Cecilia Meireles Poemas Balada do Soldado Batista
Amor de Poeta
No peito do poeta, amor é chama,
Fagulha que acende a alma inquieta,
É rio que corre, sem ter quem o trama,
É canto que nasce de forma completa.
Seu amor não vive em moldes terrenos,
Transcende o toque, o olhar, o lugar.
É feito de versos, de sonhos serenos,
De tudo o que o mundo não pode tocar.
Ama a dor, a saudade, o impossível,
Ama o instante, o futuro, o jamais.
No poeta, o amor é tão indivisível,
Que abraça os mortais e os imortais.
É arte, é entrega, é pura loucura,
É querer transformar o banal em magia.
No coração do poeta, a alma é tão pura,
Que o amor é poesia... e a poesia, utopia.
Passarinho na Gaiola
Na prisão dourada que a mão construiu,
Um canto ecoa, mas é canto vazio.
Olhos pequenos, tristes a mirar,
O céu lá fora que não pode tocar.
As asas sonham com o vento a soprar,
Com a dança livre do voo no ar.
Mas as grades frias vêm recordar,
Que o mundo é vasto, mas não pode estar.
Ah, passarinho, por que te prender?
Teu canto é livre, teu dom é viver.
Quem ama escuta, deixa-te voar,
Pois só no infinito é que vais cantar.
Um dia, talvez, a porta se abra,
E tu encontrarás o caminho da alma.
Voarás ao alto, sem medo ou dor,
Levando contigo a mensagem de amor.
A Cidade Dorme
Quando a noite se estende em véu profundo,
E a lua banha a terra com seu pratear,
São Luís se aquieta, deixa o mundo,
Em um doce silêncio a respirar.
As ruas, antes cheias de vida e passos,
Agora repousam em quietude plena.
Sombras suaves desenham seus traços,
Enquanto a brisa embala a cena.
No casarão, um candeeiro vacila,
Guardando histórias de tempos passados.
O mar ao longe sussurra e oscila,
Cantando segredos jamais revelados.
Nas praças, o vento dança sozinho,
Entre palmeiras que sonham também.
A cidade dorme, traça seu caminho,
Na paz que só a madrugada contém.
E assim, sob o manto da calmaria,
São Luís repousa, tão serena e pura,
Guardando em seu peito, dia após dia,
O encanto eterno de sua ternura.
Guerra de Flores
Em meu sonho, a guerra é outra história,
Não há sangue, gritos ou destruição,
Os homens lutam com outra glória,
Armados de flores, paz no coração.
Os campos não se enchem de feridas,
Mas de cores que a terra abraçou,
Rosas, jasmins, em batalhas floridas,
Cada pétala um gesto de amor que brotou.
Soldados marcham com ramos em mãos,
Espalhando perfume ao invés de temor,
E ao invés de dor em seus clarões,
O brilho é de esperança e calor.
As trincheiras são jardins secretos,
Onde lírios crescem em cada canto,
E o som da guerra, doce e completo,
É um hino cantado por pássaros em encanto.
Se o mundo vivesse essa utopia,
Onde o combate fosse doar e cuidar,
A guerra de flores, com sua poesia,
Seria a única que iríamos desejar.
Lembranças de Infância
Ah, que saudade da rua encantada,
Onde o tempo corria sem pressa ou temor,
Nos pés descalços, a poeira dourada,
E no peito, a alegria em seu mais puro ardor.
Bolas de gude brilhavam no chão,
Como estrelas num céu de cimento,
Pipas no alto, riscando o azul,
Guiadas por sonhos ao sabor do vento.
O futebol era a lei do momento,
Traves marcadas com chinelos jogados,
Um grito de gol rasgava o silêncio,
E o mundo parava, nossos olhos brilhados.
Brincadeiras sem fim, risos soltos no ar,
Amigos, irmãos de uma vida inventada,
Cada esquina guardava um lugar,
Onde a infância deixava sua marca sagrada.
Hoje, adulto, caminho sozinho,
Levando comigo o que ficou pra trás,
Mas no coração ainda há um cantinho
Que guarda pra sempre aquele tempo de paz.
Nascer, Crescer e Morrer
No ventre da mãe, o primeiro pulsar,
um sopro divino a nos moldar.
Chegamos ao mundo em frágil chorar,
um início de vida, um mistério a trilhar.
Crescemos aos poucos, em passos lentos,
aprendemos com erros, vivemos momentos.
Dos risos na infância à pressa da idade,
somos ventos que correm na vastidão da verdade.
E o tempo implacável, senhor do destino,
marca nossas faces com traços divinos.
Na juventude, ousamos desafiar,
mas a velhice nos faz refletir e parar.
Morrer... não é o fim, mas um recomeço,
um ciclo eterno, um profundo endereço.
De pó viemos, ao pó voltaremos,
mas o amor que plantamos, jamais perderemos.
Que a vida, tão breve, nos ensine a amar,
a ver cada instante como um doce luar.
Pois somos poeira, viajantes do ser,
no ciclo divino: nascer, crescer e morrer.
Por onde andam as cartas de amor?
Por onde andam as cartas de amor,
Que carregavam em si o calor da espera,
Palavras dançando, feitas à mão,
Tatuadas em papel, uma doce quimera?
Eram versos de saudade e suspiros,
Seladas com beijos, perfume discreto,
Mensageiras do coração aflito,
Que voavam pelo tempo, num afeto completo.
Hoje, o brilho da tela se impõe,
Com frases curtas, instantâneas, sem cor.
O romantismo cedeu, quase se escondeu,
Mas onde está o sabor do escritor?
As cartas guardavam segredos eternos,
Dobras macias, confissões agridoces,
Um mundo que o tempo quis silenciar,
Mas em cada linha, deixavam suas vozes.
Quem sabe um dia voltem a ser
A ponte que une almas distantes.
Pois cartas não morrem, só dormem no peito,
Esperando mãos que as façam vibrantes.
Se hoje pergunto, com dor e fervor,
Por onde andam as cartas de amor?
Talvez estejam, tímidas, nas gavetas,
Ou esperando coragem, em novos poetas.
O Bilhetinho do Amor
Era um rabisco apressado,
Num papel quase esquecido,
Mas trazia o mundo encantado
De um amor correspondido.
"Te espero às seis, no portão",
Ou talvez um "sonhei com você".
Eram frases de quem, com paixão,
Dizia tudo sem muito dizer.
Escondido no bolso da blusa,
Ou entregue com o coração na mão,
O bilhetinho era a prova confusa
De um amor sem complicação.
Hoje trocamos por telas brilhantes,
Mensagens rápidas, frias, banais.
Mas faltam as dobras, os riscos constantes,
Que davam às palavras sentidos reais.
Ah, que volte o papel rasgado,
Com garranchos e cheiro de flor,
Pois nele cabia, dobrado,
Todo o encanto do amor.
Krakatoa, o Rugido do Mundo
Nas águas do Sunda, serena morada,
Repousava a ilha, em sua jornada.
Sob o manto do tempo, adormecia,
Um gigante de fogo, em letargia.
Mas o silêncio, como um trovão, rompeu,
O ventre da terra em fúria cedeu.
Krakatoa ergueu-se em brasas e dor,
Um grito que o mundo jamais apagou.
Céus tingidos de cinzas e fogo voraz,
O dia virou noite, um luto tenaz.
E as ondas, imensas, como muralhas,
Levaram histórias às terras distantes.
Seu eco ressoa além da história,
Guardado nas páginas da memória.
Krakatoa, eterno em sua erupção,
Um lembrete do poder da criação.
Hoje, do silêncio, um novo brotar,
Anak Krakatoa, a vida a se renovar.
Das cinzas renasce, a lição guardada:
A força da terra é indomada.
Krakatoa, a Voz do Abismo
Em mares calmos, sob o azul profundo,
Repousa a fera, em sono a meditar.
Mas seu rugido abala todo o mundo,
O ventre rasga e o fogo vem dançar.
A terra chora em cinzas e tormento,
O céu se cobre em luto, escuro véu.
O dia foge, um grito corta o vento,
A luz se perde, a noite toma o céu.
Das ondas vêm muralhas que consomem,
A vida curva-se ao poder da criação.
Krakatoa, teus ecos nos renomeiam,
Lembrando o homem: frágil é sua mão.
Do magma surge o "Filho" a se erguer,
Das cinzas, nova vida a renascer.
O Casarão
Havia um encanto naquele lugar,
Um casarão que o tempo ousou guardar.
Entre paredes de histórias antigas,
Ecos de risos, memórias amigas.
O portão rangia ao ser empurrado,
Como se cantasse um tempo passado.
No quintal, árvores a sussurrar,
Segredos do vento, prontos a contar.
A sala guardava o cheiro do café,
Onde sonhos bailavam em pura fé.
Os quartos, refúgios de uma criança,
Eram palcos vivos de toda esperança.
O assoalho falava a cada pisada,
Trazendo à vida a madeira marcada.
Janelas amplas, molduras do dia,
Abrindo-se ao mundo em plena harmonia.
Lá, entre os 8 e os 13 anos meus,
Eu descobri meu mundo e os sonhos seus.
Meus pais, pilares, firmes na lida,
Ensinaram o valor da vida vivida.
Hoje, ao lembrar, meu peito aquece,
O casarão em mim nunca esmorece.
Mora na alma, é lar no coração,
Um templo eterno de recordação.
Saudades da Terra Natal
No lombo cansado do vento errante,
Segue o violeiro, eterno viajante.
Nos dedos a mágoa, na alma o trovão,
O violão chora em triste canção.
As cordas sussurram memórias antigas,
Das tardes douradas e vozes amigas.
Da praça pequena, do rio ao luar,
E do cheiro da terra ao sol descansar.
Estradas compridas em poeira e nada,
Levando distante a saudade calada.
Mas o som do violão insiste em dizer:
“Volta, violeiro, ao teu renascer.”
A lua que brilha no céu do sertão
Não é como aquela da sua canção.
O frio da noite, o calor do sonhar,
Tudo conspira pra o peito apertar.
E assim ele segue, sozinho a tocar,
Com a alma perdida, tentando encontrar
No eco da música, na brisa que vem,
Um pouco da terra que o faz refém.
Ó doce morada, que o tempo guardou,
Espera teu filho, que nunca te olvidou.
Pois na melodia que o vento conduz,
A saudade é a chama que ao lar o reluz.
Como é bom ouvir uma bela canção
No silêncio que dança na luz da manhã,
Ecoa o encanto de uma doce manhã.
É um som que abraça, que traz emoção,
Ah, como é bom ouvir uma bela canção.
Os acordes deslizam como brisa no mar,
As notas percorrem o ar a bailar.
Cada verso contado, um pedaço do céu,
Cada acorde que vibra, um sonho ao léu.
Há músicas que choram, há músicas que riem,
Elas falam de amores, dos sonhos que vivem.
Pintam memórias, constroem ilusão,
Ah, como é bom ouvir uma bela canção.
Ela cura feridas, renova o viver,
Faz o tempo parar, faz o mundo tremer.
No pulsar do compasso, no tom da emoção,
É ali que a vida encontra razão.
Seja o som de um piano, o lamento de um violão,
Ou a força que explode de uma percussão.
A música é alma, é pura expressão,
Ah, como é bom ouvir uma bela canção!
Não abrace o hedonismo!
As frustrações vêm de uma vida exarcebada. Esse exagero se dá pela falta de respondabilidade.
Muitos só querem diversão ou uma vida ociosa, mas não são firmes para de fato concretizarem um sucesso duradouro.
- "Se não for agora, eu não quero!"
Por isso amam os prazeres rápidos e vulgares. Não aguentam o trabalho duro.
Em sua maioria não são capazes de construir pilares de sucesso.
Portanto, sejamos diferentes! Tenhamos princípios e prioridades por mais que demore, pois assim viveremos o oposto da massa na qual estamos inseridos.
Escassez não é ausência!
Sou feliz, mas não vivo de quimeras.
Não vendo a ilusão de uma utópica esperança.
Quais são meus acertos na vida?
Todo ponto que tomo por partida
Não tem linha de chegada.
O que me dá chegada, é desagradável.
A dor tornou-se minha amiga íntima.
Parece que cada ano que se vai,
Leva consigo um pouco de mim.
Futebol, Paixão do Povo
No campo verde, a bola rola,
É o grito da arquibancada que estala.
Pés descalços, gramado molhado,
Sonhos voando, como um chute bem dado.
De criança que corre atrás do seu ídolo,
À mãe que ora, torcendo pelo filho.
Futebol é suor, é raça, é vida,
Cada partida é história vivida.
É gol de placa, é defesa insana,
Coração dispara, torcida em chama.
No estádio lotado ou no quintal vazio,
O futebol é o pulso que aquece no frio.
E quando a rede enfim balança,
Explode o estádio, renasce a esperança.
A paixão é eterna, o jogo é breve,
Mas quem ama o futebol, nunca o deixa leve.
Noite de Natal
É noite de estrelas, de luzes acesas,
O ar tem perfume de paz e certezas.
Nas casas, abraços, presentes trocados,
E corações em laços apertados.
O Natal chega com seu brilho sereno,
Lembrança de amor e aconchego terreno.
Velhas canções que embalam a gente,
E vozes unidas num som envolvente.
Tem cheiro de infância, sabor de memória,
É tempo de paz, de reviver histórias.
A mesa enfeitada, a ceia servida,
É o amor renascendo em cada vida.
Sob a árvore, sonhos que a gente renova,
Esperança que cresce, que o ano se prova.
Pois na simplicidade, em cada olhar,
O Natal nos convida a sempre amar.
Brucy, o Guardião
No quintal, ao sol, lá está Brucy,
pastor fiel, de olhar atento e doce,
guardando seu lar com porte e nobreza,
e um coração que nunca se fosse.
De orelhas erguidas e olhos sagazes,
escuta o mundo como quem sabe
que a lealdade é dom de nascença,
e o afeto, sua maior habilidade.
Entre corridas e paus no gramado,
seu pelo brilha em cor e força,
é o amigo fiel, o guardião amado,
um laço que o tempo não solta.
Brucy, herói de quatro patas e alma,
é mais que um cão, é parte de nós.
Nos dias claros e nas noites calmas,
ele vigia com carinho e com voz.
Mar de São Luís
Em São Luís, onde o sol repousa,
o mar se estende em azul sem fim,
e canta a brisa, leve e formosa,
o velho encanto que existe ali.
As ondas dançam num vai e vem,
em harmonia com o céu dourado,
bordando a areia como um refém
de um horizonte sempre encantado.
E a maresia é sopro e abraço,
cheiro de sal, perfume ao vento,
contando histórias que o tempo traço
em cada pedra, em cada momento.
Oh, mar que abraça São Luís,
com tua calma e tua imensidão,
és o espelho onde a ilha diz
sua beleza, sua oração.
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