra, Davi enviou para a batalha Joabe com seus oficiais e todo o exército de Israel; e eles derrotaram os amonitas e cercaram Rabá. Mas Davi permaneceu em Jerusalém.
2 Uma tarde Davi levantou-se da cama e foi passear pelo terraço do palácio. Do terraço viu uma mulher muito bonita, tomando banho,
3 e mandou alguém procurar saber quem era. Disseram-lhe: "É Bate-Seba, filha de Eliã e mulher de Urias, o hitita".
4 Davi mandou que a trouxessem e se deitou com ela, que havia acabado de se purificar da impureza da sua menstruação. Depois, voltou para casa.
5 A mulher engravidou e mandou um recado a Davi, dizendo que estava grávida.
6 Em face disso, Davi mandou esta men­sagem a Joabe: "Envie-me Urias, o hitita". E Joabe o enviou.
7 Quando Urias chegou, Davi perguntou-lhe como estavam Joabe e os soldados e como estava indo a guerra;
8 e lhe disse: "Vá descansar um pouco em sua casa". Urias saiu do palácio e logo lhe foi mandado um presente da parte do rei.
9 Mas Urias dormiu na entrada do palácio, onde dormiam os guardas de seu senhor, e não foi para casa.
10 Quando informaram a Davi que Urias não tinha ido para casa, ele lhe perguntou: "Depois da viagem que você fez, por que não foi para casa?"
11 Urias respondeu: "A arca e os homens de Israel e de Judá repousam em tendas; o meu senhor Joabe e os seus soldados estão acampados ­ao ar livre. Como poderia eu ir para casa para comer, beber e deitar-me com minha mulher? Juro por teu nome e por tua vida que não farei uma coisa dessas!"
12 Então Davi lhe disse: "Fique aqui mais um dia; amanhã eu o mandarei de volta". Urias ficou em Jerusalém, mas no dia seguinte
13 Da­vi o convidou para comer e beber e o embriagou. À tarde, porém, Urias saiu para dormir em sua esteira, onde os guardas de seu senhor dormiam, e não foi para casa.
14 De manhã, Davi enviou uma carta a Joabe por meio de Urias.
15 Nela escreveu: "Ponha­ Urias na linha de frente e deixe-o onde o com­bate estiver mais violento, para que seja ferido e morra".
16 Como Joabe tinha cercado a cidade, colocou Urias no lugar onde sabia que os inimigos eram mais fortes.
17 Quando os homens da cidade saíram e lutaram contra Joabe, alguns dos oficiais da guarda de Davi morreram, e morreu também Urias, o hitita.
18 Joabe enviou a Davi um relatório completo da batalha,
19 dando a seguinte instrução ao men­sageiro: "Ao­ acabar de apresentar ao rei este relatório,
20 pode ser que o rei fique muito indignado e lhe pergunte: 'Por que vocês se aproximaram tanto da cidade para com­bater? Não sabiam que eles atirariam flechas da muralha?
21 Em Tebes, quem matou Abimeleque, filho de Jerubesete? Não foi uma mulher que da muralha atirou-lhe uma pedra de moinho, e ele mor­reu? Por que vocês se aproximaram tanto da muralha?' Se ele perguntar isso, diga-lhe: E mor­reu também o teu servo Urias, o hitita".
22 O mensageiro partiu e, ao chegar, contou a Davi tudo o que Joabe lhe havia man­dado falar,
23 dizendo: "Eles nos sobrepujaram e saíram contra nós em campo aberto, mas nós os fizemos retroceder para a porta da cidade.
24 Então os flecheiros atiraram do alto da muralha contra os teus servos e mataram alguns deles. E morreu também o teu servo Urias, o hitita".
25 Davi mandou o mensageiro dizer a Joabe: "Não fique preocupado com isso, pois a espada não escolhe a quem devorar. Reforce o ataque à cidade até destruí-la". E ainda insistiu com o mensageiro que encorajasse Joabe.
26 Quando a mulher de Urias soube que o seu marido havia morrido, chorou por ele.
27 Pas­sado o luto, Davi mandou que a trouxessem para o palácio; ela se tornou sua mulher e teve um filho dele. Mas o que Davi fez desagradou ao Senhor.

2 Samuel 10

David derrota os amonitas

1 Algum tempo depois o rei dos amonitas morreu, e seu filho Hanum foi o seu sucessor.
2 Davi pensou: "Serei bondoso com Hanum, filho de Naás, como seu pai foi bondoso comigo". Então Davi enviou uma delegação para transmitir a Hanum seu pesar pela morte do pai dele.
Mas, quando os mensageiros de Davi chegaram à terra dos amonitas,
3 os líderes amo­nitas disseram a Hanum, seu senhor: "Achas que Davi está honrando teu pai ao enviar mensageiros para expressar condolências? Não é nada disso! Davi os enviou como espiões para examinarem a cidade, a fim de destruí-la".
4 Então Hanum pren­deu os mensageiros de Davi, rapou metade da barba de cada um, cortou metade de suas roupas até as nádegas e os mandou embora.
5 Quando Davi soube disso, enviou men­sageiros ao encontro deles, pois haviam sido profundamente humilhados, e lhes mandou dizer: "Fiquem em Jericó até que a barba cresça e então voltem para casa".
6 Vendo que tinham atraído sobre si o ódio de Davi, os amonitas contrataram vinte mil soldados de infantaria dos arameus de Bete-Reobe e de Zobá, mil homens do rei de Maaca e doze mil dos homens de Tobe.
7 Ao saber disso, Davi ordenou a Joabe que marchasse com todo o exército.
8 Os amo­nitas saíram e se puseram em posição de com­bate à entrada da cidade, e os arameus de Zobá e de Reobe e os homens de Tobe e de Maaca posicionaram-se em campo aberto.
9 Vendo Joabe que estava cercado pelas linhas de com­bate, escolheu alguns dos melhores soldados de Israel e os posicionou contra os arameus.
10 Pôs o restante dos homens sob o comando de seu irmão Abisai e os posicionou contra os amonitas.
11 E Jo­abe disse a Abisai: "Se os arameus forem fortes demais para mim, venha me ajudar; mas, se os amo­nitas forem fortes demais para você, eu irei ajudá-lo.
12 Seja forte e lutemos com bravura pelo nosso povo e pelas cidades do nosso Deus. E que o Senhor faça o que ­for de sua vontade".
13 Então Joabe e seus soldados avançaram contra os arameus, que fugiram dele.
14 Quan­do os amo­nitas viram que os arameus estavam fugindo de Joabe, também fugiram de seu irmão Abisai e entraram na cidade. Assim, Joabe parou a batalha contra os amo­nitas e voltou para Jerusalém.
15 Vendo-se derrotados por Israel, os arameus tornaram a agrupar-se.
16 Hadadezer mandou trazer os arameus que viviam do outro lado do Eufrates. Estes chegaram a Helã, tendo à frente Soboque, comandante do exército de Hadadezer.
17 Informado disso, Davi reuniu todo o Israel, atravessou o Jordão e chegou a Helã. Os arameus estavam em posição de com­bate para enfrentá-lo,
18 mas acabaram fugindo de diante de Israel. E Davi matou setecentos condutores de carros de guer­ra e quarenta mil soldados de infantaria dos arameus. Soboque, o comandante do exército, também foi ferido e morreu ali mesmo.
19 Quan­do todos os reis vassalos de Hadadezer viram que tinham sido derrotados por Israel, fizeram a paz com os israelitas e sujeitaram-se a eles. E os arameus ficaram com medo de voltar a ajudar os amonitas.

2 Samuel 9

David e Mefibosete

1 Certa ocasião Davi perguntou: "Res­ta ainda alguém da família de Saul a quem eu possa mostrar lealdade, por causa de minha amizade com Jônatas?"
2 Então chamaram Ziba, um dos servos de Saul, para apresentar-se a Davi, e o rei lhe perguntou: "Você é Ziba?" "Sou teu servo", respondeu ele.
3 Perguntou-lhe Davi: "Resta ainda alguém da família de Saul a quem eu possa mos­trar a lealdade de Deus?" Respondeu Ziba: "Ainda há um filho de Jônatas, aleijado dos pés".
4 "Onde está ele?", perguntou o rei. Ziba respondeu: "Na casa de Maquir, filho de Amiel, em Lo-Debar".
5 Então o rei Davi mandou trazê-lo de Lo-Debar.
6 Quando Mefibosete, filho de Jônatas e neto de Saul, compareceu diante de Davi, prostrou-se com o rosto em terra. "Mefibosete?", perguntou Davi. Ele respondeu: "Sim, sou teu servo".
7 "Não tenha medo", disse-lhe Davi, "pois é certo que eu o tratarei com bondade por causa de minha amizade com Jônatas, seu pai. Vou devolver-lhe todas as terras que pertenciam a seu avô, Saul, e você comerá sempre à minha mesa."
8 Mefibosete prostrou-se e disse: "Quem é o teu servo, para que te preocupes com um cão morto como eu?"
9 Então o rei convocou Ziba e disse-lhe: "Devolvi ao neto de Saul, seu senhor, tudo o que pertencia a ele e à família dele.
10 Vo­cê, seus filhos e seus servos cultivarão a terra para ele. Você trará a colheita para que haja provisões na casa do neto de seu senhor. Mas Mefibosete comerá sem­pre à minha mesa". Ziba tinha quin­ze filhos e vinte servos.
11 Então Ziba disse ao rei: "O teu servo fará tudo o que o rei, meu senhor, ordenou". Assim, Mefibosete passou a comer à mesa de Davi como se fosse um dos seus filhos.
12 Mefibosete tinha um filho ainda jovem chamado Mica. E todos os que moravam na casa de Ziba tornaram-se servos de Mefibosete.
13 Então Mefibosete, que era aleijado dos pés, foi morar em Jerusalém, pois passou a comer sempre à mesa do rei.

2 Samuel 8

As vitórias de David

1 Depois disso Davi derrotou os filisteus, subjugou-os, e tirou do controle deles Metegue-Amá.
2 Davi derrotou também os moabitas. Ele os fez deitar-se no chão e mandou que os medissem com ­uma corda; os moabitas que ficavam dentro das duas primeiras medidas da corda eram mor­tos, mas os que ficavam dentro da terceira eram poupados. Assim, os moabitas ficaram sujeitos a Davi, pagando-lhe impostos.
3 Além disso, Davi derrotou Hadadezer, filho de Reobe, rei de Zobá, quando Hadadezer tentava recuperar o controle na região do rio Eufrates.
4 Davi se apossou de mil dos seus carros de guerra, sete mil cavaleiros e vinte mil soldados de infantaria. Ainda levou cem cavalos de carros de guerra e aleijou todos os outros.
5 Quando os arameus de Damasco vieram ajudar Hadadezer, rei de Zobá, Davi matou vinte e dois mil deles.
6 Em seguida estabeleceu guar­nições militares no reino dos arameus de Damasco, sujeitando-os a lhe pagarem impostos. E o Senhor dava vitórias a Davi em todos os lugares aonde ia.
7 Davi também levou para Jerusalém os escudos de ouro usados pelos oficiais de Hadadezer.
8 De Tebá e Berotai, cidades que pertenciam a Hadadezer, o rei Davi levou gran­de quantidade de bron­ze.
9 Quando Toú, rei de Hamate, soube que Davi tinha derrotado todo o exército de Hadadezer,
10 enviou seu filho Jorão ao rei Davi para saudá-lo e parabenizá-lo por sua vitória na batalha contra Hadadezer, que tinha estado em guerra contra Toú. E, com Jorão, mandou todo tipo de utensílios ­de prata, de ouro e de bronze.
11 O rei Davi consagrou esses utensílios ao Senhor, como fizera com a prata e com o ouro tomados de todas as nações que havia subjugado:
12 Edom e Moabe, os amonitas e os filisteus, e Amaleque. Também consagrou os bens tomados de Hadadezer, filho de Reobe, rei de Zobá.
13 Davi ficou ainda mais famoso ao retornar da batalha em que matou dezoito mil edomitas no vale do Sal.
14 Ele estabeleceu guarnições militares por todo o território de Edom, sujeitando todos os edomitas. O Senhor dava vitórias a Davi em todos os lugares aonde ia.

Os oficiais de David

15 Davi reinou sobre todo o Israel, administrando o direito e a justiça a todo o seu povo.
16 Joabe, filho de Zeruia, era comandante do exército; Josafá, filho de Ailude, era o arquivista real;
17 Zadoque, filho de Aitube, e Aimeleque, filho de Abia­tar, eram sacerdotes; Seraías era secretário;
18 Be­naia, filho de Joiada, comandava os queretitas e os peletitas; e os filhos de Davi eram sacerdotes.

2 Samuel 7

A promessa de Deus a David

1 O rei Davi já morava em seu palácio, e o Senhor lhe dera descanso de todos os seus inimigos ao redor.
2 Certo dia ele disse ao profeta Natã: "Aqui estou eu, morando num palácio de cedro, enquanto a arca de Deus permanece numa simples tenda".
3 Natã respondeu ao rei: "Faze o que tiveres em mente, pois o Senhor está contigo".
4 E naquela mesma noite o Senhor falou a Natã:
5 "Vá dizer a meu servo Davi que assim diz o Senhor: Você construirá uma casa para eu morar?
6 Não tenho morado em nenhuma casa desde o dia em que tirei os israelitas do Egito. Tenho ido de uma tenda para outra, ­de um tabernáculo para outro.
7 Por onde tenho acom­panhado os israelitas, alguma vez perguntei a algum líder deles, a quem ordenei que pastoreasse Israel, o meu povo: Por que você não me cons­truiu um templo de cedro?
8 "Agora, pois, diga ao meu servo Davi: Assim diz o Senhor dos Exércitos: 'Eu o tirei das pastagens, onde você cuidava dos rebanhos, para ser o soberano de Israel, o meu povo.
9 Sem­pre estive com você por onde você andou e eliminei todos os seus inimigos. Agora eu o farei tão famoso quanto os homens mais importantes da terra.
10 E providenciarei um lugar para Israel, o meu povo, e os plan­tarei lá, para que tenham o seu próprio lar e não mais sejam incomodados. Povos ímpios não mais os oprimirão, como fizeram no início
11 e têm feito desde a época em que nomeei juízes sobre Israel, o meu povo. Também subjugarei todos os seus inimigos. Saiba tam­bém que eu, o Senhor, estabelecerei para ele uma dinastia.
12 Quan­do a sua vida chegar ao fim e você descansar com os seus antepassados, escolherei um dos seus filhos para sucedê-lo, um fruto do seu próprio corpo, e eu estabelecerei o reino dele.
13 Será ele quem construirá um templo em honra ao meu nome, e eu firmarei o trono dele para sem­pre.
14 Eu serei seu pai, e ele será meu filho. Quando ele cometer algum erro, eu o punirei com o castigo dos ho­mens, com açoites aplicados por homens.
15 Mas nunca retirarei dele o meu amor, como retirei de Saul, a quem tirei do seu caminho.
16 Quanto a você, sua dinastia e seu reino permanecerão para sempre diante de mim; o seu trono será estabelecido para sempre' ".

A oração de David

17 E Natã transmitiu a Davi tudo o que o Senhor lhe tinha falado e revelado.
18 Então o rei Davi entrou no tabernáculo, assentou-se diante do Senhor e orou:
"Quem sou eu, ó Soberano Senhor, e o que é a minha família, para que me trouxesses a este ponto?
19 E, como se isso não bastasse para ti, ó Soberano Senhor, também falaste sobre o futuro da família deste teu servo. É assim que procedes com os homens, ó Soberano Senhor?
20 "Que mais Davi poderá dizer-te? Tu conheces o teu servo, ó Soberano Senhor.
21 Por amor de tua palavra e de acordo com tua vontade, realizaste este feito grandioso e o revelaste ao teu servo.
22 "Quão grande és tu, ó Soberano Senhor! Não há ninguém como tu nem há outro Deus além de ti, conforme tudo o que sabemos.
23 E quem é como Israel, o teu povo, a única nação da terra que tu, ó Deus, resgataste para dela fazeres um povo para ti mesmo e assim tornaste o teu nome famoso, realizaste gran­des e impressionantes maravilhas ao expulsar nações e seus deuses de diante desta mesma nação que libertaste do Egito?
24 Tu mesmo fizeste de Israel o teu povo particular para sempre, e tu, ó Senhor, te tornaste o seu Deus.
25 "Agora, Senhor Deus, confirma para sem­pre a promessa que fizeste a respeito de teu servo e de sua descendência. Faze conforme prometeste,
26 para que o teu nome seja engrandecido para sem­pre e os homens digam: 'O Senhor dos Exércitos é o Deus de Israel!' E a descendência de teu servo Davi se manterá firme diante de ti.
27 "Ó Senhor dos Exércitos, Deus de Israel, tu mesmo o revelaste a teu servo, quando disseste: 'Estabelecerei uma dinastia para você'. Por isso o teu servo achou coragem para orar a ti.
28 Ó Soberano Senhor, tu és Deus! Tuas palavras são verdadeiras, e tu fizeste essa boa promessa a teu servo.
29 Agora, por tua bondade, abençoa a família de teu servo, para que ela continue para sempre na tua presença. Tu, ó Soberano Senhor, o prometeste! E, abençoada por ti, bendita será para sempre a família de teu servo".

2 Samuel 6

A arca é trazida para Jerusalém

1 De novo Davi reuniu os melhores guerreiros de Israel, trinta mil ao todo.
2 Ele e todos os que o acompanhavam partiram para Baalá, em Judá, para buscar a arca de Deus, arca sobre a qual é invocado o Nome, o nome do Senhor dos Exércitos, que tem o seu trono entre os querubins acima dela.
3 Puseram a arca de Deus num carroção novo e a levaram da casa de Abinadabe, na colina. Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, conduziam o carroção
4 com a arca de Deus; Aiô andava na frente dela.
5 Davi e todos os israelitas iam cantando e dançando perante o Senhor, ao som de todo tipo de instrumentos de pinho: harpas, liras, tamborins, chocalhos e címbalos.
6 Quando chegaram à eira de Nacom, Uzá esticou o braço e segurou a arca de Deus, porque os bois haviam tropeçado.
7 A ira do Senhor acendeu-se contra Uzá por seu ato de irreverência. Por isso Deus o feriu, e ele morreu ali mesmo, ao lado da arca de Deus.
8 Davi ficou contrariado porque o Senhor, em sua ira, havia fulminado Uzá. Até hoje aquele lugar é chamado Perez-Uzá.
9 Naquele dia Davi teve medo do Senhor e se perguntou: "Como vou conseguir levar a arca do Senhor?"
10 Por isso ele desistiu de levar a arca do Senhor para a Cidade de Davi. Em vez disso, levou-a para a casa de Obede-Edom, de Gate.
11 A arca do Senhor ficou na casa dele por três meses, e o Senhor o aben­çoou e a toda a sua família.
12 E disseram ao rei Davi: "O Senhor tem abençoado a família de Obede-Edom e tudo o que ele possui, por causa da arca de Deus". Então Davi, com grande festa, foi à casa de Obede-Edom e ordenou que levassem a arca de Deus para a Cidade de Davi.
13 Quando os que carregavam a arca do Senhor davam seis passos, ele sacrificava um boi e um novilho gordo.
14 Da­vi, vestindo o colete sacerdotal de linho, foi dançando com todas as suas forças perante o Senhor,
15 en­quanto ele e todos os israelitas levavam a arca do Senhor ao som de gritos de alegria e de trombetas.
16 Aconteceu que, entrando a arca do Senhor na Cidade de Davi, Mical, filha de Saul, observava de uma janela. E, ao ver o rei Davi dançando e celebrando perante o ­Senhor, ela o desprezou em seu coração.
17 Eles trouxeram a arca do Senhor e a colocaram na tenda que Davi lhe havia preparado; e Davi ofereceu holocaustos e sacrifícios ­de comunhão perante o Senhor.
18 Após­ oferecer os holocaustos e os sacrifícios de comunhão, ele abençoou o povo em nome do Senhor dos Exércitos
19 e deu um pão, um bolo de tâmaras e um bolo de uvas passas a cada homem e a cada mulher israelita. ­Depois todo o povo partiu, cada um para a sua casa.
20 Voltando Davi para casa para aben­çoar sua família, Mical, filha de Saul, saiu ao seu encontro e lhe disse: "Como o rei de Israel se destacou hoje, tirando o manto na frente das escravas de seus servos, como um homem vul­gar!"
21 Mas Davi disse a Mical: "Foi perante o Senhor que eu dancei, perante aquele que me escolheu em lugar de seu pai ou de qualquer outro da família dele, quan­do me designou soberano sobre o povo do Senhor, sobre Israel; perante o Senhor celebrarei
22 e me rebaixarei ainda mais, e me humilharei aos meus próprios olhos. Mas serei honrado por essas escravas que você mencionou".
23 E até o dia de sua morte, Mical, filha de Saul, jamais teve filhos.

2 Samuel 5

David reina sobre Israel

1 Representantes de todas as tribos de Israel foram dizer a Davi, em Hebrom: "Somos sangue do teu sangue.
2 No passado, mesmo quando Saul era rei, eras tu quem liderava Israel em suas batalhas. E o ­Senhor te disse: 'Você pastoreará Israel, o meu povo, e será o seu governante' ".
3 Então todas as autoridades de Israel foram ao encontro do rei Davi em Hebrom; o rei fez um acor­do com eles em Hebrom perante o Senhor, e eles ungiram Davi rei de Israel.
4 Davi tinha trinta anos de idade quando começou a reinar e reinou durante quarenta anos.
5 Em Hebrom, reinou sobre Judá sete anos e meio e, em Jerusalém, reinou sobre todo o Israel e Judá trinta e três anos.

David conquista Jerusalém

6 O rei e seus soldados marcharam para Jerusalém para atacar os jebuseus que viviam lá. E os jebuseus disseram a Davi: "Você não entrará aqui! Até os cegos e os aleijados podem se defender de você". Eles achavam que Davi não conseguiria entrar,
7 mas Davi conquistou a fortaleza de Sião, que veio a ser a Cidade de Davi.
8 Naquele dia disse Davi: "Quem quiser vencer os jebuseus terá que utilizar a passagem de água para chegar àqueles cegos e aleijados, inimigos de Davi". É por isso que dizem: "Os 'cegos e aleijados' não entrarão no palá­cio".
9 Davi passou a morar na fortaleza e chamou-a Cidade de Davi. Construiu defesas na parte interna da cidade desde o Milo.
10 E ele se tornou cada vez mais poderoso, pois o Senhor, o Deus dos Exér­citos, estava com ele.
11 Pouco depois Hirão, rei de Tiro, enviou a Davi uma delegação, que trouxe toras de cedro e também carpinteiros e pedreiros que construíram um palácio para Davi.
12 Então Davi teve certeza de que o Senhor o confirmara como rei de Israel e que seu reino estava prosperando por amor de Israel, o seu povo.
13 Depois de mudar-se de Hebrom para Jerusalém, Davi tomou mais concubinas e esposas e gerou mais filhos e filhas.
14 Estes são os nomes dos que lhe nasceram ali: Samua, Sobabe, Natã, Salomão,
15 Ibar, Elisua, Nefegue, Jafia,
16 Elisama, Eliada e Elifelete.

David derrota os filisteus

17 Ao saberem que Davi tinha sido ungido rei de Israel, os filisteus foram com todo o exér­cito prendê-lo, mas Davi soube disso e foi para a fortaleza.
18 Tendo os filisteus se espalhado pelo vale de Refaim,
19 Davi perguntou ao ­Senhor: "Devo atacar os filisteus? Tu os entregarás nas minhas mãos?" O Senhor lhe respondeu: "Vá, eu os entregarei nas suas mãos".
20 Então Davi foi a Baal-Perazim e lá os derrotou. E disse: "Assim como as águas de uma enchente causam destruição, pelas minhas mãos o Senhor destruiu os meus inimigos diante de mim". Então aquele lugar passou a ser chamado Baal-Perazim.
21 Como os filisteus haviam abandonado os seus ídolos ali, Davi e seus soldados os apanharam.
22 Mais uma vez os filisteus marcharam e se espalharam pelo vale de Refaim;
23 então Davi consultou o Senhor de novo, que lhe respondeu: "Não ataque pela frente, mas dê a volta por trás deles e ataque-os em frente das amoreiras.
24 Assim que você ouvir um som de passos por cima das amoreiras, saia rapidamente, pois será esse o sinal de que o Senhor saiu à sua fren­te para ferir o exér­cito filisteu".
25 Da­vi fez como o ­Senhor lhe tinha ordenado e derrotou os filisteus por todo o caminho, desde Gibeom até Gezer.

2 Samuel 4

Isbosete é assassinado

1 Ao saber que Abner havia morrido em Hebrom, Is-Bosete, filho de Saul, perdeu a coragem, e todo o Israel ficou alarmado.
2 Ora, o filho de Saul tinha a seu serviço dois líderes de grupos de ataque. Um deles chamava-se Baaná; o outro, Recabe; ambos filhos de Rimom, de Beerote, da tribo de Benjamim; a cidade de Beerote era considerada parte de Benjamim.
3 O povo de Beerote fugiu para Gitaim e até hoje vive ali como estrangeiro.
4 (Jônatas, filho de Saul, tinha um filho aleijado dos pés. Ele tinha cinco anos de idade quan­do chegou a notícia de Jezreel de que Saul e Jônatas haviam morrido. Sua ama o apanhou e fugiu, mas, na pressa, ela o deixou cair, e ele ficou man­co. Seu nome era Mefibosete.)
5 Aconteceu então que Recabe e Baaná, filhos de Rimom, de Beerote, foram à casa de Is-Bosete na hora mais quente do dia, na hora do seu descanso do meio-dia.
6 Os dois entraram na casa como se fossem buscar trigo, traspassaram-lhe o estômago e depois fugiram.
7 Eles haviam entrado na casa enquanto Is-Bosete estava deitado em seu quar­to. Depois de o traspassar e matar, cortaram-lhe a cabeça. E, levando-a, viajaram toda a noite pela rota da Arabá.
8 Levaram a cabeça de Is-Bosete a Davi, em Hebrom, e lhe disseram: "Aqui está a cabeça de Is-Bosete, filho de Saul, teu inimigo, que tentou tirar-te a vida. Hoje o Senhor vingou o nosso rei e senhor, de Saul e de sua descendência".
9 Davi respondeu a Recabe e a Baaná, seu irmão, filhos de Rimom, de Beerote: "Juro pelo nome do Senhor, que me tem livrado de todas as aflições:
10 quando um homem me disse que Saul estava morto, pensando que me trazia boa notícia, eu o agarrei e o matei em Ziclague, como recompensa pela notícia que trouxe!
11 Mui­to mais agora, que homens ímpios mataram um inocente em sua própria casa e em sua própria cama! Vou castigá-los e eliminá-los da face da terra porque vocês fizeram correr o sangue dele­!"
12 Então Davi deu ordem a seus soldados, e eles os mataram. Depois cortaram as mãos e os pés deles e penduraram os corpos junto ao açude de Hebrom. Mas sepultaram a cabeça de Is-Bosete no túmulo de Abner, em He­brom.

2 Samuel 3

1 A guerra entre as famílias de Saul e de Davi durou muito tempo. Davi tornava-se cada vez mais forte, enquanto a família de Saul se enfraquecia.
2 Estes foram os filhos de Davi nascidos em Hebrom: O seu filho mais velho era Amnom, filho de Ainoã, de Jezreel;
3 o segundo, Quileabe, de Abigail, viúva de Nabal, de Carmelo; o terceiro, Absalão, de Maaca, filha de Talmai, rei de Gesur;
4 o quarto, Adonias, de Hagite; o quinto, Sefatias, de Abital;
5 e o sexto, Itreão, de sua mulher Eglá. Esses foram os filhos de Davi que lhe nasceram em Hebrom.

Abner junta-se a David

6 Enquanto transcorria a guerra entre as famílias de Saul e de Davi, Abner foi ficando poderoso na família de Saul.
7 Saul tivera uma concubina chamada Rispa, filha de Aiá. Certa vez Is-Bosete perguntou a Abner: "Por que você se deitou com a concubina de meu pai?"
8 Abner ficou furioso com a pergunta de Is-Bosete e exclamou: "Por acaso eu sou um cão a serviço de Judá? Até agora tenho sido leal à família de Saul, seu pai, e aos parentes e amigos dele, e não deixei que você caísse nas mãos de Davi; agora você me acusa de um delito envolvendo essa mulher!
9 Que Deus me castigue com todo o rigor, se eu não fizer por Davi o que o Senhor lhe prometeu sob juramento:
10 tirar o reino da família de Saul e estabelecer o trono de Davi sobre Israel e Judá, de Dã a Berseba".
11 Is-Bosete não respondeu nada a Abner, pois tinha medo dele.
12 Então Abner enviou mensageiros a Davi com esta proposta: "A quem pertence esta terra? Faze um acordo comigo e eu te ajudarei a conseguir o apoio de todo o Israel".
13 "Está bem", disse Davi. "Farei um acor­do com você, mas com uma condição: não compareça à minha presença, quando vier me ver, sem trazer-me Mical, filha de Saul."
14 E­ Davi enviou mensageiros a Is-Bosete, filho de Saul, exigindo: "Entregue-me minha mulher Mical, com quem me casei pelo preço de cem prepúcios de filisteus".
15 Diante disso, Is-Bosete mandou que a tirassem do seu marido Paltiel, filho de Laís.
16 Mas Paltiel foi atrás dela, e a seguiu chorando até Bau­rim. Então Abner ordenou-lhe que voltasse para casa, e ele voltou.
17 Nesse meio-tempo, Abner enviou esta men­sagem às autoridades de Israel: "Já faz algum tempo que vocês querem Davi como rei.
18 Agora é o momento de agir! Porque o Senhor prometeu a Davi: 'Por meio de Davi, meu servo, livrarei Israel do poder dos filisteus e de todos os seus inimigos' ".
19 Abner também falou pessoalmente com os benjamitas. Depois foi a Hebrom dizer a Davi tudo o que Israel e a tribo de Benjamim haviam aprovado.
20 Quando Abner, acom­panhado de vinte homens, apresentou-se a Davi em Hebrom, este ofereceu um banquete para ele e para os homens que o acompanhavam.
21 Dis­se então Abner a Davi: "Deixa que eu me vá e reúna todo o Israel, meu senhor, para que façam um acordo contigo, ó rei, e reines sobre tudo o que desejares". Davi o deixou ir, e ele se foi em paz.

Joabe mata Abner

22 Naquele momento os soldados de Davi e Joabe voltavam de um ataque, trazendo muitos bens. Abner, porém, já não estava com Davi em Hebrom, porque Davi o tinha deixado partir em paz.
23 Quan­do Joabe chegou com todo o seu exército, contaram-lhe que Abner, filho de Ner, se apresentara ao rei, que o tinha deixado ir em paz.
24 Então Joabe foi falar com o rei e lhe disse: "Que foi que fizeste? Abner veio à tua presença e o deixaste ir?
25 Co­nheces Abner, filho de Ner; ele veio para enganar-te, observar os teus movimentos e descobrir tudo o que estás fazendo".
26 Saindo da presença de Davi, Joabe enviou men­sageiros atrás de Abner, e eles o trouxeram de volta, desde a cisterna de Sirá. Mas Davi não ficou sabendo disso.
27 Quando Abner retornou a He­brom, Joabe o chamou à parte, na porta da cidade, sob o pretexto de falar-lhe em particular, e ali mesmo o feriu no estômago. E Abner morreu por ter derramado o sangue de Asael, irmão de Joabe.
28 Mais tarde, quando Davi soube o que tinha acontecido, disse: "Eu e o meu reino, perante o Senhor, somos para sempre inocentes do sangue de Abner, filho de Ner.
29 Caia a responsabilidade pela morte dele sobre a cabeça de Joabe e de toda a sua família! Jamais falte entre os seus descendentes quem sofra fluxo ou lepra, quem use muletas, quem morra à espada, ou quem passe fome".
30 Assim, Joabe e seu irmão Abisai mataram Abner, porque ele havia matado Asael, irmão deles, na batalha de Gibeom.
31 Então Davi disse a Joabe e a todo o exército que o acompanhava: "Rasguem suas vestes, vistam roupas de luto e vão chorando à fren­te de Abner". E o rei Davi seguiu atrás da maca que levava o corpo.
32 Enterraram-no em He­brom, e o rei chorou em alta voz junto ao túmulo de Abner, como também todo o povo.
33 Então o rei cantou este lamento por Abner: "Por que morreu Abner como morrem os insensatos?
34 Suas mãos não estavam algemadas nem seus pés acorrentados. Você caiu como quem cai perante homens perversos". E todo o povo chorou ainda mais por ele.
35 Depois, quando o povo insistiu com Davi que comesse alguma coisa en­quanto ainda era dia, Davi fez este juramento: "Deus me castigue com todo o rigor, caso eu prove pão ou qualquer outra coisa antes do pôr do sol!"
36 Todo o povo ouviu isso e o aprovou; de fato, tudo o que o rei fazia o povo aprovava.
37 Assim, naquele dia, todo o povo e todo o Israel reconheceram que o rei não tivera participação no assassinato de Abner, filho de Ner.
38 Então o rei disse aos seus conselheiros: "Não percebem que caiu hoje em Israel um líder, um grande homem?
39 Embora rei ungido, ainda sou fraco, e esses filhos de Zeruia são mais fortes do que eu. Que o Senhor retribua ao malfeitor de acordo com as suas más obras!"

2 Samuel 2

David é ungido rei sobre Judá

1 Passado algum tempo, Davi perguntou ao Senhor: "Devo ir para uma das cidades de Judá?" O Senhor respondeu que sim, e Davi perguntou para qual delas. "Para Hebrom", respondeu o Senhor.
2 Então Davi foi para Hebrom com suas duas mulheres, Ainoã, de Jezreel, e Abigail, viúva de Nabal, o carmelita. Informado de que os habitantes de Jabes-Gileade tinham sepultado Saul,
3 Davi também levou os homens que o acompanhavam, cada um com sua família, e estabeleceram-se em Hebrom e nos povoados vizinhos.
4 Então os homens de Judá foram a Hebrom e ali ungiram Davi rei da tribo de Judá.
5 Davi enviou-lhes mensageiros que lhes disseram: "O Senhor os aben­çoe pelo seu ato de lealdade, dando sepultura a Saul, seu rei.
6 Seja o Senhor leal e fiel para com vocês. Também eu firmarei minha amizade com vocês, por terem feito essa boa ação.
7 Mas, agora, sejam fortes e corajosos, pois Saul, seu senhor, está morto, e já fui ungido rei pela tribo de Judá".

Guerra entre os exércitos de David e de Saul

8 Enquanto isso, Abner, filho de Ner, comandante do exército de Saul, levou Is-Bosete, filho de Saul, a Maanaim,
9 onde o proclamou rei sobre Gileade, Assuri, Jezreel, Efraim, Benjamim e sobre todo o Israel.
10 Is-Bosete, filho de Saul, tinha quarenta anos de idade quando começou a reinar em Israel, e reinou dois anos. Entretanto, a tribo de Judá seguia Davi,
11 que a governou em Hebrom por sete anos e seis meses.
12 Abner, filho de Ner, e os soldados de Is-Bosete, filho de Saul, partiram de Maanaim e marcharam para Gibeom.
13 Joabe, filho de Zeruia, e os soldados de Davi foram ao encontro deles no açude de Gibeom. Um grupo posicionou-se num lado do açude; o outro grupo, no lado opos­to.
14 Então Abner disse a Joabe: "Vamos fazer alguns soldados lutarem diante de nós". Joabe respondeu: "De acordo".
15 Então doze soldados aliados de Benjamim e Is-Bosete, filho de Saul, atravessaram o açude para enfrentar doze soldados aliados de Davi.
16 Ca­da soldado pegou o adversário pela cabeça e fincou-lhe o punhal no lado, e juntos caíram mortos. Por isso aquele lugar, situado em Gibeom, foi chamado Helcate-Hazurim.
17 Houve uma violenta batalha naquele dia, e Abner e os soldados de Israel foram derrotados pelos soldados de Davi.
18 Estavam lá Joabe, Abisai e Asael, os três filhos de Zeruia. E Asael, que corria como uma gazela em terreno plano,
19 perseguiu Abner, sem se desviar nem para a direita nem para a esquerda.
20 Abner olhou para trás e perguntou: "É você, Asael?" "Sou eu", respondeu ele.
21 Disse-lhe então Abner: "É melhor você se desviar para a direita ou para a esquerda, capturar um dos soldados e ficar com as armas dele". Mas Asael não quis parar de persegui-lo.
22 Então Abner advertiu Asael mais uma vez: "Pare de me perseguir! Não quero matá-lo. Como eu poderia olhar seu irmão Joabe nos olhos de novo?"
23 Como, porém, Asael não desistiu de persegui-lo, Abner cravou no estômago dele a ponta da lança, que saiu pelas costas. E ele caiu, morrendo ali mesmo. E paravam todos os que chegavam ao lugar onde Asael estava caído.
24 Então Joabe e Abisai perseguiram Abner. Ao pôr do sol, chegaram à colina de Amá, defronte de Gia, no caminho para o deserto de Gibeom.
25 Os soldados de Benjamim, seguindo Abner, reuniram-se formando um só grupo e ocuparam o alto de uma colina.
26 Então Abner gritou para Joabe: "O derramamento de sangue vai continuar? Não vê que isso vai trazer amargura? Quando é que você vai mandar o seu exército parar de perseguir os seus ir­mãos?"
27 Respondeu Joabe: "Juro pelo nome de Deus que, se você não tivesse falado, o meu exér­cito perseguiria os seus irmãos até de ma­nhã".
28 Então Joabe tocou a trombeta, e o exér­cito parou de perseguir Israel e de lutar.
29 Abner e seus soldados marcharam pela Arabá durante toda a noite. Atravessaram o Jordão, marcharam durante a manhã inteira e chegaram a Maanaim.
30 Quando Joabe voltou da perseguição a Abner, reuniu todo o exército. E viram que ­faltavam dezenove soldados, além de Asael.
31 Mas os soldados de Davi tinham matado trezentos e sessenta benjamitas que estavam com Abner.
32 Levaram Asael e o sepultaram no túmulo de seu pai, em Belém. Depois disso, Joabe e seus soldados marcharam durante toda a noite e chegaram a Hebrom ao amanhecer.

2 Samuel 1

David sabe da morte de Saul

1 Depois da morte de Saul, Davi retornou de sua vitória sobre os amalequitas. Fazia dois dias que ele estava em Ziclague
2 quan­do, no terceiro dia, chegou um homem que vinha do acampamento de Saul, com as roupas rasgadas e terra na cabeça. Ao aproximar-se de Davi, prostrou-se com o rosto em terra, em sinal de respeito.
3 Davi então lhe perguntou: "De onde você vem?" Ele respondeu: "Fugi do acampamento israelita".
4 Disse Davi: "Conte-me o que aconte­ceu". E o homem contou: "O nosso exército fugiu da batalha, e muitos morreram. Saul e Jônatas também estão mortos".
5 Então Davi perguntou ao jovem que lhe trou­xera as notícias: "Como você sabe que Saul e Jônatas estão mortos?"
6 O jovem respondeu: "Cheguei por acaso ao monte Gilboa, e lá estava Saul, apoiado em sua lança. Os carros de guerra e os oficiais da cavalaria estavam a ponto de alcançá-lo.
7 Quan­do ele se virou e me viu, chamou-me gritando, e eu disse: Aqui estou.
8 "Ele me perguntou: 'Quem é você?' "Sou amalequita, respondi.
9 "Então ele me ordenou: 'Venha aqui e mate-me! Estou na angústia da morte!'.
10 "Por isso aproximei-me dele e o matei, pois sabia que ele não sobreviveria ao ferimento. Peguei a coroa e o bracelete dele e trouxe-os a ti, meu senhor".
11 Então Davi rasgou suas vestes; e os homens que estavam com ele fizeram o mesmo.
12 E se lamentaram, chorando e jejuando até o fim da tarde, por Saul e por seu filho Jônatas, pelo exército do Senhor e pelo povo de Israel, porque muitos haviam sido mortos à espada.
13 E Davi perguntou ao jovem que lhe trouxera as notícias: "De onde você é?"
E ele respondeu: "Sou filho de um estrangeiro, sou amalequita".
14 Davi lhe perguntou: "Como você não temeu levantar a mão para matar o ungido do Senhor?"
15 Então Davi chamou um dos seus soldados e lhe disse: "Venha aqui e mate-o!" O servo o feriu, e o homem morreu.
16 Davi tinha dito ao jovem: "Você é responsável por sua própria mor­te. Sua boca testemunhou contra você, quan­do disse: 'Matei o ungido do Senhor' ".

Cântico de David sobre a morte de Saul e de Jónatas

17 Davi cantou este lamento sobre Saul e seu filho Jônatas,
18 e ordenou que se ensinasse aos homens de Judá; é o Lamento do Arco, que foi registrado no Livro de Jasar:
19 "O seu esplendor, ó Israel, está morto sobre os seus montes. Como caíram os guerreiros!
20 "Não conte isso em Gate, não o proclame nas ruas de Ascalom, para que não se alegrem as filhas dos filisteus nem exultem as filhas dos incircuncisos.
21 "Ó colinas de Gilboa, nunca mais haja orvalho nem chuva sobre vocês, nem campos que produzam trigo para as ofertas. Porque ali foi profanado o escudo dos guerreiros, o escudo de Saul, que nunca mais será polido com óleo.
22 Do sangue dos mortos, da carne dos guerreiros, o arco de Jônatas nunca recuou, a espada de Saul sempre cumpriu a sua tarefa.
23 "Saul e Jônatas, mui amados, nem na vida nem na morte foram separados.
Eram mais ágeis que as águias, mais fortes que os leões.
24 "Chorem por Saul, ó filhas de Israel! Chorem aquele que as vestia de rubros ornamentos e que suas roupas enfeitava com adornos de ouro.
25 "Como caíram os guerreiros no meio da batalha! Jônatas está morto sobre os montes de Israel.
26 Como estou triste por você, Jônatas, meu irmão! Como eu lhe queria bem! Sua amizade era, para mim, mais preciosa que o amor das mulheres!
27 "Caíram os guerreiros! As armas de guerra foram destruídas!"

Juízes 21

Mulheres para os benjamitas

1 Os homens de Israel tinham feito este juramento em Mispá: "Nenhum de nós dará sua filha em casamento a um benjamita".
2 O povo foi a Betel, onde esteve sentado perante Deus até a tarde, chorando alto e amargamente.
3 "Ó Senhor Deus de Israel", lamentaram, "por que aconteceu isso em Israel? Por que teria que faltar hoje uma tribo em Israel?"
4 Na manhã do dia seguinte, o povo se levantou cedo, construiu um altar e apresentou holocaustos e ofertas de comunhão.
5 Os israelitas perguntaram: "Quem dentre todas as tribos de Israel deixou de vir à assembleia perante o Senhor?" Pois tinham feito um juramento solene de que qualquer que deixasse de se reunir perante o Senhor em Mispá seria morto.
6 Os israelitas prantearam pelos seus irmãos benjamitas. "Hoje uma tribo foi eliminada de Israel", diziam.
7 "Como poderemos conseguir mulheres para os sobreviventes, visto que juramos pelo Senhor não lhes dar em casamento nenhuma de nossas filhas?"
8 Então perguntaram: "Qual das tribos de Israel deixou de reunir-se perante o Senhor em Mispá?" Descobriu-se então que ninguém de Jabes-Gileade tinha vindo ao acampamento para a assembleia.
9 Quando contaram o povo, verificaram que ninguém do povo de Jabes-Gileade estava ali.
10 Então a comunidade enviou doze mil homens de guerra com instruções para irem a Jabes-Gileade e matarem à espada todos os que viviam lá, inclusive mulheres e crianças.
11 "É isto o que vocês deverão fazer", disseram, "matem todos os homens e todas as mulheres que não forem virgens."
12 No meio de todo o povo que vivia em Jabes-Gileade encontraram quatrocentas moças virgens e as levaram para o acampamento de Siló, em Canaã.
13 Depois a comunidade toda enviou uma oferta de comunhão aos benjamitas que estavam na rocha de Rimom.
14 Os benjamitas voltaram naquela ocasião e receberam as mulheres de Jabes-Gileade que tinham sido poupadas. Mas não havia mulheres suficientes para todos eles.
15 O povo pranteou Benjamim, pois o Senhor tinha aberto uma lacuna nas tribos de Israel.
16 E os líderes da comunidade disseram: "Mortas as mulheres de Benjamim, como conseguiremos mulheres para os homens que restaram?
17 Os benjamitas sobreviventes precisam ter herdeiros, para que uma tribo de Israel não seja destruída.
18 Não podemos dar-lhes nossas filhas em casamento, pois nós, israelitas, fizemos este juramento: Maldito seja todo aquele que der mulher a um benjamita.
19 Há, porém, a festa anual do Senhor em Siló, ao norte de Betel, a leste da estrada que vai de Betel a Siquém, e ao sul de Lebona".
20 Então mandaram para lá os benjamitas, dizendo: "Vão, escondam-se nas vinhas
21 e fiquem observando. Quando as moças de Siló forem para as danças, saiam correndo das vinhas e cada um de vocês apodere-se de uma das moças de Siló e vá para a terra de Benjamim.
22 Quando os pais ou irmãos delas se queixarem a nós, diremos: Tenham misericórdia deles, pois não conseguimos mulheres para eles durante a guerra, e vocês são inocentes, visto que não lhes deram suas filhas".
23 Foi o que os benjamitas fizeram. Quando as moças estavam dançando, cada homem tomou uma para fazer dela sua mulher. Depois voltaram para a sua herança, reconstruíram as cidades e se estabeleceram nelas.
24 Na mesma ocasião os israelitas saíram daquele local e voltaram para as suas tribos e para os seus clãs, cada um para a sua própria herança.
25 Naquela época, não havia rei em Israel; cada um fazia o que lhe parecia certo.

Juízes 20

Os israelitas lutam contra os benjamitas

1 Então todos os israelitas, de Dã a Berseba, e de Gileade, saíram como um só homem e se reuniram em assembleia perante o Senhor, em Mispá.
2 Os líderes de todo o povo das tribos de Israel tomaram seus lugares na assembleia do povo de Deus, quatrocentos mil soldados armados de espada.
3 (Os benjamitas souberam que os israelitas haviam subido a Mispá.) Os israelitas perguntaram: "Como aconteceu essa perversidade?"
4 Então o levita, marido da mulher assassinada, disse: "Eu e a minha concubina chegamos a Gibeá de Benjamim para passar a noite.
5 Durante a noite os homens de Gibeá vieram para atacar-me e cercaram a casa, com a intenção de matar-me. Então violentaram minha concubina, e ela morreu.
6 Peguei minha concubina, cortei-a em pedaços e enviei um pedaço a cada região da herança de Israel, pois eles cometeram essa perversidade e esse ato vergonhoso em Israel.
7 Agora, todos vocês, israelitas, manifestem-se e deem o seu veredicto".
8 Todo o povo se levantou como se fosse um só homem, dizendo: "Nenhum de nós irá para casa. Nenhum de nós voltará para o seu lar.
9 Mas é isto que faremos agora contra Gibeá: separaremos, por sorteio, de todas as tribos de Israel,
10 de cada cem homens dez, de cada mil homens cem, de cada dez mil homens mil, para conseguirem provisões para o exército poder chegar a Gibeá de Benjamim e dar a eles o que merecem por esse ato vergonhoso cometido em Israel".
11 E todos os israelitas se ajuntaram e se uniram como um só homem contra a cidade.
12 As tribos de Israel enviaram homens a toda a tribo de Benjamim, dizendo: "O que vocês dizem dessa maldade terrível que foi cometida no meio de vocês?
Mas os benjamitas não quiseram ouvir seus irmãos israelitas.
13 Agora, entreguem esses canalhas de Gibeá, para que os matemos e eliminemos esse mal de Israel".
14 Vindos de suas cidades, reuniram-se em Gibeá para lutar contra os israelitas.
15 Naquele dia, os benjamitas mobilizaram vinte e seis mil homens armados de espada que vieram das suas cidades, além dos setecentos melhores soldados que viviam em Gibeá.
16 Dentre todos esses soldados havia setecentos canhotos, muito hábeis, e cada um deles podia atirar com a funda uma pedra num cabelo sem errar.
17 Israel, sem os de Benjamim, convocou quatrocentos mil homens armados de espada, todos eles homens de guerra.
18 Os israelitas subiram a Betel e consultaram a Deus. "Quem de nós irá lutar primeiro contra os benjamitas?", perguntaram.
O Senhor respondeu: "Judá irá primeiro".
19 Na manhã seguinte, os israelitas se levantaram e armaram acampamento perto de Gibeá.
20 Os homens de Israel saíram para lutar contra os benjamitas e tomaram posição de combate contra eles em Gibeá.
21 Os benjamitas saíram de Gibeá e, naquele dia, mataram vinte e dois mil israelitas no campo de batalha.
22 Mas os homens de Israel procuraram animar-se uns aos outros e novamente ocuparam as mesmas posições do primeiro dia.
23 Os israelitas subiram, choraram perante o Senhor até a tarde e consultaram o Senhor: "Devemos atacar de novo os nossos irmãos benjamitas?"
O Senhor respondeu: "Vocês devem atacar".
24 Então os israelitas avançaram contra os benjamitas no segundo dia.
25 Dessa vez, quando os benjamitas saíram de Gibeá para enfrentá-los, derrubaram outros dezoito mil israelitas, todos eles armados de espada.
26 Então todos os israelitas subiram a Betel, e ali se assentaram, chorando perante o Senhor. Naquele dia, jejuaram até a tarde e apresentaram holocaustos e ofertas de comunhão ao Senhor.
27 E os israelitas consultaram ao Senhor. (Naqueles dias, a arca da aliança estava ali,
28 e Fineias, filho de Eleazar, filho de Arão, ministrava perante ela.) Perguntaram: "Sairemos de novo ou não, para lutar contra os nossos irmãos benjamitas?" O Senhor respondeu: "Vão, pois amanhã eu os entregarei nas suas mãos".
29 Então os israelitas armaram uma emboscada em torno de Gibeá.
30 Avançaram contra os benjamitas no terceiro dia e tomaram posição contra Gibeá, como tinham feito antes.
31 Os benjamitas saíram para enfrentá-los e foram atraídos para longe da cidade. Começaram a ferir alguns dos israelitas como tinham feito antes, e uns trinta homens foram mortos em campo aberto e nas estradas, uma que vai para Betel e a outra que vai para Gibeá.
32 Enquanto os benjamitas diziam: "Nós os derrotamos como antes", os israelitas diziam: "Vamos retirar-nos e atraí-los para longe da cidade, para as estradas".
33 Todos os homens de Israel saíram dos seus lugares e ocuparam posições em Baal-Tamar, e a emboscada israelita atacou da sua posição a oeste de Gibeá.
Os israelitas bateram em retirada diante de Benjamim, pois confiavam na emboscada que tinham preparado perto de Gibeá. Os benjamitas tinham começado a ferir os israelitas, matando cerca de trinta deles, e disseram: "Nós os derrotamos como na primeira batalha".
34 Então dez mil dos melhores soldados de Israel iniciaram um ataque frontal contra Gibeá. O combate foi duro, e os benjamitas não perceberam que a desgraça estava próxima deles.
35 O Senhor derrotou Benjamim perante Israel, e naquele dia os israelitas feriram vinte e cinco mil e cem benjamitas, todos armados de espada.
36 Então os benjamitas viram que estavam derrotados.
37 Os da emboscada avançaram repentinamente para dentro de Gibeá, espalharam-se e mataram todos os habitantes da cidade à espada.
38 Os israelitas tinham combinado com os da emboscada que estes fariam subir da cidade uma grande nuvem de fumaça,
39 e então os israelitas voltariam a combater.
40 Mas, quando a coluna de fumaça começou a se levantar da cidade, os benjamitas se viraram e viram a fumaça subindo ao céu.
41 Então os israelitas se voltaram contra eles, e os homens de Benjamim ficaram apavorados, pois perceberam que a sua desgraça havia chegado.
42 Assim, fugiram da presença dos israelitas tomando o caminho do deserto, mas não conseguiram escapar do combate. E os homens de Israel que saíram das cidades os mataram ali.
43 Cercaram os benjamitas e os perseguiram, e facilmente os alcançaram nas proximidades de Gibeá, no lado leste.
44 Dezoito mil benjamitas morreram, todos eles soldados valentes.
45 Quando se viraram e fugiram rumo ao deserto, para a rocha de Rimom, os israelitas abateram cinco mil homens ao longo das estradas. Até Gidom eles pressionaram os benjamitas e mataram mais de dois mil homens.
46 Naquele dia, vinte e cinco mil benjamitas que portavam espada morreram, todos eles soldados valentes.
47 Seiscentos homens, porém, viraram as costas e fugiram para o deserto, para a rocha de Rimom, onde ficaram durante quatro meses.
48 Os israelitas voltaram a Benjamim e passaram todas as cidades à espada, matando inclusive os animais e tudo o que encontraram nelas. E incendiaram todas as cidades por onde passaram.

Juízes 19

O levita e a sua concubina

1 Naquela época, não havia rei em Israel. Aconteceu que um levita que vivia nos montes de Efraim, numa região afastada, tomou para si uma concubina, que era de Belém de Judá.
2 Mas ela lhe foi infiel. Deixou-o e voltou para a casa do seu pai, em Belém de Judá. Quatro meses depois,
3 seu marido foi convencê-la a voltar. Ele tinha levado o seu servo e dois jumentos. A mulher o levou para dentro da casa do seu pai, e quando seu pai o viu, alegrou-se.
4 O sogro dele o convenceu a ficar ali; e ele permaneceu com eles três dias; todos comendo, bebendo e dormindo ali.
5 No quarto dia, eles se levantaram cedo, e o levita se preparou para partir, mas o pai da moça disse ao genro: "Coma alguma coisa, e depois vocês poderão partir".
6 Os dois se assentaram para comer e beber juntos. Mas o pai da moça disse: "Eu peço a você que fique esta noite, e que se alegre".
7 E, quando o homem se levantou para partir, seu sogro o convenceu a ficar ainda aquela noite.
8 Na manhã do quinto dia, quando ele se preparou para partir, o pai da moça disse: "Vamos comer! Espere até a tarde!" E os dois comeram juntos.
9 Então, quando o homem, sua concubina e seu servo levantaram-se para partir, o pai da moça, disse outra vez: "Veja, o dia está quase acabando, é quase noite; passe a noite aqui. Fique e alegre-se. Amanhã de madrugada vocês poderão levantar-se e ir para casa".
10 Não desejando ficar outra noite, o homem partiu rumo a Jebus, isto é, Jerusalém, com dois jumentos selados e com a sua concubina.
11 Quando estavam perto de Jebus e já se findava o dia, o servo disse a seu senhor: "Venha. Vamos parar nesta cidade dos jebuseus e passar a noite aqui".
12 O seu senhor respondeu: "Não. Não vamos entrar numa cidade estrangeira, cujo povo não é israelita. Iremos para Gibeá".
13 E acrescentou: "Ande! Vamos tentar chegar a Gibeá ou a Ramá e passar a noite num desses lugares".
14 Então prosseguiram, e o sol se pôs quando se aproximavam de Gibeá de Benjamim.
15 Ali entraram para passar a noite. Foram sentar-se na praça da cidade. E ninguém os convidou para passarem a noite em sua casa.
16 Naquela noite, um homem idoso procedente dos montes de Efraim e que estava morando em Gibeá (os homens do lugar eram benjamitas), voltava de seu trabalho no campo.
17 Quando viu o viajante na praça da cidade, o homem idoso perguntou: "Para onde você está indo? De onde vem?"
18 Ele respondeu: "Estamos de viagem, indo de Belém de Judá para uma região afastada, nos montes de Efraim, onde moro. Fui a Belém de Judá, e agora estou indo ao santuário do Senhor. Mas aqui ninguém me recebeu em casa.
19 Temos palha e forragem para os nossos jumentos, e para nós mesmos, que somos seus servos, temos pão e vinho, para mim, para a sua serva e para o jovem que está conosco. Não temos falta de nada".
20 "Você é bem-vindo em minha casa", disse o homem idoso. "Vou atendê-lo no que você precisar. Não passe a noite na praça."
21 E os levou para a sua casa e alimentou os jumentos. Depois de lavarem os pés, comeram e beberam alguma coisa.
22 Quando estavam entretidos, alguns vadios da cidade cercaram a casa. Esmurrando a porta, gritaram para o homem idoso, dono da casa: "Traga para fora o homem que entrou em sua casa para que tenhamos relações com ele!"
23 O dono da casa saiu e lhes disse: "Não sejam tão perversos, meus amigos. Já que esse homem é meu hóspede, não cometam essa loucura.
24 Vejam, aqui está minha filha virgem e a concubina do meu hóspede. Eu as trarei para vocês, e vocês poderão usá-las e fazer com elas o que quiserem. Mas, nada façam com esse homem, não cometam tal loucura!"
25 Mas os homens não quiseram ouvi-lo. Então o levita mandou a sua concubina para fora, e eles a violentaram e abusaram dela a noite toda. Ao alvorecer a deixaram.
26 Ao romper do dia a mulher voltou para a casa onde o seu senhor estava hospedado, caiu junto à porta e ali ficou até o dia clarear.
27 Quando o seu senhor se levantou de manhã, abriu a porta da casa e saiu para prosseguir viagem, lá estava a sua concubina, caída à entrada da casa, com as mãos na soleira da porta.
28 Ele lhe disse: "Levante-se, vamos!" Não houve resposta. Então o homem a pôs em seu jumento e foi para casa.
29 Quando chegou, apanhou uma faca e cortou o corpo da sua concubina em doze partes, e as enviou a todas as regiões de Israel.
30 Todos os que viram isso disseram: "Nunca se viu nem se fez uma coisa dessas desde o dia em que os israelitas saíram do Egito. Pensem! Reflitam! Digam o que se deve fazer!"

Juízes 18

A tribo de Dan estabelece-se em Laís

1 Naquela época, não havia rei em Israel, e a tribo de Dã estava procurando um local onde se estabelecer, pois ainda não tinha recebido herança entre as tribos de Israel.
2 Então enviaram cinco guerreiros de Zorá e de Estaol para espionarem a terra e explorá-la. Esses homens representavam todos os clãs da tribo. Disseram-lhes: "Vão, explorem a terra". Os homens chegaram aos montes de Efraim e foram à casa de Mica, onde passaram a noite.
3 Quando estavam perto da casa de Mica, reconheceram a voz do jovem levita; aproximaram-se e lhe perguntaram: "Quem o trouxe para cá? O que você está fazendo neste lugar? Por que você está aqui?"
4 O jovem lhes contou o que Mica fizera por ele, e disse: "Ele me contratou, e eu sou seu sacerdote".
5 Então eles lhe pediram: "Pergunte a Deus se a nossa viagem será bem-sucedida".
6 O sacerdote lhes respondeu: "Vão em paz. Sua viagem tem a aprovação do Senhor".
7 Os cinco homens partiram e chegaram a Laís, onde viram que o povo vivia em segurança, como os sidônios, despreocupado e tranquilo, e gozava prosperidade, pois a sua terra não lhe deixava faltar nada. Viram também que o povo vivia longe dos sidônios e não tinha relações com nenhum outro povo.
8 Quando voltaram a Zorá e a Estaol, seus irmãos lhes perguntaram: "O que descobriram?"
9 Eles responderam: "Vamos atacá-los! Vimos que a terra é muito boa. Vocês vão ficar aí sem fazer nada? Não hesitem em ir apossar-se dela.
10 Chegando lá, vocês encontrarão um povo despreocupado e uma terra espaçosa que Deus pôs nas mãos de vocês, terra onde não falta coisa alguma!"
11 Então seiscentos homens da tribo de Dã partiram de Zorá e de Estaol, armados para a guerra.
12 Na viagem armaram acampamento perto de Quiriate-Jearim, em Judá. É por isso que até hoje o local, a oeste de Quiriate-Jearim, é chamado Maané-Dã.
13 Dali foram para os montes de Efraim e chegaram à casa de Mica.
14 Os cinco homens que haviam espionado a terra de Laís disseram a seus irmãos: "Vocês sabiam que numa dessas casas há um manto sacerdotal, ídolos da família, uma imagem esculpida e um ídolo de metal? Agora vocês sabem o que devem fazer".
15 Então eles se aproximaram e foram à casa do jovem levita, à casa de Mica, e o saudaram.
16 Os seiscentos homens de Dã, armados para a guerra, ficaram junto à porta.
17 Os cinco homens que haviam espionado a terra entraram e apanharam a imagem, o manto sacerdotal, os ídolos da família e o ídolo de metal, enquanto o sacerdote e os seiscentos homens armados permaneciam à porta.
18 Quando os homens entraram na casa de Mica e apanharam a imagem, o manto sacerdotal, os ídolos da família e o ídolo de metal, o sacerdote lhes perguntou: "Que é que vocês estão fazendo?"
19 Eles lhe responderam: "Silêncio! Não diga nada. Venha conosco, e seja nosso pai e sacerdote. Não será melhor para você servir como sacerdote uma tribo e um clã de Israel do que apenas a família de um só homem?"
20 Então o sacerdote se alegrou, apanhou o manto sacerdotal, os ídolos da família e a imagem esculpida e se juntou à tropa.
21 Pondo os seus filhos, os seus animais e os seus bens na frente deles, partiram de volta.
22 Quando já estavam a certa distância da casa, os homens que moravam perto de Mica foram convocados e alcançaram os homens de Dã.
23 Como vinham gritando atrás deles, estes se voltaram e perguntaram a Mica: "Qual é o seu problema? Por que convocou os seus homens para lutar?"
24 Ele respondeu: "Vocês estão levando embora os deuses que fiz e o meu sacerdote. O que me sobrou? Como é que ainda podem perguntar: 'Qual é o seu problema?' "
25 Os homens de Dã responderam: "Não discuta conosco, senão alguns homens de temperamento violento o atacarão, e você e a sua família perderão a vida".
26 E assim os homens de Dã seguiram seu caminho. Vendo que eles eram fortes demais para ele, Mica virou-se e voltou para casa.
27 Os homens de Dã levaram o que Mica fizera e o seu sacerdote, e foram para Laís, lugar de um povo pacífico e despreocupado. Eles mataram todos ao fio da espada e queimaram a cidade.
Os homens de Dã reconstruíram a cidade e se estabeleceram nela.
28 Não houve quem os livrasse, pois viviam longe de Sidom e não tinham relações com nenhum outro povo. A cidade ficava num vale que se estende até Bete-Reobe.
29 Deram à cidade anteriormente chamada Laís o nome de Dã, em homenagem a seu antepassado Dã, filho de Israel.
30 Eles levantaram para si o ídolo, e Jônatas, filho de Gérson, neto de Moisés, e os seus filhos foram sacerdotes da tribo de Dã até que o povo foi para o exílio.
31 Ficaram com o ídolo feito por Mica durante todo o tempo em que o santuário de Deus esteve em Siló.

Juízes 17

Os ídolos do Mica

1 Havia um homem chamado Mica, dos montes de Efraim,
2 que disse certa vez à sua mãe: "Os treze quilos de prata que foram roubados de você e pelos quais eu a ouvi pronunciar uma maldição, na verdade a prata está comigo; eu a peguei". Disse-lhe sua mãe: "O Senhor o abençoe, meu filho!"
3 Quando ele devolveu os treze quilos de prata à mãe, ela disse: "Consagro solenemente a minha prata ao Senhor para que o meu filho faça uma imagem esculpida e um ídolo de metal. Eu a devolvo a você".
4 Mas ele devolveu a prata à sua mãe, e ela separou dois quilos e quatrocentos gramas, e os deu a um ourives, que deles fez a imagem e o ídolo. E estes foram postos na casa de Mica.
5 Ora, esse homem, Mica, possuía um santuário, fez um manto sacerdotal e alguns ídolos da família e pôs um dos seus filhos como seu sacerdote.
6 Naquela época, não havia rei em Israel; cada um fazia o que lhe parecia certo.
7 Um jovem levita de Belém de Judá, procedente do clã de Judá,
8 saiu daquela cidade em busca de outro lugar para morar. Em sua viagem, chegou à casa de Mica, nos montes de Efraim.
9 Mica lhe perguntou: "De onde você vem?"
"Sou levita, de Belém de Judá", respondeu ele. "Estou procurando um lugar para morar."
10 "Fique comigo", disse-lhe Mica. "Seja meu pai e sacerdote, e eu darei a você cento e vinte gramas de prata por ano, roupas e comida."
11 O jovem levita concordou em ficar com Mica, e tornou-se como um dos seus filhos.
12 Mica acolheu o levita, e o jovem se tornou seu sacerdote, e ficou morando em sua casa.
13 E Mica disse: "Agora sei que o Senhor me tratará com bondade, pois esse levita se tornou meu sacerdote".