Coleção pessoal de abrahamcezar
Antes de haver mundo, havia apenas Luz e quando a criação emergiu, a Luz se fragmentou. Mas um dia, cada centelha retornará à sua origem, e aquele que compreender esse mistério não estará mais separado da Eternidade.
A Luz só se revela quando a escuridão é atravessada. Quem foge da sombra nunca verá a plenitude da Luz.
O véu da ilusão não é uma prisão, mas um ângulo: uma dobra da luz sobre si mesma. Quando a consciência ascende pela espiral da Árvore, o mundo transmuta — o que antes era pedra, revela-se símbolo; o que era sombra, torna-se mapa. Os mundos não se empilham no espaço, mas se entrelaçam em camadas do ser. Cada mutação vibratória no núcleo do Eu reverbera pelas fibras do universo como um acorde no silêncio. Onde irrompe a Luz, projeta-se também o contraste que a delineia. E aquilo que recusa a emanação torna-se recipiente trancado — resistência é fome disfarçada. A alma que se afoga na noite, não é órfã da luz, mas cega de si mesma.
O homem é o holograma vivente do Infinito oculto: em sua carne, o traçado das veias imita os meandros da Árvore Primordial; em seus órgãos vibra a harmonia secreta das emanações eternas. Sua respiração não é apenas ar — é o sopro ritmado do universo serpenteando entre mundos, ecoando a melodia dos astros. Cada célula é um selo estelar, cada batida cardíaca ressoa como o tambor do Tempo. Aquele que ouve esse concerto silencioso com os ouvidos da alma, torna-se o alquimista do próprio ser — e, ao tocar-se, transmuta o mundo inteiro com um só gesto interior.
O universo não é um lugar fixo, mas uma tapeçaria viva que se altera conforme a vibração de quem o observa. Aquele que domina a linguagem das forças ocultas não está mais sujeito ao acaso – ele se torna um arquiteto da realidade.
Toda ponte é uma escolha. Quando um portal é aberto, só a consciência define se ele levará à ascensão ou à queda.
Tiferet é o espelho que reflete o universo. Mas aquele que se vê no espelho e se reconhece na Luz, esse já não precisa mais do reflexo.
O tempo é um rio, e Binah é sua corrente. Mas o sábio sabe que, no coração da correnteza, há sempre um ponto imóvel onde tudo já aconteceu e nada jamais acontecerá.
Como espelhos astrais em perpétua correspondência, o que vibra nas alturas celestes repercute nos abismos da forma e o que pulsa no âmago secreto se revela nos contornos do mundo visível. A Árvore das Emanações — que é o diagrama vivo do Ser — espelha simultaneamente o templo do universo e o labirinto da alma. Decifrar seus ramos é percorrer os corredores ocultos do tempo fluido, sondar a carne alquímica da matéria e escutar o sopro do espírito no silêncio entre as esferas.
Os 72 Nomes não são palavras – são janelas para o infinito. Aquele que souber olhar através delas verá o que está além do véu da matéria.
As letras dançam no espaço e tecem o mundo. Aquele que vê apenas palavras, vê apenas sombras. Mas aquele que vê a Luz por trás das letras, vê a essência da criação.
Aquele que vê a Árvore como um simples desenho, nunca colherá seus frutos. Mas aquele que se torna um com seus ramos, jamais conhecerá limites.
Quem conhece a direita e ignora a esquerda está perdido. Quem conhece a esquerda e ignora a direita está iludido. Mas quem conhece ambas e as une dentro de si, esse está desperto.
Aquele que solta, encontra. Aquele que luta contra a corrente, se cansa. Mas aquele que aprende a nadar com o rio, descobre que a jornada já o leva para onde precisa estar.
Quem compreende a unidade, não teme a tempestade, pois sabe que o vento que sopra forte é o mesmo vento que o leva ao destino certo.
Assim como o rio segue seu curso e deságua no oceano, assim também a Luz flui incessantemente, nutrindo tudo o que existe. Aquele que compreender este fluxo, navegará sem resistência no mar infinito da existência.
Aquele que busca apenas acumular conhecimento, encontrará um espelho. Aquele que busca a verdade, encontrará um portal.
E quando me disseram quem eu era, tive a coragem de esquecer. Porque só assim pude me lembrar de quem sou.
