Coleção pessoal de anaferreira

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Azul e dourado

Para onde me chamas agora irei veloz.
O lugar que em mim é azul e dourado
é o mesmo lugar onde estão tuas chaves

Meu segredo é código sutil e sagrado
mas antes, arte essencial de teu prazer
que me faz arte e pintura para teus olhos

Meu sentimento por você segue veloz
sonha, vive e constrói lugares comigo.
Nas avenidas dos carros e da velocidade
sigo correndo ao encontro do teu azul

Não chegaste ainda aqui em meu jardim
mas posso sentir o gosto do sal e do ar
que entra e sai dos teus e meus pulmões



Não adianta; precisas saber que o teu azul
meus anéis e colares dourados são códigos
que abrem chaves e lugares sagrados



Depois dos ritos de óleos, velas, incensos e sinos
eu com minha alma irei urgente para onde me chamas.

Agora irei somente para olhar além de teus ollhos
que me bastam e me alucinam porque possuem luz
e o brilho daquele sol que nos envolve e pulsa em mim

Para onde me chamas agora eu irei correndo veloz
e sei que tuas mãos e braços são portos seguros
que esperam os meus, e meu corpo para seguirmos

Até já vesti meu corpo de véus azuis e de dourado ....
Agora só falta você em meu céu da cor de azul profundo


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La Maison D'Art - Ana Deva's Garjan
Artforum Renaissance Vie Universelle
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cénario
Caberia um pincel
Na ponta do lápis
Para pintar palavras
Àquele tempo
E àquele lugar.
»«
Caberia a composição da cena
Nas reverberações da memória
Para reproduzir o sopro
Do vento em maresia
A dança das casuarinas
A festa do luar
Na folia verdejante.
»«
Caberia a remissão das horas
Para dizer do mar em espelho
E do sussurro das ondas
Cochichando sabe-se lá o quê
Aos personagens nocturnos.
»«
Precisaria, ainda
Da mesma areia sob os pés
E ao lado
A mesma doce testemunha que
Comigo vibrou em extase
Refletindo-me em liberdade
Como o mar à lua.
»«
Caberia em mim a certeza de que
Nem as casuarinas sussurrarão
Nem o vento soprará
Nem a lua brilhará
Como então…

Se queres saber de mim
Não olhes os meus retratos
Julgando saber-me assim.
»«
Se queres saber quem sou
Não busques nas minhas respostas
Quando perguntas onde vou.
»«
Se queres saber quem é
Esta que te sorri
Não olhes para a mulher.
»«
Que não me saberás pelo sorriso
Não me conhecerás pelas respostas
Meus retratos são imprecisos
A cada dia traço novas rotas.
»«
Se queres porventura, um dia
Entender deste coração
Olha meus olhos primeiro:
É neles que mora a poesia
Que me explica dia após dia
E me mostra por inteiro.
»«
Se queres saber-me de facto
Recomendo-te menos cuidado
Muito carinho, pouca fala
Mais riso e tato, muito tato

Engrenagens da Vida

E nas engrenagens da vida
Agora, desiludida, me encho de dor
Por me sentir matéria comprimida
Pelo mundo, esse imenso rolo compressor !...
E quando me sinto desse jeito, desiludida
Assim como agora, em minha dor
Vejo que nos meus sonhos de vida
Não deixei lugar para ser, tão cedo, perdedora !...
Meus sonhos eram de esperança
Lindos sonhos de uma sonhadora
Sonhos lindos de luta e lida
Mas a lida não veio, sou só lutadora!...
E eu, lutadora, estou cansada
De sonhar meus sonhos de sonhadora
Agora massacrados pela engrenagens da vida
Tentando reanimar em minha dor !...

Ninguém Vive Só...
Mesmo as estrelas do céu brilham juntas.
Mesmo as águas do oceano correm em conjunto.
Mesmo as lágrimas rolam duas a duas,
não raro acompanhadas de sorriso...
Ninguém vive só...
Mesmo as folhas pequeninas dos arbustos dormem juntas.
E os pássaros cortam ares em revoadas.
Ninguém vive só.Mesmo as pedras procuram o caminho,
porque o caminho não é deserto, mas transitado pelos homens.
Mesmo as flores procuram o jardim,
porque os jardins são visitados.
Mesmo os perfumes procuram as flores,
porque a flor perfumada exerce maior atração.
Ninguém vive só...
E nessa grande harmonia de conjunto,
resta a constante busca de "outro", neste irresistível poema
de sociabilidade, nós nos situamos também como gente.
Ninguém vive só...
Situar-se como gente é abandonar a idéia do EU,
a atitude do egoísmo para aderir ao NÓS.
Eu , você, todos nós:
Abertos, confiantes, construtivos, comunitários e sociais!

As vezes no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado
Juntando o antes, o agora e o depois.

A inteligência sem amor, te faz perverso
A justiça sem amor, te faz implacável
A diplomacia sem amor, te faz hipócrita
O êxito sem amor, te faz arrogante
A riqueza sem amor, te faz avaro
A docilidade sem amor te faz servil
A pobreza sem amor, te faz orgulhoso
A beleza sem amor, te faz ridículo
A autoridade sem amor, te faz tirano
O trabalho sem amor, te faz escravo
A simplicidade sem amor, te deprecia
A oração sem amor, te faz introvertido
A lei sem amor, te escraviza
A política sem amor, te deixa egoísta
A fé sem amor te deixa fanático
A cruz sem amor se converte em tortura
A vida sem amor... não tem sentido

O primeiro sintoma de que estamos matando os nossos sonhos é a falta de tempo. As pessoas mais ocupadas têm tempo para tudo. As que nada fazem estão sempre cansadas.

O segundo sintoma da morte de nossos sonhos são as nossas certezas. Porque não queremos olhar a vida como uma grande aventura a ser vivida, passamos a nos julgar sábios no pouco que pedimos da existência. E não percebemos a imensa Alegria que está no coração de quem está lutando.

O terceiro sintoma da morte de nossos sonhos é a Paz. A vida passa a ser uma tarde de domingo, sem nos pedir grandes coisas, e sem exigir mais do que queremos dar.

Sem Sentido...

Sonhos sem sentido fazem-me acordar
assustada e sem reacção.
Penso se o sonho se poderia tornar realidade.
Se isso acontecesse, o que eu faria?
Os dias passam e tudo corre bem.
O que me espera no próximo minuto?
A impaciência toma conta de meu ser
e o menosprezo dos outros para com meus sentimentos
me deixa inquieta, mas não me afecta
em nenhum ponto positivo.
Em mim, esperança e realismo andam lado a lado.
Não tenho como fechar os olhos
para tudo o que está acontecendo.
Todos temos um vazio a ser preenchido.
Todos temos uma palavra a ser dita e ouvida.
Os momentos bons passam logo,
mas sempre estão em algum ponto da estrada.
Agora tudo é incerto.
Quem sente demais, pensa e sonha demais
e, ás vezes, a simples presença de si mesmo
num momento ruim já basta, porque, como dizem:
A resposta sempre está em nós mesmos.

DÁ-ME A VERDADE:dou-te a vida.
A vida esquece como a água PASSA,
E é coisa morta a coisa que é esquecida.
Dá-me a verdade!
Como o que nunca foi, a vida esvoaça.

Ter o que é certo nas incertas mãos!
Saber bem o que nunca pode ser!
Tudo isto nos faz ermos e irmãos
No nada que nós somos.
Dá-me poder sentir, saber querer!

Instante inútil entre ser e estar,
Momento vácuo entre sonhar ou não,
Tudo isto pode ser e não ficar.
Dá-me a verdade!
Mas deixa-me a mentira ao coração!

(Fernando Pessoa)

SERENAMENTE...TU!

Encadeado no tempo,
O teu rosto tornou-se um ícone...
Percorro cada traço, cada saliência,
E vejo a imensidão do deserto...

Lembras o mar desértico,
Onde as gaivotas são as dunas,
Que volteando em cada dia,
Seguem para outro lugar...

Mas a tua alma, essa...
Vive e paira junto à minha...
As duas, seguem a rota,
Onde o corpo e espirito, se tocam...
Para lá do Mundo!

(Ilusão)

A ilusão no coração, não existe...é real...
mas, mesmo pensando que é somente ilusão,
que bom que é materializar essa ilusão...
quanta ternura o coração consegue juntar...
e nos dar o calor,
da ilusão do AMOR!

A ilusão no coração, não existe...é real...
todo o mal desaparece...
tudo é luz, tudo é cor...
só isto é...a ilusão do AMOR!

e...para ser feliz, só preciso,
que o meu coração sinta a ilusão,

É ele! O sonhador!

Vagueia o poeta pelos campos:
admira,Adora;
ouve dentro de si mesmo uma lira.
E ao vê-lo chegar, as flores, todas as flores,
As que dos rubis empalidecem as cores,
As que dos pavões deixam as caudas ofuscadas,
As florezinhas azuis, as florezinhas douradas
Tomam para o acolher, nos seus ramos agitados,
Arzinhos humildes, ou grandes ares afectados,
E, familiarmente, porque fica bem às belas:
«Olha! É o nosso amado que passa!», dizem elas.
E,. cheias de luz e de sombra, com vozes inquietas,
As árvores gigantescas que vivem nas florestas,
Todas essas velhinhas, as tílias, os áceres, os teixos,
Os carvalhos venerandos, os enrugados freixos.
O olmo de negra ramagem, que o musgo entorpece,
Como os ulemas fazem quando o mufti aparece,
Saúdam-no com grandes vénias, curvando para a terra
As cabeças de folhagem e as suas barbas de hera,
E vendo na sua fronte um sereno esplendor,
Murmuram muito baixinho: É ele! O sonhador!

DO AMOR...

Do amor tudo se escreve,
Do amor tudo se diz,
Tudo se faz e desfaz...

Do amor tanto se sabe,
Mas nada cabe,
No coração, onde a paixão arde,
E se esvai...

Do amor tudo se diz,
E contradiz...
Tudo aparece...
Tudo se esquece...

Do amor, somos amantes,
Delirios loucos,constantes,
Que nos deixam encantados,
Que nos fazem rodopiar,
Em passos ardentes...
Em vôos dolentes...

AMIGO

Amo-te meu amigo,
Porque a amizade,
É o maior dom Divino...

Amo-te meu amigo,
Porque tu, és tu...o meu refugio,
Sem mentiras,
Sem constrangimento...

Amo-te meu amigo,
Porque tu me dás,
A vontade de existir, de viver!

Amo-te meu amigo,
Pelo dom da ternura,
Com que me doo,
E tu te doas...

Amo-te meu amigo,
Por seres a pessoa linda,
O amigo terno que és...

Amo-te meu amigo,
Pela alegria contagiante,
Que sempre trazes,
Quando a mim te chegas...

Amo-te meu amigo,
Porque és a luz da minha vida...

D D O S

CRISTAIS

A

N N

Ç ANÇÃO

A DE

EM MIN

A música que sai de mim

escorre pelos dedos


como as letras ao toque

do teclado, do piano

de minha alma musical
que sem ela não viveria


E assim como aquele toque
da música em meu corpo


na dança dos cristais
em versos, sons e toques


na noite da madrugda larga

que não dormiu esperando
o sol do novo dia de amor

Esperas minha volta

depois do meu novo canto?

Eu também espero tua volta
depois do teu último canto
que acordou a noite

sem pressa e sem hora

marcada
para o último canto de nós.

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póeticas
Ana Deva's Garjan
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Cristalino


Ele,
intenso rio.
Passa com força levando tudo
cantando alto
batendo e desenhando pedras
Mas passa...
Nenhuma gota para trás
deixando

Ela,
parte dele.
Amor eterno
único rio onde deseja
banhar-se

Ela para Ele:
A temperatura, a profundidade, a pureza, e a qualidade das águas deste rio....

Ele para Ela:
A transparência necessária.

Dois rios dando vida às suas vidas
e o Amor é tudo,
finalmente.



Lúcia Gönczy e Thiago Poli*

Vi

I
Olhei pela janela
a finalmente eu vi
o capim minha alma e todos os tons

No sonho
no silencio
no não
que nunca me encontrem
que nunca me tirem
o meu carnaval

II
escuto silêncio
porta para o paraiso
música muito minha
som-pausa
silencio
somente
voz de dentro

Mas nada me acontece
disse o poeta
só poesia

Ana Deva Garjan
*Poéticas Deva's

Por Perto

Estarei por perto
na dança do vento
nas folhas que caem
no teu pensamento
nas ondas serenas
a me propagar

Estarei por perto
no brilho do sol
na claridade da lua
na areia
na espuma
nas estrelas do mar

Estarei por perto
na fina garoa
na tempestade que assola
na emoção que devora
nos momentos
nas horas
que hás de contar

Estarei por perto
mais perto que nunca
pois eternizo o momento
neste branco violento
e só eu sei o quanto me custa...

Estarei por perto
por já não estar
por ter ido sonhar

Enfim estou por perto

Estou por perto por ter coragem
Estou por perto por seguir viagem
Estou porque posso voltar


Lúcia Gönczy

"ALMAS GÉMEAS"

Tal qual dois espíritos
se encontram e se perdem
na volatidade dos dias,

Dois espíritos
necessitados
do oxigénio do sonho
para reinventarem a vida,

Dois rios
que se encontram
na confluência dos mares
explodindo as marés,

Dois rios,
duas estrelas
ou dois vulcões

que se cruzam
se abraçam
ou se anulam

lutando contra
o inexorável limite
dos limites.

LuizaCaetano