Citações de Weber
Terminei de Ler "O Demonologista" de Andrew Peper. A luta do bem e do mal, um livro de Terror, com uma pitada de Medo, o livro segue um caminho, sobre as mazelas da vida e vicissitudes encontradas ao longo de sua trajetória como ser humano, mortal, e isso faz o protagonista embarcar nos seus silogismos entre o certo e errado, realidade ou paranoia, o leitor escolhe. Não vamos esquecer que todas as referências sobre o Diabo e Deus são tirados do Clássico PARAÍSO PERDIDO de John Milton.
Constantemente dentro do meu intimo, sinto a felicidade abater-se com muita força, causando o que poderíamos chamar de "Constância intensa de dor". Um apelo sempre brota mais tarde, querendo chegar a uma significação da realidade, congênita em termos de ordem geral e sentimental. Dentro destas duas parcelas, ou passos a seguir, existe uma força misteriosa classificando-nos como seres virtuosos. "Mas o que é a virtude?" Sócrates já perguntava nos áureos tempos tumultuosos do pensamento humano. Sempre nos abaterá esta força. Como fugir dela se pecamos contra a nossa própria existência? Se tentamos enganar com suposições falsas a todos e a nós mesmos?
É certo que uma luz misteriosa ilumina o caminho de alguns. Mas porque não todos buscam esta "misteriosa sabedoria iluminada e magnetizada?" É certo também que a realidade atual não passa de conjecturas incutidas na mente, tornando-nos escravos da "realidade-virtuosa-falta".
Posso sentir em meus tornozelos a dor que é transmitida pelos grilhões da falsidade paliativa das palavras.
Com muita intensidade o raio cai, mas não cai em minha cabeça, cai a meus pés, e parte a corrente que me prende, deixando-me livre. Mas o que é a liberdade? Nem expressa-la eu posso, pois, o que é que poderia dizer sem que um milhão de outras correntes sejam jogadas aos meus pés, com uma única intensão, paralisar os meus passos e tapar os caminhos da verdade e de meu livre-arbitro em busca da tal virtude-real, que se encontra presa nas teias pré socráticas e platônicas da "Gênese humana".
- Esse governo - o que vem a ser ele senão uma tradição, tentando se transmitir inteira á posteridade, mas que a cada instante vai perdendo porções de sua integridade? Ele não tem a força nem a vitalidade de um único homem vivo, pois um único homem pode fazê-lo dobrar-se à sua vontade.
Qualquer tipo de governo se transforma numa espécie de revolver de brinqueto para o próprio povo; e ele certamente vai quebrar se por alguma razão o povo o usar seriamente uns contra os outros, como uma arma verdadeira. Mas nem por isso ele é menos necessário; pois todos precisam dispor de uma máquina complicada e barulhenta para preencher sua concepção de governo.
No entanto, quero me pronunciar como cidadão, distintamente daqueles que se chamam antigovernistas: O que desejo é um governo melhor e não o fim do governo. Se cada homem expressar o tipo de governo capaz de ganhar se respeito, estaremos bem próximos de conseguir formá-lo. Como formá-lo? "Tendo a convicção de que isto será o melhor. Tendo consciência e pensamentos livres para escolher e formular o que achar que é o melhor, e sabendo que depois de formá-lo sua consciência estará em paz consigo mesmo. A partir dai, reconhecê-lo, respeita-lo e se dedicar inteiramente para ajuda-lo a comandar".
Mas um governo no qual prevalece o mando da maioria em todas as questões não pode ser baseado na justiça, mesmo nos limites da avaliação dos homens. Não será possível um governo em que a maioria decida virtualmente o que é certo ou errado? No qual a maioria decida apenas as questões às quais seja aplicável a norma da conveniência? Deve alguém decidir de sua consciência, mesmo por um único instante? Na minha opinião devemos ser em primeiro lugar homens, e só então súditos. Não é desejável cultivar o respeito às leis do mesmo nível do respeito aos direitos. A única obrigação que tenho direito de assumir é fazer a qualquer momento aquilo que julgo certo. Costuma-se dizer, e com toda razão, que uma corporação de homens conscienciosos é uma corporação com consciência.
Ha muitos homens, que serve algum governo só com a cabeça, pois raramente se dispõem a fazer distinções morais. Há um número bastante reduzido que serve algum governo também com sua consciência; são os homens que acabam com isto, mais resistindo do que servindo; e os tratam geralmente como inimigos. Um homem sábio só será de fato útil como homem e não se sujeitará à condição de "barro" a ser moldado para tapar um buraco e cortar o vento; ele preferirá deixar esse papel, na pior das hipóteses para suas cinzas.
Toda votação é um tipo de jogo, tal como damas ou gamão, com uma leve coloração moral, onde se brinca com o certo e errado sobre questões morais; e é claro que há apostas neste jogo. O caráter dos eleitores não entra nas avaliações. Proclamo meu voto de acordo com meu critério moral; mas não tenho um interesse vital de que o certo saia vitorioso. Estou disposto a deixar essa decisão para a maioria. O compromisso de votar, dessa forma, nunca vai mais longe do que as conveniências. Nem mesmo o ato de votar pelo que é certo implica em fazer algo pelo que é certo. "Um homem sábio não deixará o que é certo nas mãos incertas do acaso e nem esperará que sua vitória se dê através da força da maioria". "Ha escassa virtude nas ações de massa dos homens".
Existem leis injustas; devemos submeter-nos a elas e cumpri-las, ou devemos tentar emendá-las e obedecer a elas até sua reforma, ou devemos transgredi-las imediatamente? Numa sociedade com o governo como o nosso, os homens em geral pensam que devem esperar até que tenham convencido a maioria a alterar estas leis. A opinião de muitas pessoas, é de que a hipótese da resistência pode vir a ser combatido. Mas é precisamente o governo o culpado pela circunstância de o remédio ser de fato pior do que o mal. É o governo de homens que não sabem governar que faz tudo ficar pior. Porque o governo não é mais capaz e se antecipa para lutar pelas reformas? Porque ele não sabe valorizar sua sábia minoria? Porque ele chora e resiste antes de ser atacado? Por que ele não estimula a participação ativa dos cidadãos para que eles lhe mostrem suas falhas e para conseguir um desempenho melhor do eles lhe exigem? Poque eles lhe exigem? Porque eles sempre crucificam Jesus Cristo?
Ensaio extraído do livro desobedecendo de "Henry David Thoreau".