Coleção pessoal de Ana-Nunes

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Acredito, hoje, que a saudade é um tipo de amor borrado. O borrão fica ali, não sai, não volta. Não se torna ex-borrão. Nem sei mais se dá pra ter ex-amor, que dirá ex-saudade. Por isso, insisto: saudade é amor que fica (é amor borrado).

Tenho um pouco de medo, preguiça, receio, e sei-lá-mais-o-quê, de gente que diz que fala tudo na lata, que é transparente e coisa e tal!
Será que é assim mesmo?
Será que existe alguém transparente?
Tenho minhas dúvidas (pontocompontobr)!

Chega um momento que fazemos só o que damos conta. Apagamos o número do telefone da agenda, rabiscamos todos os corações na última página do caderno, fingimos não lembrar a data do aniversário. Mas é tudo de mentirinha, né? A "coisa" dói ali só que em silêncio. Empurramos tudo com a correria do dia a dia. Marcamos mil e vários compromissos. Enchemos a cara de outros desejos, só pra ver se passa. Se cola. Se alguém acredita. Mas sabemos que está tudo ali, na ponta da língua, contido, espremido, amargando, pronto pra ser cuspido. Mas engolimos pra nossa indigestão eterna.

Eu queria saber, mesmo que por um dia, qual o som do silêncio. Não ouvir meus pensamentos, emudecer minhas lembranças e apagar a luz do mundo.

Eu acordei sem expectativa alguma, sem planos, sem disposição até. Mas aí, quando sai de casa, me senti sufocada, apertada. E era o dia me abraçando com todo seu azul, seus raios de sol e sua pretensão de me fazer sorrir.

Foi aí que amanheci em dúvida - coisa essa que já não sentia. Recolhi todos os meus planos. Suspendi minhas leituras. Abracei meus joelhos. Olhei o céu nublado pela janela. Perdi minha voz no escuro. Segurei o choro. Joguei o que restou de
minhas certezas ao vento. Espalhei meus sonhos pelo quarto inteiro. Nenhuma lágrima rolou (mentira!). Não dormi com medo de pesadelos. Só senti medo (a noite toda). Cobri minha cabeça pra não ver a luz do dia. A única coisa que enfrento hoje é uma baita dor de cabeça. Mais nada. (Mentira, de novo!)

É tão fácil falar pro outro o que fazer. Escrever receitas intermináveis sobre como lidar com a vida (suas perdas e maravilhas, suas oscilações e alegrias). É tão fácil escrever poesia. Fingir felicidade e sorrir sem vontade. Ainda não tem receita pra esconder decepção - não pra essa que estou sentindo agora. Me mato e me saro na mesma rima. Me sacrifico, me crucifico e depois cresço ainda mais na dor.
(Dói, dói muito, mas é a vida...).

Antes de tudo,
de qualquer coisa,
de ser alguma coisa,
somos só metade.
Parte de partes de meias palavras,
de meios conceitos,
de meias verdades,
de tantas mentiras.
Somos metade do caminho,
beijo sem lábio,
poesia sem rima,
estrela sozinha em noite nublada,
mar sem onda,
ou onda sem mar,
signo solto sem zodíaco,
saliva sem paladar...

Quero voltar atrás, posso? Bom, eu quero que esqueçam tudo: quando disse que eu era só metade. Que eu era parte de alguma coisa. Que eu era parte de palavras. Que eu era atalho. Sozinha. Nublada. Sem rima. Sem refrão. Sem conceitos. Sem pal
adar. Sem lábio. Sem beijo. Sem nada! Esqueçam. Por favor, esqueçam.
Eu sou a poesia completa. Eu sou a rima perfeita. Sou todo e qualquer refrão. Sou acordes. Sou inteira. Sou homem. Sou mulher. Sou o que eu quiser ser. Sou poderosa. Sou mãe.
Foram-se as palavras, restou o sentir!
Eu sou a batida de dois corações.

A vida é a própria manifestação da existência de Deus.

Guarde sua ironia e sua maldade na privada da sua boca!

Hoje eu tirei o dia pra pensar. E eu pensei muito na maldade. Tentei entender o porque de ser cruel. Me concentrei pra encontrar um ganho em cuspir palavras agressivas na cara de alguém. Não consegui chegar em nada. Em lugar nenhum mesmo!
Mas aí eu pensei no perdão. E me questionei sobre a frequência que ele acontece e se ele realmente deve acontecer. Será que ele acontece mesmo?
Acho que vou ficar sem resposta pra tudo isso.
Vou pensar e pensar mais.
Quem sabe eu concluo que a vida é uma loucura e não se pode ter certeza de nada? Não se pode confiar em nada e nem em ninguém.
(Talvez eu já tenha cuspido palavras agressivas em alguém. Por que não?)
Deixa o amanhã chegar e eu resolvo se fico aqui ou se me mudo pra qualquer lugar que eu quiser inventar.

Há quanto tempo você não agradece? (Por qualquer coisa, não importa o que.).
Quanto tempo faz que você não dá um abraço bem apertado em alguém?
Quanto tempo faz que você não diz a alguém de sua importância?
Quanto tempo faz que você não
dá uma gargalhada bem gostosa?
Quanto tempo faz que você não diz "eu te amo"?
Há quanto tempo você não se aventura?

(Espero que alguma lembrança esteja fresca em sua memória!)