Chega de Correr Atras
Foi fria, a tal da noite quente, usada de pretexto para dormirmos separados. E o desejo de não mais me sentir distante vai se afastando, à medida em que estico os braços e, com a ponta dos dedos, te toco — e minh’alma continua sozinha.
Gosto de presença, de casa cheia, de roda em praça. Gosto de gente quente, que liga, que chama, e que, mesmo quando tem que ir, deixa um até logo que convence. Até logo! Estou indo, mas continuo aqui.
E lhe bateu à porta um grande amor, que, através de olhos de vidro, fora informado da inconveniência de sua presença. Foi embora o amor, ser grande em outras portas adentro.
Percebo agora, que morrer de amor não é nada poético. É, é verdade, é verdade sim! O tempo passa, e chega a hora de ir. E ela vai. Mas nunca por completo!
Andei me reencontrando com velhas amigas perdidas, palavras que driblavam o discurso, deixando falas inacabadas. Voltaram, de aparência mudada, formando novos pares. Vieram em títulos, rimas de poemas — reinventaram suas próprias definições. Vieram completar balões e permiti-los voar, libertando a mim, de mim mesmo.
Eu estava voando, girando com você por todas as cores do céu. Sem pudor algum, sem nem mesmo ter certeza de se tratar da realidade. Como éramos graciosos! Os pássaros nos invejavam, e o Sol se punha mais cedo só para nos ver. Como eram belas nossas asas, quando éramos ainda leves o bastante para voar.
Não houve band-aid que fizesse curar o dodói aberto em mim. Busquei, de todas as formas, sarar. Mas o beijinho que faria tudo passar está tão longe. Longe, junto de todos os outros beijos importantes: os beijos de chegada, de partida, de reconciliação e, principalmente, os beijos de amor.
Por que colocar pra fora é uma necessidade? Por que virar poema, desenho, música, por que externar arte? Por amor? Para ser amado? Por amor. Para ser amado!
Não me limite confundindo-me com o oito, pois, dependendo do ponto de vista, eu posso muito bem ser um infinito ♾️.
O tempo tem um jeito silencioso de cuidar daquilo que a gente não consegue alcançar com as próprias mãos.
Ele não tem pressa, mas é sábio; vai costurando o que se rasgou, vai clareando o que parecia sem cor.
Há dores que se resolvem sem barulho.
Há caminhos que só se revelam quando a gente aprende a esperar.
E há beleza, sim, até nas pausas mais escuras, porque é ali, no fundo do silêncio, que a luz começa a nascer.
Nem sempre o que hoje parece fim é realmente um fim.
Às vezes, é só o tempo pedindo passagem para transformar o que ainda não amadureceu em paz.
— Edna de Andrade
Há um jeito bonito de Deus ajeitar o que parecia perdido.
Ele não apaga histórias; apenas muda o rumo das linhas.
O que hoje parece ponto final,
amanhã pode ser só uma pausa antes de um novo começo.
A vida é feita de parágrafos que se reinventam,
de páginas que se reescrevem com o tempo,
de capítulos que a gente nem imaginava viver.
Nada está totalmente pronto.
Nem a gente. Nem os sonhos.
E é justamente aí que mora a beleza:
no movimento constante de aprender, sentir e recomeçar.
— Edna de Andrade
@coisasqueeusei.edna
Vagando em uma quarta-feira qualquer,
separada pelo abismo de outros dias de feira, que, desprezíveis, prefiro nem citar, vejo aquele ônibus que, aos domingos, me transporta por entre realidades,
onde embarcam sonhos e saudades que amadurecem durante a viagem e desembarcam como vontades.
Esse ânimo que me dá de largar tudo e pegar esse ônibus pra te amar. Seja nas quartas, ou em todos os outros dias que houver, serei sempre meio, partido, inteiro apenas quando nós.
Outrora você foi um sonho que,
com o passar do tempo, fez-se concreto. Vislumbrei-te como um pretexto para que eu pudesse ser feliz. Tornaste-te platônico, tornaste-te plausível. Tornaste-te real.
Outrora você foi um sonho do qual eu preferia não ter despertado,
para continuar idealizando um ser perfeito. Amei-te enquanto sonho e pretexto, mas, quando real, percebi que a minha felicidade estava bem longe dali.
E dá-se a partida, o motor ligado vibra.
E meu corpo, junto, se alegra:
parto agora dessa odiosa rotina e deixo pra trás esse lugar onde não há você.
Parto-me pra junto de ti, onde volto a me montar, dessa vez, feliz.
Devo dizer que não me sinto capaz de um dia me acostumar à maneira como você vai,
sem nunca olhar pra trás.
Te observo até perder-te de vista, e,
quando não mais te vejo,
a vista embaça, pinga.
Aquece em mim toda essa dor,
faz ferver o que necessário for,
para que em mim evapore a angústia.
E faz-te chover, ácida, em algum jardim de indiferenças,
para que se torne estéril o solo onde germinam más emoções.
🌿 O Valor Verdadeiro
Não busque ser melhor do que ninguém, por quaisquer meios que você ache que o farão ser.
Na vida, ninguém é melhor ou pior do que alguém. Cada ser humano é único e está seguindo o seu próprio caminho.
O mundo admira coisas como dinheiro, beleza, inteligência, influência e poder. Mas Jesus disse:
“...o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” (Lucas 16:15)
Isso realmente coloca tudo em outra perspectiva. Tais valores não dão a ninguém um mérito especial aos olhos de Deus; pelo contrário, Ele se entristece quando valorizamos o que é terreno e nos julgamos superiores ou inferiores aos outros.
Deus tem uma forma totalmente diferente de medir o valor de uma pessoa. Basta conhecer Sua Palavra para descobrir o que Ele verdadeiramente aprecia: amor, bondade, benignidade, mansidão, humildade, temperança, honestidade, otimismo, compaixão, respeito e fé.
Essas são as virtudes que realmente demonstram a evolução de um ser humano.
Estamos aqui para nos aperfeiçoar, não para nos comparar.
Siga seu caminho em paz, pois o verdadeiro valor está no coração.
Rasgou as velhas roupas do passado como quem corta cordas invisíveis. Cada fio que caía era um sopro de liberdade, uma promessa de si mesmo que não se enrolaria mais em nostalgias fáceis. O prazer momentâneo sussurrava em cada canto — o chamado das mesas cheias, dos abraços sem compromisso, dos consolos rápidos — mas ele fechava os ouvidos.
Escolher o melhor para si é coragem que não se veste de glamour. É se colocar inteiro diante do mundo e dizer: “Não mais me contentarei com migalhas, mesmo que doces.” Há uma dor doce nisso, um aperto nos ombros e no coração, porque renunciar é um rito silencioso que só o próprio corpo entende.
Mas há também poesia no sacrifício. Cada passo para longe do que não serve é um avanço rumo à plenitude que ninguém pode roubar. É o gosto de um vinho guardado, saboreado depois de anos, ou o perfume das flores que crescem em solo inesperado, intenso, solto, sem pressa.
Ser gentil consigo mesmo não é indulgência; é firmeza. É reconhecer que você merece o melhor, ainda que seja caro, ainda que seja solitário, ainda que precise atravessar tempestades interiores. É aceitar que a reconstrução dói, que a vida não se repete nem se empresta, e que a cada manhã há um pedaço de você que renasce.
Reviver é isso: um gesto íntimo, visceral e silencioso. É dançar com suas próprias feridas, abraçar a coragem que faz do abandono do velho uma vitória e da escolha consciente, o maior dos prazeres.
