Coleção pessoal de Ancelmobento
Ninguém morre de amor
Eu repetia varias vezes
durante o dia
era a minha mentira favorita,
ninguém morre de amor
ou pelo menos
ninguém morria
eu seria o primeiro,
o primeiro a perder a batalha
entre a dor e o tempo.
Me sinto acolhido
A arte acolhe o caos
dentro do meu ser
e não sei ser
o que não sou
e se sou
só mais um
nesse mundo
que saibam,
que de um
em um
somos muitos,
e podemos dominar
o mundo.
Quem vive
só de memorias
perde o controle
de sua própria historia
vive todo dia
o mesmo dia
um dia
que já se foi
sem intenção
de voltar.
A nossa despedida
não é de momento
o nosso adeus definitivo
é um acordo silencioso
com o tempo,
ainda da tempo,
mas não queremos
querer o gostar
que um dia
tanto gostamos,
no meio da caminho
nós desconhecemos
como dois conhecidos
que só se encontram
no ato de lembrar.
O ano que não volta mais
eu não quero ver
o viver escorrer
e não correr atrás
e sim, eu sei
o tempo
não volta mais,
mas quem me dera
poder correr um pouco mais
ainda tenho eternidades
para eternizar
e viver por viver
não me satisfaz.
agora eu sei
que só se vive
uma vez
todos santo dia
dias após dia
noite que vai
noite que vem
e eu também quero
querer o amanhecer
que vem de dentro
quero que o tempo
tenha tempo
para me ver
ser eu mesmo
o tempo inteiro.
O mundo é um monumento
Do mundo
como conhecemos
e nos desconhecemos
no meio do caminho
o brilho eterno
de todos os momentos.
meu amor
o meu amar
é mar
e amar
é maré
é arte
é felicidade,
tristeza,
eternidade
e quem sabe
um pouco mais.
Semear e ser semeado
naqueles dias o cerrado
esperava pela primavera
como uma lagarta
espera ansiosamente
para se tornar
uma borboleta
se vestindo de belezas
que irão voar por ai
sem lugar certo
para repousar.
Rascunho de um dia ensolarado
a felicidade
está na simplicidade
e bem representada
pela sombra
de uma arvore.
a beleza de todas
as coisas está presa
em um olhar que demora
e aquele que olha
o suficiente
entende.
O amor por descuido
ou cuidado
transforma um ruído
em algo imensuravel
e com a mesma facilidade
faz dessa realidade
seu hiato da saudade.
O amor
é uma invenção
para o viver
não escorrer tão depressa
de nossas mãos
uma tentativa
de nos eternizarmos
em vida,
essa vida
que para muitos
é sobreviver
dia após dia
a uma nova ferida
e essas feridas
as vezes saram
as vezes não saram
nunca mais.
eu vejo o tempo passar
e tem passado
tão rapido
ainda ontem
me questionava
se era possivel
escrever um poema
que fosse eternizado.
Incertezas
Talvez o balançar
de uma folha
que acabara
de experimentar
a sutileza
e a incerteza
do viver
nunca mais
seja o mesmo.
eu vejo o amor
como o afluente de um rio
que por muitas
e muitas vezes
se depara com caminhos
sinuosos só para conseguir
desaguar no mar.
