Clarice Lispector Vida

Cerca de 254 frases e pensamentos: Clarice Lispector Vida

A primavera me dá coisas. Dá do que viver. E sinto que um dia na primavera é que vou morrer. De amor pungente e coração enfraquecido.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Eu sei o que é primavera.

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Inserida por pensador

Corro perigo como toda pessoa que vive. E a única coisa que me espera é exatamente o inesperado.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Que é que eu faço, é de noite e eu estou viva. Estar viva está me matando aos poucos, e eu estou toda alerta no escuro.

Clarice Lispector
Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Erguia-se para uma nova manhã, docemente viva. E sua felicidade era pura como o reflexo do sol na água.

Clarice Lispector
Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

⁠Vida é o desejo de continuar vivendo e viva é aquela coisa que vai morrer. A vida serve é para se morrer dela.

Clarice Lispector
Borelli, Olga. Clarice Lispector: esboço para um possível retrato. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.
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Inserida por Demeguajara

Não posso escrever enquanto estou ansiosa ou espero soluções porque em tais períodos faço tudo para que as horas passem; e escrever é prolongar o tempo, é dividi-lo em partículas de segundos, dando a cada uma delas uma vida insubstituível.

Clarice Lispector
Para não esquecer. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Nota: Crônica Escrever, prolongar o tempo.

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Existir não é lógico.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Civilizar minha vida é expulsar-me de mim.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Essa noite – de ventania – sonhei um sonho tão gratificante. Era um menino de 14 anos e uma menina de 13 que corriam um atrás do outro, se escondendo atrás de árvores, e às gargalhadas, brincando. E eis que de repente eles param e mudos, graves, espantados se olham nos olhos: é que eles sabiam que um dia iriam amar.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

A vida é tão contínua que nós a dividimos em etapas, e a uma delas chamamos de morte.

Clarice Lispector
A Paixão Segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
Inserida por tomazdeaquino

Andei semeando por aí.
Entre a palavra e o pensamento existe o meu ser. Meu pensamento é puro ar impalpável, insaisissable. Minha palavra é de terra. Meu coração é vida. Minha energia eletrônica é mágica de origem divina. Meu símbolo é o amor. Meu ódio é energia atômica.
Tudo o que eu disse agora não vale nada, não passa de espumas.
Padecente.
Faminta e friorenta e humilhada.
Eu te recebo de pés descalços: é esta a minha humildade e esta nudez de pés é a minha
ousadia.
Não quero ser somente eu mesma. Quero também ser o que não sou.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.
Inserida por RaphaelaB

⁠Para ela cada dia tem o futuro do amanhã. Cada momento do dia se futuriza para o momento seguinte em nuances, gradações, paulatino acréscimo de sutis qualificações da sensibilidade. Às vezes ela perde a coragem, desanima diante da constante mutabilidade da vida. Ela coexiste com o tempo.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.
Inserida por RaphaelaB

⁠Cada ser é um outro ser, indubitavelmente uno embora quebradiço, impressões digitais únicas ad secula seculorum.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.
Inserida por RaphaelaB

⁠Fui interrompida pelo silêncio da noite. O silêncio espaçoso me interrompe, me deixa o corpo num feixe de atenção intensa e muda. Fico à espreita de nada. O silêncio não é o vazio, é a plenitude.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.
Inserida por RaphaelaB

⁠Eu sempre esperava alguma coisa nova de mim, eu era um frisson de espera: algo estava sempre vindo de mim ou de fora de mim.

É que eu sou endêmica.

Não aguento muito tempo um sentimento porque passo a ter angústia e meu pensamento fica ocupado com o sentimento e eu me desvencilho dele de qualquer jeito para ganhar de novo a minha liberdade de espírito. Sou livre para sentir. Quero ser livre para raciocinar. Aspiro a uma fusão de corpo e alma.

Não consigo compreender para os outros. Só na desordem de meus sentimentos é que compreendo para mim mesma e é tão incompreensível o que eu sinto que me calo e medito sobre o nada.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.
Inserida por RaphaelaB

⁠Eu, por mim, não aprendi muito – e é por isso que valorizo cada fiapo de ensinamento que os dias foram me dando.

Clarice Lispector
Correio para mulheres. Rio de Janeiro: Rocco, 2018.

Nota: Trecho da crônica Você sabe aconselhar?

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Inserida por pensador

⁠Eu, por mim, não aprendi muito – e é por isso que valorizo cada fiapo de ensinamento que os dias foram me dando. E valorizo sobretudo o que aprendi à minha própria custa. Não é por vaidade, acho que é porque doeu mais aprender desse modo, custou mais caro, e a gente esquece menos.

Clarice Lispector
Correio para mulheres. Rio de Janeiro: Rocco, 2018.

Nota: Trecho da crônica Você sabe aconselhar?

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Inserida por pensador

Todos nós que escrevemos estamos fazendo do túmulo do pensamento alguma coisa que lhe dê vida.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Declaração de amor.

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Inserida por pensador

Se eu tivesse que dar um título à minha vida seria: à procura da própria coisa.

Clarice Lispector
Para não esquecer. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Crônica Aproximação gradativa.

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Inserida por pensador

Porque é cruel demais saber que a vida é única e que não temos como garantia senão a fé em trevas – porque é cruel demais, então respondo com a pureza de uma alegria indomável. Recuso-me a ficar triste.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
Inserida por pensador