Coleção pessoal de AnaPaulaGregory

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POEMA EM LINHA RETA

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Como dizia o poeta

Quem já passou
Por esta vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá
Pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou
Pra quem sofreu, ai

Quem nunca curtiu uma paixão
Nunca vai ter nada, não

Não há mal pior
Do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa
É melhor que a solidão

Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir?
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer

Ai de quem não rasga o coração
Esse não vai ter perdão

⁠Sentimentos

Preocupados comigo
ou com o que eu posso oferecer?
Eu só não consigo,
só queria alguém pra conviver.

Não era segredo?
É traição.
Sinto medo,
e talvez solidão.

Sentimento ruim,
me sentindo a pior.
Chegará meu fim,
ou ficarei melhor.

Para todos que sentem,
sinto muito.
Mas se sentem,
peguem um escudo.

⁠Fútil

Eu já não sei.
O que eu fiz?
Poderia existir uma lei,
que fosse obrigatório ser feliz.

Queria sorrir,
mas não consigo.
Vou sair,
mas preciso de abrigo.

Então vou chorar,
vou sofrer.
Me calar,
e então morrer.

Linda solidão,
grande companheira.
Tomada pela emoção,
escrevo cada letra.

Adeus dor,
adeus medo.
Esse tal Senhor,
guarda tanto segredo.

⁠Dor

Matar a dor seria mais correto,
não tenho ressalva.
Mas sinto tão desconexo,
Mais nada mais me salva.

A dor persistente,
irreverente.
A dor recorrente,
prepotente.

A dor me mata,
virou rotina.
Estou fraca,
caminhando em uma linha fina.

A dor,
aquela que suga minha energia.
É amor...
Só queria a magia.

Só queria algo diferente...
Algo que me deixasse contente.
Algo surpreendente,
nem que seja indecente.

Sim, esse é meu pedido de socorro.
Confesso, preciso de ajuda.
Estou fazendo muito esforço,
por favor, não me jogue culpa.

⁠Desconexo

Oh, lindo mundo, tão profundo.
Andamos desistindo da vida.
Será que no fundo somos particularmente suicidas?

Estou me afogando,
tenho um pouco de sorte.
Não estou implorando,
venha linda morte.

Universos diferentes,
nenhum tão ruim.
Rangendo os dentes,
implorando pelo fim.

Meu sangue brilhou,
eu sei.
Não me salvou,
meu rei.

Não fique triste,
sorria.
Será feliz no dia seguinte,
ou talvez algum dia.

⁠Continuamos
Vivo nessa solidão,
um sentimento que me consome.
Que me traz aflição
e ás vezes tira minha fome.

Este mundo tão cruel...
Eu não entendo.
Cada um fazendo seu papel
sem nenhum sentimento.

Oh sociedade titubeante
que me traz loucura.
Será que mais adiante
serei uma alma pura?

Nossas vidas,
tão irrelevantes,
parecem causas perdidas
procurando algo significante.

Medo de ser,
de causar.
De morrer,
de cansar.

Oh meu caro amigo,
não fique assim;
Um dia encontramos um motivo
de continuar nesse mundo ruim.

Só lhe peço paciência,
continuaremos sofrendo,
mas tenha persistência,
mesmo que estejamos morrendo.