Casa sem Teto
A Casa de Deus está sempre aberta para os homens, pena que a casa de alguns homens nunca está aberta para Deus!
Recicle sua vida...
Faça uma limpeza na sua casa,
renove o ar.
Jogue fora papéis velhos,
passe adiante roupas que não servem mais pra você...
alguém pode aproveitar.
Faça uma limpeza no seu carro
(aposto que você nem imaginou que eu ia falar de seu carro, claro),
recupere o que for possível,
o que não for... melhor no lixo jogar.
Reaproveite o (re)aproveitável,
rejeite o rejeitável.
Esvazie seu coração das mágoas dos dias passados,
deixe no passado o passado,
viva o presente,
viva contente com o novo,
e...depois...
faça tudo de novo.
Você já perdeu o caminho de casa? Você sabe - todos os dia - o caminho de casa?
Não há dias em que você apenas se deixa levar... são apenas seus pés a lhe guiar? Não há razão, não há raciocínio lógico... não há método cartesiano.... só os pés cansados, molhados, desorientados....
Não há dias em que você duvida de tudo? Você duvida de cada ideia que pode ser duvidada... e não fim tudo acaba dando em nada. Não há dias assim?
Não há dias em que o mundo não pode ser visto sob uma perspectiva objetiva? Não há dias que você tem a leve (ou pesada) sensação de que é um mero ser passivo, completamente neutro?
Não há dias em você se sente um fantoche - animando a vida de um ser que não se deixa ver?
Você - uma marionete -, animado por um ser que você não tem nem ideia de como possa ser?
Você faz parte do show.... você não é o show. Você é apenas um fantoche Fentômetro do show.
Retrato de uma guerra...
Uma cidade sem ruas,
uma rua sem casas,
uma casa sem família,
uma família sem mãe,
uma mãe sem filhos,
sem filhos e sem mãe.
Um corpo caído,
moído... sofrido.
Um corpo sem braço,
um braço sem mão.
Falta de espaço,
falta de ar,
um tiro no coração.
Uma cidade,
uma rua,
um homem,
sem sol, sem lua...
apático...
sobreviveu porque foi prático.
Perdi as chaves, a hora, o tempo.
E agora me resta apenas um momento.
Reviro a casa atrás da chave?
Abro gaveta por gaveta pra ver se as encontro?
Quem sabe a geladeira?
Ou com a hora perdida perder o momento que me resta é besteira?
Atraso o relógio?
Me engano?
Volto os ponteiros por anos e anos?
Perdi o tempo.
Pensando.
Refletindo.
Matutando?
Divagando?
Por ruas desertas vagando?
Vagamundo... vagabundando.
Ah! se eu tivesse mais tempo...
Saberia melhor aproveitar os momentos?
Triste sina.
A vida ensina...
Quando não temos mais tempo.
Para falar de amor
A casa vazia...
cada dia mais fria.
Sente falta de poesia.
Mãos calejadas
pra sempre caladas.
palavras cansadas
No sofá da sala jogadas.
Uma luminária fracamente tenta quase que inutilmente tudo iluminar...
Não há mais versos para versejar.
No canto da sala uma mesa e um computador... mudo, frio e vazio...
...esperando que alguém o use para de amor falar.
Vazio entorpecido
As portas inertes.
As venezianas fechadas revelam a casa vazia.
Esteve tão cheia um dia...
Os risos dos pequenos.
As luzes acesas.
O cheiro de café.
Os belos quadros nas paredes.
Os cafunés.
O bolo quentinho no lanche da tarde.
As flores na mesinha da sala.
Os livros nas prateleiras.
O chiar da chaleira.
Hoje só um jeans surrado num canto esquecido...
O resto cheio de um vazio entorpecido.
Ecos de você
Ainda ouço seus passos descendo lentamente as escadas de nossa casa.
Nas costas apenas uma mochila.
Você trouxe tão pouca coisa quando aqui chegou.
Agora se foi... e tudo levou.
Mas coisas são só coisas.
Não me importo de elas não estarem mais aqui.
Você se foi.
Levou o seu sorriso.
Levou a sua calma que me acalma.
Levou as cores do dia.
Levou a alegria que eu sentia quando acordava com você para viver mais um dia.
Levou o seu abraço que tanto bem me fazia.
Levou a minha alegria...
Alegria que há tanto tempo eu não sentia.
Agora você está tão distante.
Seus passos não ouço ecoar mais.
Desejo que vá em paz.
Não volte, por favor.
Não quero sentir o pavor de um dia mais uma despedida viver.
Prefiro dia a dia simplesmente sobreviver.
Só há como eliminar todos os sentimentos ruins de si mesmo: saindo de casa. Quando saímos de casa, também saímos de nós mesmos.
Eu gosto de chuva, mas só quando estou em casa; gosto de sol, mas só quando estou na praia. Tudo na vida depende das circunstâncias.
O inferno deve ser bom, pra quem tá entorpecido, sente que tá em casa, e pensa que tá certo no que tá fazendo.
Se alguém entra na sua casa você ainda pode fugir,
mas se alguém entra na sua vida como é que se foge de si?
Ninguém pode fugir de si mesmo...
e deve ser por isso que eu tô andando sem/pre texto.
O que eu sempre direi ao meu filho.
Se algo der errado, volte para casa.
Se as contas ficarem pesada,volte para casa.
Se a cabeça não estiver boa volte para casa.
Se a Solidão bater,volte para casa.
Nao importa a idade ou a distância, você sempre pode voltar para casa.
Eu sempre serei o seu lar.
Sempre serei a sua mãe.
O seu porto seguro.
Vale sempre ter uma mãe
NA TELA DO CELULAR
Chega em casa.
Cansado.
A casa está bagunçada.
Já vou arrumar.
Só um instante.
Um minuto.
Peguei o celular.
Passei o dedinho para cima.
Risada.
Só mais um, já vou arrumar.
Amanhã tem prova.
Já vou estudar.
Só mais um.
Deu meia noite.
Deu uma hora.
Vou me deitar.
É muito tarde.
Amanhã vai dar tempo.
E a vida foi em bora na tela do celular.
Compromisso
Era um dia comum, eu estava em casa sentada na mesa da sala, escrevendo.
Igual hoje.
Igual todo dia.
E aí aconteceu.
Algo entrou aqui.
Senti um vento... vento não, sopro.
Senti um sopro, como quem respira por perto.
Não era medo o que eu senti, mas sabe-se lá o que era.
Passou um vulto do meu lado.
Pisquei e sentou à minha frente.
Muito parecida comigo, mas completamente diferente.
Me olhou por inteira, por de dentro da minha alma, como se me rasgasse.
Eu?
Eu nem reagi.
Estava hip-no-ti-za-da.
Por fora, imóvel.
Por dentro, uma bateria de escola de samba saindo do recuo.
Ficamos nos ouvindo em silêncio como quem pinta uma cena na cabeça.
Para não esquecer, sabe?
E eu não esqueci: os olhos brilhantes, o cheiro de horizonte e a voz de silêncio, de quem se cala porque sabe de algo.
Toda minha atenção estava naquela figura.
Tentando eternizar na memória a sensação daquela presença.
Ela, muito decidida, estendeu a mão pra mim.
Eu aceitei, claro.
Quando minha mão encostou na dela senti um frio.
Não dela, de mim!
Minha espinha veio congelando lá de baixo até chegar na cabeça.
Como se eu tivesse bebido um milk-shake muito rápido, sabe?
Parecia que tudo na minha vida tinha me preparado para aquele exato momento.
Eu, de mãos (geladas) dadas com uma estranha (conhecida),
sentada na mesa da sala da minha própria casa,
sentindo o coração derreter feito vitamina C na água.
Ela, segurando a minha mão que segurava a mão dela, me puxou pra dançar.
Ali mesmo na sala, em frente ao sofá, em plena tarde de quarta-feira.
E como duas pessoas que não têm mais nada de importante pra fazer,
mas não podem perder nenhum minuto sequer,
dançamos na sala ao som de uma música própria.
(Como se tivéssemos uma).
Eu gosto de imaginar que era algo como 'Travessia' do Milton com 'Beija eu' da Marisa.
Tão linda ela.
Os cabelos como fogo, olhos de enverdecer sertões e um sorriso,
que só quem já chorou suas águas consegue sustentar.
E giramos.
Giramos como quem já se entendeu livre para poder girar.
E no meio do giro que ela girava, me abraçou.
Assim, de surpresa.
Ainda girando.
Eu chorei.
Eu não queria, mas as lágrimas simplesmente escorriam.
Até o mundo parou seu giro para nos olhar.
Como quem torceu a vida toda por este abraço:
eu e ela.
Um abraço apertado, mas só o suficiente.
Abraçou não como quem se despedia,
mas como quem ama recebe o ser amado depois de longa ausência.
Foi aí que ela sussurrou no meu ouvido:
— Vai!
Desnorteada, respondi:
— Pra onde?
Ela sorriu com olhos gentis e disse com voz firme:
— Não importa pra onde. Vai sem saber. Vai com medo. Eu vou contigo!
Então, fizemos um compromisso.
Ela iria pra onde eu fosse, bastava eu ir.
Eu só não poderia parar outra vez.
— Vai, volta, vai de novo. Se não souber o caminho, dança, gira, passeia, só não fica parada.
Ali eu entendi.
Ela só existe no verbo.
Aparece no passo iniciado mas some antes que ele finalize.
É preciso iniciar outro para ela voltar.
Mas é na caminhada que ela se muda e mora de vez.
Jurei de pé junto (mas ainda em movimento) que seguiria em frente porque ela estaria comigo.
E como garantia desse acordo entre nós, agora assinamos um só nome.
Eu e ela.
Alice e Coragem.
Juntas.
Numa só alma.
Alma presente chamada poesia.
Com a palavra,
Alice Coragem.
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