Coleção pessoal de aad

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Tenho fases, como a Lua; fases de ser sozinha, fases de ser só sua.

Nunca fui como todos
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...

Quando Vier a Primavera

Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

(Poemas Inconjuntos, heterónimo de Fernando Pessoa)

O amor não prospera em corações que se amedrontam com as sombras.

Não pode haver couraça mais potente, do que um coração limpo; está três vezes armado quem defende a causa justa; ao passo que está nu, ainda que de aço revestido, o individuo de conciência manchada por ciúmes e injustiças

Quando a dor cortante o coração maltrata e tristes gemidos ferem nossa alma, apenas a música e seus sons de prata, rápido nos trazem outra vez a calma!

SONETO LXX
Se te censuram, não é teu defeito,
Porque a injúria os mais belos pretende;
Da graça o ornamento é vão, suspeito,
Corvo a sujar o céu que mais esplende.
Enquanto fores bom, a injúria prova
Que tens valor, que o tempo te venera,
Pois o Verme na flor gozo renova,
E em ti irrompe a mais pura primavera.
Da infância os maus tempos pular soubeste,
Vencendo o assalto ou do assalto distante;
Mas não penses achar vantagem neste
Fado, que a inveja alarga, é incessante.
Se a ti nada demanda de suspeita,
És reino a que o coração se sujeita.

Quando a boca não consegue dizer o que o coração sente, o melhor é deixar a boca sentir o que o coração diz.

Quem cedo e bem aprende, tarde ou nunca esquece. Quem negligencia as manifestações de amizade, acaba por perder esse sentimento.

Não poucas vezes esbarramos com o nosso destino pelos caminhos que escolhemos para fugir dele.

Na minha opinião existem dois tipos de viajantes: os que viajam para fugir e os que viajam para buscar.

Cheguei numa fase da minha vida que vejo que a única coisa que fiz até agora foi fugir, fugir de mim mesmo, do meu nada, e agora não tenho mais para onde ir, nem sei o que vou fazer, fui péssimo em tudo.

A liberdade não consiste só em seguir a sua própria vontade, mas às vezes também em fugir dela.

Sísifo

Recomeça...
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...

Só me interessam os passos que tive de dar na vida para chegar a mim mesmo.

São os passos que fazem os caminhos.

Não é o ritmo nem os passos que fazem a dança
Mas a paixão que vai na alma de quem dança.

Mais esperança nos meus passos do que tristeza nos meus ombros.

Quando até o laço do sapato tenta te derrubar: Anda sozinho, anda descalço, anda pelado, só não pare de andar.

O sapato que se ajusta a um homem aperta o outro; não há nada para a vida que funcione em todos os casos.