Cecilia Meireles Criancas
A vida segue às mais diversas modalidades de extinções, portanto, diligentemente, vivamos de tal maneira, que possamos alcançar a eternidade em muitos corações.
A mensagem de Cristo não é bebedices nem glutonarias, mas o repartir do amor, por em prática a caridade tanto ensinada por Jesus nosso senhor.
Em silêncio eu gritei, o desespero alardeou? Lancei palavras ao vento, e ninguém escutou.
O terror diário alucina, quem o sonho abandonou. E num instante fecha-se as cortinas, e o espetáculo então findou.
As vezes não é necessário entender, mas tão somente respeitar, na medida do possível, o parricular espaço da individualidade de cada ser. Desde que respentado seja, a área livre, na qual compreende toda a coletividade.
Descompromissado com meu eu a despir em textos meu. Deixo me levar em palavras sem sentido, e provavelmente com toda intensidade em meu ser, manifestos nos mais complexos sentimentos desconexos da realidade fática que me oprime.
Sei lá sabe? Neste pensamento acelerado, submerso em tantas palavras, gerindo as glossolálias exprimidas, mediante um aflito espírito atônito, confrontando o silêncio sepulcralde respostas inalditas, doa mistérios ressurgentes, que abarca toda a vida.
Quem se importa com uma vida torta, esperando a porta se abrir?
Quem desentorta, ou salva uma vida morta, que perambula por sair?
De onde menos esperamos é que se manifestam as decepções, pessoas que consideramos repentinamente ferem os nossos corações. Lições para a vida, breves reflexões.
Vivendo cada dia como se fosse o último.
Porque a vida é um instante ante a eternidade.
Tudo tem o seu momento estabelecido.
Cada ser tem o seu tempo para ser vivido.
Cada espécie sua manifestação existencial.
E nós seres humanos, os que creem, no aguardo de uma manifesta existência eternal.
COISAS E LÁGRIMAS
Traze-me tristezas...lágrimas
Quando páginas são rasgadas, de bons livros;
Quando as histórias da gente são mau explicadas;
Quando as palavras são jogadas ao vento, não confirmadas.
Traze-me aborrecimentos... Lágrimas:
Quando brinquedos são levados pela enxurrada e crianças sem;
Quando vejo comida em lixeiras, e por perto gente faminta
E quando se tira o pouco de quem já não tem quase nada.
Fico em lágrimas quando... Lamento:
Quando o destino se torna incerto, por escolhas erradas;
Quando as histórias mentirosas se tornam verdades.
Quando as vinganças que não curam, são executadas
E quando a religião esconde seus Judas.
Trazem-me a garganta gritos de raiva:
Quando os bons contos são esquecidos e não mais contados;
Quando as belas poesias não são mais declamadas;
Quando os lindos poemas não são lidos em voz alta.
E jogos são perdidos por lances errados.
Essas coisas deixam-me
De coração apertado, espremido;
Mãos suadas e alma angustiada.
COISAS DE DONO DO MUNDO
Há dias em que acordo poderoso
Parece que tenho o globo nas mãos;
Esse dia vivo com a intenção
De ser o dono do mundo.
Mas há dias em que acordo com medo do desconhecido;
Sinto raiva do que Deus permite;
Eu amarro os demônios, desdenho-os;
Piso nas tentações e xingo os anjos.
Entretanto, no dia em que acordo de boa:
Tenho o humor à flor da pele;
E oro agradecido por ser cheio de vida.
Faço projeto e traços novas metas.
Então, agradeço a Deus da alma...
Por ser um humano completo
Frágil...
TRANSMITÂNCIA DAS COISAS
Tudo que existe , extinto...
Seja o que for - fará falta;
Tudo que existe, dizimado
Deixará um vácuo no mundo.
Se sentirá a falta da cor que se encobre com uma nova;
Se sentirá a falta da ideia que se perde, por medo da critica;
Se sentirá a falta do sonho que se desiste, por não se insistir;
Se sentirá falta das amizades interrompidas, nas intrigas...
Na ausência do perdão.
Se sentirá a falta do romance que acaba, em troca de nada;
Se sentirá falta da infância que passa como um meteoro;
Se sentirá falta da juventude que se vai como um raio.
A maturidade que chega, enfada.
O que quero passar são lições de vida:
Aproveite, divirta-se e respire!
Porque tudo o que existe, acaba..!
Tudo o que deixa de existir, é falta.
Tudo o que se enterra, é passado...
Nem tudo é perda!
Nem tudo é ganho.
Tudo muda, passa e à vontade transpassa!
COISAS DE MENINO DE RUA
Um menino de rua pode ser doutor?
No meu tempo podia..
O menino de rua era o dono do lugar;
Ele podia ser o que bem queria.
O menino de rua no meu tempo:
Tinha termo, se divertia;
Tinha vida, sorria e gargalhava;
Tinha casa e cama macia.
O menino de rua no meu tempo
Ia pra escola, fazia fila;
Cantava o hino nacional;
Jurava devoção à pátria mãe.
Memorizava as cores da bandeira;
Rezava de mãos posta no peito;
Chorava e não se envergonhava...
Pois, amava a pátria que nasceu.
O menino...
usava uniforme azul e branco,
Meias brancas, branquinhas,
Conga azul ou kchute preto...
No pescoço tinha uma gravata.
Fui menino de rua...
A mãe sabia, o pai espiava sisudo;
A vizinhança sentada na porta da casa
Da meninada, cuidava.
Menino de rua do meu tempo...
Se quis virou doutor, professor, jogador
Por isso sou poeta ...
Em versos escrevo história.
REPETIÇÕES DAS COISAS
Desnorteia-me saber
Que não sou autor de nada.
Pois, tudo é repetição das coisas
Há tempos criadas.
Só faço as coisas que os outros já fizeram;
Apenas adaptei-as
Ao meu jeito de fazer...
Falo só do que já ouvir, há tempos.
Escrevo do que já li, de vários livros;
Canto o que já cantaram, desde da infância...
Tudo é repetição, quase nada é novo.
Só não quero repetir, pois enoja-me:
Os erros dos outros ...
Que quebraram a cara, deram com os burros n’água!
DIA DE COISAS
Há dias que ninguém nos ouve,
Por mais alto que se grite;
Há dias que por mais que se mostre:
Ninguém nos ver;
Há dias que por mais que se corra,
Parece não se chegar a lugar nenhum.
O que parece ser um dia ruim,
É o dia, um dia qualquer;
Apenas um dia diferente na vida da gente.
É apenas um dia em que requer:
Mais esforços, mas atenção:
De se considerar o que quer:
Grita-se: quer ser ouvido, no quê?
Mostra-se: quer ser visto, por quê?
Corre-se: busca algo importante?
Há dias que parece de coisas
Dia de decisões,
Dia de escolhas,
Dia de sentenças,
Dia do juízo final...
Mas a coisa que vale a pena, é viver!