Coleção pessoal de AntonioPrates
É mais do mesmo... As altas cantoriás nos triunfos, um jogo de mil cartas com dez trunfos, num céu que se não mostra para todos.
Qualquer pobre, a meu ver,
com uns tostões é mais foito,
mas se o dinheiro lhe bater,
pode ostentar, sem saber,
o seu juízo num oito.
Tenho constatado que, para prejuízo da sociedade, o disfarce mais usado pelos seres humanos é o da bondade.
Todos queremos ser felizes na fachada do que realmente somos e seremos menos infelizes se dissermos que somos felizes, sobretudo porque nos convencemos de que conseguimos convencer a fachada de quem é tão feliz quanto nós somos, o que, ao fim e ao cabo, acaba por nos colocar quase todos ao mesmo nível de felicidade.
O silêncio, esse estado de quem se abstém ou pára de falar, essa cessação de som ou de ruído, essa interrupção de correspondência ou de comunicação, essa omissão, essa quietude, essa calma, esse desassossego, esse estado de letargia amordaçada, que continua a constranger os valores da liberdade, apenas e só, única e exclusivamente, para continuar a dar guarida a todos aqueles que desejam que se faça silêncio, através do medo que difundem e do peso das palavras que não suportam.
De que nos valem todos os bens materiais da nossa egoísta ilusão se a matéria do nosso maior bem me parece ser sempre a mesma loucura?
Os amigos que são leais
dão a mão e dão guarida,
mas poucos são esses tais
que duram pra toda a vida.
O trabalho é uma guloseira, para quem anda a cavar, faz-se o trabalho a cantar, em amena cavaqueira... Se a enxada é companheira, toda a terra é poesia... A cavar o dia a dia, os dias são bem cavados, aos domingos e feriados, sempre com a mesma alegria.
O trabalho tem sentimentos
e alegria de sobra,
quando afia os instrumentos
que aprimoram toda a obra.