Coleção pessoal de arthustorres

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Acordei. Abri os olhos. Lembrei de cenas do dia anterior e o estômago revirou. Abri a porta do quarto, sai correndo, levei a mão à boca antes de abrir o vaso sanitário, mas foi inútil. O vômito veio avassalador, ardendo a faringe antes que pudesse conter e eu derramei. Derramei ali no vaso todas as tentativas inúteis de acalmar a alma com álcool no dia anterior. A ressaca já mostrava indícios de que o dia seria de botar pra fora. Bebi um copo de água gelada e parecia o maior elixir que um ser humano já havia experimentado. Devorei três fatias de melão, não sabia que era tão bom. Aliás, fazia tempo que eu não sabia o que era tão bom. Deitei no sofá, liguei a Tv, tentei assistir um seriado e as náuseas não deixaram. E então me sobreveio ele, o pensamento nele, aquela saudade. A saudade da pessoa errada, na hora errada. As náuseas pioraram, o dia piorou, era Domingo, entendi na hora. O dia foi passando, as náuseas diminuindo, a saudade aumentando. Adormeci novamente, já estava escuro. E a saudade? Não adianta dormir que não passa.

Prezado Eu,

Tente me esquecer, jogue fora seus status de vida, suas bagagens, seus conhecimentos e suas viradas de olhos. Tente cuspir na minha cara, tente revidar o tapa dado, tente sentir essa dor que não passa, não sossega. Tente rasgar minha roupa, rasgar a alma, tente defecar em meus pensamentos, é tudo o que mais quero. Tente se por na minha pele e acorde pra escuridão, tente ser ridículo a ponto de chorar de felicidade da liberdade de não ser eu por segundos. Tente me amar, dessa maneira rude e ridícula, dessa maneira farta e podre. Tente mergulhar comigo nos vieses da consciência e ver tudo o que já passei, tudo o que sofri, tudo o que vomitei e que precisei engolir novamente. Tente quebrar os pratos que quebrei, tente regurgitar as pedras que levei na face, tente dormir com os julgamentos que me foram lançados. Tente crescer com essa força contrária, tente andar com os pés voltados, tente se proteger sem amor, sem carinho, com dor. Tente me dizer que as dores são pequenas, esforce-se. Tente diminuir todas as situações deploráveis, as humilhações, as descrenças. Tente apagar a violência sofrida, a miséria anunciada, o choro engolido. Tente engolir minhas lágrimas, tente lamber meu suor, tente ser doce do salgado, quente no frio. Quente e frio. Tente o gelo sobre a dor, tente o fogo no amor. Tente a ferida escarrada, tente o ouvido destampado, tente sentar na minha cadeira. Tente, tente chorar minhas lamúrias, tente me amar, assim, desalmado. Tente acreditar, tente desvendar, tente olhar. Tente rever, reparar, remar, riscar. Tente rabiscar, tente apagar, tente borrar. Tente cortar, tente costurar, tente ferir. Tente, tente.

Exposto a coisas extremamentes degradantes, pensamentos altamente corrosivos, estava nu. Dentro da minha consciência a transição que a minha vida passava os meus pensamentos também eram submetidos. Emoções embaralhadas, sentimentos à flôr da pele, olhos marejados, narinas abertas, prontas para a queda. A imponência nunca foi um desejo, tampouco aspiração, manter-se de pé já custava sacrifícios. Ser quem era, ser o que era, ser quem devia ser ultrapassava os limites de qualquer entendimento como mim mesmo ou sobre o que eu achava de mim mesmo. Ódio, amor, felicidade, raiva, desdém, fraqueza, tristeza, razão, emoção, paixão, quantos sentimentos perdidos e devassados cabiam dentro do meu corpo? Nenhum. Todos grandes demais, ou pequenos demais, extensão de uma alma dilacerada.

Existiam alguns espaços, entrelinhas, vielas, cujas funções eram permitir o passado voltar à tona. Tudo isso permitido por mim claro, eu, na primeira pessoa do singular, o retardado. E, quando digo retardado, me refiro à minha capacidade de deixar os piores assuntos (e pessoas também) interferir no que já deveria ter passado. Já deveriam ser pretérito mais-que-perfeito, mas não, eu insistia. O resultado era esse misto de sensações que eu tinha que me deparar em cada noite, em cada dose, em cada sonho.

É estranho ter que escrever para aliviar dores, sarcasmos, ironias, pesos e energias negativas. É estranho saber que quando você mais precisa das pessoas, é nessa hora, que elas desaparecem. Quando você mais precisa de um olhar, uma palavra, uma visita, é quando as pessoas mais somem, te excluem, te deletam do arco que poderia te fazer bem. Amizade mesmo é quando você necessita dela e ela está ali, independente de tempo, cor, dinheiro, raça, interesse, vento, mar, água, pedra, independente de nada.
Tenho feito cada vez menos pelas pessoas, tenho me entregado cada vez menos, em reposta dessa sociedade egoísta e imediatista. Tenho sido cada vez menos humilde. Tenho perdido cada vez mais minhas principais, melhores, mais sinceras qualidades em reação ao comportamento dessas pessoas. Trago-as ao meu círculo, dou afago, dou atenção, quando preciso delas, levo um não na cara. Um não deslavado, um não desmerecido, um não falso.

"Não importa se sua hora ainda não chegou, não adianta se desesperar. As melhores coisas, as mais sinceras, as mais importantes chegam o tempo. Foi assim com a sua maturidade, foi assim com a sua altura, a sua percepção e até com seus ossos. E não se espante quando digo que será assim até o fim da sua vida (se é que existe fim). Pode parar de se preocupar em analisar tudo, com estigmas, separações, vírgulas, travessões.. deixa as reticências falarem mais alto. Destino existe sim, e força de vontade também. Pensa nisso, tá certo ? Por mim, por você e por tudo o que você acredita!"

Aguarde mais um momento - Arthus Torres.

Você me fez rir. Rir com a alma, rir de olhos fechados e de pele arrepiada. Que coisa mais intrigante pra mim que havia decidido nunca mais sentir isso (se e que já havia sentido). Quero você nos meus braços, antebraços, escápulas e falanges. Porque somos feitos um para o outro.

Não adianta insistir nas companhias erradas, tudo vai dar errado. Seja um amigo, ou amor. Se está errado, retire, delete. Não adianta dar chances, pois o erro não dará chance para o seu acerto. Pense bem, saiba separar e priorizar. Quem busca a sua felicidade é você. Só você determina o que entra na sua vida, e o que pode sair dela. E se tiver que sair, que saia da forma mais rápida.

E eu que sempre dei valor as coisas, as pessoas e às decisões erradas. Me vi só. Me vi arrependido. Dói, sabe ? E dói mais ainda você ter certeza que ninguém precisa te dizer nada disso. Bastava uma olhada interior, e estava tudo ali. Na minha frente, tudo preto, podre, pobre. Tem uma coisa boa nisso tudo. A levantada, a retomada. Toda queda é um pressuposto para a ascensão. E a minha estava por vir, eu sentia.

(Queda)

Não adianta tentar relacionar muito. Nem tentar ser coerente demais com as pessoas, cada um com seus próprios erros e suas justificativas. Cada um com seus interesses próprios, justos e com suas próprias razões. O meu mundo, pode não ser igual ao seu, mas pode caber dentro do seu. Basta unirmos, basta ter fé. Quem quer, consegue. Quem espera, alcança. Você só atrai, o que transmite. Tudo vem da força do pensamento. Pense bem, atraia o bem, faça o bem e, acima de tudo, promova o bem. No final de tudo, o que for seu virá até você. Absolutamente, tudo o que lhe pertencer pode demorar a vir, mas virá no tempo certo, creia. Creia com a birra de uma criança. Busque. Busque com a força de um adulto. E aproveite. Aproveite com a serenidade de um experiente. Pois a vida, destina-se a quem sabe aproveitar.

''E que dia você volta ? Eu sei que pássaro voa, mas às vezes a gente tem que prendê-lo numa gaiola, que é pra perceber a exuberâncioa das suas plumas. Às vezes temos que cortar as asas, que é pra não perdê-lo. Mas pássaro, bonito de verdade, nunca é nosso.. é sempre de olhares alheios. Sempre de outras pessoas. E quando menos esperamos, está ele, o pássaro bonito, indo embora de novo. Mas o que é bom e sincero fica com toda força. Fica com um gás de explosão. Volta, novamente, e trás todo o seu sorriso. Toda sua cor, sua tinta, sua expressão. Porque é disso que a gente precisa.''

(Volta)

E tudo vai ficando mais azul, quando você começa a gostar de você, a valorizar seus defeitos e suas qualidades. Você começa a se encontrar na bagunça. Tudo isso com um verdadeiro potencial que faz mover montanhas. Montanhas de coisas ruins, pra bem longe de você. Você não precisa se sujeitar a nada nem ninguém, pra chegar onde quer. Você só precisa de três coisas: tolerância, bom-senso e limite

- torresmo.

Não se preocupa muito com isso não. Eu gosto de você mesmo e também sei que você não quer saber. Um dia eu canso, um dia eu te esqueço. Só não se afasta de mim por isso, tá ? Eu não sei como seriam meus dias sem suas manias, sem suas maluquices. Eu não entendo como essa situação chegou até aqui. Talvez você não soube coordenar e eu não soube direcionar. Eu sei, com toda a certeza, que sou louco por você.

DESABAFO

Eu estava cansado de tudo aquilo. Do que você me dizia, do que você me prometia e de toda aquela baboseira que você aparentava ser mas não era. A que nível você chegou ? Onde foi parar aquela pessoa boa e sincera que conheci ? Talvez tudo aquilo que eu achei que você fosse não passasse apenas de uma projeção de tudo o que eu estava precisando. Sinceridade, carinho, personalidade e companheirismo. Talvez o errado nessa história toda fosse eu. Eu, com a minha cegueira absoluta, não vi seus sorrisos forçados e manchados de hipocrisia. Eu, com a minha mania de agir por impulso nunca analisei os seus verdadeiros interesses. Eu, com minha falta de astúcia não percebi que no primeiro obstáculo você retrocederia. O que me resta é descrer em tudo que eu queria acreditar. Não mais ter fé em qualquer um e saber separar o que é sonho e o que é desenho animado.

Meu medo naquele momento era falar. Quem diria que eu quando criança, quis tanto isso, e hoje não quero. Não quero falar pra você, não quero assumir que você sempre ganha, que com seu sorriso, você ganha. Que com suas manias você ganha. Ganha com todas as canastras limpas e a cara também. A cara mais limpa de todas, o olhar mais sujo de caramelo, e a boca, essa sim.. cheia de veneno.

Eu tentava de qualquer maneira, não pensar em você. Mesmo sentindo seu perfume o dia inteiro, mesmo olhando sua foto, mesmo escutando a sua risada, eu tentava. Óbvio, tentativas frustradas de um desesperado. Um desesperado, que te conhecia a fundo, pode ter certeza. Te conhecia talvez mais do que você pensasse, mais do que você imaginasse. Defeitos, qualidades, manias, tudo. Tudo e mais um pouco, até a sua tipagem sanguínea.

Eu acabei confundindo tudo. Não sabia que lado da nossa amizade ainda tinha esse nome. Ou que parte disso era outra coisa. E se era alguma coisa de verdade. Ou se já tinha sido alguma coisa de verdade. Era de verdade, ou de mentirinha ? Eu podia contar com você mesmo. Brincando, ou não.. eu já podia contar quantas vezes pensei que você aqui ou lá, era na verdade a mesma coisa.

Eu te amava mesmo sem saber o porque. Você era um cavalo, cavalo-marinho, cavalo-de-tróia, cavalo de não sei das quantas, a ignorância em pessoa, mas não importava o que você fizesse, quem estaria ali: eu. Eu, na 1ª pessoa do singular, sozinho a te esperar. Esperar um olhar, um gesto, uma lágrima pra enxugar. Que coisa hein ? Acorda aí agora, pois é Primeiro de Abril.

Que coisa boa era ter o seu olhar furtado no meio da aula, no reflexo do caderno. Entre tantas células, tantos organismos eu queria você. De uma maneira intensa, notória, agradável. Era tudo uma fantasia, uma fábula, nós dois, dois animais, dois mamíferos. Dois mentirosos, que não sabiam mentir.

‎Tomei um susto. Uma frase daquelas vindo logo daquela pessoa. Tão vívido, tão vivo, tão intenso. Aqueles olhos sempre queriam dizer algo mais do que falavam. As palavras sempre tinham dois sentidos, três, quatro.. n sentidos. Aquele discurso do estar triste era tão jururu que nem combinava com você. Levanta daí, dá um soco na vida. Mostra pra ela quem é você de verdade, lembre-se: você é o coelho. E seu número no jogo do bicho é o 10.