Coleção pessoal de Alexandre_Galliza

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⁠A vida é movimento!

As vezes o que era igual e certo se torna estranho.
Nesses momentos, custamos a perceber ou até mesmo aceitar.
A persistência em querer e/ou cobrar por algo que não existe mais, torna o ambiente tóxico, além de ser um desrespeito ao tempo.
A vida estagna... Esse é o maior sinal que a vida pode te dar de que os ventos mudaram de direção e que é momento de deixar ir o que não mais te pertence e aceitar o novo.
O fato de vc ter feito de tudo para dar certo, não significa, necessariamente, que vai dar...
Ou deu certo... até onde era pra ter dado...
Essa aceitação é libertadora, iça velas e levanta âncoras...
Quando não há ódio, existe uma linha tênue entre a desistência e a aceitação.... e a grande verdade é que requer sensibilidade para percebê-la e coragem para agir.
Mas, uma vez tomada a decisão.. quando vc menos perceber... sua vida estará em movimento novamente...
Daí a gente percebe que a única certeza que realmente existe é o fluxo do rio. Impessoal.
E que a escolha em sentar na janela e apreciar o que a vida tem de bom pra te dar e mostrar é essencial e unicamente sua...

Nem todos recebem o que merecem...
Só se oferece, aquilo que se tem...
O que você recebe está, invariavelmente ligado, ao que você tem oferecido.


Houve um tempo em minha vida em que o trabalho não me completava. Tinha uma boa remuneração, mas aquilo estava longe de alimentar o que se entende por satisfação profissional.
Tinha um pensamento, quase sempre constante:
"Aguenta mais um pouco, em três anos, ou um pouco mais, economizando e com os bônus, 13o, etc, quito o financiamento da casa e daí as coisas ficam mais tranquilas para fazer um bom pé de meia..."
E lá vinha um novo modelo de carro, viagens, os imprevistos... e os 3 anos passavam para 5, 7...
Os domingos eram deprimentes, pensando na semana vindoura.
Foi quando eu fiz 40 anos... e ganhei de presente meu primeiro óculos... que, ironicamente, me permitiu enxergar o quanto estava insatisfeito profissionalmente.
A distância e disciplina exigida pelo trabalho distanciou de forma irreversível o meu casamento.
Foi quando caí no maior período de reflexão da minha vida.
Aos 13 anos, meu pai me aconselhou a fazer ciências contábeis, pois dificilmente eu ficaria desempregado.
Venho de uma família onde todos os 6 irmãos do meu pai, incluindo ele próprio, são funcionários públicos.
Um pouco mais velho descobri que Ciências Contábeis era, na verdade, um direcionamento do meu pai para facilitar o meu ingresso na vida pública.
Mas, como se inspirar em meio a tantas repartições abandonadas, enraizadas numa burocracia sem fim, ingerível.
Só para ter a tal estabilidade?
Acreditei e amei a iniciativa privada.
Logo na faculdade, comecei a trabalhar como auditor da Deloitte e desde então a carreira deslanchou.
Auditor Externo de Contabilidade, Controles Internos, Gerente de Contabilidade, Gerente Administrativo Financeiro, Controller, Diretor Financeiro, até chegar no cume da carreira... o pico da montanha.

Mas.. o que acontece quando você chega no cume?
E se o cume só alimenta o seu bolso e não sua alma?
E se você acredita que tem algo a mais?
Que você pode ser ainda melhor, fazendo algo que faça mais sentido?
Só que você já está no cume...

O que fazer?
Descer?
Começar tudo de novo?
Por onde?
Sair da zona de conforto, do certo e ir em busca daquilo que vc "acredita ser possivelmente" melhor...?

Não há escola de descida, de separação, de frustração.. Tudo o que sempre aprendemos é dando tudo certo e indo sempre pra frente...
Na época, eu tinha sido contratado para implementar um Centro de Serviços Compartilhados numa empresa em Brasília... Após quase 2 anos, o serviço se concluiu e voltei para casa.
E em casa, encontrei essa profunda reflexão e o iminente divórcio.

Quase um ano a beira de uma depressão, fazendo entrevistas, buscando oportunidades e vendo a Terra girar ao redor da minha descartabilidade.

Só quem já viveu um desemprego sabe o que estou falando.

Mas, e quando o desemprego vem de dentro de você?

Eu olhava para as oportunidades mas não me enxergava mais.

Você não se vê mais fazendo aquilo que sempre fez...

As vezes é necessário ir ao fundo do poço para que ao retornar você perceba o quanto a água é límpida e o céu azul... Mesmo que debaixo d'agua...

E quando você pensa que está no cume, mas acorda no fundo do poço? Tudo que vc realmente quer é chegar à superfície!!

Foi quando um amigo que tem uma indústria me chamou e disse...
- Alexandre, acho que tenho um trabalho pra você...

Ele, um dentista, que gere a sua clínica há mais de 30 anos e também era responsável pela área comercial da indústria.
O projeto se iniciou como uma consultoria, com o intúito de tirar um raio x da empresa.

Algo razoavelmente fácil para um ex auditor com ampla bagagem em finanças.
E assim, dei início ao job, passando por todos os departamentos da empresa... e, ao final, identifiquei que, ironicamente, o departamento que mais demandava ações era o comercial.

Expus o que havia levantado, eles gostaram e me foi oferecido o cargo de Gerente Geral da Indústria, tendo como foco principal a área comercial.

É interessante, que com o nosso amadurecimento pessoal e profissional, passamos a ter plena percepção do que nos faz bem, o que não faz e, o que não faz mais tão bem à nossa vida.

E, tão interessante quanto, é perceber que podemos ter essa sensibilidade e agir no sentido de buscar coisas que nos façam bem, ou permanecer acreditando que isso um dia irá melhorar.

Ali, naquele momento, eu não sabia o que seria da minha vida pessial ou profissional, mas eu sabia o que eu não queria mais fazer dela.
Eu nunca havia trabalhado na área comercial, mas sabia rezar a cartilha.

Certa vez, quando ainda trabalhava como Diretor financeiro, fui almoçar com um amigo que também ocupava um cargo similar em outra empresa e estava compartilhando com ele algumas dificuldades que estava vivenciando. E ele me disse:

- Alexandre, você sabe o que você precisa fazer... Simplesmente acredite e faça!

Aquilo, obviamente, foi um incentivo para que eu me destacasse ainda mais na minha carreira financeira, mas soou como música para que eu aceitasse o desafio.

A empresa estava há 4 anos mantendo o mesmo nível de faturamento, sendo quase engolida pelo tempo.

É engraçado que o conhecimento é algo sempre agregador..
Você é exatamente as experiências que viveu, o que você estudou, não importa o caminho que tome...

Tive carta branca para realizar as modificações necessárias e comecei a fazer exatamente aquilo que acreditava ser correto, sempre tendo em mente a perspetiva de um cliente satisfeito...

30 % de crescimento no primeiro ano
20 % no segundo..

Fortalecimento técnico da equipe
Estabilização do turn over de colaboradores.
Treinamento
Abertura de novos mercados
Repaginacão da forma de se colocar no mercado, mantendo a essência de sua fundação.
Gestão de clientes, plano de marketing, etc, etc , etc...

Se existe uma coisa positiva em um divórcio é que você tem o espaço e o tempo necessário para reencontrar aquele "você", que foi esquecido em prol de uma construção que já não mais existe.

É sempre difícil, triste, mas o Alexandre que fui reencontrando era apaixonante...

E quando a gente se ama, é difícil demais não atrair alguém que esteja vivendo um mesmo momento.

Era exatamente o que eu precisava para voltar a sonhar.

Um dia, no meio desse turbilhão de coisas boas, meu telefone toca... Era um Head Hunter me perguntando como estava meu momento profissional, pois ele tinha em mãos uma vaga para Diretoria Financeira, que tinha o meu Perfil, fomos tomar um café e eu expliquei a ele de forma resumida, talvez em 30 ou 40 minutos tudo o que trouxe nesse texto até aqui.

Ele não conseguiu segurar suas emoções e deixou escapar o quanto é lindo ver verdadeiros profissionais aflorando.

Muitas vezes a persistência leva à perfeição, ou o mais próximo possível disso, mas se você não foi feito pra isso... nem sempre essa entrega, esse reconhecimento estará alimentando sua alma, você estará longe de sua essência.

Não pude deixar de compartilhar a maravilha de ter nascido de novo após os 40 anos, viver um novo amor, e a satisfação em ser convidado a ingressar no quadro de acionistas da empresa.