Coleção pessoal de acessorialpoeta

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UM SOFREDOR

Lembra, meu amor,
Quando me pediu para partir?
Busquei novos sonhos,
Outros sentimentos, outro existir...
E nesses novos prazeres,
Nada igual a você eu encontrei,
Nada igual a você eu amei!
E agora? Agora acalento dor
Neste meu coração miserável,
Que tinha o alimento mais quente,
O mais leal, o mais presente,
Que tinha no teu amor a vida.
Antes fosse a despedida,
Antes fosse para sempre...
Neste mundo, meu amor, ama!
Quem no peito não engana,
Quem nas ânsias sabe encontrar
Sem ter que procurar, o perfeito.
Porque o perfeito, já está em você,
Está no coração que sabe sentir,
No coração que sabe amar!
Sim, me pediu para partir...
Porque a tua alma era sofrer,
Porque a tua alma, meu amor,
Não mais sabia viver
A chorar, a todo tempo, a rogar,
Por um amor perdido
Nas orgias vãs em que buscava
Se alimentar de ilusões,
De desejos escondidos e de paixões
Que ao coração não sente!
Olha agora, o que sou?
Um sofredor que não encontrou
A vida que queria viver,
Porque a vida que eu queria viver
Estava em mim, dentro de mim,
Aos olhos de mim, você!

SILÊNCIO

Torna-se mudo o meu coração,
E neste momento de pesar,
A minh’alma vagueia ao ocaso
Em que o meu corpo perece
No álveo rígido que me assenta.

Sinto que o tempo me falta,
Que se isola sobre mim,
Que o medo me domina
E a noite cega-me os sentidos.

Meus olhos não mais veem
A manhã clara dos dias,
Isolando-me na profundeza vã
Dos meus mitos, da causa finita
E das idolatrias que me renovam.

Que me pudera nos meus altos,
Na minha adoração e no poder
Que me tens no mundo, a vida,
No grito do meu amor, renovação.

NO ALÉM DE MIM

Dou-te a concessão
A entrar nos meus sentidos,
A vincular o destino
Que te prendes à minha razão.

Deixo-te entrar nos meus dias
E nas minhas noites de solidão,
A tentar descobrir
As fúnebres e tensas cobiças
Que me altera o existir.

Libero-te a revelar a idolatria
Que me abrasa a alma,
Que se estende no louco sentir
Do meu imenso coração.

E quando estiveres no alívio
Da minha voz embriagada,
Cubra-me com o manto branco
Do querer que te dominas,
Que ambiciona e te envolves
Sob a minha louca paixão!

NOSTALGIA

Eu só queria, em mim, entender
Porque pagãos me perseguem...
Atiram-me fogo, chamas erguem,
Quando me veem em algo vencer!

Será que ainda vou compreender
Como tudo invejar conseguem,
Até o motivo porque me seguem
Numa empáfia sem nada dizer?

Talvez sim, quem sabe no infinito,
Eu ouça, nostálgico, algum grito
Dizendo que querem amar alguém!

Ou, talvez, quem sabe, já amam...
Uma vez que não se enganam
O tanto que eu vos amo também!

SONETO DE SEMPRE

Vai, mas antes, dê-me um beijo, meu amor,
P’ra que’u não esqueça do seu rosto
Mesmo que me seja a tanta dor,
Lembrarei por todo sempre do seu gosto...

Por tanto o nosso amor fora composto
Aos jardins, imenso feito flor
Tanto fora de amplidão e esplendor,
Sem mágoas, sem mistério, sem desgosto.

Não entendo te acabar tão cedo assim
Esse tão forte sentimento, dentro de mim
Não haverá d’outro ardor o mesmo ar...

Vai, mas antes, dê-me um beijo, oh, querida,
Que um amor forte assim em sua vida
Não haverá quando velhinha de lembrar...

MENTIRAS

Não precisa dizer que ama
Seu olhar já não engana
Nem mesmo os seus sorrisos
Ao seu rosto meigo e lindo
Faz mentir o seu amor.

Não precisa esconder paixão
Neste peito grandioso
Que ao seu corpo tão gostoso
Não domina o coração.

Dos encantos, que você é flor
Das bocas, dos seus beijos
Nas verdades e desejos
Não faz mentir o seu amor.

PARA SEMPRE...

Em mim, não há amor maior que o seu!
Que, portanto, o que eu sinto vou cantando
Nas promessas que te vou debulhando
Aos desencantos do que nunca me viveu...

Em mim, tudo o que se passa vou amando
Sem engano ao teu querer, que se ergueu
Dentre o meu peito, que antes, ao teu
Nada era de amor, nada era me encantando.

Pecados maiores eu não haverei de amar,
Pois, contudo, orgias que em mim vive,
Encontra-se no que em ti se põe a edenizar.

Amor maior que o meu não haverás de viver,
Pois, de mim, há em ti o que nunca tive;
Não há amor no mundo que nos possa ser!...

TEMPO DE CRIANÇA

Se num momento passado
Tudo era esperança...
Em uma criança o que se busca
É um amor eternizado...

Se num mundo imaginado
Tudo é de cor azul,
Aos céus se faz mover
Os trovões emaranhados...

Se em cada voz o cantar
É de felicidade e promessas...
Desde tudo às faz passar
O Deus da vida, o bem amado...

Se das estrelas pingarem
Lágrimas de amor enfeitado,
De inocentes pedintes
O afeto dos céus é brotado...

Mas se por luas dormentes
O branco não for de paz,
Nasce da voz pequenina:
Das noites se tenha cuidados...

E assim se vão ao tempo
De cantos brindando o mundo,
De cada gesto em segundo
Ganhando os céus sem pecados...

DOS PLAGIATOS

Das vezes de quem me escreve,
uma inteira contrafação.
Momentos, do qual me padece,
faz-se morrer meu coração.

Não sinto qualquer coisa minha
a vaguear dentre as estrelas...
Notas, que eu já tinha,
perderam-se, não posso vê-las.

Pobrezinho: um santo amante,
que não me convém um só amor.
Faz-me, num pouco instante,
um sentimento, sem mesma dor.

NA LUZ DOS ALTOS

No dia em que eu nasci à imensidão,
Um notado azul feito o do mar
Fulgiu em meu peito: cor de coração
Não é vermelho se não é amar.

Rugiu em mim, o fantasma escuro,
O qual eu encontrei às trevas-além:
Dos meus céus, sou um servo-zen,
Como um santo real e de verso puro.

Vagueando notas, avejão prisioneiro,
Na escuridão sem voltar à cor:
Da voz da estrada o luar mais cheio.

Dos meus ais, sou inseguro e triste,
Mas desse notado o que existe,
No buscar da vida o meu cerne-amor.

PARALELO

Não faça de você um estranho
Para que não o vejam com espanto.
Não seja apenas uma luz,
Seja ofusco como o sol que cai na noite
Que, portanto, sendo notado
Será como a lua que nasce branca
E conhecido como o dia.

RENASCER...

Tudo o que me é morto, ou podre, ou indecifrável,
Tudo o que me é de pecados ou de incensos afrodisíacos,
Tudo o que me é de destruir nas impurezas dos sentimentos,
O que me fere o coração, e o corpo, e o espírito,
O que não me alça em voo sobre os amores de fogo,
Tudo o que não me é de cumprir os mandamentos e a justiça,
Os poderes, e a calma, e as glórias do firmamento,
O que me é de tormento, o que me é sem razão, em vão
O que me é simplesmente incompatível a memória
Por insanidades entre os mortais, e os anjos,
Tudo o que não me faz perdurar no amor e na bondade,
Tudo o que não me é no olhar infinito,
O que não me ambiciona na conquista da eternidade,
E o que me faz de um só murmúrio fólios e mito...
Que tudo me seja de inconstâncias, e de provas absolutas;
Porque nada é intransponível ao renascer de um sol!

VAZIO

Silenciosos dias pregados de saudades,
E imaculados, e incandescidos, de ardor;
Quais reprimidos, de vaidades,
Quais gracejados sem mesmo amor,

E de paixões, desejos, de insanidades,
E incompletos, cobertos, sem esplendor;
Quais fiem de tais realidades,
Quais escuros, e puros, a mesma dor...

Julgados, e infinitos, no mesmo arder,
Aos quais me pus enlouquecer
Na imensidão complexa de seus segredos...

Que inovados sejamos, sem mesmo amar,
Que insanos sejamos a vaguear,
Na compreensão finita de vossos medos...

ERROS...

Quem diz: é amor demais! Extinta paixão
Que enriquece tristezas, desejos e medo!
Pelo cerne enlouquecido, o coração
Não se impõe de existência um segredo!

Quem diz: é paixão demais! Extinto amor
Que empobrece sorrir, lágrimas e sofrer!
Pela alma corrompida, a dor
Não se absorve de alegria um viver!

Sentimentos complexos e equivalentes,
N’um existir eficaz a consumir o espírito
Por fantasmas vulgares, dependentes,
N’um despertar sem sentir por ser dito:

Amor! Paixão! Desejos loucos e plenitude,
Só se têm; quem se impõe, em virtude!

Dolandmay Walter

OPOSIÇÃO

A felicidade não se resume em apenas um,
todavia, em mais um.

VERSO OCULTO

Que humana, então, fosses de amor?
Adverso à tua paz e à tua glória
Vem-me teus sorrisos a memória,
Vem-me tua saudade à minha dor!

Que de imenso fosse seu esplendor
Aos meus versos plenos de história,
Que de paixão imensa e notória
Fosse-me a mais imensa de ardor!

Então, contudo, compulsiva e triste
Fosse a mim o que de hoje existe
Nesse meu honrado coração perdido!

Que desejo, então, fosses de arder?
Que de palavras se põe a perder,
Amor, dentre um verso nunca lido!...

AO FINDAR DOS DIAS...

Que tantos fossem os meus pecados
Dentro de mim ao rogar os céus...
Que tantos fossem, imaculados
Nos olhares puros dos santos meus!

Que tantos fossem de bens amados
Dentre a alma do querer, meu Deus!
Que tantos fossem, os seus rogados
Sob a imensa luz dos olhos teus...

Que imortais seriam quaisquer bens...
E no vagar da noite, sem ninguém,
Seriam os meus olhos de imenso amor!

Que os dias imprecados de morte,
No meu rogar de alegria, de imensa sorte
Seriam ao findar, sem imensa dor!

JESUS

“Eis que sou o quem nada humilha,
O quem de tristeza sorri, se faz perdão;
De amarguras complexas ao coração;
O quem a Deus os envolve, maravilha.

O quem de luz os faz findar a guilha,
Quem de torturas nada sofre em vão;
Que de pecados, sem cair ao chão,
Os eleva, os aquece, e o caminho os trilha.

Sou aquele que na estrada sã da coragem
Os santifica, numa única e santa imagem,
Quem de sangue os deslumbrou na cruz!

Sou aquele que de esperança os corteja,
Quem da fé ao Espírito-Santo os almeja
Aos meus braços no santo-dia: sou Jesus!”

NO AMOR O SORRIR É ETERNO

No dia em que ao mundo eu te encontrei
O meu corpo se exaltou entre os amores
E bálsamos infinitos se espalharam entre os ventos,
O meu amor por você se espalhou...
Os céus se tornaram mais claros e os mares mais azuis...

No dia em que ao mundo eu sorri pro amor
As flores brotaram aos jardins e o luar brilhou...
No dia em que ao mundo o meu coração
Pulsou sem que fosse de ausência e medo
O meu corpo se entregou junto ao seu
E a paixão me sorriu ao tempo infinito da vida...

Na vida nós amamos pouco
Na vida nós sorrimos pouco
No amor o pouco é tudo
No amor o sorrir é eterno...

No dia em que ao mundo eu sorri em você
Descobri que sem o amor de verdade,
Sem o prazer de amar, tão insensato se torna o mundo,
Tão distante se torna qualquer sonho...

Nada se perde ao tempo quando ama
Tudo se torna doce, tudo se torna feliz e para sempre...
E com você tudo em mim é amar e sorrir,
Tudo em mim é vontade de amar para sempre...

Na vida nós amamos pouco
Na vida nós sorrimos pouco
No amor o pouco é tudo
No amor o sorrir é eterno...

Nada se perde ao tempo quando ama
Tudo se torna doce, tudo se torna feliz e para sempre...
E com você tudo em mim é amar e sorrir,
Tudo em mim é vontade de amar para sempre...

ÚLTIMO VERSO

Por versos, eu te compus, amor!
Por amores verdadeiros, puros...
E te acabei na solidão, eu juro
Que ingênua não será mais essa dor.

Será qual o teu céu de esplendor,
Como a cor dos mamais maduros,
Será como os fantasmas, conjuro,
E da paixão ríspida por uma flor.

Jardins de florais altaneiros, leve,
Branco como um inverno em neve
Será este meu vazio na escuridão...

E nas noites plenas dos teus prazeres
Não ouvirás por melodias, dizeres
Os meus versos de amor e de ilusão!