Cartas de Aniversario para Afilhada
Cântico das Criaturas
Altíssimo, onipotente, bom Senhor,
Teus são o louvor, a glória, a honra
E toda a benção.
Só a ti, Altíssimo, são devidos;
E homem algum é digno
De te mencionar.
Louvado sejas, meu Senhor,
Com todas as tuas criaturas,
Especialmente o Senhor Irmão Sol,
Que clareia o dia
E com sua luz nos alumia.
E ele é belo e radiante
Com grande esplendor:
De ti, Altíssimo é a imagem.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pela irmã Lua e as Estrelas,
Que no céu formaste claras
E preciosas e belas.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pelo irmão Vento,
Pelo ar, ou nublado
Ou sereno, e todo o tempo
Pela qual às tuas criaturas dás sustento.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pela irmã Água,
Que é mui útil e humilde
E preciosa e casta.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pelo irmão Fogo
Pelo qual iluminas a noite
E ele é belo e jucundo
E vigoroso e forte.
Louvado sejas, meu Senhor,
Por nossa irmã a mãe Terra
Que nos sustenta e governa,
E produz frutos diversos
E coloridas flores e ervas.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pelos que perdoam por teu amor,
E suportam enfermidades e tribulações.
Bem aventurados os que sustentam a paz,
Que por ti, Altíssimo, serão coroados.
Louvado sejas, meu Senhor,
Por nossa irmã a Morte corporal,
Da qual homem algum pode escapar.
Ai dos que morrerem em pecado mortal!
Felizes os que ela achar
Conformes á tua santíssima vontade,
Porque a morte segunda não lhes fará mal!
Louvai e bendizei a meu Senhor,
E dai-lhe graças,
E servi-o com grande humildade.
São delicados e sutis os fios da harmonia. Ao contrário da alegria, do entusiasmo, ela é uma das sensações mais discretas. Sua voz é quase imperceptível, feito outra qualidade de silêncio. Ela não é uma gargalhada, é aquele sorriso por dentro, uma sensação gostosa de estar no lugar certo, na hora adequada. Feito um arco-íris depois da tempestade, sua beleza é adornada pelo equilíbrio dentro do derramamento. É um adestramento dos fantasmas internos. A possibilidade de aprimorar os pensamentos. É quase como não pensar. Simplesmente, sentimos uma ligação profunda com tudo, um denso bem-estar. Como se tivéssemos uma secreta intimidade com o mundo, certa cumplicidade com o tempo. É como se observássemos descompromissados, ela é uma descontração. Como se o coração batesse pelo corpo todo, mas sem extremada euforia. Uma tranqüilidade dilatada no peito, o olhar satisfeito, a mente entendendo que já nem precisa entender o que é prosa ou poesia. E o mundo inteiro cabendo num abraço. E uma firmeza na carícia, a maturidade que perdeu o cansaço, uma confiança que preenche a existência. A harmonia é um contato profundo com a experiência. E o tempo do dia não é mais composto por esperas, ele é vivido. E já não se fala, palavras passeiam pela boca. E já não se escreve, as frases coreografam as paisagens. E já não se ama, o amor vigora em nós. A harmonia tem fios muito delicados e sua trama faz a ligação mais suave entre todas as urgências já sentidas. E o chão do sonho é macio, e tudo parece estar alinhavado, numa ligação sem sufocamentos. E a poesia não deseja mais ser nada, vira o afago de um momento. E nas letras a textura de um veludo, como se ao correr pela página, os olhos pudessem ser acariciados. E você tem todas as coisas sem precisar tomar posse delas. Você ama o amor, não o delírio de estar apaixonado. Sinto a harmonia como uma espécie de fascínio pela vida. É quase uma perda de outros apetites, porque se está tão nutrido pela própria companhia. E a gente tem aquela vontade súbita de andar pela noite: não apenas para olhar as estrelas, mas também para por elas sermos vistos.
Harmonia é como se fôssemos inundados pelo mar onde antes só havia um precipício."
Mandai-me Senhores, hoje
que em breves rasgos descreva
do Amor a ilustre prosápia,
e de Cupido as proezas.
Dizem que de clara escuma,
dizem que do mar nascera,
que pegam debaixo d’água
as armas que o amor carrega.
O arco talvez de pipa,
a seta talvez esteira,
despido como um maroto,
cego como uma toupeira
E isto é o Amor? É um corno.
Isto é o Cupido? Má peça.
Aconselho que não comprem
Ainda que lhe achem venda
O amor é finalmente
um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias
Uma confusão de bocas,
uma batalha de veias,
um reboliço de ancas,
quem diz outra coisa é besta.
SONETO VII
Ardor em firme coração nascido!
Pranto por belos olhos derramado!
Incêndio em mares de água disfarçado!
Rio de neve em fogo convertido!
Tu, que em um peito abrasas escondido, (*?) Tu, que em ímpeto abrasas escondido,
Tu, que em um rosto corres desatado,
Quando fogo em cristais aprisionado,
Quando cristal em chamas derretido.
Se és fogo como passas brandamente?
Se és neve, como queimas com porfia?
Mas ai! Que andou Amor em ti prudente.
Pois para temperar a tirania,
Como quis, que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu, parecesse a chama fria.
Um sábio me dizia: esta existência,
não vale a angústia de viver. A ciência,
se fôssemos eternos, num transporte
de desespero inventaria a morte.
Uma célula orgânica aparece
no infinito do tempo. E vibra e cresce
e se desdobra e estala num segundo.
Homem, eis o que somos neste mundo.
Assim falou-me o sábio e eu comecei a ver
dentro da própria morte, o encanto de morrer.
Um monge me dizia: ó mocidade,
és relâmpago ao pé da eternidade!
Pensa: o tempo anda sempre e não repousa;
esta vida não vale grande coisa.
Uma mulher que chora, um berço a um canto;
o riso, às vezes, quase sempre, um pranto.
Depois o mundo, a luta que intimida,
quadro círios acesos : eis a vida
Isto me disse o monge e eu continuei a ver
dentro da própria morte, o encanto de morrer.
Um pobre me dizia: para o pobre
a vida, é o pão e o andrajo vil que o cobre.
Deus, eu não creio nesta fantasia.
Deus me deu fome e sede a cada dia
mas nunca me deu pão, nem me deu água.
Deu-me a vergonha, a infâmia, a mágoa
de andar de porta em porta, esfarrapado.
Deu-me esta vida: um pão envenenado.
Assim falou-me o pobre e eu continuei a ver,
dentro da própria morte, o encanto de morrer.
Uma mulher me disse: vem comigo!
Fecha os olhos e sonha, meu amigo.
Sonha um lar, uma doce companheira
que queiras muito e que também te queira.
No telhado, um penacho de fumaça.
Cortinas muito brancas na vidraça
Um canário que canta na gaiola.
Que linda a vida lá por dentro rola!
Pela primeira vez eu comecei a ver,
dentro da própria vida, o encanto de viver.
(...)Os grandes relacionamentos que tive foram os que me renderam as melhores metáforas. Que me despertaram uma vontade constante de ser uma pessoa cada vez melhor e mais inteira. Que me deram colo e não conselho e beijo na boca quando o silêncio ainda era a melhor resposta. Algumas dessas pessoas se foram antes que eu pudesse lhes contar uma história bonita e eu chorei feito menina. Outras ficaram até descobrir que uma caixa de quiwís era o melhor presente que eu poderia ganhar no meio de uma tarde triste...Outras, ainda, me cobraram respostas demais e eu só sabia que nunca aprendi a andar de perna de pau porque tenho medo de altura (o que por um lado pode ser também resposta para várias outras coisas). Mas todas essas pessoas me desenvolveram e isso ficou comigo; são minhas porque faziam parte do meu potencial amoroso e elas vieram só pra me conduzir ao melhoramento do meu amor. Hoje o meu grau de exigência aumentou muito porque aprendi que dar amor não é a mesma coisa que dar carência. Por isso fico sozinha pelo tempo que for necessário para ter novamente essa sensação de "encontro". Abandonei um monte de certezas, recuso sem pudor algumas regras e desrespeito várias vezes as placas de aviso de perigo. Me divirto muito ou sofro, mas tenho cada vez mais faisquinhas nos olhos por viver as coisas em sua totalidade, sem recusar experiências e aproveitando diversas possibilidades. O que posso dizer é que existem na vida pessoas sedutoras e seduzíveis por quem nos apaixonaremos "definitivamente" todos os dias e que amaremos "para sempre"... hoje!
Agora, tem um lado muito romântico meu que diz que a "tal pessoa" virá e enroscará uma margaridinha nos meus cabelos cacheados, fazendo pousar no meu rosto o sorriso de um beija-flor... ;-) e plagiará Neruda sussurrando ao pé do ouvido: "Quero fazer com você, o que a Primavera fez com as cerejeiras..."
Minha Mãe
Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo
Tenho medo da vida, minha mãe.
Canta a doce cantiga que cantavas
Quando eu corria doido ao teu regaço
Com medo dos fantasmas do telhado.
Nina o meu sono cheio de inquietude
Batendo de levinho no meu braço
Que estou com muito medo, minha mãe.
Repousa a luz amiga dos teus olhos
Nos meus olhos sem luz e sem repouso
Dize à dor que me espera eternamente
Para ir embora. Expulsa a angústia imensa
Do meu ser que não quer e que não pode
Dá-me um beijo na fronte dolorida
Que ela arde de febre, minha mãe.
Aninha-me em teu colo como outrora
Dize-me bem baixo assim: - Filho, não temas
Dorme em sossego, que tua mãe não dorme.
Dorme. Os que de há muito te esperavam
Cansados já se foram para longe.
Perto de ti está tua mãezinha
Teu irmão, que o estudo adormeceu
Tuas irmãs pisando de levinho
Para não despertar o sono teu.
Dorme, meu filho, dorme no meu peito
Sonha a felicidade. Velo eu.
Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo
Me apavora a renúncia. Dize que eu fique
Dize que eu parta, ó mãe, para a saudade.
Afugenta este espaço que me prende
Afugenta o infinito que me chama
Que eu estou com muito medo, minha mãe.
A T
No amor basta uma noite para fazer de um homem um Deus.
(PROPÉRCIO)
Amoroso palor meu rosto inunda,
Mórbida languidez me banha os olhos,
Ardem sem sono as pálpebras doridas,
Convulsivo tremor meu corpo vibra...
Quanto sofro por ti! Nas longas noites
Adoeço de amor e de desejos...
E nos meus sonhos desmaiando passa
A imagem voluptuosa da ventura:
Eu sinto-a de paixão encher a brisa,
Embalsamar a noite e o céu sem nuvens;
E ela mesma suave descorando
Os alvacentos véus soltar do colo,
Cheirosas flores desparzir sorrindo
Da mágica cintura.
Sinto na fronte pétalas de flores,
Sinto-as nos lábios e de amor suspiro...
Mas flores e perfumes embriagam...
E no fogo da febre, e em meu delírio
Embebem na minh’alma enamorada
Delicioso veneno.
Estrela de mistério! em tua fronte
Os céus revela e mostra-me na terra,
Como um anjo que dorme, a tua imagem
E teus encantos, onde amor estende
Nessa morena tez a cor de rosa.
Meu amor, minha vida, eu sofro tanto!
O fogo de teus olhos me fascina,
O langor de teus olhos me enlanguece,
Cada suspiro que te abala o seio
Vem no meu peito enlouquecer minh’alma!
Ah! vem, pálida virgem, se tens pena
De quem morre por ti, e morre amando,
Dá vida em teu alento à minha vida,
Une nos lábios meus minh’alma à tua!
Eu quero ao pé de ti sentir o mundo
Na tu’alma infantil; na tua fronte
Beijar a luz de Deus; nos teus suspiros
Sentir as virações do paraíso...
E a teus pés, de joelhos, crer ainda
Que não mente o amor que um anjo inspira,
Que eu posso na tu’alma ser ditoso,
Beijar-te nos cabelos soluçando
E no teu seio ser feliz morrendo!
Dezembro, 1851
Para viver um grande amor
Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.
Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.
Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.
Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.
É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...
Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?
Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.
É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.
Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva escura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.
Gosto de Comunicação e Filosofia. Amo muito os dois. Adoro relacioná-los, estabelecer insights que nenhum outro comunicador ponderou. É um amor visceral que já me custou bons empregos em escolas de comunicação que idolatram técnicos americanos e condenam qualquer tipo de reflexão crítica. Tornar-se um reprodutor acéfalo de discursos vindos de além-mar é o componente indispensável na formação da elite brasileira. Um amor platônico por aquilo que vem do norte do planeta e não do que pode ser feito aqui.
Amor por Filosofia, amor por Comunicação, amor por estrangeiros. Amor, amor e amor. Amar é tudo de bom. Não só por ele mesmo. Mas porque torna tudo mais interessante. Assim, se alguém preferir falar de futebol, de política ou de dinheiro é porque os ama.
Por isso escrevo e falo sobre o assunto. Mas a que afeto corresponde esta palavra tão recorrente?
Amor pode ser desejo. Quando estamos apaixonados. Gostaríamos que a vítima da nossa paixão permanecesse ao nosso lado todo o tempo. Como não dá, pensamos nela sem parar. Amamos o que desejamos, quando desejamos, enquanto desejarmos. E podemos desejar quase tudo. Desde uma pessoa até uma groselha bem gelada. Para desejar, basta não ter. Sempre que desejamos, é porque algo nos falta. Desejamos o que não temos, o que não somos, o que não podemos fazer. Assim, o desejo é sempre pelo que faz falta. E o amor, também.
Claro que você se deu conta das consequências deste entendimento. Ou você ama e deseja o que não tem, ou tem, mas aí, sem desejo, sem amor. Paradoxo platônico da existência. Ora, se a felicidade para você e para mim implica ter o que se quer ter, então, o amor não será feliz nunca. Aragon é poeta. Não há amor feliz para ele. Eu sou professor de Ética na Comunicação, ou seja, um pobre desgraçado na definição afetiva daquele filósofo e do Estado que me paga.
Mas Platão e seus tristes seguidores não têm sempre razão. Porque amor pode ser também alegria. É o que nos propõe Aristóteles, seu mais conhecido aluno. E alegria é diferente de desejo. Porque sempre acontece no encontro, na presença. O mundo alegra quando está bem diante de você. Não é como o objeto do desejo, confinado nos seus devaneios. O amor aristotélico é pelo mundo como ele é. Não pelo mundo como gostaríamos que fosse.
E você, andando na rua, declara sem medo de errar: gostei mais desta mulher do que gosto da minha. Afeto carnal. Inclinação erótica. Tesão. Eu prefiro um amor na alegria pelo que tenho do que no desejo pela mulher de capital estético exuberante e apetecível que me falta. Eu, no seu lugar caro leitor, teria cautela. Porque se seu cônjuge for adepto da mesma concepção, amará sempre o que encontrar. Na mais estrita presença. E aí, de duas uma. Ou você ocupa todos os seus espaços e se torna onipresente para ele, ou ele te amará só de vez em quando. Nos instantes de encontro. No resto do tempo ele amará a secretária, a copeira, o personal, o zelador e o que mais lhe alegrar pelo mundo.
Por isso, é melhor que os dois tenham razão. Para que o amor seja rico. E possamos amar na falta, desejando o que não temos, e também na presença, alegrando-nos com o que já se encontra à nossa disposição. É como dar aulas e sustentar uma família, um conflito afetivo entre minha alegria e a responsabilidade orçamentária com meus entes queridos. É bem verdade que não desejamos tudo e que nem tudo nos alegra. Mas não é nenhum problema, pois nossa capacidade de amar não é mesmo tão grande. Amemos no desejo e na alegria, e isto já nos converterá em grandes e refinados amantes.
Espero que nesse ano você, leitor, cultive mais inclinações amorosas do que suas obrigações ordinárias. Rotinas desagradáveis muitas vezes são importantes, mas não são fundamentais. O amor não é tão ruim como nos faz ver Platão. É possível ser prudente, sábio, e, mesmo assim, cultivar amores na vida. Optar pelo amor em detrimento da estabilidade já conhecida pode ser bom. Ser um pouco mais afetivo e um pouco menos racional. Pense nisso.
Anjos do Céu
As ondas são anjos que dormem no mar,
Que tremem, palpitam, banhados de luz...
São anjos que dormem, a rir e sonhar
E em leito d'escuma revolvem-se nus!
E quando de noite vem pálida a lua
Seus raios incertos tremer, pratear,
E a trança luzente da nuvem flutua,
As ondas são anjos que dormem no mar!
Que dormem, que sonham- e o vento dos céus
Vem tépido à noite nos seios beijar!
São meigos anjinhos, são filhos de Deus,
Que ao fresco se embalam do seio do mar!
E quando nas águas os ventos suspiram,
São puros fervores de ventos e mar:
São beijos que queimam... e as noites deliram,
E os pobres anjinhos estão a chorar!
Ai! quando tu sentes dos mares na flor
Os ventos e vagas gemer, palpitar,
Por que não consentes, num beijo de amor
Que eu diga-te os sonhos dos anjos do mar?
Aula de piano
Depois do almoço na sala vazia
A mãe subia pra se recostar
E no passado que a sala escondia
A menininha ficava a esperar
O professor de piano chegava
E começava uma nova lição
E a menininha, tão bonitinha
Enchia a casa feito um clarim
Abria o peito, mandava brasa
E solfejava assim:
Ai, ai, ai
Lá, sol, fá, mi, ré
Tira a não daí
Dó, dó, ré, dó, si
Aqui não dá pé
Mi, mi, fá, mi, ré
E agora o sol, fá
Pra lição acabar
Diz o refrão quem não chora não mama
Veio o sucesso e a consagração
Que finalmente deitaram na fama
Tendo atingido a total perfeição
Nunca se viu tanta variedade
A quatro mãos em concertos de amor
Mas na verdade tinham saudade
De quando ele era seu professor
E quando ela, menina e bela
Abria o berrador
Ai, ai, ai,
Lá, sol, fá, mi, ré
Ironias do destino!
Cartas jamais lidas...
Onde estarão?
corroídas pelo tempo,
destino não sabido,
ocultadas com razão,
levadas pelo vento?
O desconhecido se apresenta
quando penso que, talvez,
elas tivessem mudado
o rumo de algumas vidas !
Se tivessem chegado àquelas mãos.
Cika Parolin
Acreditem...
Sou do tempo em que os namorados se escreviam cartas!
O tempo entre uma carta e outra era enorme e quando finalmente chegavam eram como brasas queimando as mãos,
visto que nunca se sabia o que nelas continha: frases de amor reiteradas ou um belo pé no traseiro, escrito com muita elegância e cuidado... Hoje isso deve ser motivo de riso, pois em tempos de comunicações instantâneas é impensável "falar" de 20 em 20 dias.
Tudo isso para dizer que os recursos que os jovens dispõem, e acham naturais, eram impensáveis na minha juventude...Juventude em que ter um radinho de pilha, para ouvir Elvis Presley, era o máximo da tecnologia. (risos)
Acho maravilhoso ver avanços tão significativos e que nem sonhávamos pudessem existir algumas décadas depois.
Cika Parolin
Cartas Para Ela:
[Goze a minha dor]
Ela fodia,
Ela gemia,
Ela gritava,
Isso me fodia.
Fui obrigado a ouvir,
Fui forçado a ver,
Fui ensinado a aceitar,
Que não era eu quem a fodia.
Cada sorriso dado,
Cada beijo roubado,
Cada abraço apertado,
Tudo agora era passado.
Dói não mais senti-la,
A falta do toque me aniquila,
Me afogo em garrafas de tequila.
Inacreditável que aquilo era o final,
Tudo parece tão surreal,
Ah, maldito amor marginal!!
Cartas Para Lua
De vez em quando
Só de vez em quando
Saiba da um tempo a si
Beba uma cerveja, escute um Caetano.
De vez em quando
Leia um Drummond de Andrade
Derrame o seu pranto
Você sabe que a melancólica faz parte.
Cante algumas musicas
Não sucumba ao mau que te rodeia
(ou ja tinha sucumbido?).
Ontem teve eclipse. Passou despercebido.
Cante sua favorita do Guns N' Roses.
November Rain, eu ainda lembro.
Contemple essa chuva que cai hoje
Mesmo não sendo em Novembro.
Viage, faça as malas
Ouvi dizer que as passagens para Marte estão baratas.
Olhe para atrás.
Faça melhor la na frente.
Seja grata, agradeça.
É falta de educação reclamar do presente.
@eu_jaum01
@Devaneios_Meu5
A Gaveta
Abro a gaveta
procuro-te nas cartas amarelecidas
Relembrando momentos de paixão
Peças de roupa em desalhinho
Perfumes em lençois de linho.
Eu, rosa vermelha aberta nesse momento
Tu, sentimentos selvagens
Cavalgando nos nossos corpos nús
Que dançavam ao sopro do desejo
Como vento em jovens bambus.
Fecho a gaveta
Tranco as memórias de um amor desatento
Encanto de um romance inacabado
Hoje somos destinos cruzados
E ainda vejo amor nos teus olhos magoados.
e não se escrevem cartas como antigamente
aliás nem se escrevem mais cartas hoje em dia
não se falam mais ao telefone como antigamente
aliás nem se falam mais hoje em dia
não se encontram mais como antigamente
aliás nem nos encontramos mais hoje em dia
não se fazem mais nada como antigamente
aliás nem se fazem mais nada hoje em dia
com certeza são outros tempos
tempos modernos e virtuais
tempos de não se tocarem mais
de ninguém ter tempo pra mais nada
a vida passando e nada
nada de dizer "eu te amo"
agora tudo é no sentido figurado
ou desfigurado
com ou sem sentido
quando encontro um pedaço de papel
eu escrevo o que vem à mente e transcorre pelo coração
e paira sobre minha mão
somente escrevo sentimentos
...no papel alumínio escrevo quando estive em declínio, sob forte domínio, sem muito raciocínio...
...no papel de carta escrevo poemas, poesias, versos e frases de carinho e afeto às pessoas amadas...
...no papel carbono escrevo quando estive no trono da minha petulância e imprudência, este trono não me pertence mais, então eu abandono...
...no papel quadriculado escrevo tudo o que estava preso à garganta, antes por um momento de arrogância, o que ficou entalado, e hoje está libertado...
...no papel crepom escrevo todo meu dom, de ser mãe, mulher, esposa, filha, irmã, amiga, etc sem nenhuma perfeição, uma hora acho o tom...
...no papel de seda escrevo nada, é tão delicado que desisti, só senti...
...no papel de pão escrevo tudo o que me vem à mente e principalmente ao coracao...
...no papel passado escrevo o que ainda não está adequado, apropriado, provado, consertado, ordenado, pacificado, estruturado ou acabado...
...no papel de trouxa escrevo o quanto fui feita de boba, e um aviso aos navegantes..."tudo o que vem volta"...lei do retorno, de causa e efeito...
...no papel reciclado escrevo o que não deve ser falado, somente abraçado, beijado, amado, acariciado, compartilhado...
...no papel higiênico escrevo minhas, mágoas, raivas, ódios, ofensas, nervoso, pus tudo pra fora...aí deu merda!!! rsrs
...no papel de presente escrevo tudo o que Deus me deu, a vida, a familia, as amizades, as oportunidades, as imperfeições, tudo o senti, falei, ouvi, vi, esqueci, medi, li, vivi, chorei, sorri...coisas básicas que todo ser humano sente...
...no papel jornal escrevo o quanto sou sensacional, anormal, fatal, liberal, auto-astral, radical, fenomenal, angelical...
...no papelão escrevo as besteiras, as baboseiras, as palhaçadas, os erros e ainda a frase: - Que papelão hein menina!!!
...no papel vegetal escrevo todas as receitas de tudo o que foi e é bom, e deu certo comigo e com o próximo, e a tal receita da felicidade, se é que ela existe...
...no papel de arroz escrevo o quanto sou feroz, atroz, veloz e algoz...
...no papel de parede só desenhei, criei de tudo, fiz muitos coracoes, retratando o amor imensurável e desmedido, só que a parede era finita e o meu amor sem fim...
...no pergaminho escrevo toda minha trajetória, meu caminho percorrido, atalhado, esburacado, pulado, corrido, devagarinho, feliz da vida e com todo o carinho...
...no papiro escrevo todos os meus suspiros, faltando o suspiro final, pois esse não tem como escrever, apenas partir e daí preparei uma placa dizendo: "descansarei em paz!!! nova meta para além da vida"...
esses são um pouquinho dos papeis representados e vividos nesta Terra de meu Deus...
então escreverei sempre com amor pela vida!!!
APENAS ESCREVI, CARTAS
Meus pensamentos , uma explosão, uma nova equação criei
Só para explicar qual era o motivo de ter sonhado contigo outra vez
Eu nem pensei, só escrevi, que bom que eu sonhei
Pensei em qual seria o próximo momento que teria você aqui comigo, pleno de convicção, uma inspiração que tinha seu nome, uma nova sensação, adorável , era só emoção, um abraço bem apertado, então tive que partir, mas voltaria, estaria aqui novamente
Quando caminhei nas madrugadas acordado, sempre era convidado a ter você do lado, mas sei o que escolhi, que bom te ver aqui, espero não ter que partir de novo, mas mesmo se partir, voltaria para o seu lado
Eu estou aqui, com trilhões de pensamentos tentando explicar a vida que me disseram ser um breve momento, eu parei de explicar, comecei a viver e quando percebi a vida descobri que nem era daqui, o seu sorriso me chama, é sempre bom admira-lo por aqui
Eu não podia parar, trilhões palavras era o que eu tinha para te dar, mas atos valiam mais do que palavras disseram em outro tempo, então resolvi provar, mesmo vivendo além do tempo
Os sentimentos explodiram , o coração bateu forte e um sorriso de liberdade brotou
Sem perceber eu já estava te chamando nos meus pensamentos e dizia “oi meu amor”.
Resende, 07 de março de 2019.
Cartas Para Ela:
Do Amanhecer ao Pôr do Sol
“Chegam o fim da noite
E o início da manhã.
Não sei para onde fostes,
Eu já não tenho mente sã.
Se te pudesse outra vez falar
E teu difícil perdão implorar,
Pediria aos teus olhos, castanhos como o outono,
Que se voltassem outra vez a mim, realizando meu doce sonho.
Outrora fostes a minh'alvorada.
Com teu belo sorriso e batom escarlate.
Hoje sois ainda a minh'amada.
Porém, por mim, teu coração já não mais bate.
Bate, Escarlate!
O coração pulsante.
Bate e se debate!
Pois já não tem mais su'amante.
Teus cabelos cacheados eu adorava assanhar.
Mas, agora que te fostes, me resta apenas sonhar.
Que tua pela morena retornarei a tocar,
E tua boca, minha pequena, retornarei a beijar.
Bate, Escarlate!
O coração pulsante.
Bate e se debate!
Pois já não tem mais su'amante.
Não sei o que pensas,
Não sei sei com quem andas.
Não sei se ainda me queres,
ou sequer se ainda me amas.
Sei que ainda te quero,
Me tens como a um peixe num anzol.
Te esperarei, enquanto eu respirar,
Do amanhecer ao pôr do sol.”
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