Cecilia Meireles Poemas Balada do Soldado Batista
PAIXÕES
Amores, latejo em ti, nas saudades, por onde
Estive! e sou estórias, e rasto, e madrugadas
E, em recordações, o meu coração responde
Num clamor tal ao vendaval e folhas levadas
Daqui do cerrado, e teus cipós, e tua fronde
Gorjeiam as melodias, e desenham estradas
Na memória, onde, além, o passado esconde
Da pressa, e as doces perfumadas alvoradas
Recordo, choro em pranto, eram dias felizes
No prazer, tal uma flor, de ti, pimpo e exulto
E eu, suspirando, poeto loas com cicatrizes
Tu golpeada e finda, - e eu fremirei sepulto:
E o meu silêncio cravado, em vão, tal raízes
Se estorcerão em dor, penando sem indulto.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
NATAL, CHEGOU!
Ah! Natal, soam sinos na noite iluminada
Ecoam cânticos vivos de cândida poesia
E toda a vida palpita em festa, em alegria
Na modesta estrebaria, de divina morada
Sobre a palha, sem rendas, ou dourada
Seda, o Menino Deus, nasceu de Maria
E dos pobres, oferendas, numa romaria
Entre os animais, singeleza, mais nada!
Não nasceu entre pombas reluzentes
Presentes os humildes e a paz do luar
Cheio de graça, nume dos diferentes
Jesus nasceu! pra nós ensinar a amar
Sobem os hinos de louvores torrentes
Foi para os pobres seu primeiro olhar...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
um poema à hora do almoço
um poema à hora do almoço
degustado na inspiração
rezo o Pai Nosso,
em gratidão
e neste esboço
um poema na refeição
mastigado entre folhas
arroz e feijão
rimas nas escolhas
agrião
alface
almeirão
servido com vinho de classe
é hora do almoço
o pensamento na sua direção...
alvoroço.
prato pela metade
mastigação
ansiedade
chega sobremesa na opção,
não
somente o café.
e a conta!
afinal de conta
o coração
pensa em você!
agitado pra te ver.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
08/08/2018, 12’00”
Cerrado goiano
CAFÉ DA MANHÃ
Quero um afago simples
Tal um pingado, pão e manteiga
Na ingenuidade, sem porquês
Com a doçura e palavra meiga
Dum bom dia! Sem a obrigação
Do perfeito, tal feito, duma cantiga
Degustada pelo coração.
Na sua fome de encontrar...
E então, neste dejejum
Pra quem acabou de levantar
Sirva o amor, não ímpar, mais um
No café da manhã, e sim, um par
Cheio de olhar, ao afeto comum
Antes da rotina começar.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, agosto
Cerrado goiano
VERSOS DE AMOR
Você é tudo aquilo que desejei
tudo que sonhei
e que me faz viver
me faz sorrir, ao te ver...
Com você,
não penso em mais nada
a vida é uma só estrada
você! Afeto tão amado
sonho tão sonhado...
Este teu jeito leve me fascina
teu carinho, meiguice, uma sina
com beijos quentes, me delira...
E nos teus braços ouço a lira
da paixão, tocando pra nós
embalado por tua doce voz...
O toque de sua mão
acelera o meu coração,
o teu cheiro é de terno sabor...
Sem duvidas, és o meu melhor.
Poetados nestes versos de amor.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
agosto de 2018
Cerrado goiano
Não te rendas, não cedas
ainda que o sonho te queime.
Aprendas a apagar as labaredas,
do fado. Insista, queira, teime...
A vida tem curvas e alamedas.
Veja a cor do por do sol, diversidades.
Adoce as frutas azedas.
Viver tem sempre possibilidades.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Agosto de 2018
Cerrado goiano
CHACAL
Ó Cerrado! ó velho de bravura!
Ó cruel e implacável vastidão!
Que propina solidão ao coração
E ao silêncio lágrimas mistura!
Pois a melancolia, onde é chão
Abre em secura, arde a tristura
Na quietude tal duma sepultura
A dor viva de um atroz bordão!
Tal o contraste! agridoce figura
Aridez, e flores na contramão
De saudades no vazio em jura!
Ó Natureza! Ó Divina criação
Alegria e tristeza em conjuntura
Nasce a privação e brota a ilusão...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
início de setembro, 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Minha terra, richiamo
Ah! Quem há de gabar, recordação impotente e escrava
O que o presente diz, o que a saudade escreve?
- Cutucas, sangras, pregadas nas lembranças, e, em breve
Olhas, desfeito em espanto, o que te encantava...
Passou, andou, e é num veloz turbilhão, a ilusão forjava;
Ilusões. Um dia na inocência, hoje já não mais serve,
A forma, e a realidade espessa, a lembrança leve,
De pureza, canduras, numa quimera que voava...
Quem a prosa achará pra poetar o conteúdo?
Ai! Quem há de falar as saudades infinitas
Do ontem? e as ruas que omitem e agiganta?
E o suspiro muda! e o olhar surdo! o andar mudo!
E as poesias de outrora que nunca foram ditas?
Se calam nas recordações, e morrem na garganta...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
20 de janeiro, 2019
Araguari, Triângulo Mineiro.
Paráfrase Olavo Bilac
A TRISTURA
Iracundo, de má sorte, rubicundo
No cerrado, rabisca dor na escrita
Brada gemidos na secura maldita
Erigindo um cântico corcundo
Imundo, profundo e tão desdita
A mágoa verte gosto moribundo
A cólera vinga no fado furibundo
Poetizando a lágrima anafrodita
E nesse fecundo olhar em febre
Rasga o peito tal caçada lebre
Uivando agrura sem candura
Nas minhas profundezas, pesar
A trava alma no sereno a chorar
E a ventura rimando com tristura
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Início de agosto de 2018
Cerrado goiano
Deixe a vida saborear naturalmente, aprecie a força do anoitecer...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
07/06/2014.
QUASE REVELAÇÃO
Deixa que o rimar da poesia enfim devasse
A tua emoção tão íntima e tão sem enredo
Que terias posto de lado, se, mais cedo,
Toda covardia que sentes se revelasse...
Chega de ilusão! Pronuncie-as sem medo
As tais prosas, já tão visíveis em tua face
Deixadas em teus passos por onde passe
Marcadas, e tão apontadas com o dedo.
Então: não posso mais! Chega de rodeio
Estou cheio, em devaneio, e tenho fome
No coração, aprisionado, e tão imerso...
Escuto o dito nome, o amor, leio e releio
E já fatigado, que no peito me consome.
Que quase confesso neste patético verso!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, setembro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Vem a tarde, chega à noite valsando em melancolia
Onde o vento entre as secas folhas no tardar rodopia
E o tempo e saudades no peito se fazem em sinfonia
Pra haver outra tarde, outra noite, haver outro dia...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
FOGO-FÁTUO
Cabelos brancos! Dá-me calma no espanto
A esta tortura de sonhador, tolo e sofista:
No tempo o desdém ao tempo, veloz tanto,
E assim perdido pelo mais que não exista;
Tal fogo, que no espírito me é pranto
Me enregela e logo encalma, sou artista
De quimeras, reveses, e que no entanto,
Deste fado, que ao criar tenho luz à vista:
Dando a melancolia remédio de alegria,
A razão saudade, e a loucura esperança
Assim, ardendo no peito a doce fantasia;
Se absurdo, absurdo é não ter teimosia
Pra fugir com a ilusão onde ela alcança
E então, ter a realidade cheia de poesia...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Setembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
DESEJO
O silêncio que brada, desnorteado
No cerrado, que a chorar me vejo,
O peito na dor que sofre, separado
Do outrora, na saudade me protejo.
Não me basta saber do passado,
Se, se amei ou fui amado; desejo
Mais que afeto simples e sagrado,
Quero olhar, laço e um doce beijo.
Ao coração que tolera, só ousadia
Não me acanha: pois maior baixeza
Não há que paixão sem ter o calor;
É a justa ambição que eleva a poesia
Ser poeta sempre e, na sua pureza,
Deixar seus versos cheios de amor.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
20 de setembro, 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
REMORSO
Hoje, eu sei, a contrição com a dor
Te beijei na saudade, e assim ando
Forjando e padecendo, até quando
O teu cheiro será o meu condutor?
Às vezes, eu me vejo te chamando
Nas lágrimas versadas sem expor
Da alma, me calo, e torno sofredor
Cansado, neste tal sentir nefando...
Sinto o que no tempo desperdicei
Choro, no início da minha velhice
Cada seu, que eu não aproveitei…
E nesta ilha de suspiros e de tolice
No teu breve adeus, tarde cheguei
Sem que desta falta remorso visse!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, fim de setembro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
VERSOS DE AMAR (soneto)
O poetar que sofre, desgarrado
Da emoção, no exílio sem pejo
Da inspiração, ali tão separado
Calado, e sem nenhum desejo
Não basta apenas ser criado
Moldado na doçura dum beijo
Nem tão pouco ser delicado
Se o cobiçar, assim me vejo
O poetar que tolera, e passa
Sem se compor com pureza
Não há quem possa ele criar
E mais eleva e ao poeta graça
É trazer na poesia a grandeza
E a leveza dos versos de amar.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, outubro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
carnívora
a saudade não nos engana
sua chegada
faminta e soberana
só traz dores gigantes
no vinho carraspana
amantes mais que antes
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
choverando
canta gota do céu corrente
chuverando o chão ressequido
em sonatas vorazmente
canta para o sono embalar
nina com sua água vertente
banhando o cerrado a sonhar
canta a canção das águas
mata a sede inteiramente
e leva contigo as mágoas
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
setembro de 2019
Araguari, Triângulo Mineiro
hoje
hoje uma quinta feira
no cerrado hora primeira
o vento soprando
a alma se calando
hoje, tem entardecer
o dia pra viver
um segundo de cada vez
e outro talvez
hoje!
num balé de paradigma
só pra hoje!
Amanhã outro enigma!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
Poesia do amor
Deixe-me imaginar
Sorrisos no ouvido
Abraço em forma de laço
O calor da tua voz, murmurado
No meu olhar atento, no compasso
Do passo das batidas do coração
Do meu, do seu, onde cada pedaço
Nos faz um todo na emoção...
Deixe-me sonhar, num só traço
Que liga o meu eu a sua paixão.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
fevereiro de 2016 - Cerrado goiano
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